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O BARCO INVISÍVEL
GUERRA DE INVISIBILIDADE - Vol. III
CAPÍTULO XXXVI
GUERRA DE INVISIBILIDADE
Perto da costa brasileira, entre a cidade de Recife e a Ilha do Amor, uma guerra de invisibilidade está prestes a acontecer. Ambas as embarcações estão indo em direção contrária e uma procurando a outra.
- Atenção, pessoal! Fiquem de olhos bem abertos! Estamos procurando nossos inimigos! (declara Bon-hwa, o comandante norte-coreano).
- Senhor! Acabo de detectar mais seis barcos invisíveis brasileiros indo em direção norte! (informa o oriental responsável pelo sonar). Eles estão a mais de quinhentos metros da costa, senhor.
O comandante sorri e declara satisfeito:
- Estão nos procurando na posição da costa onde seus colegas militares nos bombardearam. Não nos encontrarão! Estamos agora a menos de cem metros da costa. Qual é a formação deles neste momento?
- Cinco à frente navegando paralelamente e um atrás mais distante! (responde o homem do sonar).
- Estranha a formação!?!? (declara o imediato). É provável que a embarcação que vem atrás seja o verdadeiro!
- Sim! É provável! Mas talvez seja isso que queiram que pensemos! Se atacarmos agora poderemos correr o risco de nos enganarem.
- Vamos atacar todos ao mesmo tempo, senhor! (sugere o imediato).
- É bem tentador, imediato! Mas precisamos antes da luta final causar a eles a dor de perderem muitos brasileiros e muito dinheiro para se reconstruírem.
- Senhor! Destruir o barco invisível é mais importante do que o restante da missão! (argumenta o imediato). Seria uma vingança perfeita para mostrarmos que o nosso navio é melhor!
- Eles serão destruídos na hora certa, imediato! (afirma o comandante). Uma luta agora poderia nos causar uma perda de munição. Vamos atingir o povo indefeso primeiro e depois será a destruição completa para coroar o fim de nossa missão! Quero uma contagem de mísseis ainda disponíveis em nosso armamento!
Ao ouvir isso o atirador entra em contato por telefone interno com o almoxarifado de armas para informar o comandante.
- Senhor! Preciso de mais informações! (comenta o imediato). Onde mais atacaremos? Quando terminará a nossa missão? E depois disso para onde iremos?
O comandante Bon-hwa sorri ironicamente e volta seu olhar em direção aos sinais de radar.
- No momento certo todos vocês saberão! (declara, reticente, o comandante).
- Senhor! Temos ainda três mísseis disponíveis!
- É pouco para enfrentar um inimigo invisível!
- Não precisaremos deles, imediato! Acabaremos num segundo com toda aquela tripulação sem que saibam que estávamos ali.
- Com todo respeito, senhor! Não vejo como poderemos fazer isso com apenas o armamento que nos restar!
- Deixe isso comigo! Eu sei o que estou fazendo! (informa o comandante ao imediato se virando de costas para ele).
Lá fora um inseto artificial passa voando logo à frente do navio, mas não o detecta! No interior do barco invisível brasileiro o comandante está ficando nervoso com a falta de informações sobre a posição de seu inimigo:
- Mas que droga! Temos milhões de reais em tecnologia, satélites, exército, marinha e aeronáutica ao nosso lado e não conseguimos detectar nosso inimigo?
- Senhor! Estamos chegando a Recife! (declara a piloto e major Margarida).
Severo, instalado na sede secreta de Brasília, esmurra a mesa onde está sentado!
- Parada total! Não adianta continuarmos navegando desta forma. Temos nos antecipar ao inimigo. O inimigo não retornará para o norte! Continuará navegando para o sul em direção a novos alvos...! Mas... para onde eu iria se fosse ele...?
Severo pensa em possibilidades e decide:
- Computador! Quais são as próximas cidades da costa brasileira que atacaríamos se fôssemos o inimigo?
- Mais ao sul temos Maceió, Aracaju e Salvador ainda no nordeste, comandante! (declara a inteligência artificial com sua voz feminina). São as maiores cidades litorâneas nesta região! Mas... se me permite, senhor..., quero lembrar que uma das bombas atômicas norte-coreanas ainda não foi encontrada em solo asiático, apesar da procura exaustiva na região!
- Bem lembrado, computador! (concorda novamente Severo). Nosso inimigo invisível pode estar carregando tal arma...! Isso não é nada bom...! Colocando-nos no lugar dele... onde detonaríamos tal artefato se desejássemos vingança?
- Difícil dizer, senhor! O litoral brasileiro é enorme e ele poderia ir mais ao sul para atacar o sudeste (declara o supercomputador). Mas... dependendo da distância que tal míssil possa ser enviado... qualquer lugar, até uns duzentos ou trezentos quilômetros de distância, estaria ao alcance de uma explosão nuclear!
- Tem razão novamente! (concorda o comandante). Por tudo o que sabemos até agora sobre nosso inimigo podemos dizer que ele não consegue navegar em alta velocidade..., estou correto?
- Sim, senhor! Por todo o deslocamento que ele realizou desde quando nos encontramos no Rio Taedong no interior da Coreia do Norte, até aqui em nosso litoral, posso afirmar com segurança que a velocidade deles é limitada (informa a inteligência artificial).
- E por que fariam uma embarcação invisível, gastando milhões, que não pode navegar em alta velocidade? (indaga Severo).
- Talvez o barco deles seja maior do que imaginávamos, comandante (declara o supercomputador). Talvez seja um navio! Mas é bem provável que para poder detectar e identificar o som de nossas hélices teriam que instalar o mesmo tipo de sonar disponível em submarinos. E isso tem que necessariamente ficar abaixo da superfície, atrapalhando tal embarcação de navegar em velocidades maiores ou de se transformar em hovercraft!
- E complementando a informação, eu diria que eles também não podem navegar em águas rasas! (deduz Severo).
- Sim, senhor! Isto seria correto de se supor (concorda a inteligência artificial).
- Sabino! Lembra-se de um dispositivo desenvolvido no ano passado pelos universitários da USP...? Chamava-se... rêmora...! Dispositivo-rêmora...* Se pudéssemos colocá-los no litoral entre aqui e as próximas grandes cidades poderemos ter um sinal identificando o inimigo.
- Eu me lembro desse projeto! (informa Sabino). A marinha produziu dezenas deles para uso em conflitos náuticos!
- Exatamente isso, cabo! Os dispositivos são indetectáveis (relembra Severo). Eles se grudarão a qualquer embarcação que passar por onde estão. Depois de aderidos ao casco das embarcações os rêmoras começam a emitir sinais em frequências específicas e aí poderemos encontrá-los. Checaremos uma a uma das embarcações e aí... acharemos o nosso inimigo. Então nós o destruiremos de uma vez por todas!
No interior do barco norte-coreano o militar responsável pelo sonar informa seu comandante.
- Senhor! Os seis barcos inimigos pararam de navegar para o norte e se viraram em direção ao sul. Estão indo em rota paralela à nossa agora!
- Será que nos detectaram? (indaga o imediato).
- Não...! Não acredito...! (declara Bon-hwa). Se fosse verdade já teriam atirado em nós...! Eles estão pesquisando...! Procurando...! Sem rumo...! Aumente ligeiramente a nossa velocidade e mantenha a rota atual. Se se movimentarem diretamente em nossa direção vamos dar ré e ver o que acontece. De qualquer modo mantenham as armas em prontidão e apontadas para eles! Apenas por precaução!
De volta ao barco invisível brasileiro uma nova informação pode mudar a vantagem ao nosso favor!
- Senhor! Venho detectando um sinal fraco e intermitente! (indaga o soldado Ricardo, responsável pelos sinais de radar e câmeras do satélite militar brasileiro).
- De onde vem este sinal? (indaga o comandante Severo).
- Não sei dizer! Quando parece que vou conseguir descobrir a posição correta... o sinal desaparece! (declara Ricardo). Eu sei que ele está na direção noroeste, mas a posição específica não consigo triangular.
- Continue tentando, soldado! Se for o nosso inimigo poderemos ter uma vantagem contra ele!
- Sim, senhor!
- Soldado João! Envie um inseto artificial na direção noroeste. Ative o sistema laser do voador para avaliar distâncias! Se o nosso inimigo estiver por ali nós o encontraremos.
- Sim, senhor!
CAPÍTULO XXXVI
GUERRA DE INVISIBILIDADE
*Rêmora é um pequeno peixe que tem em sua cabeça uma ventosa que o animal utiliza para se grudar a um peixe maior. Assim ele irá aonde o outro for e aproveitará os restos de comida que seu "veículo de transporte vivo" deixar pelo caminho.