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da coleção

INTRODUÇÃO
Capítulo I
A DESCOBERTA

Capítulo II
SONHANDO OUTRO SONHO

CAPÍTULO V - A TORRE DAS ARANHAS
Capítulo III
FAZENDO NOVOS AMIGOS

Paulinho está caminhando há um bom tempo por aquele corredor estreito, úmido, escuro e cheio de buracos,
teias de aranha, estalagmites e estalactites. Enormes sombras de grandes aranhas começam a segui-lo bem
lentamente. O caminho à frente se acabou! Não há mais para onde ir!

- E agora? Para onde vamos? (indaga Paulinho).
- Para cima! É claro! Eu estou te aguardando lá em cima no último andar. É onde fui aprisionada pela minha família!
- Duas perguntas! Com vou fazer para ir até lá? E se eu conseguir como te libertarei se está presa?
- Na escola me disseram que você tinha um super-QI. Como irá usar todo este potencial agora?
- Tá legal! Está me desafiando, não é? É disso que se trata este sonho? Um desafio ao meu potencial? Espera que eu possa resolver diversos problemas?
- Paulinho! O último campo de batalha é a mente! Se eu ou você pudermos vencer neste ambiente, ninguém poderá nos dominar. Você já tem todos os elementos necessários para ir além de sua capacidade natural. Use-os... e me surpreenda!

Ao dizer isso a bela anjo Joana desaparece, deixando Paulinho sozinho e no escuro. A única luz disponível vem do teto. Um furo por onde dá para ver o topo da torre. O jovem adolescente tenta primeiro escalar o local. Não dá! Paredes lisas com poucos locais para se agarrar ou pisar. Ele dá um pulo e volta ao solo novamente.

- O que alguém com poderes faria...? (pensa ele).

Paulo olha de lado e vê uma aranha em sua teia. Ele sorri e se lembra do homem-aranha. Faz o gesto com a mão igual ao seu herói tentando jogar uma teia na direção da torre para subir por ali. Mas isso também não acontece. Frustrado o jovem começa a andar em círculos, pensando em alguma outra forma de conseguir o que precisa ser feito. Ele olha novamente para a aranha... Pensa sobre uma estranha possibilidade...! E decide arriscar:

- Dona aranha...! Dona aranha...! Você sabe falar...?
- Pare de fazer barulho! Assim não conseguirei jantar hoje...! (responde, nervoso, o aracnídeo).
- Você fala mesmo? (grita alto o jovem).
- Silêncio! Eu já pedi para você falar baixo! (reclama a aranha novamente).
- Ahhh...! Me desculpe...! Mas eu preciso de ajuda...!
- Então você espanta a minha refeição gritando alto e agora quer a minha ajuda? Você sabe há quanto tempo estou aqui parado, esperando um único mosquito passar?
- Não! Não sei! Mas eu preciso chegar até o topo da torre e salvar uma garota que está presa!
- E o que espera que eu faça? Está vendo asas em minhas costas?
- Não! Não estou!
- A única coisa que tinha asas aqui você espantou: o meu almoço! Se tivesse ficado quieto eu teria o pegado e deixado as asas para você poder voar até lá em cima. Mas agora... nem eu, nem você!
- Se me desse aquelas minúsculas... asas... acha que eu poderia voar?
- Claro que sim! Isto é um sonho! Ninguém tem peso algum num sonho! Você nunca sonhou que estava voando?
- Eu quase nunca sonho!
- Olha eu faço um acordo com você!
- Qual é?
- Pegue o meu almoço e o traga aqui e eu te ensino a usar as asas dele.
- Mas como pegarei um inseto que voa?
- Faça uma teia ali ao lado e fique esperando ele vir aqui!
- Isso não vai dar certo! Eu não sei fazer uma teia!
- Mas que droga! Não sabe voar! Não sabe fazer teia! Que tipo de animal é você?
- Sou huma... Bom...! Na verdade...! Eu não sei o que sou...!
- Está passando por alguma crise existencial?
- Escute! Vou fazer outro acordo com você! (sugere Paulinho).
- É mesmo? E qual seria?
- Quero que teça uma teia daqui até o topo daquela torre. Assim eu subirei por ela e salvarei Joana.
- E o meu problema? Quem resolverá?
- Quando terminar esta enorme teia você poderá ter quantos insetos quiser para jantar!
- É mesmo? Como sabe disso?
- Eu prometo, tá? Uma teia maior aumenta a sua chance de pegar algum inseto.
- Não sei não! Nós aranhas sempre fazemos nossas teias da mesma forma, desde que nos entendemos por aranhas!
- Olha! É uma questão de probabilidade!
- O que é probabilidade?
- É o estudo de coisas que podem acontecer!
- Então está dizendo que eu posso não conseguir meu almoço, mesmo com uma teia gigantesca, como a que quer que teça?
- As chances são mínimas disso acontecer! É mais provável que nem consiga comer tudo o que capturar no futuro.
- Bem! Se sobrar muitos restos outros predadores virão até aqui para roubá-los de mim. Aí eu não conseguirei comer com tantos concorrentes esperando que algum inseto caia em minha teia gigantesca.
- Tá! Tá legal! Então vamos combinar o seguinte: Você constrói a teia até o topo daquela torre, fica esperando para ver que quantidade de alimento é suficiente para você. E aí você reduz o tamanho da teia para que tenha sempre um suprimento adequado de insetos para comer. Tudo bem assim?
- É! Parece ser um bom plano! Talvez até funcione! Mas e se a probabilidade estiver errada?
- Não está! Eu garanto que você conseguirá se alimentar bem! E tudo irá dar certo! Pode acreditar em mim!
- Bom! Não custa tentar, né? Vou ter que tecê-la bem forte para você subir! Mas pise com carinho! Do contrário irá destruir o meu trabalho.

A aranha começa a tecer bem lentamente fio por fio! Atrás do adolescente as sombras de enormes aranhas vêm se aproximando com cuidado.

- Ei! Nesta velocidade eu estarei velho demais para subir nesta teia quando você acabar (reclama Paulinho). Não pode ser bem mais rápido... como um homem-aranha?
- Quem?
- Deixe para lá! Apenas faça a teia na velocidade mais rápida que puder, tá legal?
- Então você quer uma teia bem rápida e forte até lá em cima?
- Isso mesmo! Por favor!
- Favor?!?! Achei que estávamos fazendo uma troca!
- Sim! Eu lhe propus uma solução para seu problema alimentar e em troca você me deixa subir até lá em cima!
- Tá! Então se afaste um pouco! Na velocidade máxima pode até sair fumaça de minhas fiandeiras.
- De onde?!?!
- Fiandeiras...! Aqui atrás...! (diz ela apontando para seu enorme abdômen). É por onde eu produzo a teia...!
- Tá! Já entendi! Vamos logo com isso! O tempo está passando!

A aranha começa a tecer lentamente sua malha de fios novamente, para desespero de Paulinho. Mas em poucos segundos ela começa a fazer uma teia super-resistente. Em velocidade superacelerada a pequenina vai se erguendo pela parede vertical. Um sobe-e-desce frenético pelas paredes que arma uma construção de fios muito bem elaborada e que vai subindo rapidamente ao topo. A aranha não se preocupa em fechar todos os buracos. Ela faz o básico por onde Paulinho começa a perigosa escalada até o topo da torre. Bem na hora, porque diversas sombras de aracnídeos já estavam bem próximas dele. O jovem faz da estrutura de fios bem finos uma escada e sobe rápido e destemido, seguindo de perto o movimento de vai e vem da pequena aranha! No meio do caminho, a vários metros de altura a aranha para! De suas patas e fiandeiras começa a sair fumaça! A pequenina está exausta.

- Vai parar justo agora?
- Ei! Eu não comi o dia todo e estou trabalhando feito uma aranha enlouquecida! Até as minhas outras concorrentes estão impressionadas. Olha lá para baixo!

Paulinho olha para baixo e vê um sem-número de aranhas de todo o tamanho, algumas grandes demais, que deixaram as suas teias particulares para ver o que está acontecendo no enorme túnel vertical de paredes lisas. De repente alguns fios da superteia começam a se descolar da parede molhada! Toin! Toin!

- O que está acontecendo? (indaga preocupado Paulinho).
- As paredes são muito lisas! E você está muito pesado!
- Mas você disse que em sonho nenhum de nós tem peso!!!!
- É! Mas acho que você está meio gordo! (declara a aranha).
- Agora que você me diz isso! Olha só para baixo! Se eu cair vou morrer!
- Calma! Ninguém morre em sonho!
- Eu não acredito mais em você!
- E o que quer que eu diga? Que tudo vai dar certo? Que se a teia despencar você flutuará como um anjo?
- Flutuar?!?!
- É! Flutuar? É isso que quer que eu diga...? Ora! Deixe-me descansar um pouco e já, já eu continuo!

A pequena aranha fecha os olhos, enquanto que de suas patas a fumaça vai lentamente diminuindo. Tóin! Tóin! Mais dois fios se soltam!

- Flutuar! Joana me fez flutuar! E se ela pode... eu também poderei!

Tóin! Tóin! Tóin! Tóin! Mais alguns fios escapam das paredes e agora Paulinho precisa se equilibrar para não despencar de vez.

- Droga! Preciso flutuar rápido! Como é que se faz, mesmo...? Deixe-me pensar...!

Tóin! Tóin! Mais dois fios escapam fazendo Paulinho cair. Um de seus pés se enrosca nos fios e o jovem fica pendurado de cabeça para baixo deitado sobre a teia enorme. Ele está preso ali feito um inseto gigante de pernas e braços abertos. As aranhas lá de baixo, vendo o que está acontecendo começam a se agitar e vêm subindo lentamente pela superteia em direção ao jovem garoto. É uma refeição gigantesca para elas! Paulinho, de cabeça para baixo, olha na direção do chão e vê a horda enorme de aracnídeos subindo ameaçadoras em sua direção! Ele fecha os olhos se concentrando em flutuar. Inesperadamente seu corpo começa a levitar para espanto do todos no local que param de andar.

- Droga! O superalmoço está fugindo da teia! (declara uma das enormes aranhas que vinham lá debaixo).

Como o pé do adolescente está preso na teia, seu corpo se rotaciona em pleno ar até que ele vire novamente de cabeça para cima e comece a puxar para cima toda a teia que vai se esticando. As centenas de aranhas lá em baixo percebem que ele ainda está preso e voltam a subir novamente para alcançá-lo. Paulinho nota que está em perigo e chacoalha o pé para se livrar da prisão de fios que continua a se esticar para cima. A pequena aranha que descansava agora percebe o que está acontecendo e se assusta.

- Ei! O que pensa que está fazendo?
- Flutuando!
- Quem disse que você pode fazer isso?
- Em sonho podemos tudo! (declara Paulinho que continua chacoalhando seu pé para escapar dali).

As enormes aranhas vêm subindo e já chegam perto da pequenina que dá um salto de costas para fugir dali e não virar almoço das aranhas maiores. Ela atira a sua teia na parede próxima e fica dependurada perto de um buraco. Paulinho continua subindo e já não consegue mais balançar seus pés para escapar. A força da teia é muito grande. Tóin! Tóin! Tóin! Tóin! Os fios que prendiam todo o conjunto, desde lá de baixo, escapam das paredes e o jovem agora flutua levando toda a enorme teia para cima. As grandes aranhas se agarram firmemente para não caírem, enquanto todo o enorme lençol de fios finos começa a girar em pleno ar, envolvendo todos os aracnídeos em uma prisão inesperada. Todos continuam flutuando torre acima. A pequenina aranha percebe que seu trabalho foi literalmente para o espaço.

- Droga! E eu continuo com fome! (declara ela liberando um longo fio para poder descer até o chão onde está a sua pequena teia abandonada).

A pequenina chega em "casa" e para a sua surpresa tem um inseto preso nela e se debatendo.

- Não acredito! É um milagre! (diz ela correndo para lá).

Lá no alto, mexendo os pés um contra o outro, Paulinho consegue afinal se desvencilhar da enorme quantidade de fios que o perturbava! As enormes aranhas, presas ali, arregalam seus oito olhos e gritam durante a longa queda torre abaixo. A pequenina, que estava pronta para começar a comer, olha agora preocupada para cima e percebe o perigo que está correndo. Ela se apavora e salta de lado novamente, ficando dependurada por um único fio na parede ali ao lado. Tudo cai sobre a teia dela. Centenas de aracnídeos enormes. Todos presos em sua forte e pequena teia. A pequenina olha de lado e vê o tamanho da refeição que terá pelos próximos dias.

- Uau! É muita comida só para mim! Nunca mais passarei fome neste sonho! (declara a pequenina).

Paulinho já está chegando lá em cima. Ele encontra uma janela e a agarra. Bate no vidro para chamar a atenção de Joana, que está sentada numa cadeira estudando alguns livros. Ela sorri para ele e abre a janela para Paulinho entrar por ali.

- Puxa! Achei que nunca conseguiria chegar até aqui! (diz ele pulando para o interior do quarto da garota).
- É! Chegou! Mas demorou muito! Isso pode por em risco as nossas vidas se dependermos novamente de você!
- O quê? Dei um duro danado para chegar aqui! Aprendi a flutuar! Corri risco de vida! Quase fui devorado por centenas de aranhas! E você está reclamando?
- Vai precisar melhorar da próxima vez!
- Não haverá próxima vez! (afirma Paulinho quando acorda no meio da noite).

O jovem se senta na cama para tentar agora entender melhor o que está acontecendo e percebe que realmente tudo se tratava mesmo de um sonho! Independentemente de qualquer coisa, Paulinho aprendeu muitas coisas nesta aventura inesperada. Deve agora aprimorar seu potencial, mas primeiro precisa falar com Joana.

Capítulo IV
CASTELO DE SONHOS

Capítulo V
A TORRE DAS ARANHAS

Capítulo VI
REVELAÇÕES

Capítulo VII
REGRAS ALIENÍGENAS

Capítulo VIII
CONTANDO AOS PAIS

Capítulo IX
UM SONHO DE NAMORO

Capítulo X
O NOVO MEMBRO

Capítulo XI
ENCONTRO MORTAL

Capítulo XII
REUNIÃO DE GUERRA

Capítulo XIII
VIGILANTES NOTURNOS

Capítulo XIV
A SOMBRA DO MEDO

Capítulo XV
O PLANO FINAL

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