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Introdução
XVI - O CONGRESSO DAS VASSOURAS
I - O CÉU
XVII - EXÉRCITO DE VIVENTES
II - O ANJO
XVIII - REENCONTRO
O Anjo-Vampiro
CAPÍTULO XX - A FILA DA PROCURA
III - O DOM
XIX - MAIS UMA NOITE
Na casa de Sanguinário, o vampiro-líder está de guarda, observando-o se concentrar, quando este balança a cabeça negativamente e declara a sua insatisfação, ainda de olhos fechados:

- Não encontro Lúcifer. Quando consigo um endereço, ele rapidamente desaparece dali! Logo depois sinto a aparição dele em outro país bem distante, mas desaparece novamente! Isso vem acontecendo por todo o planeta. Vejo sempre aquela figura com asas negras em meio a exércitos de estranhas criaturas. Parece que uma guerra está para acontecer a qualquer momento...! Ele nunca fica parado num único lugar.

- É isso mesmo?! O anjo caído está montando exércitos por todo o planeta?! (indaga o vampiro-líder).
- É o que parece!
- Preciso saber de um lugar específico para onde ele sempre retorna!

- É isso que estou lhe dizendo... o sujeito nunca para em lugar algum! (declara Sanguinário, que agora abre os olhos e vira-se na direção do vampiro).

Mas já são seis horas da tarde e aquela criatura sugadora de sangue começa a se transformar num ser enorme, forte, com dentes caninos longos. O rosto está se transformando, dando-lhe a aparência de um monstro cruel e perigoso.

- O que está acontecendo com você? (indaga Sanguinário que se levanta de seu acento e anda de costas para se afastar do enorme vampiro que está em sua casa).
- Nada demais! É que está na minha hora de acordar...! (diz ele com voz tenebrosa e grave).
- Oh! Meu Deus!
- Errou! Tente novamente!

Lá fora, uma movimentação começa a acontecer. O exército está chegando à pequena cidade, a procura do veículo veloz que fugira do ataque dos demônios. Os veículos se separaram e um deles se aproxima. Um dos militares vê de longe o veículo vermelho do vampiro, estacionado diante da casa de Sanguinário! O jipe com cores camufladas se aproxima e para ao lado do carro possante. Dentro do imóvel, os dois percebem o que está acontecendo. O vampiro-líder olha de volta para Sanguinário e lhe avisa:

- Se me denunciar para eles... mato os dois... depois vou morder bem forte o seu pescoço, arrancar todo o seu sangue e deixá-lo morrer bem lentamente. Entendeu?
O humano balança a cabeça afirmativamente.

- Agora vá lá fora e livre-se deles. Temos que continuar tentando encontrar Lúcifer.

Sanguinário obedece e vai até a porta de sua casa, abrindo-a parcialmente enquanto grita de lá para os militares:

- O que está acontecendo aqui?
- Somos do exército! Este carro é seu?


O homem titubeia um pouco sem saber se mente ou diz a verdade para eles.

- Não! Não é.
- E de quem é?
- Como vou saber?
- Ele está estacionado bem diante de sua casa.
- Pois é! Mas eu não sei quem é o dono! Tem alguma coisa errada com este veículo?
- Ele pode ter participado ou fugido de um massacre na cidade mais próxima daqui. Dezenas de pessoas foram mortas por lá!


Sanguinário ergue as sobrancelhas, engole em seco e demonstra preocupação com esta informação. Ele começa a suar frio. Os militares conversam entre si:

- Vamos dar uma olhada mais detalhada neste veículo em busca de provas.
- Veja aqui! Marcas de riscos e amassados no teto! (diz o outro militar).

Dentro da casa o vampiro se aproxima de Sanguinário, sem que os militares lá fora percebam a sua presença na casa. Ele fala baixinho com o humano.

- Não quero que os militares mexam em meu carro. Mande-os embora daqui.
- Mas como farei isso? (responde, baixinho, o Sanguinário).
- Sei lá! Exija um mandato judicial...! Diga que não podem mexer no veículo...! Ameace atirar neles...!
- Ficou maluco! É o exército! Não vou ameaçá-los!
- Se não tirá-los dali eu terei que agir e depois todos pensarão que foi você que os matou!

Sanguinário olha na direção do vampiro e se assusta ao ver mais de perto aquela aparência grotesca e perigosa do sugador de sangue.

- Pegue aqui a minha chave (ordena o vampiro). Vá até lá e não deixe que eles estraguem meu veículo.

O humano pega a chave do veículo, esconde-a na palma da mão, sai de casa e começa a andar na direção dos militares. Um deles ameaça usar a empunhadura de sua arma para arrebentar o vidro da porta do motorista, mas é impedido de longe por Sanguinário:

-
Espere um pouco! Não precisa quebrar o vidro! (diz ele que se abaixa até o solo e finge pegar a chave no chão, em meio a uma moita rasa). Olha só o que encontrei aqui!
-
Você sabia que estava aí a chave deste carro? (indaga um dos militares).
-
Eu?! Não! Apenas vi um brilho no mato e achei que o dono teria jogado isso aqui.

O militar olha meio desconfiado para aquele homem grande, malvestido, monocelho, suado e meio descabelado. Sanguinário se aproxima do veículo, pressiona um botão no corpo da chave e as portas se abrem automaticamente. Um dos soldados entra no veículo, senta-se ali e começa a vasculhar o porta-luvas, procurar alguma coisa sob os bancos, embaixo do painel e, por fim, sai do carro, abre o porta-malas, depois a tampa dianteira e se impressiona com o tamanho do motor!

- Minha nossa! Olha só isso! (diz ele para o colega que se aproxima). Isso aqui deve ser capaz de atingir trezentos quilômetros por hora em menos de três segundos.

Dentro da casa, o vampiro-líder sorri ironicamente e comenta o assunto, falando bem baixinho consigo mesmo:

- Ele atinge quatrocentos quilômetros por hora em dois segundos, idiota!
- Vou chamar o delegado! (sugere o outro militar). Talvez ele consiga encontrar algumas digitais neste veículo para descobrirmos de quem é!
- Senhores..., senhores...! Pensem bem...! (pede Sanguinário). Por que o dono de um superveículo como este o abandonaria? Não faz sentido!

O outro militar avalia a chapa do carro em seu equipamento portátil de mão, e responde ao Sanguinário:

- O veículo não é roubado! Mas seu dono está desaparecido há mais ou menos um ano! Ninguém nunca mais o encontrou e nem a este carro! A esposa do sujeito reclamou de agressão física à polícia por diversas vezes. Existem vários BOs (Boletins de Ocorrência) contra o cara. Ele foi preso em duas oportunidades e depois liberado. Numa noite simplesmente desapareceu! Nunca mais foi visto!

- Humm! (comenta Sanguinário). Então temos aqui um mistério?
- A não ser que você saiba de alguma coisa que possa ajudar a esclarecer tudo isso!
- Eu?! Não! Quando acordei hoje de manhã o veículo já estava aí! Não vi quem o deixou!

- Esta cidade é bem tranquila e este motor deve fazer muito barulho quando em movimento. Então acho que qualquer pessoa, num raio de quinhentos metros deve ter percebido quando ele chegou até aqui! Estranho é você não ver e nem ouvir nada, estando tudo acontecendo diante de sua porta!

- Eu tinha bebido um pouco a mais ontem e... acho que dormi profundamente até tarde hoje!
- Sei...! Chame o guincho! (ordena um militar ao outro). Vamos levar este carro daqui.
-
LEVAR?! NÃO!
- Por que está gritando, cidadão, se nem sabe de quem é o veículo?
- Bom... É que... talvez... o dono... possa ser perigoso... e não gostaria de perder o veículo...!
- Rsrsrs! Nós somos do exército...! Somos nós os perigosos aqui!

Dentro da casa o vampiro está ficando nervoso com tudo isso e resolve tomar uma atitude drástica:

- Não vou deixar que levem meu carro embora!

Ele sai pela porta dos fundos da casa, abre as suas asas negras e voa entre as árvores do lugar, por dentro do mato fechado próximo dali. Como a noite começa a cair, ele está protegido pela parcial escuridão. Os militares estão distraídos com o Sanguinário, e não percebem a aproximação furtiva do vampiro que lhes ataca com força, derrubando ambos simultaneamente. Num deles o sugador de sangue dá um forte soco que o faz desmaiar e a seguir morde com força a jugular do outro. Depois volta-se para o primeiro e repete o gesto violento. O vampiro, com a boca cheia de sangue e ainda sobre os corpos de suas vítimas, olha diretamente na direção do humano Sanguinário.

- Ficou maluco?! Matar militares na porta da minha casa? O exército irá me acusar disso!

- Eu disse para você se livrar deles! Ninguém vai levar meu carro apreendido! (responde o vampiro, que ergue simultaneamente e com facilidade os corpos dos dois soldados, jogando-os na caçamba traseira do veículo militar).

- Leve este veículo militar para dentro do mato e deixe-os por lá. Vou esconder o meu carro em sua garagem fechada para que mais ninguém o encontre.
- Quer que eu me livre deste veículo militar com dois corpos dentro? Não sou assassino! Isso irá me comprometer!

- Se não fizer o que estou mandando, serão três corpos dentro desta caçamba! Agora... ligue logo este carro do exército e suma com tudo isso daqui.

Sem melhores opções, Sanguinário entra no jipe, liga o jipe e sai com ele para o interior de uma trilha na mata próxima de sua casa. Ele abandona o veículo bem longe dali. O vampiro abre a porta da garagem da casa, volta ao seu carro, aciona o poderoso motor e entra de ré. Ele fecha a porta, liga o alarme do veículo e entra novamente na casa para se esconder. Em poucos minutos o dono do imóvel retorna a pé, vindo do interior da mata. Sem notar a presença de mais ninguém do exército por ali, Sanguinário entra em casa novamente e se assusta ao ver o vampiro lá dentro e logo atrás da porta de entrada, à espreita, como um predador.

- Que droga! Por que não vai logo embora daqui? Já lhe disse que não consigo localizar Lúcifer!
- Deixe disso! Você está indo bem! Só precisamos descobrir onde ele passa a noite ou o dia, onde almoça ou janta, onde ele tem uma base para a coordenação do futuro ataque, ou onde descansa.
- As coisas não são tão simples assim! Eu preciso também comer, ir ao banheiro, dormir, descansar e tomar banho de vez em quando, sabia? (declara Sanguinário).
- Então acelera o passo, criatura! Faça logo o que tem para fazer e voltemos ao que importa!

Sanguinário entra no banheiro e fecha a porta. Um suave barulho lá fora, chama a atenção dos apurados audição do vampiro, que tem longas e pontiagudas orelhas. Ele caminha lentamente até a janela, quando percebe dois outros vampiros que acabaram de pousar diante da porta de entrada. Eles estão com roupas de militares. O sugador de sangue abre a porta e declara:

- Até que enfim! Por que demoram tanto? (declara o vampiro-líder aos dois, que são na verdade os dois soldados que ele matara a pouco).

Subitamente ambos fazem cara de dor e se transformam em poeira negra. Suas roupas caem amontoadas ao solo, para espanto do vampiro-líder. E agora, bem diante de seus olhos, se materializa o anjo que acaba de fechar as asas e está com a espada brilhante ainda nas mãos. Este é aquele que lutou contra Lúcifer para defender os tios de Elisabeth, mas perdeu o embate.

- Quem é você? E por que fez isso? Precisamos de mais vampiros para a porcaria da guerra que iremos travar.

Rapidamente o anjo tenta cortar o vampiro-líder ao meio com sua afiada lâmina. Mas a criatura da noite se desvia, abrindo suas asas negras, enquanto salta para trás.

- Onde está o Sanguinário? Você o matou?
- Do que está falando, criatura? (indaga revoltado o vampiro-líder). Quem é você?

O anjo entra na casa para confrontar mais uma vez o sugador de sangue:

- Não vou perguntar novamente! Onde está o dono desta casa?

A porta do banheiro se abre e surge o humano, atônito com o que vê:

- O que está acontecendo aqui, agora?!
- Você está bem? (indaga o anjo). Cheguei aqui e encontrei este vampiro dentro de sua casa!

- Pare com isso, idiota! (declara o vampiro-líder). Eliseu nos obrigou a participar desta guerra contra Lúcifer, e agora vocês anjos querem nos matar? Que diabos está acontecendo afinal? O céu virou um inferno?

- Eliseu pediu ajuda aos vampiros?! Por que ele faria isso?! (indaga atônito o anjo). Não precisamos de vocês para atacar Lúcifer. Mas eu quero saber é por que os vampiros estão destruindo tudo, casas, veículos e matando pessoas sem nenhum cuidado?

- Acha que nós é que estamos fazendo isso? Do que está falando agora? Foram os demônios a serviço de Lúcifer!
- Os demônios estão atacando as pessoas daquele jeito?!
- Eu tô ficando cansado desta confusão em minha casa! (declara Sanguinário, olhando para os dois).

Um som de veículo lá fora chama a atenção dos três. São mais veículos militares chegando.

- Temos que recolher as roupas dos soldados que estão ali na porta, antes que o pessoal do exército veja! (declara o vampiro-líder). E vê se guarda esta espada, seu anjo maluco!

O vampiro-líder passa perto do ser celestial e vai até a porta, puxando com um dos pés as roupas dos militares para dentro da casa, fechando logo depois a porta.

- Quem é você, afinal? (indaga Sanguinário ao anjo).
- Meu nome é Barrattiel. Conversei com algumas pessoas nesta cidade sobre as pessoas que foram mortas próximas daqui. No final me disseram que você tem um dom especial para encontrar... pessoas e vim até aqui porque preciso achar Lúcifer.
- Rsrs! Entre na fila! O vampirão ali está esperando esta informação o dia todo, e eu ainda não consegui descobrir onde Lúcifer está.
- Então você consegue mesmo localizá-lo? (indaga Barrattiel).
- É...! Mas ele não quer ser encontrado!
- Vocês anjos são tão mal informados que nem sabem que Lúcifer está promovendo uma campanha demoníaca para acabar com a humanidade?
- Eliseu não me contou detalhes sobre as suas atividades dele e nem sobre o que está acontecendo aqui na Terra! Ele só me pediu para garantir a vida da família da protegida!
- Entendo! Então... não deveria estar... protegendo aquela gente? (indaga o vampiro).

O anjo guarda a sua espada brilhante, abaixa a cabeça por alguns segundos e volta a olhar para o vampiro, quando lhe responde:

- Pedi que eles viajassem para bem longe, enquanto eu vim caçar Lúcifer!
- Ahh! Então é assim que vocês anjos tiram férias? (declara o vampiro de forma irônica). É só enviar os protegidos para um passeio, enquanto os seres celestiais vão atrás de... esportes radicais?!
- Não é isso! (responde, sem-graça, Barrattiel). Lúcifer foi pessoalmente me confrontar para falar com a família da protegida de Eliseu!

O vampiro ergue as sobrancelhas, com informação tão inesperada!

- Está dizendo que você não conseguiu proteger a família? Então... que diabos aconteceu...? Você não morreu..., os protegidos viajaram... e agora quer bater um papo com o diabo...?
- Eu perdi a luta, bem diante de diversas pessoas...
- Ihhhh! Mais um anjo-caído...! O inferno vai ficar pequeno com tantos diabos!

Barrattiel arranca novamente a espada de sua cintura e a aponta com violência na direção do pescoço do vampiro, encostando-a naquela pele escura de forma ameaçadora:

-
Cale esta boca! Não sou como Lúcifer! Mesmo caído não cederei à loucura ou me virarei contra Deus! Os anjos são honrados e todos nós temos missões a cumprir.

O vampiro olha irônico para a ponta da espada brilhante de seu oponente e declara:

- Você pode acreditar agora que não é como Lúcifer..., mas quando suas atitudes se tornarem incontroláveis..., como..., por exemplo..., apontar uma espada para um parceiro de luta..., verá que será muito fácil sucumbir a ideias contrárias as que hoje têm como meta!

Barrattiel abaixa, titubeante, sua espada, espreme os olhos à procura de algum bom senso em suas atitudes.

- Talvez tenha razão, vampiro! A queda parece mesmo já estar me afetando. Por isso preciso encontrar e eliminar Lúcifer rapidamente.
- Acho que já ficou louco, anjinho! Com poderes limitados e falta de razão..., o seu maior inimigo já está dentro de você e lhe dominando a cada minuto! Jamais conseguirá lutar contra isso, que dirá contra alguém muito mais poderoso e cruel!

Agora Barrattiel aponta a espada na direção do Sanguinário e lhe faz uma exigência:

- Encontre Lúcifer agora! Ou eu o matarei por colaborar com o mal!
- Como eu disse antes...: entre na fila. Agora vou comer alguma coisa..., antes de morrer de fome.

O anjo coloca uma das mãos na cabeça e fecha os olhos em busca algum sentido no que está fazendo.

- O que você tem aí para comer? (indaga Barrattiel ao Sanguinário, seguindo-o até a cozinha).
- Acho melhor guardar sua espada! Pode machucar algum colaborador aqui! (declara o vampiro ao confuso anjo).

IV - A VIAGEM
XX - A FILA DA PROCURA
V - MAL ASSOMBRADA
XXI - BOA NOITE, CINDERELA
VI - BATALHA NOTURNA
XXII - FACÇÕES DA GUERRA
XXIII - NOVOS COMBATENTES
VII - PRIMEIRO ACORDO
VIII - A FUGA
XXIV - TRANQUILÓPOLIS
IX - VISITA INDESEJADA
XXV - A VIRADA
X - LANCHONETE
XXVI - A FROTA DO MAL
XXVII - SERES DA GUERRA
XI - A NOVA VIAGEM
XII - TÁBATA
XXVIII - A BATALHA FINAL
XXIX - A PAZ ETERNA
XIII - IMPASSE
PERSONAGENS
XIV - VERÔNICA
ANJOS, FADAS E BRUXAS
XV - SANGUINÁRIO
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