Este livro foi registrado
na Biblioteca Nacional

Introdução
XVI - O CONGRESSO DAS VASSOURAS
I - O CÉU
XVII - EXÉRCITO DE VIVENTES
II - O ANJO
XVIII - REENCONTRO
O Anjo-Vampiro
CAPÍTULO XII - TÁBATA
III - O DOM
XIX - MAIS UMA NOITE
Eliseu desce do veículo, assim como Elisabeth. Os dois caminham pela calçada lentamente, observando tudo ao redor. Só ouvem pássaros cantando, vozes de algumas crianças se divertindo próximo dali, alguns cachorros latindo e nada mais.

O anjo se aproxima da porta da casa da suposta bruxa. Elisabeth está logo atrás dele. Seu cinto detecta a distância dos objetos e transmite os sinais para a tiara dela. Então a moça, mesmo cega, consegue andar sem bater nos obstáculos ao seu redor. O vampiro-líder, sem seus poderes no momento, porque é de dia, permanece em pé ao lado de seu veículo. O anjo ameaça bater à porta da casa, mas não dá tempo. Esta se abre rapidamente, para espanto de todos. Uma linda mulher séria, magra, de olhar penetrante, cabelos negros e usando roupas claras surge diante deles sem nada pronunciar, mas aguardando saber o motivo da presença destas pessoas diante de sua casa.

- Ahhh...! Olá...! Eu sou Eliseu e esta é Elisabeth. Ela tem um dom muito especial e os demônios estão tentando levá-la embora.
- Do que é que está falando?! O que teria eu a ver com isso?
- Bom... é que... alguém nos disse que a senhora... tem poderes especiais e poderia nos ajudar...
- Quem lhes disse isso?
- Um conhecido meu... ele está ali... ao lado do carro.

A mulher olha na direção distante daquele homem esquisito e aperta os olhos, desconfiando de alguma coisa. Ela leva uma das mãos para trás, quando surge uma bola azul transparente de raios que saltitam nervosos para todos os lados na palma de sua mão. A mulher arremessa o objeto mágico. Ao fazer isso, Eliseu, em grande velocidade, saca a sua espada que absorve todo o impacto daquela sinistra magia. A lâmina vibra com grande intensidade e o anjo precisa segurá-la forte com as duas mãos para não perdê-la. Ele o faz com muita força, enquanto seu rosto demonstra a dificuldade pela qual está passando no momento. Elisabeth começa novamente a enxergar tudo à sua frente, assim que seu anjo protetor sacou a espada, mas ela sente que algo está errado. A visão vem e vai como o efeito estroboscópio de uma luz negra num salão de dança.

-
O que está acontecendo, Eliseu? (grita a garota).
-
Pare com isso, bruxa! Precisamos de sua ajuda!
- Você é um anjo, ela é sua protegida. Mas e aquele outro, quem é? (indaga a mulher já com outra bola azul de raios na mão).
- Ele é um parceiro necessário para lutarmos contra o poder de Lúcifer...!
-
O quê?! Que história é essa? Quem é o outro sujeito?
- Ele é um vampiro! Precisamos da ajuda de todos para matar Lúcifer!

A bruxa arregala os olhos e lança a nova bola de raios, acertando o vampiro-líder em cheio! O sugador de sangue vibra rapidamente e se transforma em fumaça negra, enquanto grita de dor.

- NÃO! (grita Elisabeth que anda rápido na direção da nuvem negra que se formou ali na rua).
-
Elisabeth... fique perto de mim para eu poder protegê-la (grita desesperado Eliseu, que mal consegue segurar com as duas mãos a sua espada).

Determinada, a Curandeira chega até o veículo. Abaixa-se, coloca as mãos no chão e em poucos segundos o corpo do vampiro-líder volta a se materializar, deitado de bruços na calçada. Espantada com o fato a bruxa, já com nova bola de raios pronta para atacar, a espreme com força contra a palma da mão e a nova magia se desfaz, enquanto ela indaga ao estranho trio:

- O que está acontecendo aqui? Esta mulher pode desfazer meus feitiços?! Que tipo de dom tem ela, afinal?
- Ela é a Curandeira...! (declara Eliseu já quase sem forças para continuar segurando aquela lâmina brilhante que vibra intensamente em suas mãos). Lúcifer a quer e ao seu poder. E se ele conseguir... se tornará indestrutível... humanos, bruxos e vampiros serão varridos da Terra e os anjos talvez não possam impedir também o fim do Firmamento...! Precisamos nos unir para vencer esta guerra...

- Não pode ser verdade... Isso não existe! A Curandeira é uma lenda...! (declara a espantada bruxa).
- É verdade... os demônios estão matando pessoas e destruindo tudo só para pegá-la... (declara Eliseu, fazendo muita força e caretas de cansaço e dor). Precisamos dos poderes das bruxas...

A mulher abana uma de suas mãos diante de seu rosto, como se espantasse uma mosca. Isso acaba com o feitiço que dominou a espada do anjo. Eliseu agora pode relaxar e resolve guardar a lâmina brilhante dentro de seu longo casaco negro. Elisabeth volta a ficar cega, mas mesmo assim ajuda o vampiro-líder a se levantar do chão.

- Como sabiam que eu morava aqui?

Eliseu olha na direção dela e não responde à pergunta. A bruxa faz um movimento sutil com uma das mãos como se tivesse pegado alguém pelo pescoço. Eliseu sente a força daquela magia e tenta com as duas mãos, fracas já de tanto lutarem contra o feitiço anterior, se livrar do enforcamento que lhe afeta agora. Ele está ficando sem ar. A bruxa olha para aquele anjo rendido e comenta:

- Como eu suspeitava... Você já está entre os humanos a tempo demais... Não poderá lutar contra Lúcifer...!
- Posso sim..., mas sem você... não será possível vencermos...! (declara o anjo que é erguido em pleno ar pelo poder de feiticeira).
- As bruxas não lhes ajudarão nessa guerra. A Curandeira não existe. E jamais trabalharíamos junto com vampiros e anjos. Até porque, Lúcifer não pode ser vencido...!

Ao dizer isso ela libera o anjo, abrindo a mão. Ele cai de pé sobre a calçada.

-
Eliseu...! Você está bem? (grita de longe, Elisabeth).

A bruxa olha para a garota e comenta o que está vendo:

- Você está apaixonada por um anjo?! Vocês são um grupo patético que desejam algo impossível..!

- Os demônios estão quebrando todas as regras de convivência (relembra Eliseu). Isso colocará a humanidade em rota de colisão contra vampiros e bruxas. Lúcifer nem precisará lutar para vencer esta guerra. Basta deixar que todos nós nos destruamos, lutando uns contra os outros e contra os exércitos humanos que certamente nos atacarão, assim que descobrirem que todos nós existimos de verdade.

A bruxa para para pensar sobre o que acaba de ouvir.

- Desapareceremos em meio à multidão. Ninguém saberá que somos bruxas.

- Mesmo assim... a humanidade será varrida e vocês irão morrer junto. Precisam colocar de lado as diferenças que têm contra nós e os vampiros. Ou nos unimos todos agora... ou não haverá tempo suficiente depois. Os exércitos de demônios estão aumentando rapidamente. Temos que vencer Lúcifer agora. É o único modo!

- E seu chefe, anjo? Por que não intervém? (indaga a bruxa).
- Ele deixou tudo por nossa conta (responde Eliseu, já se recuperando de suas dores no pescoço).
- Até poderíamos tentar, mas não conseguiríamos vencer o dono das trevas! (declara a bruxa).
- Por que tem tanta certeza disso? Nossos poderes em conjunto poderão nos colocar em pé de igualdade ou em superioridade contra Lúcifer.
- Você não sabe do que está falando.

Eliseu desconfia de algo e exige saber mais sobre isso:

- O que sabe, bruxa? Está nos escondendo algo. O que é?
- Depois que Lúcifer conseguiu os dons e poderes dos vampiros... ele forçou um bruxo iniciante, e sem muita experiência, a fazer uma magia que o tornou um anjo caído ainda mais forte.
- O quê? Lúcifer tem também poderes mágicos? (indaga Eliseu). Nenhum anjo sabia disso!
- Pois é! Ele agora não pode ser mais vencido!
-
Desfaça o que foi feito! (grita o vampiro-líder ainda de longe e protegido atrás de Elisabeth). Crie outro feitiço contra ele.
- Não posso desfazê-lo. Depois que Lúcifer conseguiu o que queria, matou o bruxo e com ele se foi a possibilidade de se reverter a magia. Não sabemos o que foi feito e nem como desfazer o resultado.
- Você pode criar algo que possa reduzir o poder dele, enquanto eu e os vampiros o atacamos? (indaga Eliseu). Elisabeth pode ressuscitar os vampiros mortos em combate.
- Pretende levar esta mulher para perto daquele que a quer?! Ficou maluco?!
- Não posso deixá-la sozinha. Sou eu quem a protejo!
- Esse seu plano é muito ruim! Quantos anjos participarão disso?
- Cada anjo tem uma atividade específica e não podem deixá-las de lado. Somente eu lutarei contra Lúcifer!

A bruxa dá uma gargalhada de deboche!

- Lúcifer irá morrer de rir dessa sua tentativa ridícula de matá-lo. Caia na real, anjinho! Jamais poderá vencer Lúcifer no território dele!

- Então... vamos trazê-lo para o nosso território e lutar pelas nossas regras! (declara Eliseu, olhando firme na direção da bruxa, que pela primeira vez ergue uma das sobrancelhas, pensando numa possibilidade pequena de vitória). Quantas bruxas e bruxos acha que poderiam nos ajudar?

- Isso depende de quanto tempo temos!
- Dezenas de demônios vieram atrás de nós na última noite. Na próxima poderão ser centenas ou milhares. A batalha terá que ser nos próximos dois dias!
- O que deseja é impossível! (declara a bruxa).
- Impossível é aceitarmos que Lúcifer saia vitorioso. Sem um exército não poderemos lutar contra milhares de demônios.
- Não posso garantir que eu consiga um grande número de bruxos para lutar ao lado dos vampiros e contra o anjo do mau.
- Neste momento não importa com quem você lutará, mas sim contra o maior poder de um inimigo em comum!
-
Você conhece alguém por aqui chamado Sanguinário? (indaga de longe o vampiro).

A bruxa abaixa as sobrancelhas, fica muito séria e retruca:

- Não me diga que pretendem pedir ajuda àquela criatura asquerosa?
- Estamos desesperados! (comenta Eliseu).
- Qualquer um desta cidade sabe onde vive aquele ser desprezível! Ele está a dois quilômetros daqui, na direção contrária da que vieram. Mas não sei no que um humano inútil pode fazer contra Lúcifer?
- Marcamos a nossa reunião aqui (declara o anjo falando com a bruxa). Eu volto antes do anoitecer! Espero que tenha boas notícias para mim.

Eliseu estende a mão para Elisabeth e os dois começam a caminhar em direção à mata próxima.

- Aonde vai? (indaga a bruxa ao casal).
- Vou procurar uma antiga amiga! Espero que ela também possa nos ajudar.
- Mas nesta direção só encontrará uma floresta!?
- Eu sei! Ela é do mundo espiritual e vive em lugares como este (declara Eliseu).

O vampiro, percebendo que ficará sozinho no local corre para entrar no veículo e grita para Eliseu:

-
Vou procurar o Sanguinário!
-
Tudo bem! (responde o anjo). Mas retorno logo para cá. Precisamos passar a noite no esconderijo dos vampiros.

Eliseu olha na direção da bruxa e lhe faz uma última pergunta:

- Esqueci-me de lhe perguntar qual é seu nome:
- Tábata!
- Ahhh! Ok! Obrigado pela ajuda, Tábata.
- Não me agradeça! Não posso garantir que algum bruxo irá querer participar desta aventura insana.
- Precisamos de vocês! Aliás..., vocês também precisam de nós e dos vampiros, do contrário nenhuma magia será suficiente para manter a condição atual em que todos vivem.
- Verei o que posso fazer. Se tivéssemos mais tempo e nenhum vampiro nesta empreitada... talvez eu conseguisse um exército de bruxos. Afinal, por que precisa deles?
- Se tudo der errado, precisarei da principal habilidade dos vampiros contra Lúcifer!
- E qual seria esta habilidade?

Eliseu olha sério para a bruxa e não lhe responde à questão:

- Consiga os bruxos! Tenho que encontrar a minha amiga!

O casal continua a caminhar e entra na mata fechada.

-
Se me disser quem é a sua amiga, talvez eu possa lhe ajudar!
-
É uma fada!
-
Está louco! Fadas não existem! (declara Tábata).
-
Existem sim! E se eu conseguir a ajuda de uma delas, verá o que poderemos fazer nesta guerra.

A bruxa estranha tais comentários e resolve entrar em sua casa.

IV - A VIAGEM
XX - A FILA DA PROCURA
V - MAL ASSOMBRADA
XXI - BOA NOITE, CINDERELA
VI - BATALHA NOTURNA
XXII - FACÇÕES DA GUERRA
XXIII - NOVOS COMBATENTES
VII - PRIMEIRO ACORDO
VIII - A FUGA
XXIV - TRANQUILÓPOLIS
IX - VISITA INDESEJADA
XXV - A VIRADA
X - LANCHONETE
XXVI - A FROTA DO MAL
XXVII - SERES DA GUERRA
XI - A NOVA VIAGEM
XII - TÁBATA
XXVIII - A BATALHA FINAL
XXIX - A PAZ ETERNA
XIII - IMPASSE
PERSONAGENS
XIV - VERÔNICA
ANJOS, FADAS E BRUXAS
XV - SANGUINÁRIO
HOME
HOME
COMENTE SOBRE
ESTE LIVRO
CLICANDO AQUI

Henri Versiani
como Eliseu

Majorie Gerardi
como Elisabeth

CAPÍTULO
ANTERIOR

CAPÍTULO
POSTERIOR