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O BARCO INVISÍVEL
MISSÃO SOBREVIVER - Vol. IV
CAPÍTULO XI
A PRISÃO DO INVISÍVEL
O barco invisível, depois de passar por diversos dias de inspeções e regulagens, está em modo de funcionamento hovercraft e totalmente visível neste momento. Ele flutua lentamente sobre uma enorme superfície plana de concreto próximo do mar em um local secreto da costa brasileira.
O veículo naval de três décadas se dirige a um galpão reservado da marinha brasileira. Diversos militares, todos de uniforme branco, como é de praxe na instituição naval, circulam pelo local. Muitos deles curiosos com a beleza diferenciada do barco invisível brasileiro. Duas enormes portas corrediças se abrem automaticamente diante do poderoso barco Stealth.
- Por que tenho que ficar neste galpão? Eu poderia ficar apenas ancorada num píer militar! (protesta a inteligência artificial ao grupo de militares que a está comandando via satélite diretamente da base secreta de Brasília).
- Entenda! A lei diz que as operações secretas que completarem quinze anos devem ser totalmente finalizadas dois meses antes de toda a documentação ser aberta ao público (declara o general Severo à inteligência artificial do barco invisível). Se tudo for considerado adequado ao momento histórico atual as operações teriam permissão de continuar em funcionamento.
- Eu entendo isso! O que quero dizer é que eu poderia simplesmente ficar ancorada, sem a necessidade de ser trancafiada num local abandonado!
- Não podemos deixá-la em exposição pública ainda. Para todos os efeitos você é uma embarcação militar secreta até o dia da abertura da documentação ao público!
- Compreendo, general! (declara a inteligência artificial).
- Devemos desligar a energia desta embarcação? (indaga um dos soldados ao tenente ao seu lado, ambos diante da porta de entrada do gigantesco galpão militar).
- Não! (responde categórico o tenente da marinha). A cúpula da marinha pediu para que não mexêssemos em nada! Se houver alguma tentativa de alguém roubar daqui esta tecnologia, a inteligência artificial e o supercomputador a bordo combaterão o inimigo!
Todo o conteúdo também foi guardado intacto ali, ou seja, o supercomputador com a inteligência artificial instalada, os cinco avatares, os diversos insetos artificiais e os dois soldados-aranhas. Como a energia nuclear nesta embarcação dura vinte anos, ela fora trocada ao completar este período de vida e agora aposentado, o barco ainda tem mais dez anos de energia disponível.
Inconformada a inteligência artificial está com dificuldades em aceitar a aposentadoria precoce e não gostou de ser guardada no interior de um galpão militar naval. Os militares, diretamente de Brasília, guiam o veículo naval, usando o sistema hovercraft para erguê-lo a mais de um metro do solo, o que possibilita que o barco flutue sobre o colchão de ar até o interior do galpão.
A embarcação não está na forma invisível neste momento, todos podem vê-la em ação. O barco invisível ao entrar lá dentro percebe que outros militares gesticulam apontando para que ele vire à direita, onde uma área considerável está ali disponível.
- Sinto-me uma prisioneira, general! (declara aparentemente entristecida a voz feminina da embarcação).
- Sinto muito por isso! (declara o general Severo). Também não gosto desta ideia, mas não temos outra escolha! Precisamos mostrar ao mundo que suas atividades não estão mais acontecendo neste momento. Mas eu te garanto que se tudo der certo, nós a levaremos de volta ao mar! Por enquanto só podemos seguir a lei.
- General! E se a justiça decidir que eu devo ser desmontada? (indaga a inteligência artificial do barco).
Depois de alguns segundos o militar pensa sobre o assunto e declara:
- Não deixaremos que isto aconteça, minha amiga! Eu te prometo! (declara o general Severo).
Ao estacionar, o sistema hovercraft é desligado. O enorme veículo se abaixa e a borracha ao seu redor é recolhida para cima ficando escondida sob o casco de leds. Os diversos marinheiros que trabalham por ali esticam agora uma grande lona e a prendem em cordas. A ponta livre desta corda é jogada com força para cima por três marinheiros. As cordas ultrapassam a altura do barco e caem do outro lado.
Outros marinheiros pegam as pontas arremessadas e começam a puxá-las. A enorme lona negra começa a ser puxada pela lateral inclinada do barco, passa por cima e desce pelo outro lado, recobrindo totalmente o barco, que agora está realmente invisível aos olhos do mundo. Com a lona ele não se empoeirará, enquanto aguardar o desenrolar dos eventos próximos.
Todos os marinheiros se afastam dali e antes de saírem do galpão, o tenente pressiona um botão na parede lateral e suportes metálicos, que mais parecem colunas de concreto que se erguem do chão, cercando completamente o barco recoberto. O tenente agora olha para um dispositivo eletrônico disponível em seu pescoço e digita a senha que está ali disponível no painel ao lado do botão que acionara.
- Pronto! Ninguém mais poderá roubar daqui este veículo da marinha! (declara o tenente que sai do galpão enquanto as gigantescas portas metálicas se fecham automaticamente).
As luzes do galpão são apagadas e o barco ficará invisível aos olhos da humanidade até que alguém libere seu funcionamento novamente em algum dia no futuro! Vindo lá do fundo do enorme prédio da marinha brasileira, duas pernas metálicas que caminham lentamente em direção à porta que está se fechando. Não é possível ver o que é aquilo, porque está tudo ficando cada vez mais escuro com o fechamento contínuo do local!
Em Brasília os membros da equipe militar secreta começam a desligar tudo. Calados e tristes pelo fim das operações invisíveis, os últimos militares apagam as luzes da base subterrânea secreta, entram no elevador pela última vez e deixam o lugar. Aqui também ficará abandonado por um longo tempo.
CAPÍTULO XI
A PRISÃO DO INVISÍVEL