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Introdução
XVI - O CONGRESSO DAS VASSOURAS
I - O CÉU
XVII - EXÉRCITO DE VIVENTES
II - O ANJO
XVIII - REENCONTRO
O Anjo-Vampiro
CAPÍTULO VI - BATALHA NOTURNA
III - O DOM
XIX - MAIS UMA NOITE
Um silêncio aterrador se instala no interior da casa. A noite protege as criaturas sedentas de sangue, mesmo assim os demônios avançam, caminhando pelas paredes externas da casa em busca de janelas por onde possam entrar. Mas estes seres não são silenciosos. A casa podre faz muitos barulhos, denunciando onde cada um deles se encontra lá fora. Rosnados contínuos dos seguidores de Lúcifer fazem vibrar até mesmo os pulmões de Elisabeth. A respiração ofegante da moça denuncia para vampiros e demônios exatamente onde ela se encontra. Eles são predadores e percebem quando uma vítima está apavorada. Eliseu percebe isso também e sussurra para a moça:

- Respire calma e silenciosamente. Do contrário nos transformaremos em alvos fáceis nesta batalha.
- Não dá! Estou apavorada! Além do mais, eu posso ver todos e tudo o que está a minha volta! E isso me dá mais medo ainda!
- Então desligue seu equipamento de visão artificial, eu te protejo!

Ela nada responde. As mãos molhadas de medo da moça tremem sem parar! Seu corpo gélido não se acalma de forma alguma. As batidas do coração de Elisabeth pipocam rapidamente no interior de seu peito. Ela está quase entrando em choque. Eliseu olha para o lado e vê sutilmente um pedaço de pau no chão. O anjo abaixa-se e o pega. Com força ele quebra-o ao meio e agora tem duas estacas afiadas de madeira. Um dos vampiros que está ao seu lado comenta o fato:

- O que pretende fazer com estas estacas em meio a um grupo de vampiros?

O anjo olha na direção dele e responde:

- Apenas não fique na minha frente quando a luta começar.

Todos sabem que para matar um vampiro é preciso enfiar uma estaca no peito dele. Então, não é atoa que isso incomode as criaturas neste momento. Próximo de Eliseu um dos demônios entra pela janela, tal qual um inseto que caminha com facilidade pela parede. Rapidamente um dos vampiros salta sobre ele mordendo-lhe vorazmente o pescoço. Ambos caem ao chão, quando outro vampiro ataca também com seus poderosos dentes a carne podre daquela criatura, arrancando-lhe um dos braços. Um sangue negro começa a se espalhar pelo local. De forma sincronizada ambos os vampiros arremessam pela janela o corpo destroçado daquele demônio. Outro que já vinha entrando por ali é atingido pelo impacto de seu colega ferido e ambos caem pelo lado de fora da casa. Outros seguidores de Lúcifer, que estavam prontos para entrar na casa, desistem e saltam agora sobre os dois demônios atingidos lá fora, devorando-os rapidamente.

O líder dos vampiros continua parado em pé no mesmo lugar em que estava antes, bem no meio da sala do andar superior. Ele aguarda o momento certo para atacar. Por outra janela mais dois demônios entram voando e pulam sobre o piso de madeira do lugar. Ambos correm na direção do poderoso vampiro para atacá-lo. Dois outros sugadores de sangue se projetam do teto para o chão, caindo exatamente sobre os dois demônios que estavam prestes a subjugar o líder-vampiro. Mas são eles os subjugados, que se machucam e ficam estatelados no solo. O chão neste lugar cede, levando os quatro combatentes para o andar debaixo. Os dois vampiros que os atacaram abrem as suas asas e retornam, antes da queda, para o piso onde a batalha está acontecendo.

Eliseu tenta se concentrar nos ruídos ao seu redor para poder atacar eventuais demônios que se aproximem dele e de sua protegida. Elisabeth dá um grito de pavor pelos barulhos e objetos que caem próximos de seus pés. Um dos demônios percebe o que está acontecendo e com um soco arrebenta a parede logo atrás da jovem mulher agarrando-lhe o braço. Num golpe rápido com uma das estacas, Eliseu acerta o braço da criatura partindo-o em dois. Logo a seguir o anjo desfere um forte pontapé na mesma parede, derrubando parte dela para fora da casa, juntamente com o demônio que ali estava agora com um braço a menos.

Elisabeth grita mais alto por ter sido atacada. Eliseu puxa a moça para longe dali, pois agora todos ficaram expostos ao ambiente externo. O líder dos vampiros aproxima-se da enorme entrada que fora criada com a queda de parte da parede derrubada. Quatro demônios entram por ali ao mesmo tempo e são agarrados pelo poderoso vampiro, que morde e arranca a cabeça de um, o braço de outro, a perna de um terceiro e depois com as duas mãos estica o corpo do último até dividi-lo em duas partes. No final ele chuta todos para fora da casa, jogando-os ao solo lá embaixo.

- Fique atrás de mim, Elisabeth! (ordena Eliseu).

A moça agarra forte a cintura de seu protetor, impedindo parte de seus movimentos.

- Não! Não me segure! Preciso de liberdade para agir!

Atrás do casal, um demônio entra voando por outra janela, mas é atacado em pleno ar por um dos vampiros, que leva a pior desta vez. O demônio agarra a sua cabeça e a aperta forte para esmagá-la com as próprias mãos. Uma fumaça preta se forma ao redor do demônio, que agora se aproxima do casal. Eliseu gira lateralmente e em velocidade seus dois braços, acertando uma das estacas no pescoço da criatura e outra bem no peito dele. A seguir o anjo agarra com força os ombros de seu oponente, ergue-o do chão e arremessando-o violentamente contra a parede. O corpo da criatura quebra parte das madeiras que estavam ali e as costas do monstro ficam expostas para o lado de fora da casa, tampando o buraco da parede devido ao forte impacto.

O demônio parece desfalecido, mas ergue novamente a cabeça, arregala seus olhos vermelhos e começa a gritar de dor. Todo seu corpo está se mexendo para todos os lados. Ele continua gritando para espanto de Eliseu e desespero de Elisabeth que agora tampa os ouvidos e grita de medo junto com a criatura ferida. O anjo se aproxima do demônio, pega de volta as duas estacas de madeira que estavam fincadas em seu corpo, quando a criatura finalmente é puxada com força para fora da casa por dois outros demônios que estavam dependurados pelo lado de fora, comendo as costas de seu colega ainda vivo.

- Elisabeth ponha as mãos no chão! (ordena Eliseu à moça).

A moça, cega e apavorada, não entende direito o que está acontecendo e nem o que lhe foi pedido. Suas mãos cobrem seus ouvidos e cabeça, numa tentativa impossível de se esconder de todo aquele perigo ao seu redor.

- Ponha as mãos no chão, Elisabeth (ordena novamente o anjo). Os vampiros são minoria aqui e não podemos perdê-los durante esta batalha!

Agora parte do teto cede e um grupo de demônios, que rastejavam por ali, caem no interior do ambiente. Rapidamente Eliseu saca a sua espada, dá um salto em pleno ar, gira a lâmina com as duas mãos sobre a sua cabeça e desfere um golpe rotacional dividindo ao mesmo tempo em duas partes os corpos de todos aqueles demônios. A luz de sua espada ilumina o ambiente, expondo a posição estratégica dos vampiros no local. Eles tampam seus olhos devido ao intenso brilho daquela espada. Os demônios entram por todos os lados ao mesmo tempo.

Elisabeth volta agora a enxergar e percebe a fumaça negra próxima dela. Rapidamente a moça coloca as mãos no chão e aquele vampiro morto volta à vida. Os outros sugadores de sangue voam ao mesmo tempo para escapar dos ataques diretos das criaturas de olhos vermelhos. Um forte bater de asas e impactos de corpos em pleno ar se espalha por todos os lados. O vampiro-líder olha bravo na direção de Eliseu e grita com ele:

-
Eu te disse para guardar esta droga de espada! Colocou a todos nós em desvantagem.
-
Mas agora eu posso ver o que devo fazer! (responde o anjo).

Eliseu salta em pleno ar e com o giro de sua espada para todos os lados, vai cortando os corpos dos demônios que lutam contra os vampiros em pleno voo. O anjo acaba matando os demônios e transformando em fumaça negra os vampiros. Ele está destruindo a todos, com golpes rápidos, contínuos e giratórios para todos os lados enquanto voa no interior daquela sala. O vampiro-líder olha para cima e grita novamente com o anjo:

-
O que está fazendo? Ficou louco?

Elisabeth, agachada junto ao solo, começa a ser recoberta pela fumaça negra em excesso. Ao seu redor também demônios vão caindo mortos e cortados por todos os lados. Ela grita de medo e coloca as mãos no chão. Dezenas de vampiros voltam à vida. Eles estão todos deitados agora, quando se levantam e ameaçam voltar para a batalha. Mas seu líder balança a cabeça negativamente para que nada façam. Eliseu continua girando sua espada brilhante em pleno ar destruindo tudo em que ela toca, cortando paredes, o teto da casa, matando demônios e vampiros. Uma verdadeira carnificina diabólica. Alguns novos demônios que entram pelas janelas e buracos da parede saltam sobre os corpos de seus companheiros mortos para devorá-los e são assim mortos pelos vampiros que estão ali próximos.

O ataque maciço de demônios acaba. Os que ainda não entraram na casa percebem que seus companheiros estão sendo dizimados. Eles resolvem recuar da batalha. A luta no interior do imóvel abandonado também termina. Enfurecido e dominado pela luta, Eliseu agora flutua em pleno ar com a espada na mão. Ele olha rapidamente para todos os lados e não vê mais ninguém a quem agredir. Agora ele procura por sua protegida que está cercada pelos vampiros. Alguns deles seguram os braços dela. O anjo olha bravo na direção do vampiro-líder e o indaga:

-
O que está fazendo? Temos um acordo!
-
Que não incluía que você nos matasse a todos!
-
Do que está falando? Elisabeth salvou os vampiros mortos e vencemos o primeiro round contra os demônios.
-
Quer me convencer de que não estava aproveitando para se livrar de todos nós enquanto te ajudávamos?
-
Olhe ao redor! Vencemos, criatura! (declara Eliseu já descendo ao solo e aproximando-se lentamente do grupo de vampiros que cercam Elisabeth).

O líder-vampiro se posiciona entre o anjo e o grupo de sugadores de sangue.

-
Eliseu! Estou com medo! (grita a moça apavorada com a nova situação).
- Caso não se lembre, eu não fiz nenhum acordo com você! (declara o líder). Precisávamos salvar a humana dos demônios. Agora que a luta acabou, podemos matá-la e o conflito terminará.

- Vocês me ajudaram a derrotar nosso inimigo comum. Mas esta foi apenas a primeira batalha. A guerra ainda não acabou! Quando Lúcifer souber do acontecido aqui, enviará milhares de demônios para esta cidade. Ele irá destruir todos os humanos daqui e também os vampiros. Vocês não terão mais paz até que Lúcifer tenha exterminado um a um de sua espécie. Sua única chance agora de sobreviver é continuar me ajudando. Mas isso só acontecerá se Elisabeth estiver bem. Porque do contrário eu mesmo farei um acordo com Lúcifer para ajudá-lo a acabar com todos vocês!

O líder-vampiro pensa um pouco sobre o assunto, porque ficou numa enrascada.

- Você planejou tudo isso! (declara ele ao anjo). Sabia que vindo aqui os demônios os seguiriam e nos forçou a entrar em sua luta particular de proteção desta humana! Vocês anjos não prestam...!

O líder-vampiro sai da frente de Eliseu e ordena com os olhos que seus súditos liberem a moça! Ela corre na direção de seu anjo da guarda e o abraça forte.

- Achei que iria morrer!
- Não havia nenhuma chance disso acontecer. Eu estava aqui.
- E então, anjo? O que pretende fazer agora? (indaga o líder-vampiro). Qual é o próximo passo?

Eliseu olha na direção de seu enorme oponente e responde com sua protegida ainda agarrada a ele:

- Hoje não teremos mais batalhas! Os demônios sabem que não poderão nos vencer neste ambiente. Mesmo em maior número este lugar se tornou uma armadilha para eles. Esta hora devem estar se alimentando dos outros demônios que foram vencidos por nós. Mas na próxima noite, teremos que estar um passo à frente (declara o anjo que ouve um pequeno barulho no teto do imóvel).

Eliseu arremessa a sua espada com força para cima. Ela penetra a madeira ruim do teto e fere um demônio que ainda ficara ali espreitando pelo lado de fora da casa. O anjo olha na direção dos vampiros e lhes diz:

- Chega de surpresas. Vamos agir antes que o próprio Lúcifer venha até nós em pessoa.

Os vampiros se entreolham preocupados com essa possibilidade. Outros demônios voam até o teto do imóvel e despedaçam seu colega ferido. A espada agora cai lá de cima e o anjo a agarra em pleno ar para guardá-la novamente sob o sobretudo longo e negro que usa. Elisabeth volta a perder a visão.

IV - A VIAGEM
XX - A FILA DA PROCURA
V - MAL ASSOMBRADA
XXI - BOA NOITE, CINDERELA
VI - BATALHA NOTURNA
XXII - FACÇÕES DA GUERRA
XXIII - NOVOS COMBATENTES
VII - PRIMEIRO ACORDO
VIII - A FUGA
XXIV - TRANQUILÓPOLIS
IX - VISITA INDESEJADA
XXV - A VIRADA
X - LANCHONETE
XXVI - A FROTA DO MAL
XXVII - SERES DA GUERRA
XI - A NOVA VIAGEM
XII - TÁBATA
XXVIII - A BATALHA FINAL
XXIX - A PAZ ETERNA
XIII - IMPASSE
PERSONAGENS
XIV - VERÔNICA
ANJOS, FADAS E BRUXAS
XV - SANGUINÁRIO
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