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O BARCO INVISÍVEL
MISSÃO SOBREVIVER - Vol. IV

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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
TUNGUSKA

CAPÍTULO XXXI
O JULGAMENTO

CAPÍTULO XXXI
O JULGAMENTO

CAPÍTULO II
MORTOS REVIVIDOS

CAPÍTULO XXXII
O NOVO MUNDO

CAPÍTULO III
GINOIDE

CAPÍTULO XXXIII
PRESIDENTE GUERRILHEIRA

A igreja de culto ao fantasma entrou com uma ação judicial contra a marinha brasileira por criar "histórias fictícias" sobre o fantasma. Tal culto não acredita que a história de um barco invisível seja verdadeira e exige que a marinha brasileira prove que tal tecnologia existe ou existiu. Os fundadores querem uma alta indenização por isso.

De outro lado diversos países do mundo contataram a nossa marinha para negociar a compra de dezenas de barcos invisíveis para as suas frotas. Mas o governo brasileiro é taxativo com relação a isso! Não venderá e nem ensinará ninguém a fabricar um veículo invisível.

Rio de Janeiro. Fernando, Everardo e Sabino estão sentados numa plateia com dezenas de pessoas. O ambiente lembra um teatro com linhas de cadeiras dispostas em patamares diferentes. Porém diante deles há apenas uma enorme parede! Nenhum palco! Nenhum ator! Um burburinho está infestando o reservado local. Ansiosos todos aguardam o momento que esperavam por quinze anos: o dia do julgamento dos atos militares nas missões do barco invisível.

De repente a parede, para a qual todas as cadeiras estão voltadas, começa a se deslizar horizontalmente para o interior de outra lateral à direita do recinto. À frente de todos surge então, sentados em seus assentos sobre um palco semicircular, três avatares jurídicos, assessorados e controlados por três supercomputadores independentes. Estão eles ali no púlpito principal.

Ao lado se encontra um pequeno júri formado por vinte pessoas de diversos países da supercomunidade. Todos eles usam fones de ouvido e recebem as informações nas línguas originais de seus países. Tudo o que os três avatares comentam já é também informado em todas as línguas do planeta, globalizando a informação. Então a tradução é instantânea.

Os avatares jurídicos têm em seus corpos cibernéticos sensores que detectam se um ser humano está mentindo ou não! O avatar jurídico do centro, que seria algo similar ao juiz nos dias de hoje, começa a falar, abrindo a sessão. O evento ganhou notoriedade mundial, depois que os documentos foram recentemente abertos ao público.

- Senhoras e senhores! Humanos e cibernéticos! Inteligências artificiais de toda a supercomunidade global! Presidentes de países e secretários-avatares de diversos estados brasileiros! Representantes da Colômbia, do Peru, Venezuela e Panamá! Supersecretários da ONU! Representantes independentes de ONGs de diversos países aliados do bloco global! E especialmente a toda a comunidade da sociedade humana que hoje nos assistem, com recorde de audiência, pelo interesse que se abateu sobre este caso. Estamos aqui em mais um julgamento histórico no Brasil! Reunimo-nos hoje para julgar mais uma ação social, requisitada por um grande número de familiares dos que foram assassinados nos últimos quinze anos na América do Sul, supostamente pelos integrantes militares das missões do barco invisível. Também estão aqui os atuais presidentes dos países que tiveram suas fronteiras invadidas no passado, por esta mesma missão militar. Juntaram-se todos a esta ação, alegando que tiveram seu desenvolvimento histórico alterado, devido à intervenção do barco brasileiro, ora conhecido como invisível. O governo do Panamá também quer ser ressarcido porque a embarcação militar brasileira atravessou voando seu território sem permissão ou conhecimento do fato. Por isso tudo o interesse global nesta questão, onde determinaremos se os eventos passados se tratam de crimes contra a humanidade, ocorridos há quinze anos, ou foi apenas uma ação legítima brasileira contra pessoas que traficavam e plantavam drogas na América do Sul, por exemplo. A ação contra a nação brasileira é apoiada pelos religiosos da "
Nova Igreja Espiritual de Repressão aos Maus Cidadãos", criada a partir da divulgação da existência de um espírito, um fantasma, uma entidade que se manifestou apenas para punir aqueles que atentavam contra a saúde dos jovens e os bons exemplos sociais. A igreja citada não admite que a embarcação invisível seja verdadeira e quer indenização financeira ou provas da veracidade da história durante este tribunal. A esta ação social soma-se também a acusação de familiares cujos pais, viventes sob o antigo regime norte-coreano, disseram-se prejudicados porque lá viviam razoavelmente bem e perderam tudo com a anexação das duas coreias. Portanto, vamos aqui hoje também avaliar a missão militar brasileira no Oceano Pacífico que, de forma invisível, invadiu terras da Coreia do Norte, na Ásia, ajudando a derrubar o regime existente e forçando também a posterior anexação daquele território ao antigo regime da Coreia do Sul. Não julgaremos o mérito histórico e inabalável daquele confronto, onde Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão e China se uniram, de forma convencional, numa guerra declarada contra um inimigo que ameaçava usar seu arsenal nuclear e jogar a Ásia num caos! Não há motivos para culpar a ação conjunta daqueles países que, legitimamente, e de peito aberto, se posicionaram para o confronto. Queremos saber apenas se todas as missões secretas e furtivas do barco militar invisível brasileiro e sua equipe podem ser consideradas justas e decentes por todos nós. É claro que, do ponto de vista da soberania individual que cada país tinha na época e ainda tem direito hoje em dia, estes atos não podem ser considerados decentes! Os resultados atuais disso comprovam a importância das missões! Mas o que se argumenta aqui, segundo os acusadores deste julgamento, é o fato de haver uma tecnologia de invisibilidade que ainda pode continuar a ameaçar alguém fisicamente ou um país inteiro, sem que este saiba que está sendo confrontado e que nem possa se defender de tal ataque! Não estamos julgando os traficantes e produtores de drogas que foram mortos há quinze anos. Não cabe a este tribunal cibernético julgar tais crimes consagrados e já punidos com o devido rigor. O que não podemos aceitar, nos dias de hoje, onde não permitimos mais crimes hediondos, é a covardia de se matar alguém, mesmo que este mereça uma severa punição, sem que tal pessoa saiba que fora, sequer, antes ameaçado! Queremos determinar se aqueles que realizaram as missões, consideradas secretas, perpetradas por um grupo reduzido da marinha brasileira no passado, tiveram ou não bons motivos para serem executadas. Quero agora que o avatar da defesa se manifeste, baseado nas informações e dados cedidos pelo ministério da marinha, que eram antes classificados como secretos. Quero apenas lembrar como funciona a condenação ou absolvição dos réus por parte dos vinte jurados aqui presentes. Eles devem votar, dando notas de zero a dez a cada etapa do julgamento. As notas maiores ou iguais a cinco são a favor da absolvição dos réus. As menores do que cinco são de condenação. Como aqui estamos falando de assassinatos em massa e, portanto, trata-se de um genocídio, com requintes xenofóbicos* aos moradores de países vizinhos, a consequência da condenação será a morte! Descartarei as cinco maiores e as cinco menores notas dos vinte jurados, para que estas não influenciem na média final. Portanto, se houver alguém muito condescendente ou mal intencionado entre os jurados, o réu não será penalizado ou beneficiado por isso. Então ao final desta primeira etapa, quando defesa e promotoria comentarão sobre cada caso, os jurados devem dar as suas notas em favor ou contra os réus.

O avatar-juiz olha diretamente para o da promotoria e balança a cabeça positivamente para que comece a explanação!

- Obrigado, juiz cibernético! (declara o androide-promotor saindo de seu assento e caminhando lentamente em direção ao júri). Aqueles homens e mulheres..., ali sentados diante de nós..., aceitaram uma missão...! A missão de eliminar pessoas que supostamente foram consideradas, por eles, inimigos do estado brasileiro...! E de forma covarde, julgadora e xenofóbica... se dispuseram a atirar a sangue frio, espalhando medo e sangue por toda a nossa fronteira, hoje vermelha de vergonha por tantos crimes até então impunes! Ainda não satisfeitos com isso, e pressionados pelos Estados Unidos, tais militares e jornalista, partiram para missões em outros continentes, espalhando também por lá o mesmo medo e pavor, disseminando mortes e mais mortes por todos os cantos do mundo...! Senhoras e senhores jurados...! Quantos de vocês se sentiriam seguros ao saber que existe um grupo armado..., que de forma invisível..., poderia entrar em suas casas e assassinar um membro de sua família porque ele fora considerado, por uns poucos mal-informados: um inimigo do estado brasileiro...? Sim...! Porque foi exatamente isso, o que aconteceu...! Estes militares e o jornalista..., que documentou com extrema riqueza de detalhes sórdidos todos os momentos de horror e ódio disseminado por estas pessoas..., participaram de atos da mais pura covardia e indecência, no interior de um barco à prova de balas e fortemente armado...! As vítimas não tiveram a menor chance de se defender, mesmo que armados até os dentes..., não podiam lutar contra seus poderosos agressores...! E quando a embarcação não podia se aproximar adequadamente de suas vítimas... enviavam os chamados soldados-aranhas..., monstros invisíveis saídos diretamente dos pesadelos de uns poucos cientistas e engenheiros degenerados mentalmente..., que deveriam também aqui estar sentados no banco dos réus..., por transformarem em realidade algo tão apavorante...!

- Protesto! O promotor-cibernético não pode gerar novas acusações a pessoas que não foram sequer citadas nos autos iniciais deste julgamento!
- Protesto aceito! O promotor-cibernético reformulará a explanação de sua acusação!

- Pois não! (continua seus comentários o promotor). Quero mostrar... a todos neste recinto... e àqueles que nos assistem pela Internet 4..., que estes militares..., apoiados por um irresponsável presidente e um general do estado-maior da marinha..., assassinaram friamente..., e até mesmo pelas costas, muitas de suas vítimas..., destruindo a vida de um sem-número de famílias em diversos países. E como se não fosse isso tudo suficiente ainda espalharam uma mentira da existência de um fantasma vingador por todos os cantos do mundo...! Senhoras e senhores do júri...! Venho aqui hoje pedir pela condenação máxima, absoluta e definitiva a estas pessoas que, infelizmente, travestidas de militares, desonraram o povo brasileiro com suas atitudes sem-escrúpulos, pouco convencionais e usando e abusando de requintes de crueldade contra pessoas de nossos países vizinhos e de outros ao redor do planeta. Eles julgaram, assassinaram, tripudiaram, invadiram fronteiras e devem pagar com a pena de morte por todos estes crimes hediondos!

O juiz cibernético agora volta seu olhar para o avatar da defensoria e com um movimento de cabeça pede a ele que faça a defesa de seus representados.

- Obrigado, avatar-juiz! (agradece o da defesa). Vou hoje aqui provar a todos vocês a inocência da equipe militar brasileira, cujas missões foram aprovadas pelo Presidente deste país na época e pelo estado-maior da marinha do Brasil, e, portanto, atitudes legítimas, do ponto de vista da soberania nacional, que esteve ameaçada pelo avanço e domínio de traficantes e produtores de drogas. Vou mostrar que nenhuma outra ação nacional ou internacional se mostrou efetiva no combate ao mal que tais profissionais do vício se ocupavam com tanto empenho por décadas a fio! Vou apresentar as provas disponíveis onde entrevistas gravadas na época demonstravam a necessidade urgente de se fazer algo radical, já que as instituições formalizadas não conseguiam ou não tinham mais o poder para deter o avanço e o crescimento das drogas na América do Sul. Vou apresentar como viviam os integrantes de toda a equipe que participou das missões e o passado individual de cada um deles, para mostrar que não eram homens e mulheres assassinos, mas, sim, pessoas de bem, também revoltadas em seu íntimo com a falta de ação do estado e seus representantes. Infelizmente dois dos membros da antiga equipe acusada não estão mais entre os vivos para virem aqui de público dar seus depoimentos oficiais. São eles o antigo Presidente do Brasil da época e o general Figueiredo da marinha, responsáveis por administrar todas as missões de invisibilidade. Ambos morreram recentemente, poucas semanas antes da liberação das informações secretas sobre o barco invisível. Demonstrarei, finalmente, que sem o apoio invisível da embarcação militar brasileira, no evento da união das coreias, o mundo poderia ter enfrentado a explosão, em zonas grandemente habitadas, de mais algumas bombas nucleares, despejadas contra diversos países asiáticos, com consequências incalculáveis para a economia global e para a sociedade humana de nosso presente! Seriam milhares ou milhões de mortos! Diversos ecossistemas teriam sido comprometidos, quebrando toda a cadeia produtiva marinha e, por conseguinte, a produção mundial de alimentos. Além disso, senhoras, senhores e cibernéticos, a omissão do barco invisível e sua destemida equipe em eventos internacionais deixariam uma enorme cicatriz no conceito de humanidade e nos bons costumes! Não há como imaginar que provavelmente nosso mundo atual não estivesse nos moldes evolutivos que se encontra hoje sem as missões implacáveis dos que hoje estão aqui como réus! Quero provar, a toda comunidade humana e cibernética, que a história atual só foi possível, graças aos corajosos homens e mulheres que participaram das ações do barco invisível e que acreditaram serem capazes de fazer a diferença, onde toda a humanidade vinha falhando no combate ao mal, atualmente extirpado do meio social, que eram as drogas e os guerrilheiros. Isso tornou a vida de todos aqui muito melhor! Todos nós, avatares, inteligências artificiais e supercomputadores, também nos beneficiamos da evolução obtida com as atividades do barco invisível, que demonstrou durante as missões a capacidade de comandar a humanidade por um caminho melhor: este que vivemos hoje! Vou provar aqui hoje que estamos todos sendo hipócritas ao chamarmos estes militares e jornalista de réus, porque passamos os últimos quinze anos venerando o fantasma que nos livrou daqueles que, com armas e drogas, assolavam o conceito de ser humano! Taxar estes homens e mulheres valorosos de xenofóbicos é o mesmo que desconhecer o conceito de tal palavra ou de não conhecer a história da América do Sul, desde a época de Pablo Escobar, quando o controle inteiro de um país se perdeu sob o domínio do medo daquele homem! Hoje nossos vizinhos e irmãos de fronteiras vivem em paz, saudáveis, esperançosos num futuro melhor, que estes militares aqui providenciaram. Quanto à "
Nova Igreja Espiritual de Repressão aos Maus Cidadãos", que foi erguida a partir da ignorância de seus membros sobre os fatos reais das missões invisíveis de valorosos brasileiros e brasileiras e, usando e abusando da boa fé de seus fiéis, recomendo a dissolução imediata de tal culto, visto que o fantasma ao qual veneram, se trata na verdade daqueles que estão hoje aqui sendo acusados de crimes! Portanto, não cabe ação indenizatória e tampouco a necessidade de se provar a existência da embarcação invisível, porque tal coisa não é objeto do processo atual contra a marinha. Estamos aqui discutindo se as missões brasileiras militares invisíveis foram corretas ou passíveis de algum tipo de punição.

O terceiro avatar, o da promotoria, agora se pronuncia contra a última argumentação de seu colega cibernético:

- Quero apenas lembrar a todos os presentes, e também àqueles que nos acompanham pela Internet 4, que não está em discussão a validade ou não da continuidade desta nova igreja, que é uma das instituições acusadoras da veracidade das missões do barco invisível! A decisão ou não de eventual dissolução da entidade caberia apenas aos representantes da própria instituição, ou caso um número razoável de pessoas comuns da supercomunidade venham pedir pelo fim dos trabalhos da nova congregação espiritual! Portanto, requisito que seja eliminado dos autos a sugestão do avatar da defensoria público-cibernética.

- Muito bem! (concorda o juiz cibernético). Aprovo a retirada dos autos de tal sugestão. Vamos prosseguir! O defensor público ou a promotoria têm algo mais a declarar...? (indaga o juiz cibernético olhando na direção de ambos os avatares ao seu lado. Eles simplesmente balançam negativamente suas cabeças). Não...? Vamos passar o vídeo-documentário, produzido pelo jornalista Fernando Dias, um dos réus, e apoiado por membros da equipe militar da marinha, envolvida diretamente nas ações invisíveis. A seguir, peço que os jurados deem suas notas iniciais de avaliação dos réus deste julgamento. Estas notas ficarão ocultas de todos até o final deste julgamento, quando serão comparadas com o resultado de absolvição ou condenação dos réus. Queremos checar com isso a sensibilidade dos jurados e também avaliar a impressão geral sobre tais fatos. Ok...? A seguir teremos os depoimentos de pessoas da defesa e da promotoria.

Depois dos longos documentários que todos assistiram sobre o primeiro ano de atividades do barco invisível, com direito a pequenas pausas entre cada um dos vídeos, os jurados votam em segredo as suas impressões sobre as ações da equipe militar.

A seguir o juiz cibernético dá prosseguimento ao julgamento:

- Vamos então aos depoimentos daqueles que acusam os réus.

O avatar da promotoria chama uma testemunha:

- Chamo a depor neste tribunal um homem que era apenas uma criança na época e vivia em meio ao grupo guerrilheiro das FARC no acampamento do coronel Conrado. Senhor Ruandres venha até aqui e sente-se na cadeira de depoimento, por favor!

O tal senhor senta-se na cadeira de entrevistados do tribunal e aguarda o questionamento da promotoria. O juramento não é mais necessário porque todos os avatares jurídicos e militares têm um sistema apurado de detecção de mentiras e descobrem a verdade facilmente:

- Senhor Ruandres! O senhor era apenas uma criança na época em que houve o ataque ao bando do coronel Conrado, não é?
- Sim, promotor-cibernético!
- Quem eram seus pais?
- Minha mãe vivia presa em uma jaula na maior parte do tempo. Ela estava sequestrada por dez anos pelas FARC. Meu pai era o braço direito do coronel Conrado, líder do grupo!
- Como era a sua vida por lá, naquela época?
- Eu vivia razoavelmente bem. Um pouco triste por causa da condição de minha mãe! Mas eu era livre e podia fazer o que quisesse.
- Como foi ver a morte de seu pai durante os ataques do fantasma assassino?
- Foi muito duro! Eu o adorava! Ele me tratava muito bem! Sempre muito atencioso e gentil!
- O que achava antes sobre o fantasma?

- Enquanto eu acreditava que se tratava de um espírito vingador, nunca pude fazer nada sobre isso. Vivia conformado com a morte de meu pai e com a ausência de minha mãe, que me abandonou em um abrigo para menores, assim que passou a viver em liberdade.

- E agora? Sabendo que o fantasma nada mais era do que uma tecnologia militar da marinha brasileira, o que pensa sobre isso?
- No começo fiquei com raiva porque o que eles fizeram poderia ter sido evitado. Afinal não era uma punição espiritual, mas sim um assassinato sem julgamento.
- O que deseja agora?
- Punição para aqueles que assassinaram meu pai e tiraram minha mãe de mim.
- Sem mais perguntas juiz cibernético.

Agora a defensoria público-cibernética começa a fazer seus questionamentos:

- Senhor Ruandres! O senhor tem contato com algum amigo que usa ou usou drogas? Quero lembrar-lhe que os três membros cibernéticos do poder judiciário aqui presentes, conseguem detectar com certeza de cem por cento quando algum humano está mentindo!

- Eu sei disso! Tive contato com um amigo que morreu há alguns anos atrás, por conta do uso de drogas.
- O que pensa sobre as drogas, senhor Ruandres?
- É algo ruim para a saúde e acho que ninguém deveria usar tais coisas.

- Mas infelizmente as pesquisas científicas mostram que grande parte da população humana é sensível a este produto e que na maioria dos casos as drogas matam, danificam o cérebro ou fazem um grande mal à saúde, tanto para quem usa quanto para quem convive com esta pessoa. O que o senhor pensa de seu pai hoje, sabendo que ele sempre foi um dos responsáveis pela morte de milhares de pessoas em todo o mundo?

- Não vejo meu pai assim! Quando ele morreu, eu tinha apenas dez anos e me lembro dele de forma carinhosa.
- Mas agora o senhor cresceu! E deve pensar algo a mais sobre as atividades de seu pai?
- O que espera ouvir? Espera que eu diga que odeio meu pai pelo que fez à nossa família? Pelas mortes de milhares de viciados pelo mundo a fora? Espera que eu o culpe porque fui criado sozinho depois de sua morte?
- É isso que pensa dele? (indaga o defensor público cibernético).
- Não...! Quero dizer...! Não acredito que tudo isso seja dessa forma...! Acho que quem se droga é porque escolheu viver assim! Meu pai não vendia drogas! Ele apenas administrava os negócios do coronel!
- Então, para o senhor, traficantes não são culpados pelo assustador número de pessoas que se drogavam no passado em todo o mundo?

- É claro que os traficantes são os culpados por isso. A prova é que com a morte de todos eles quase já não se ouve falar em drogas por aí. Mas quero lembrar que meu pai lutava por uma causa nobre na Colômbia! Ele não era traficante e nem guerrilheiro. Meu pai desejava ajudar os pobres da Colômbia a viverem melhor, mas foi morto por um bando de assassinos brasileiros uniformizados que atacaram o local onde vivíamos, matando todos, menos crianças e sequestrados.

- Entendo sua perda! (declara o defensor-público ao entrevistado, aparentando solidarizar-se com ele). Sinto muito por ter que colocá-lo nesta situação...! Vamos mudar de assunto...! O senhor ainda mora na Colômbia, não é?
- Sim! Depois que minha mãe me deixou, fiquei num abrigo para menores na Colômbia por muito tempo.
- Como é a vida atualmente na Colômbia? As pessoas continuam com medo? Ainda tem muito assalto por lá?

Ruandres olha com raiva na direção do defensor público cibernético e declara a verdade, já que uma mentira seria descoberta pelos três avatares jurídicos:

- Não! Não há mais medo nas ruas! A criminalidade se reduziu muito, desde a época de minha infância até hoje.
- Certo! Sem mais perguntas juiz cibernético (declara o avatar defensor público cibernético se afastando do depoente).
- Pode se levantar e retornar à plateia, senhor Ruandres! (declara o juiz cibernético).

Ruandres se levanta da cadeira, demonstrando que não gostou muito do que aconteceu ali. Fernando, sentado na plateia, volta-se novamente para o advogado humano ao seu lado e, através de uma ligação mental, o questiona:

-
O defensor público cibernético está tentando mostrar que nossas ações foram benéficas em longo prazo para a sociedade colombiana?
- Exatamente, Fernando! Se os jurados entenderem que o que todos vocês fizeram foi algo importante para as sociedades humanas atuais, existe a chance de todos os militares saírem ilesos desta ação!
- E eu? Quando serei chamado a depor?
- Em breve, Fernando!


- Senhores jurados! Estou liberando agora a votação para vocês se manifestarem! (declara o juiz, quando o painel digital de votação, inserido numa pequena caixa acrílica na cor vermelha, posicionado atrás dos avatares, fica agora iluminado, na borda ao redor, na cor verde e, portanto, pronto para a votação). Quero que agora deem um nota de zero a dez sobre o que acham dos réus com relação ao depoimento do senhor Ruandres. Lembrem-se que esta nota vale apenas para a opinião de vocês sobre as informações prestadas aqui para este depoente. Cada um de vocês fará o mesmo para cada depoente deste evento. Ao final faremos a média das notas e com isso teremos determinado se os réus são inocentes ou culpados. Quero informar, para aqueles que não estão muito familiarizados com este sistema jurídico, que as notas dos jurados sobre cada depoimento ajuda a encontrarmos uma média realista sobre as impressões dos jurados e também ajuda a nós três, avatares jurídicos, a melhorarmos nossos desempenhos nas funções que ocupamos.

Enquanto isso os jurados pressionam o valor de suas notas num teclado que apareceu na mesa à frente de cada um deles e que também se encontra na cor verde. No painel informativo, disponível no alto da parede atrás dos três avatares jurídico-cibernéticos, surge a média quatro, significando que os jurados consideram os réus culpados por estragar a vida de Ruandres. A plateia se agita e um murmúrio forte se generaliza, demonstrando que as pessoas que assistem ao julgamento discordaram do resultado mostrado.

- Silêncio! (decreta o juiz cibernético). Silêncio! Não posso permitir que este julgamento se transforme numa algazarra! Não há motivos para a quebra do silêncio neste recinto. Estamos apenas no início dos trabalhos e são os jurados e a sensibilidade humana de cada um deles que determinarão o futuro dos réus!

Sabino fala mentalmente com o advogado humano sentado entre ele e Fernando:

-
Não estou gostando disso! Os jurados estão contra o que fizemos no passado!
- Eles estão a favor das famílias que também pagaram o preço por estarem ligados de alguma forma a traficantes e guerrilheiros!
(responde o advogado). Mas estas notas iniciais ajudam os avatares da defesa e da promotoria a alterarem a forma como estão conduzindo os trabalhos, para tentarem mudar a opinião dos jurados.

- Peço agora para que o promotor público cibernético chame mais uma testemunha de acusação (requisita o juiz-cibernértico):
- Gostaria de chamar até aqui para depor o atual presidente da Colômbia. Senhor Ruan Peralta Velásquez.

O presidente da Colômbia se levanta do assento da plateia e se dirige até a cadeira de depoimentos. Ele está muito alinhado com um paletó azul-escuro.

- Senhor Velásquez! Há quanto tempo o senhor é presidente da Colômbia?
- Três anos e dois meses!

- O senhor declarou recentemente em seu país que fez um grande levantamento, sobre os últimos quinze anos, das mortes atribuídas pelo, assim chamado, fantasma! Agora que foram liberadas as informações secretas sobre o barco invisível brasileiro, o senhor entrou com um pedido de reparação ao seu país por causa das atitudes dos militares que comandavam a embarcação! O que o senhor descobriu neste levantamento?

- Nosso levantamento foi muito detalhado e descobrimos que dezenas de nossos homens da polícia de fronteira, políticos, policiais urbanos, militares e pessoas do povo foram mortos pela atuação do tal fantasma.
- Como o senhor tem certeza de que as mortes foram causadas pelo fantasma? Eles não poderiam ter sido mortos... pelos guerrilheiros das FARC, por exemplo? Ou durante o cumprimento do dever em seus trabalhos do dia-a-dia?

- Não! Em um dos casos, por exemplo, nós descobrimos que nossos militares estavam na zona do conflito quando foram mortos. Eles estavam cercando membros das FARC, quando o fantasma apareceu e atirou em todos que estavam ali! Naquele dia as ações dos militares brasileiros, e sua embarcação invisível, matou pais de família dentro de nosso próprio território, sem ao menos diferenciar os bons dos maus.

- O senhor tem provas de que foi exatamente assim que tudo aconteceu? Pergunto isso, porque nós três aqui do sistema jurídico cibernético brasileiro, assistimos às imagens gravadas pelos soldados-aranhas que atacaram aquela célula guerrilheira neste dia. Mas ali não conseguimos determinar exatamente o que estava acontecendo no local. O documentário do jornalista Fernando não incluiu muitas imagens das mortes daquelas pessoas neste dia em específico.

- O que descobrimos é que o tipo de ferimento das balas usadas contra os homens das FARC eram similares também nos corpos de nossos militares colombianos. Comparando o tipo de ferimento com o de outros homens das FARC, mortos em operações diferentes e também confirmadas, serem da autoria do grupo brasileiro, nossos peritos deduziram que se tratava então do mesmo assassino.

- O que o senhor deseja aqui hoje neste tribunal? (indaga o promotor público-cibernético).

- Desejo que todas as famílias, cujos profissionais militares foram mortos naquele dia, sejam indenizadas pela marinha brasileira. Desejo que a Colômbia seja indenizada pela invasão de nossas terras, sem uma declaração formal de guerra, e também uma indenização pelo assassinato dos profissionais militares colombianos sem a menor distinção e cuidado destes assassinos brasileiros em poupar as vidas de inocentes. Mas, desejo mais do que tudo que cada um destes assassinos brasileiros, travestidos com seus uniformes militares e que covardemente se escondiam nas sombras da invisibilidade, paguem com a própria vida por todos os crimes que cometeram!

- O senhor tem certeza absoluta de que aqueles homens e mulheres, sentados no banco dos réus, são os culpados por isso?
- Se eles pertenciam à tripulação do barco invisível, então são eles culpados pelas mortes naquele dia!
- Sem mais questões, juiz cibernético (declara o avatar promotor cibernético).

Sabino, sentado próximo a mim, Fernando, faz um comentário via ligação mental:

-
Não me lembro de termos matado algum militar colombiano naquele dia! Não sei do que o presidente da Colômbia está falando!?!?

Agora se aproxima do presidente colombiano o avatar da defensoria público-cibernética e lhe questiona:

- Barco invisível da morte, senhor presidente...? Esta seria uma boa expressão... que provavelmente os traficantes e guerrilheiros tivessem usado..., se soubessem a verdade contra quem estavam lutando! Talvez o termo fantasma, tão valorizado até hoje por todas as pessoas de bem, nunca seria usado, não é? Mas..., voltando ao assunto anterior...! Nas imagens mostradas no documentário do jornalista Fernando Dias, vemos uma confusão muito grande. Não é possível determinar com precisão quem atirava em quem. Mas uma coisa nós pudemos perceber! Depois que o bando de guerrilheiros foi morto no local, mais nenhum tiro foi então disparado.

- Ora! É simples! O modus operandi era sempre o mesmo: foram todos mortos ao mesmo tempo pelos tais soldados-aranhas! Sem distinção de quem era quem!

- Minha análise é similar à sua, senhor presidente! (deduz o avatar da defensoria público-cibernética para a surpresa de todos). Porém com um detalhe muito importante a ser considerado! Tanto os militares colombianos quanto os guerrilheiros estavam agindo em conluio no momento em que os soldados-aranhas atiraram contra eles.

- Isso não pode ser possível! (declara assustado o presidente colombiano).
- Segundo o vídeo produzido pela equipe brasileira, todos os mortos estavam lado a lado naquele dia. Isso configura o fato de que eram comparsas e estavam prontos para atacar uma vila antes de serem mortos! Por que o senhor acha tão difícil acreditar que militares colombianos, no auge do controle das FARC sobre seu país, não estivessem envolvidos e mancomunados?

- Os homens que foram mortos pertenciam a uma equipe de confiança do exército e acho difícil que eles estivessem envolvidos com os guerrilheiros.

- Mas as evidências demonstram o contrário e o fato dos tiros serem de mesmo calibre, comprova que todos foram mortos pelo mesmo tipo de arma. Além do mais, é preciso ficar claro que a mira dos soldados-aranhas e da embarcação invisível é de grande precisão. Em quase todos os casos apenas um tiro fora disparado contra cada homem abatido. O supercomputador que controlava o barco invisível tinha um levantamento completo sobre tudo. Desde o número de projéteis disparados até o número de mortos em combate. As informações que temos são condizentes com o número de corpos contabilizados em cada ação. Todos os assassinados foram atacados e mortos com tiros frontais e nenhum pelas costas neste dia. Portanto, deduzo que estavam todos caminhando juntos em direção à vila próxima que destruiriam. Minha análise está errada, senhor presidente?

- Não posso dizer que está errada... é um modo de avaliar a situação...!
- Então o senhor concorda que talvez militares colombianos e guerrilheiros estivessem todos juntos indo atacar a pequena vila colombiana?
- Talvez sim! Mas não temos como provar tal coisa! (alega o presidente colombiano).
- Assim como também não temos como provar o contrário e, portanto, também não poderíamos acusar os militares brasileiros de serem culpados por isso? Não é?

O presidente ergue as sobrancelhas e não demonstra concordar ou discordar dos argumentos!

- Quanto à indenização às famílias dos militares colombianos mortos, acho que podemos reivindicar o mesmo da Colômbia porque muitos militares que se transformaram em guerrilheiros eram colombianos e atacaram e mataram diversos policiais brasileiros, pessoas de bem e pais e mães de família, no interior de nosso país, bem para dentro das fronteiras verde-amarelas. Quanto à indenização que a Colômbia requisita pelo fato de uma embarcação brasileira ter invadido seu território, acredito que nada disso teria acontecido se tanto o Brasil quanto a Colômbia estivessem cuidando melhor de suas fronteiras. Assim os guerrilheiros das FARC que sempre foram um problema interno colombiano passaram a atuar também nos países vizinhos, gerando a necessidade de uma ação mais decisiva por parte do Brasil. Portanto, senhoras e senhores jurados, acredito que, baseado no bom senso e nos fatos, podemos considerar encerrado este caso entre o Brasil e todos os seus vizinhos fronteiriços, porque a análise que fiz aqui valeria também para todos os outros casos similares contra a marinha brasileira e os réus aqui presentes, em se tratando de um estado independente contra outro.

- Senhor presidente da Colômbia, pode agora se retirar. Obrigado por seu depoimento (declara o juiz cibernético).

Indignado e sem opções o presidente da Colômbia se levanta da cadeira de depoente e retorna ao seu assento na plateia. No caminho ele para e aponta na direção de Fernando, Sabino e Everardo, individualmente! Depois fala baixinho:

- Assassinos!

O juiz faz o movimento com uma das mãos em pleno ar, como se estivesse batendo o martelo sobre a mesa ao exigir ordem no tribunal. Mas na verdade apenas o som digital do dispositivo acontece. O instrumento físico, real e antiquado simplesmente não existe mais!

- Senhor presidente! Não há mais a necessidade de que sua opinião pessoal sobre os réus seja aqui demonstrada neste julgamento (declara o juiz cibernético). Nós já a conhecemos! O senhor teve seu momento para falar! Agora é o momento de se calar e assim permanecer!

O presidente colombiano se senta novamente na plateia com o semblante fechado e sobrancelhas abaixadas, visivelmente contrário às missões dos brasileiros.

- Senhores jurados! Estou liberando novamente o painel de votação para vocês se manifestarem! (declara o juiz, quando o painel de votação, inserido na pequena caixa acrílica na cor vermelha, fica agora iluminado na cor verde e, portanto, novamente liberado para nova votação). Quero que deem uma nota de zero a dez sobre o que acham dos réus com relação ao depoimento do senhor presidente colombiano. Lembrem-se de que esta nota vale apenas para este depoimento.

Os jurados pressionam os valores das notas sobre a mesa. Ao finalizarem o procedimento os painéis voltam a ficar vermelhos. No grande painel instalado no alto da parede atrás dos três avatares jurídico-cibernéticos surge a média cinco e meio, significando que os jurados consideram os réus inocentes da acusação colombiana e de todos os outros países fronteiriços ao Brasil. A plateia se agita e um novo murmúrio forte se generaliza em aplausos e demonstrações a favor dos réus. O juiz cibernético abaixa as sobrancelhas artificiais de seu rosto metálico e fala novamente à plateia:

- Esta é a última vez que esta plateia se manifestará aqui neste recinto. Se acontecer novamente acionarei a
parede da justiça* que nos isolará aqui e todos vocês assistirão ao julgamento pelo lado de fora.

Os depoimentos continuam e se seguem por mais algumas horas, até que o juiz volta a falar com todos no local:

- Bem, senhoras e senhores! O número de horas deste evento está quase extrapolando o limite do conforto das pessoas que aqui estão. E por lei, precisamos fazer um longo recesso e continuar amanhã com este julgamento, quando todos estarão mais descansados e aptos para continuarem. Tenham um bom descanso e esperamos todos de volta aqui amanhã de manhã!

Fernando, Sabino e Everardo conversam mentalmente com seu advogado humano:

-
O que o senhor acha sobre o andamento deste julgamento? (indaga Everardo).
-
Na média estamos no limite entre a absolvição e a punição! (declara o advogado). O defensor público terá de ser mais incisivo sobre os fatos e na articulação das palavras para convencer os jurados da importância desta missão! Precisamos conseguir o depoimento da inteligência artificial do próprio barco invisível. A visão lógica de um ser cibernético, diretamente envolvido nas ações em campo, trará um respaldo de peso para este tribunal a nosso favor! Temos que sensibilizar os jurados mostrando a importância das ações de todos vocês no passado e mostrar que as mortes foram necessárias porque tais pessoas não iriam se readaptar à sociedade contra a qual todos eles lutavam!

-
Seja sincero! Acha que temos chances de sermos inocentados? (indaga Sabino).
- Se eu não achasse isso, não teria aceitado este caso! Agora precisamos convencer também os jurados disso! Não será nada fácil! A repercussão do fato trouxe muitas opiniões contrárias para cá! Na Internet 4 detectamos um grande número de pessoas a favor de vocês! Precisamos trazer para este tribunal este mesmo sentimento! Esta certeza da importância das missões do barco invisível! Vamos continuar trabalhando para isso!

CAPÍTULO IV
CULTO AO FANTASMA

CAPÍTULO XXXIV
VASO ENTUPIDO

CAPÍTULO V
FIM DAS MISSÕES

CAPÍTULO XXXV
REDE CRIMINOSA

CAPÍTULO VI
MUNDO COMPUTADORIZADO

CAPÍTULO XXXVI
ENCONTRADO

CAPÍTULO VII
VISITANTES

CAPÍTULO XXXVII
DOENTE RECUPERADO

CAPÍTULO VIII
ASSASSINATO DE CLONES

CAPÍTULO XXXVIII
A SENTENÇA

CAPÍTULO IX
FANTASMAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIX
O FIM DA INTERNET 4

CAPÍTULO X
UMA PRECE AO FANTASMA

CAPÍTULO XL
NAVE ALIEN

CAPÍTULO XI
A PRISÃO DO INVISÍVEL

CAPÍTULO XLI
O VIGÁRIO VIGARISTA

CAPÍTULO XII
DE VOLTA À COREIA

CAPÍTULO XLII
HERÓI DESAPARECIDO

CAPÍTULO XIII
HACKERTS

CAPÍTULO XLIII
A FUGA DOS INOCENTES

CAPÍTULO XIV
FANTASMA AMERICANO

CAPÍTULO XLIV
NAVE-PLANETA ALIEN

CAPÍTULO XV
ESTRANHOS RESULTADOS

CAPÍTULO XLV
SÓ MAIS UM ANO

CAPÍTULO XVI
A MENTE DOS FIÉIS

CAPÍTULO XLVI
SEGUNDA CHANCE

CAPÍTULO XVII
UM BARCO NO SECO

CAPÍTULO XLVII
ESTADO DE GUERRA

CAPÍTULO XVIII
FAMÍLIA EM CRISE

CAPÍTULO XLVIII
O COMBATE SE APROXIMA

CAPÍTULO XIX
INTERNET 4

CAPÍTULO XLIX
FRIO NA ESPINHA

CAPÍTULO XX
DAVI E GOLIAS

CAPÍTULO L
MAUS PRESSÁGIOS

CAPÍTULO XXI
TUBARÃO BRANCO

CAPÍTULO LI
SEM CONTROLE

CAPÍTULO XXII
O GOLPE DO CLONE

CAPÍTULO LII
NA LINHA DE FRENTE

CAPÍTULO XXIII
REVELAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO LIII
SACRIFÍCIOS

CAPÍTULO XXIV
O FANTASMA COREANO

CAPÍTULO LIV
TSUNAMI

CAPÍTULO LV
NOVAS REGRAS

CAPÍTULO XXV
VÍRUS MORTAL

CAPÍTULO LVI
SIMBIOSE

CAPÍTULO XXVI
A ÚLTIMA LUTA

CAPÍTULO LVII
SUPERVULCÃO

CAPÍTULO XXVII
YELLOWSTONE

CAPÍTULO LVIII
DEGENERAÇÃO CELULAR

CAPÍTULO XXVIII
CIBER-PERÍCIA CRIMINAL

CAPÍTULO LIX
CONTAGEM REGRESSIVA

CAPÍTULO XXIX
EM BUSCA DE PEDRO

PERSONAGENS
DESTE LIVRO

CAPÍTULO XXX
AUTOPROTEÇÃO

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*Xenofobia é o medo irracional, aversão ou a profunda antipatia contra estrangeiros.
*A parede da justiça é a parede que se desliza, ao pressionar de um botão na mesa do juiz cibernético, dividindo o salão jurídico ao meio, isolando a plateia do local de julgamento. É a mesma parede do início deste capítulo.

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