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da coleção

INTRODUÇÃO
Capítulo I
A DESCOBERTA

Capítulo II
SONHANDO OUTRO SONHO

CAPÍTULO VI - REVELAÇÕES
Capítulo III
FAZENDO NOVOS AMIGOS

Caminhando pela esteira para chegar mais rapidamente à escola, Paulinho quer ter mais tempo para
conversar com Joana sobre o que aconteceu ontem à noite em seu sonho. Ele continua ouvindo suas
músicas preferidas de rock crash, o que incomoda as pessoas pelas quais o jovem vai passando. Uns
fazem careta, outros falam palavras que Paulinho não entende, por causa do som em seus ouvidos, e
outros, de sua idade, levantam seus polegares e sorriem, porque gostam também daquele som irritante!
Alguns flashes de imagens surgem em sua mente. É um enorme salão, que parece pertencer a uma nave alienígena! Algo inesperado para ele!

Ao trocar de uma esteira para outra, Paulinho olha para trás e vê um estranho sujeito que o segue e o encara de uma forma esquisita. Ele usa terno negro, óculos escuros e um bóton dourado em forma de estrela na lapela. O jovem adolescente, sempre muito ligado, percebe quando algo está fora do lugar, como neste atual momento! Ele troca novamente de esteira. Passa para outra que está superlotada. O equipamento de transporte tem pequenos trechos de esteiras sequenciais, cada uma com diversos estágios de velocidade que vão acelerando uma após a outra até chegar à principal de velocidade bem mais alta. A longa avenida em movimento percorre alguns quilômetros como se fosse um trem..., mas sem o trem..., apenas passageiros sobre a passadeira..., algo em torno de vinte quilômetros por hora.

Pessoas de diversos locais usam esta que percorre uma importante avenida da cidade e que dá acesso a diversas empresas e escolas. Pequenas lojas se movimentam numa esteira paralela, acompanhando o fluxo de pessoas, que aproveitam suas idas e vindas para adquirir um novo produto, pagar suas contas, sacar dinheiro ou tomar um café da manhã durante o trajeto de alguns minutos.

Paulinho acelera o passo e vai desviando das pessoas para se afastar o mais rapidamente possível daquele estranho sujeito que o segue! A imagem do sujeito se aproximando dele naquele salão alienígena aparece novamente em sua mente. O jovem olha para trás e não está mais visualizando o tal cara. Ele resolve entrar numa das pequenas lojas em movimento, que passa lateralmente à esteira de pedestres. Pede um refrigerante de latinha ao rapaz que trabalha ali, passa seu Pen Drive, pendurado no pescoço, por uma máquina de leitura sobre o balcão e assim ele paga pelo produto. Imediatamente se abaixa perto do balcão e atrás da pequena parede junto à entrada da lojinha. Paulinho começa a chacoalhar forte e continuamente a latinha para deixá-la com bastante pressão interna.

O jovem, parte humano, parte alien, olha para fora, para ver o momento da passagem do sujeito na esteira, o que acontece poucos segundos depois que Paulo se escondera no interior da loja móvel. O homem, agitado, olha para todos os lados procurando-o. Paulinho aproveita a distração de seu perseguidor e retorna para a esteira em sentido contrário ao que veio. Ele deseja chegar a um ponto de saída da esteira ali próximo, mas a velocidade faz com que tenha que correr rapidamente e ainda precisando desviar das outras pessoas. A saída está bem próxima, Paulinho avança em direção ao seu destino, mas muito lentamente, apesar de estar correndo.

O tal sujeito percebe a manobra de fuga do garoto e também retorna correndo. O jovem está quase chegando ao ponto onde deseja sair da esteira para outra lateral um pouco mais lenta. Sua latinha de refrigerante já está até estufada de tanta pressão pelo movimento forte e contínuo que está sofrendo! Paulinho consegue chegar até a esteira lateral, mas o perigoso homem aproxima-se demais e estica o braço esquerdo para fora para tentar pegá-lo na passagem. Paulinho abre a lata de refrigerante, apontando-a para o rosto de seu perseguidor. Um forte jato de guaraná atinge em cheio olhos, nariz e boca do sujeito que leva a mão direita ao rosto, enquanto Paulo se abaixa para escapar da outra mão inimiga, que passa raspando por cima de sua cabeça.

O jovem agora toma o resto do refrigerante que ainda ficou na latinha e vai passando de uma esteira mais lenta para outra até sair para a rua quando começar a correr sem parar na direção contrária do movimento da esteira principal, aumentando rapidamente a distância para seu perseguidor. Ele entra por uma rua perpendicular e vai para a escola por um trajeto diferente. No caminho pensamentos diversos invadem a mente de Paulo:

-
Quem era aquele cara? Por que me perseguia? Será que ele sabe onde moro ou onde estudo? Será que alguma agência secreta está atrás de mim? Ou era apenas um ladrão que me escolhera como vítima? O fato é que não poderei mais usar este caminho para vir estudar. Pouco tempo depois o jovem filho das estrelas chega à portaria da escola. Ele entra correndo e mesmo assim o sistema de avaliação biométrica facial e de íris o reconhece durante a passagem.

-
Bom dia, Paulo! Bem-vindo à escola. Sua sala hoje é a 1A. Está atrasado! Aconteceu alguma coisa? (indaga o computador-professora ao apressado adolescente).
- Desculpe-me..., professora! Um problema... vem me perseguindo..., mas eu já me livrei... dele por hoje...! (responde o ofegante Paulinho).
-
Venha até a sala de aula, sente-se e descanse um pouco antes de começarmos a estudar juntos. OK?
- Está bem..., professora! (responde ele se sentando rápido no primeiro cockpit disponível da sala 1A).

Os alunos trocam de salas durante as semanas de aula para usarem todos os assentos disponíveis. A escola acha que, se todos forem responsáveis por todos os assentos, se preocuparão mais em cuidar bem deles. Enquanto respira fundo para desacelerar seu corpo, o jovem pensa no que aconteceu e imagina o que deverá fazer de agora em diante? Deveria avisar seus pais? Será que também correm perigo? Paulo não sabe o que fazer!

-
Muito bem, Paulo! Hoje vamos começar a estudar a história humana! (informa o computador-professora). Vamos iniciar nossa aventura na pré-história! As pesquisas mostram que os Neandertais, uma variação humanoide, tinha uma enorme resistência à dor! Mas isso não foi suficiente para suportar as alterações climáticas e a competição contra o homo sapiens. Para os Neandertais é como se aquele novo homem, vindo de terras distantes, fosse um alienígena! Mais inteligentes, mais rápidos na corrida e cheio de novas tecnologias desconhecidas daquela região.

- Professora! Então, se alienígenas viessem para a terra e quisessem nos dominar, seríamos extintos como foram os Neandertais? (indaga Paulinho).

-
Isso é difícil responder! Depende muito do nível tecnológico e armamentista dos aliens, de sua capacidade de luta e de seus interesses pelo nosso planeta. Não há uma resposta única para tal questão. Mas o maior problema seria poder entender o que eles estejam querendo nos dizer. A comunicação, ou, na verdade, a falta dela, é que sempre foi o principal motivo das guerras acontecerem. Um gesto ou uma palavra mal colocada pode ser o estopim para um confronto sem precedentes. Imagine no caso de alienígenas que quisessem nos contatar? Talvez uma guerra começaria simplesmente quando os humanos estendessem uma das mãos para cumprimentar os ETs. Isso poderia significar uma luta até a morte para eles!

- Como faríamos então para evitar tal confronto?
-
O que você faria se viajasse para a Amazônia e encontrasse em seu caminho uma tribo de índios que nunca teve contato anterior com a cultura do homem desenvolvido?
- Não sei! O que sugere se fazer?

-
Se pudesse observar antes e de longe, sem que a comunidade indígena local soubesse de sua presença, você poderia entender melhor o que estão fazendo e descobriria diversos segredos deles antes de entrar em contato direto. Quem sabe até aprender um pouco da língua e alguns costumes. Se eu fosse um alien, faria algo parecido antes de entrar em contato direto. Se a minha intenção fosse maligna, estudaria também meu inimigo antes de atacá-lo!

- Então o segredo para evitar um confronto é conseguir ter informações, as mais completas possíveis, sobre o outro lado e depois, através de uma boa comunicação direta, preservar a amizade entre os dois povos?

-
Eu diria que depois disso você estaria pronto para se encontrar com extraterrestres! Quem sabe no futuro você se torne um embaixador intergaláctico! (declara o computador-professora).
- Obrigado, professora! Acho que me ajudou a encontrar um caminho!
-
O que você anda planejando, Paulo? Está escrevendo um livro?
- Eu...?!?! Não...! São apenas algumas ideias...!
-
Vamos continuar a nossa aula?
- Sim, professora!

Do lado de fora da escola, o estranho homem que perseguira Paulinho, o aguarda tranquilamente sair dali. Ele está sentado em uma praça, fingindo ler um e-book cujo texto é projetado sobre a grama à sua frente a partir de seus óculos escuros. Mas algo estranho agora está acontecendo com este homem! Sua mente acaba de ser invadida por alguém. Dentro de seu cérebro uma batalha se inicia. Seu corpo está totalmente inerte, como se ele estivesse desligado! Toda a cena agora acontece em um mundo neural. Num enorme salão redondo, que parece fazer parte de uma nave espacial, o tal sujeito fala mentalmente com o que lhe invadira:

- Quem está aqui? Quem é você?

Uma porta se abre numa das paredes do salão e surge outro homem usando um paletó verde-escuro com o mesmo bóton dourado em forma de estrela de lapela.

- Por que está aqui? (indaga o de preto).
- Não sabe a resposta? (indaga o de verde).
- É você quem está destruindo nossa equipe?
- Acertou!
- Por que está fazendo isso? Temos a mesma missão!
- Não! Não temos! O que vocês querem fazer é imoral! Não permitirei! (afirma o de verde).
- Acha então que o nosso povo deve pagar o preço por um acidente intergaláctico?
- Acho que todos têm direito a fazer as suas próprias escolhas! Os humanos não devem pagar por uma escolha errada nossa.
- Você é que está errado! Se não fizermos algo agora, poderemos ser destruídos no futuro! Os humanos devem ser eliminados! (decreta o de paletó preto).
- Sinto muito! Não compartilho de sua opinião! Deixe a espécie viver. Poderemos nos comunicar com eles no futuro e ajudá-los também a sobreviver, não comprometendo assim o nosso planeta!

- Tarde demais! Nosso conselho global optou pela aniquilação! Vamos destruí-los com as próprias tecnologias deles. Assim não chamaremos a atenção para nós. Esta espécie não precisa de muito apoio para se autodestruírem! A ganância humana os faz eliminar toda a cadeia alimentar em terra e na água. Além disso, tem a poluição, a radiação, os transgênicos, as doenças fabricadas em laboratório, o envenenamento dos próprios alimentos e da água que bebem, o terrorismo, os assassinos em série, a corrupção, enfim... é muito fácil ajudá-los as se destruírem. Nunca ninguém poderá dizer que isso foi culpa nossa!

- Sinto muito! Estou aqui para impedi-lo! Assim como venho fazendo com os outros iguais a você.
- Então é um traidor de sua própria espécie. Fazendo isso porá em risco o nosso ecossistema pelo qual lutamos por toda a nossa história para manter como está: funcional, estável e equilibrado.
- Eliminar um planeta inteiro cheio de vida não é justificativa suficiente para a manutenção do nosso!
- Então, meu caro, ao me impedir estará condenando dois planetas à destruição: este e o nosso! Porque é isso acontecerá num futuro próximo.
- É sua última chance! Desista ou terei que eliminá-lo.
- Vai em frente...! Tente...!

O alienígena de verde corre para lutar contra o de paletó preto, que ergue seus pulsos à frente. Começa uma luta de socos e pontapés. Os golpes passam em branco. Um não consegue acertar o outro! Como num ringue de box, ambos se estudam e continuam tentando se acertar. Na escola ali perto o recreio começa. Todos saem da sala e também Paulinho, desta vez. Ele deseja falar com Joana sobre a noite anterior. Ao encontrá-la no pátio se aproxima dela e a chama:

- Joana! Precisamos conversar em particular!

As imagens da luta no salão mental dos dois lá fora começam a aparecer para Joana. A adolescente abre a boca porque já está mentalmente envolvida com o embate entre os dois homens alienígenas. Paulinho de longe percebe que algo está errado.
No interior do salão alienígena, Joana procura se afastar da luta, desviando-se cada vez que os dois se aproximam dela durante a luta.

- Quem é esta aí? (indaga o alien de paletó negro).
- Não reconhece? (diz o de verde).
- Ela não é de nosso planeta...! É um híbrido...! Você anda fazendo alterações genéticas na população humana...? Ficou completamente louco...?
- Foi preciso fazer isso! Somos poucos, contrários ao conselho global de nosso planeta. Os humanos precisarão aprender a se defender também!
- Você se transformou de traidor em terrorista! A convivência de tantas dezenas de anos por aqui na Terra fez você adquirir os hábitos destes seres inferiores (declara o homem de preto, que desfere mais um soco no ar).
- Quem são vocês? (indaga Joana). Como vim parar aqui neste lugar?
- Eu lhe chamei, Joana (declara o homem de paletó verde-escuro, desviando de mais um soco). Preciso que me ajude contra ele!
- Te ajudar? Do que está falando? Nem sei quem são vocês! (declara Joana com aparência preocupada, andando de costas para se afastar de ambos).

De volta ao pátio da escola, Paulinho percebe que Joana está distraída e se aproxima dela.

- Joana? O que está acontecendo? Você está bem? (indaga Paulinho colocando a mão no ombro dela, quando sua mente se transporta também para o interior do salão alienígena).
- O que está acontecendo aqui? (grita Paulinho ao visualizar a mesma luta entre aliens no interior do salão). Quem são estes caras? (indaga ele a Joana, que está ao seu lado).
- Estão lutando por nossa causa!
- Por nós dois?
- Não...! Pela humanidade...! Eu acho...! (declara ela se afastando da luta).
- Precisamos sair daqui! (declara Paulinho, segurando na mão de Joana e arrastando-a para o outro lado do salão para ficarem ainda mais longe dos dois lutadores).

Agora a luta entre ambos fica mais intensa. Seus braços se esticam e um começa a agarrar o outro como dois polvos em uma luta mortal.

- Preciso da ajuda de vocês para vencê-lo, do contrário nenhum de nós vencerá! (informa o homem de verde).
- O que faremos? (indaga Joana a Paulinho).

O jovem olha para ela e de volta para os dois que lutam e toma uma decisão. Ele se concentra, ergue os braços para cima e os abaixa rapidamente. Vindo por trás dos dois, surge uma enorme aranha que se ergue sobre as patas, como se estivesse escondida em algum canto. Ao se levantar a caranguejeira fica mais alta do que os dois jovens e avança, passando por cima deles em direção aos aliens em luta. Suas quelíceras (mandíbulas da aranha) estalam uma contra a outra de forma ameaçadora. O alien de verde olha para aquilo, enquanto se defende dos ataques de seu oponente e questiona o garoto:

- O que está fazendo, Paulinho?
- Vou acabar com vocês dois!

A aranha avança destemida e salta sobre os oponentes alienígenas. Cada um pula para um lado, afastando-se do aracnídeo gigantesco.

- Está cometendo um erro, Paulinho! (declara o homem de verde). Ele é o inimigo! Estou aqui para ajudar vocês!
- Não conheço nenhum dos dois! (declara Paulinho, enquanto controla mentalmente o animal enorme).
- Viu no que dá tentar argumentar como os seres humanos? (informa o homem de preto). Você criou seu Frankestein! Agora morra pela mente dele!

A aranha joga uma teia sobre o homem de verde que fica preso contra a parede. Ele não consegue se mexer. O gigante peludo e horrendo se aproxima do outro alien, cercando-o contra a parede do fundo.

- Não tenho medo de você! (diz o alien sacando uma arma da cintura e atirando na aranha).

O animal sente o impacto da bala, o que o deixa ainda mais furioso. Num ato inesperado ela salta forte contra o alien de preto, agarrando-o com as oito patas e lhe injetando imediatamente um poderoso veneno que o mata instantaneamente. Joana e Paulinho se aproximam agora, juntamente com a enorme aranha em direção ao outro alien, que está aprisionado por uma forte teia sobre uma das paredes do salão redondo!

- Esperem um pouco, Joana e Paulinho! Antes de me matarem precisam saber o que está acontecendo verdadeiramente! (declara o alien de paletó verde). Eu posso lhe dar a informação que tanto deseja saber sobre nós, aliens!
- Comece a falar então! (ordena Paulinho com cara de mau).

- A história é longa...! Quando meu povo percebeu que a Galáxia Andrômeda, onde vivemos, estava acelerando demais a velocidade de impacto contra a Via Láctea, começamos a estudar todas as estrelas de sua galáxia. Encontramos diversos planetas com vida. E entre eles estava a Terra e vocês, humanos...! Então nosso conselho global enviou diversos mental-androides para cá para estudá-los.

- Mental-androides?!?! (indaga Joana, estranhando o termo).

- Sim! Eu sou o ser que controla mentalmente este corpo que vocês estão vendo. Estou aqui em meu planeta natal, falando diretamente com vocês. Enviamos este e outros androides que podem ser controlados mentalmente por membros de nosso povo sem que precisemos ir pessoalmente até vocês e sem nos expor aos agentes patogênicos que seu planeta possui! Estes androides compartilham a Terra com seu povo há pouco mais de cem anos. Já sabemos tudo o precisamos saber sobre os humanos. Depois que a nossa galáxia chegou mais perto da de vocês, nosso povo fez muitos cálculos sobre como ocorrerá a colisão galáctica no futuro! Foram décadas avaliando como cada estrela, planeta e lua se comportarão depois do impacto. Descobrimos que o nosso lar não será muito afetado. Acreditamos que o de vocês terá parte da órbita alterada o que enviará seu mundo para fora do sistema solar, condenando toda a vida daqui à extinção por congelamento. Quando isso acontecer, daqui a uns cinquenta anos, vocês já terão condições de viajar pelas estrelas e depois disso se dirigirão para o sistema mais próximo que possa suportar a vida como vocês conhecem...! Não queremos que nos visitem...! Vocês são muito destrutivos e porão em risco todo o equilíbrio de nosso meio ambiente. Nosso conselho decidiu então que os mental-androides devem atrasar a evolução de sua espécie antes que possam escapar do planeta. Alguns de nós fomos contra isso e vivemos numa "clandestinidade mental"! Nosso povo, sempre unido mentalmente na maior parte do tempo, não sabe da existência de dissidentes internos. Nós, os dissidentes, achamos que podemos ajudar os humanos a encontrar outro lar, que não o nosso, ao invés de simplesmente eliminar a sua espécie. Então eu e mais uns amigos que controlamos alguns mental-androides, começamos a fazer experiências genéticas nos humanos para melhorar a capacidade de sua espécie na guerra contra o poder mental do nosso povo sobre o seu!

- Você está traindo seu povo por nós? (indaga Joana ao mental-androide).
- Eles não são tão bonzinhos assim, Joana! (declara Paulinho). Criaram a mim e a você como experiências genéticas! Quantos outros existem na Terra iguais a nós? (indaga Paulinho, revoltado com isso).

- Iguais a vocês só existe mais um! Em breve o conhecerão! Estou bloqueando o potencial mental dele para que não seja detectado pelos outros mental-androides. O outro jovem tem poderes mentais um pouco diferente de vocês. Não pudemos criar outros mais. O material genético que desenvolvemos aqui na Terra, especificamente para isso, dá muito trabalho para ser desenvolvido em laboratório. Não há mais tempo para continuarmos desenvolvendo outros. Mesmo porque levaria anos até que novos híbridos, como vocês, pudessem crescer e aprender a lutar contra o poder mental de nosso povo. Investimos tudo em apenas vocês três.

- Não lutaremos contra ninguém! Somos apenas adolescentes! (declara Paulinho).

- Vocês acabam de lutar contra mim e contra ele e venceram! A batalha contra o nosso povo é apenas mental! A morte de um de nós aqui não é uma morte real! Vocês apenas nos atordoam, fazendo com que fiquemos fora de ação mental por alguns anos, até que a mente se recupere novamente para uma nova batalha. Como vivemos muito isolados uns dos outros em nosso planeta, os outros não ficam sabendo o que aconteceu realmente aqui.

- Mas não há uma comunicação mental entre vocês sobre tudo o que vem acontecendo aqui? (indaga Joana).
- Gastamos muita energia pessoal para controlar um mental-androide a esta distância! Isso nos limita para um contato com o restante de nossa comunidade global. E como de tempos em tempos hibernamos... então ninguém no nosso planeta desconfia das batalhas que acontecem entre nós aqui.
- Esta será uma luta sem-fim para nós! (indaga Joana).
- Infelizmente você está certa! (declara o alien de paletó verde-escuro),

Paulinho pensa um pouco sobre o assunto e indaga o alien sobrevivente:

- Me leve mentalmente ao seu líder! Quero conversar com ele!

- Rsrsrs! Está de brincadeira, né? (declara o aprisionado alien ao jovem). Eu não posso fazer isso! Não porque eu não queira, mas porque não temos um líder! Somos um povo unido mentalmente. As decisões são tomadas em conjunto com todos os seres do planeta. Além do mais, eles não podem saber de minhas intenções contrárias ao conselho global! Seria um caos em nossa sociedade! Uma guerra civil mental com consequências terríveis para a manutenção da união de nossa espécie.

- E por que está se arriscando tanto por nós? (indaga Joana).
- Depois de ficarmos muitas décadas convivendo com os humanos, alguns de nós os vemos como queridos animais de estimação! Não se decreta a morte de um animal de estimação por qualquer motivo!
- Animais de estimação!?!? É assim que vocês nos veem? (indaga Paulinho).
- Sinto muito se isso o aborrece, mas estou falando a verdade! É assim que os vemos!
- Eu acredito nele, Paulinho! Esta história é muito louca para ser mentira! Isto é... quem inventaria algo absurdo assim...?
- Não sabemos nada sobre estes seres, Joana! Não confio nele!
- Mas não temos escolhas neste momento! (informa Joana). Precisamos saber mais sobre o futuro e descobrir como combater esta ameaça mental!

- Eu preciso ajudá-los a desenvolver todo o seu potencial! Somente vocês poderão proteger a humanidade dos ataques mentais de nosso povo! Eles já estão fazendo isso há algum tempo. Meu povo pode dominar a mente de qualquer pessoa neste planeta. E eles vêm comandando poderosos líderes políticos e ordenando que prejudiquem a humanidade de várias formas diferentes.

- Podem mesmo fazer isso? (indaga Joana).
- Sim!

- Hitler foi completamente dominado em sua época. Ele era mentalmente muito fraco! Muitos terroristas e guerrilheiros foram induzidos ao genocídio e autoflagelo, George W. Bush, o filho, foi manipulado para começar a guerra do golfo e assim levou seu próprio país, a maior potência mundial, à banca-rota financeira! Diversos líderes europeus também foram conduzidos a uma política de destruição e assim a Europa mergulhou num caos econômico. O meio-ambiente do planeta vem sendo destruído há muito tempo. Se esta devastação continuar..., a missão dos mental-androides terá chegado ao fim. Vocês dificilmente se recuperarão dos resultados finais disso tudo. Eu e os outros mental-androides, que trabalham comigo, forçamos no passado Mikhail Gorbachev a acabar com a União Soviética, para evitar o terrível colapso que poderia levar milhões à fome. Forçamos a queda de diversos ditadores do oriente médio ao controlar a mente de insurgentes. Estamos fazendo o possível para impedir a destruição precoce da humanidade, mas somos poucos para lutar e não podemos ser descobertos nem pelo seu povo e nem pelo nosso. Temos atualmente eliminado apenas os que controlam os outros mental-androides inimigos apenas para reduzir as ações deles.

- E o que espera que façamos nessa história toda? (indaga Paulinho).
- Vocês são muito poderosos! Felizmente nossos últimos testes genéticos funcionaram! Só vocês podem impedir o controle mental de nosso povo sobre o seu. Mas terão que treinar mais!
- Então espera que entremos nas mentes de milhares de pessoas para combater o controle de seu povo? (indaga Joana).
- Não serão milhares, mas, em suma, é esta a ideia! Para ajudar nisso conhecerão em breve o terceiro membro de sua equipe, assim que eu eliminar o último mental-androide inimigo..., que vive aqui por perto! Preciso que façam o que foram geneticamente preparados para fazerem...! Joana! Pode nos libertar desta prisão mental agora?
- Eu????
- Basta querer sair deste ambiente. Quando você veio para cá e trouxe o Paulinho logo depois assumiu o controle do que está acontecendo aqui. Estamos na mente daquele que se desligou! Somente a sua vontade, Joana, é que ainda nos mantém aqui!
- Quando nos veremos novamente? (indaga a garota).
- Na saída da escola hoje! Espero vocês na entrada da esteira! Vamos conversar mais durante o caminho!
- Por que o outro mental-androide estava tentando me pegar hoje de manhã? (indaga Paulinho, falando sobre o sujeito que morrera há pouco).
- Ele sentiu a presença do seu poder mental e queria saber mais sobre isso! Você teve sorte em continuar vivo. Ainda bem que eu o detectei também e consegui chegar a tempo.

Joana agora se concentra e ela e Paulo abandonam o salão redondo, que só existia na imaginação. Os dois jovens retomam a atenção apenas ao pátio da escola onde estão agora fisicamente e mentalmente. A jovem indaga ao Paulo:

- Você disse que queria falar comigo?
- Como você entrou em meu sonho ontem à noite e por que estava me testando? Você sabia da existência destes... mental-androides?
- Eu não! Quando te conheci pude ver quando entrou no sonho de meu irmão, Leandro! Eu também estava lá para monitorar as coisas erradas que ele sempre faz. Aí eu te vi perdido dentro da cabeça dele! Por isso, no dia seguinte, resolvi entrar em seu sonho para testar o seu potencial mental durante a noite!
- Todo mundo quer fazer teste comigo...?!?! Seu irmão me empurrando...!!!! Estes mental-androides me criando ou tentando me pegar...! Você querendo saber sobre o meu potencial...! Que droga...! Eu não pedi para estar no meio de tudo isso! (declara Paulinho se afastando de Joana e voltando para a sala de aula).

A garota vai atrás dele conversando:

- Desculpe-me, Paulinho! Não queria chateá-lo com isso! É que eu me sentia sozinha no mundo e quando vi que também podia fazer o que faço, queria saber até onde esse nosso dom poderia ir! Gosto de você! Não quero que fique mal comigo!
- Tudo bem, Joana! Agora que sei a verdade sobre as coisas! Estou ficando cada vez mais preocupado com o futuro! Não gosto de surpresas e por isso vivo me preparando para tudo! Mas não sei como me preparar para algo tão "irado" como o que estamos vivendo agora!

- Não importa como faremos! Mas estamos juntos nessa! Precisamos ajudar aquele mental-androide a se livrar do outro que nos quer mal, para podermos logo conhecer o terceiro amigo que nos ajudará a combater os ataques alienígenas.
- Acha mesmo que apenas três de nós poderemos combater o ataque de uma raça alienígena avançada que quer destruir a nossa civilização?
- Não sei! Ao menos não estaremos sozinhos por aqui! Temos ajuda também entre os seres do próprio planeta inimigo!
- Não sei, não! Estou achando tudo isso muito perigoso! É muita responsabilidade para nós. E nem sabemos direito ainda usar os nossos dons!
- Mas eu achei que você se saiu muito bem com aquela superaranha! Acha que pode criar outros bichos e... talvez... plantas assassinas?
- Acho que sim! Mas eu não entendi por que os dois alienígenas não criaram algo similar ou superior para combater a minha aranha! Por que eles se limitaram à imagem dos corpos androides?
- Talvez eles sejam limitados no controle mental dos outros! Talvez a distância do lugar onde vivem em relação a nós não possibilite que façam mais do que já fazem! Ainda sabemos pouco sobre eles! Precisamos conversar muito com aquele... mental-androide!

Agora a professora-computador avisa sobre o final do recreio:

-
Fim do recreio, pessoal! Vamos continuar a nossa aventura do aprendizado? Estou aguardando o retorno de vocês!

Todos os alunos, que batem papo no pátio, agora se deslocam de volta às aulas. Paulinho e Joana também caminham de volta à sala 1A.

- Dê mais uma chance àquele androide, Paulinho! (declara Joana). Vamos tentar descobrir mais sobre o povo dele e sobre os nossos poderes.
- Está bem! Vamos encontrá-lo depois das aulas! Espero que não sejamos atacados novamente.
- Uma grande aventura está à nossa espera, Paulinho! Acho que não poderemos escapar disso! Nem sei se devemos contar tais coisas aos nossos pais!
- Também estou na dúvida! Eles já estão bastante preocupados comigo!

Ambos entram na sala de aulas, retiram seus óculos escuros, posicionando-os sobre os ombros e se dirigem aos seus assentos.

Capítulo IV
CASTELO DE SONHOS

Capítulo V
A TORRE DAS ARANHAS

Capítulo VI
REVELAÇÕES

Capítulo VII
REGRAS ALIENÍGENAS

Capítulo VIII
CONTANDO AOS PAIS

Capítulo IX
UM SONHO DE NAMORO

Capítulo X
O NOVO MEMBRO

Capítulo XI
ENCONTRO MORTAL

Capítulo XII
REUNIÃO DE GUERRA

Capítulo XIII
VIGILANTES NOTURNOS

Capítulo XIV
A SOMBRA DO MEDO

Capítulo XV
O PLANO FINAL

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