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da coleção

INTRODUÇÃO
Capítulo I
A DESCOBERTA

Capítulo II
SONHANDO OUTRO SONHO

CAPÍTULO X - O NOVO MEMBRO
Capítulo III
FAZENDO NOVOS AMIGOS

Paulinho está na esteira, usando seus óculos escuros, quando Jorge o alcança.

- Oi! Tudo bem?
- Sim! Na medida do possível!
- Cara! Tive um sonho muito estranho esta noite!
- É...? Duvido que tenha sido mais estranho que o meu!
- Sonhei que vi uma sombra indo em direção à Joana para matá-la. Ela estava voando como um anjo sobre a sua casa, Paulinho.
- O quê? Sonhou mesmo com isso?
- É! Aí eu acenei para ela, balançando minha mão para cumprimentá-la e...
- E o quê...? O que ouve com ela...?
- Calma, Paulinho! Foi só um sonho...
- Não! Pode não ter sido! O que aconteceu depois?
- Então..., né? Depois que eu acenei, a sombra se dissipou e ela desapareceu dali.
- O quê? Ela desapareceu junto com a sombra?
- Nããão! Você está muito agitado! A sombra desapareceu antes de chegar até ela! Mas eu tenho a impressão de que fui eu quem apagou aquela sombra. Isso foi muito esquisito!
- Jorge! Precisamos chegar logo à casa de Joana, para saber o que aconteceu com ela!
- Ei, cara! Você está levando muito a sério esta história de sonho! A ciência não comprova que um sonho seja uma premonição de algo que alterará a realidade no dia seguinte!
- Jorge! Você é o número três!
- Sou o quê...? É algum tipo de concurso e fiquei em terceiro...? Qual é meu prêmio...?
- Não é nada disso! Depois eu lhe explico! Vamos correr!

Eles começam a correr sobre a esteira que anda a vinte quilômetros por hora, fazendo-os andar como um automóvel a mais de cinquenta quilômetros por hora.

-
Paulinho! Eu estou bem! (declara a linda Joana mentalmente para ele). Não precisa se preocupar comigo! Já estou indo para a escola.
- Para tudo! (declara Paulinho, parando de correr sobre a esteira).
- O que foi agora? (indaga Jorge, meio perdido em toda esta história).
- Joana está bem!
- E como você sabe disso?
- Ela acaba de me informar mentalmente!
- Cara! Estou ficando preocupado com você...! Você parece alucinado...! Está tomando "bola"?
- Claro que não! Vou te explicar o que está acontecendo! Aí será você que ficará alucinado!
- Manda ver!

- Eu, você e Joana somos parcialmente alienígenas! Nossas mães foram abduzidas há quinze anos atrás e depois disso nós três nascemos! Agora nossos poderes mentais estão aflorando! Eu e Joana fomos contatados por androides extraterrestres, controlados mentalmente por alienígenas, e que vivem na Galáxia de Andrômeda. Existem dois grupos de mental-androides! Um deles quer impedir o outro de destruir o nosso planeta...

- Espere um pouco, Paulinho! Esta história é sem pé, nem cabeça! Eu não tenho nenhum poder mental!!!! E não sou filho de ETs de Andrômeda!!!! Eu tenho pai e mãe.
- Eu sei! Eu também tenho pai e mãe! Nossos DNAs são dois terços humanos e um terço alien! E eu posso provar isso a você! Vou pedir para Joana entrar em sua mente e vocês dois poderão conversar mentalmente.
- Tá! Esta eu quero ver!
-
Ele está falando a verdade, Jorge! (diz Joana mentalmente a ele).
- O quê? Estou ouvindo a voz de Joana! (comenta Jorge). Onde ela está?
- Preste atenção, Jorge! A voz dela não vem de algum lugar! Está apenas em sua cabeça. Eu não a estou ouvindo neste momento! Só você está!
- Irado! É algum tipo novo de tecnologia, não é? E vocês estão me enganando com este papo de alien!
- Quê..? Não estou te enganando...! (declara Paulinho ao colega). É tudo verdade...! Joana...? Terá que nos levar para passear em algum ambiente mental. Mas vamos fazer isso no recreio!
-
Combinado, Paulinho! (declara ela mentalmente). E quanto a você, Jorge! Prepare-se para a experiência mais louca de sua vida.
- Cara...! Se isso for verdade... como vou viver daqui pra frente? Vão crescer chifres em minha cabeça...? Vou desenvolver asas...? Terei visão de Raio-X?
- Não! Nossa genética foi alterada apenas para que pudéssemos desenvolver nosso potencial mental. Nossos poderes estão apenas dentro da "caixola"!
- Que droga! Achei que eu iria usar capa, máscara e uniforme!
- Talvez possa fazer isso no carnaval!
- Já faço isso no carnaval!
- Sério...?!?! Que coisa idiota...!
- Nada! É legal! As garotas adoram!
- É mesmo? E por que até hoje não tem namorada?
- Ainda estou escolhendo entre as tantas que gostam de mim!

Paulinho faz uma careta para ele, demonstrando claramente que não está acreditando nisso! Finalmente eles chegam à escola! Depois de passarem pela identificação biométrica da entrada agora encontram Joana!

- Oi, Joana! Que bom que está bem! (declara Paulinho). Fiquei preocupado com você, depois que Jorge me contou o que aconteceu!
- É verdade! Eu fiquei assustadíssima com aquela estranha sombra que vinha em minha direção. Senti um enorme arrepio com aquilo! Parecia ser de origem alienígena.
- Então, o que eu sonhei estava mesmo acontecendo? (indaga Jorge, estranhando tal coisa).
- Sim! Estamos lidando com algo muito estranho! (informa Paulinho). Precisamos contatar o mental-androide sobre este assunto. Ele nada nos falou sobre sombras alienígenas!

Agora se aproxima dos três, Leandro, que é mais alto e mais forte do que eles.

- Ei, cara! Eu ouvi minha irmã dizendo que você a abraçou e a beijou? (indaga Leandro ao Paulinho).

Paulo olha para ela sem entender por que ela disse isso ao irmão?

- Ele ouviu parte de minha conversa com mamãe! (informa Joana).
- Agora vou quebrar a sua cara? (declara Leandro).

Jorge, percebendo que a coisa iria virar uma briga, posiciona seu braço à frente e com a palma da mão aberta a encosta no peito de Leandro que se aproxima lentamente de Paulinho. O jovem e grande irmão de Joana é jogado longe e cai de costas no chão. Jorge fica parado de boca aberta com o que aconteceu e o mesmo acontece com Joana e Paulinho que não acreditam na enorme força que o mais novo membro de luta mental tem na vida real também. Poucos minutos depois estão todos sentados em cadeiras comuns na sala da direção escolar. Dois seguranças da escola estão atrás dos quatro garotos esperando a chegada da diretora. A porta se abre e surge ali a vizinha de Paulinho, Linda! A mesma com quem ele e Joana conversaram na noite anterior dentro do sonho dela. A mulher caminha ao redor do grupo sem olhar para ninguém e se senta em sua cadeira. Paulinho olha assustado para Joana, porque a reconheceu. O mesmo faz a bela adolescente loirinha. Linda está lendo o relatório gerado holograficamente e projetado sobre a mesa onde ela vê as imagens do incidente no pátio da escola e pede com um gesto de mão para os seguranças saírem da sala. Eles a atendem e deixam o local silenciosamente.

- Estou estranhando o que estou vendo aqui nestas imagens (declara a diretora). Não vi ninguém fazendo um gesto violento, o que seria um caso de expulsão da escola! Mas mesmo assim..., Leandro foi arremessado longe e caiu de costas! Alguém pode me explicar o que aconteceu aqui...? (indaga ela olhando agora pela primeira vez para o rosto de cada um dos quatro jovens sentados à sua frente).

A diretora não tem resposta de nenhum deles, mas reconhece Paulinho e Joana, sentados ali à sua frente e ela não consegue esconder o fato de que se lembra dos dois. Sua expressão severa com sobrancelhas abaixadas e olhar de má se transforma numa expressão de surpresa com tal encontro.

- Vocês dois... (declara ela a Paulinho e Joana que se entreolham preocupados). Não vão acreditar no que vou lhes dizer: sonhei com ambos na noite passada!
- É mesmo? (indaga Joana com expressão de culpa pelo evento).
- Sim...! Vocês me trouxeram uma linda mensagem de paz que se transformou em profunda alegria para mim...! Mas logo depois... algo estranho aconteceu...! Tudo voltou rapidamente a ficar escuro, úmido e triste novamente...! Acabei acordando... e não consegui mais dormir na noite passada!

Um silêncio enorme se instala naquela sala.

- Bom...! Voltando ao caso...! Alguém pode me explicar o que aconteceu de fato quando Leandro foi arremessado longe?
- Diretora! (pede a palavra Leandro). Ninguém tocou em mim! Também não sei como fui arremessado daquela forma! Não acho que exista um culpado pelo que aconteceu. A diretora Linda, olha para a sua mesa e um detector de mentiras integrado ao computador da escola confirma que Leandro está falando a verdade sobre o fato. Ela olha de volta agora para Jorge e indaga a ele:

- Jorge! Qual é a sua explicação para o fato? Já que as imagens mostram que você levou sua mão direita à frente na direção do peito de Leandro, mas não ficou conclusivamente provado, que da forma como agiu, poderia tê-lo arremessado tão longe?

- Eu também não sei e nem entendo como aquilo aconteceu! Nunca briguei com ninguém em minha vida e eu não tinha a intenção de fazer isso contra o Leandro! Estava apenas tentando evitar que houvesse uma briga entre ele e Paulinho que não estava se defendendo da forma agressiva como Leandro se aproximou de todos nós.

A diretora Linda percebe no detector de mentiras que Jorge também está falando a verdade!

- Paulo! Por que Leandro estava sendo ríspido com você? O que aconteceu?
- Ele é um sujeito muito nervoso e sem-controle (declara Paulinho). Está sempre criando problemas com os outros alunos.
- Isso não é verdade, diretora! (reclama Leandro).

Ela ergue a mão direita com a palma aberta olhando sério para todos os alunos.

- Cada um aqui tem seu direito de se explicar, sem gerar um bate-boca. Vocês não são mais crianças e sabem como são as regras escolares. Uma briga gera expulsão do agressor e suspensão para o agredido! Sabem que a comunicação é a coisa mais importante entre as pessoas. São ensinados desde jovens a respeitar uns aos outros. Sabem que a partir dos quinze anos de idade, que é o caso de todos vocês, atitudes têm consequências. Até hoje sabemos que você, Leandro, é um garoto que sempre tem problemas com os outros alunos. Já conversamos com seus pais no passado e avisamos que você precisa estar sempre se autoafirmando diante dos outros alunos por um problema seu de baixa-estima! Você é inseguro e transfere sua raiva sobre isso para os outros. Você vem fazendo os tratamentos que a escola sugeriu?

- Sim, diretora!
- Mas parece que não está adiantando muito! Você precisa ser mais respeitador e menos agressivo. Quanto ao senhor Jorge, não tínhamos nada ainda relevante que o trouxesse até a minha presença. Senhores Paulo e Joana! Eu sei que estão de namoro! Conheço bem a forma de agir quando encontro alguém interessado em outra pessoa. E vocês dois demonstram claramente um interesse mútuo.

Leandro morde os lábios de raiva e olha de lado se segurando para não brigar novamente.

- E o senhor... (falando a diretora com Leandro), deve entender que vocês estão na idade de começar a gostar de alguém. Não deseje para a sua irmã, o que não desejaria para si mesmo. O que acha dela ser contra seu namoro com uma garota e tentar impedir isso? Hã?

Leandro nada diz a respeito e olha de lado, tentando se desviar do problema.

- Não vou gerar nenhum tipo de advertência para qualquer um de vocês. Podem continuar frequentando esta escola sem problemas. Mas a professora-computador ficará a partir de agora ligada a tudo o que fazem e dizem enquanto estiverem em aula, vinte minutos antes de chegarem à escola e vinte minutos depois que saírem daqui também. Qualquer conduta irregular ou fora dos padrões normais de comportamento, serão todos convidados a não retornar mais a esta instituição de ensino, que é de alta qualidade, diga-se de passagem! Terão que estudar em casa com professor digital particular! E sabem que também deverão prestar serviços comunitários, participar de rodas de amigos problemáticos, sessões com psicólogos etc, etc, etc. Portanto, menina e rapazes, fiquem ligados! Estou lhes dando mais uma chance! Não a desperdicem! Ponham seus Pen Drives sobre a minha mesa (ordena Linda).

Eles retiram de seus pescoços o colar com o equipamento portátil e o colocam sobre a mesa. A diretora aciona um botão e uma luz do tipo scaner é projetada de baixo para cima iluminando os Pen Drives dos quatro jovens.

- Pronto! Vocês já estão sendo monitorados de agora em diante (declara a diretora). Podem pegar de volta seus Pen Drives e retornem à sala de aula agora! O recreio de vocês quatro será reduzido em cinco minutos todos os dias até que reponham o tempo que ficaram aqui comigo, por conta de todo este... mal-entendido! Juízo, hein...! Todos vocês!

Os quatro se levantam educadamente e em fila saem da sala da diretora de volta para as salas de aulas. No caminho Joana agarra o braço do irmão e atrasa o passo para poder conversar com ele de forma mais reservada, enquanto Jorge acompanha Paulinho já mais à frente.

- Você sabe que nossos pais nos darão uma dura enorme por isso, não sabe? (reclama Joana com o irmão). E agora tudo o que dissermos na escola será gravado e enviado aos nossos pais, até que todos, aqui e em casa, voltem a confiar em nós quatro, não sabe?
- Sim! Eu sei! Não pretendia brigar com ele, só queria que entendesse que estou te protegendo destes garotos metidos a espertos que ficam de olho em você!
- Eu agradeço a preocupação, Leandro, mas não há a necessidade de ameaçar todos que se aproximam de mim ou que não te agradam!
- Sinto muito, Joana! Mas meus pais pediram para eu cuidar de você!
- Pois é! Eles não pediram para você nos forçar a visitar a diretoria da escola e nem sermos expulsos daqui! Tenha mais cuidado com suas atitudes e palavras, garoto!
- Bom! Imagino que agora teremos que conversar sobre assuntos diversos em horários mais adequados, né? (indaga Jorge ao Paulinho, insinuando que o assunto alien não deve ser mencionado durante as aulas).
- Tem razão, Jorge! Se quisermos falar sobre jogos contra aliens, os perigos que corremos com o impacto de nossa galáxia com a de Andrômeda e sobre a sua capacidade de avaliar as mulheres, teremos que escolher outro horário, que não o das aulas.
- Como assim! Eu acertei sobre você e Joana! E você viu como a diretora confirmou também as minhas percepções?
- E você viu onde nós fomos parar por causa disso? (reclama Paulinho ao amigo).
- Bom! Eu não tenho culpa que Joana tem um irmão "mala"! O resultado foi imprevisível!
- Imprevisível? Isso não existe quando temos informações suficientes sobre as coisas. E o que mais preciso agora é de informações.

Os quatro se separam e cada um vai direto para as suas salas de aulas. Nenhum deles está feliz com os últimos acontecimentos. Uma hora depois começa o recreio! Paulo, Jorge e Joana se encontram no pátio da escola em meio à algazarra de dezenas e dezenas de jovens conversando. Leandro fica longe deles e agora deve se comportar, porque tudo o que ele faz e diz está sendo monitorado.

- Vamos nos sentar ali perto do jardim? (convida Joana aos dois garotos).

Os três, de óculos escuros, caminham até lá e se sentam num longo banco de madeira sob a proteção de uma frondosa árvore. Muitas árvores cobrem todo o pátio para reduzir a insolação excessiva dos dias atuais. Joana olha para o servente da escola, todo uniformizado, que está ali perto varrendo as folhas caídas no chão. Ele não usa o comum par de óculos escuros, porque perdera a visão no passado em sua terra, devido à contínua exposição ao forte sol do nordeste somado à aproximação das luzes estelares da Galáxia Andrômeda. Seus olhos são artificiais, robóticos! O tratamento com células-tronco não foi possível no caso dele, porque levou muito tempo para iniciar o tratamento gratuito do governo. Só restaram então os caros olhos computadorizados que dão uma visão texturizada do ambiente, mas bem próxima do real. Em seu rosto é possível perceber a aparência sofrida, com marcas da idade avançada precoce, apesar de seus apenas trinta e dois anos! Um sujeito de pouca conversa, sério e muito reservado. Poucos conhecem seu passado nordestino. Sabe-se apenas que é pobre e vive sozinho.

-
Tive uma ideia! Vou levar vocês dois para um passeio! (declara Joana, falando mentalmente com os dois jovens).

Imediatamente os três penetram na mente do servente que nem se apercebe disso! Os pensamentos daquele homem estão muito distantes! Ele pensa em sua terra natal, num distante estado nordestino brasileiro. Paulinho e Jorge estão com seus pés afundados na areia fina e muito branca de um litoral nordestino brasileiro. Joana flutua próximo deles, graças ao seu par de asas finas e longas.

- Droga! Tá muito quente esta areia! (declara Paulo erguendo ora um, ora outro pé). Meus pés estão queimando mesmo usando sapatos!
- Estamos dentro dos pensamentos do servente da escola! (informa Joana). É assim que o tiozinho se lembra deste lugar.
- Que maneiro...! O que é aquilo? (indaga Jorge apontando para uma sombra que entrou atrás de uma casa).
- É uma casa! (afirma Paulo).
- Não! Falo de uma sombra que está atrás dela!
- Eu não vi nada! (informa Joana). Acha que a tal sombra está aqui atrás de nós?
- Não sei! (declara, preocupado, Paulinho). Vamos descobrir?
- O que faço se ela aparecer? (pergunta Jorge).
- Faça o que sabe fazer! Dê um até logo para ela! (sugere Paulo).
- E se não funcionar desta vez?
- Aí, então, Joana nos leva embora deste lugar! Vamos ver no que mais o tiozinho está pensando!

Os três caminham em direção à casa por trás da qual a sombra desapareceu. Em pouco tempo os jovens se aproximam da entrada do local. Um casebre velho, caindo aos pedaços. Inesperadamente a porta se abre com violência para susto e espanto dos três adolescentes invasores de pensamentos! Joana se prepara para retirá-los dali! Jorge aponta seu braço para frente ainda com a mão fechada. Está pronto para atacar o inimigo! Paulinho se prepara para chamar animais enormes para combater o inimigo!

Mas duas crianças pequenas com idades entre sete ou oito anos saem correndo e rindo muito dali de dentro. Elas passam pelos três adolescentes, que logo depois suspiram aliviados. O grupo agora olha para o interior da porta aberta que vai lentamente se fechando enquanto range sinistramente! Preocupados, mas decididos a saber o que pode haver lá dentro, os três caminham devagar até que Paulinho, que está mais à frente dos três, segura na velha maçaneta e abre com cuidado a porta que continua rangendo durante o movimento medroso!

O interior é desvendado! Ali estão o tiozinho e a esposa sentados em cadeiras velhas de madeira. Ambos conversam baixinho e ela chora muito. O servente da escola está com seus olhos normais e não os artificiais atuais. É um pensamento antigo! De um passado onde ele ainda enxergava normalmente.

- Meu amor! Estamos no limite! Não tenho mais dinheiro para comprar comida! Dentro de dois dias começaremos a passar fome! Vou até à caatinga ver se encontro alguma fruta, raízes ou algum pequeno animal para comermos!
- Como vamos continuar vivendo desta forma? Nossos filhos vão passar fome?
- Já pedi auxílio à prefeitura. Eles prometeram nos ajudar!
- Mas isso já faz uma semana! E até agora ninguém veio até aqui!
- Tenha paciência, meu amor! Um dia a sorte irá mudar! Eu sinto isso!
- Você é otimista demais! Vivemos mal a vida toda! Por que isso mudaria agora?
- Você viu as luzes no céu! É um aviso de Deus para as pessoas que sua luz divina está mais próxima de nós! Eu sei que Ele nos auxiliará! É um aviso dos céus!
- Não sei, não! As pessoas na cidade não concordam muito com você! Muitos dizem exatamente o oposto! Que o mundo está próximo de acabar!
- Tenha fé, meu amor! Viveremos mais felizes algum dia no futuro! E se for preciso eu irei até mesmo para São Paulo e lá eu sei que encontrarei trabalho e ganharei muito dinheiro para sustentar todos vocês! Nossos filhos não passarão fome!

Jorge olha para fora, pela janela, e vê as crianças brincando de pés descansos sobre as areias tórridas do local. O jovem espreme os olhos e faz careta, imaginando que elas terão uma forte queimadura nos pés. E então ele novamente vê a sombra sobrevoando agora perto dos filhos do servente da escola e olhando fixamente para o rosto delas. Ela está procurando alguém, quando olha diretamente para a porta da casa e desconfia de algo. Jorge arregala os olhos e entra em pânico, porque ele desconfia que tal sinistra figura o está procurando. A sombra voa em alta velocidade na direção do interior da casa. Jorge grita apavorado e Joana retira os três dos pensamentos do servente escolar. O homem com olhos artificiais olha na direção de Jorge, sentado perto do jardim do pátio escolar, porque parte de seu grito também aconteceu fisicamente. Paulinho põe a mão na boca do amigo e ele para de gritar, mas ainda está de olhos arregalados! O servente se aproxima dos três e os indaga:

- O que foi, garoto? Nunca tinha visto antes meus olhos artificiais?
- Eu...? Não...! Desculpe-me, tio!
- Não sou seu tio! (declara o servente se virando de costas para Jorge e retornando ao seu trabalho de faxina).
-
Não pode trazer para a vida real o que sente durante uma viagem mental! (informa Joana mentalmente a Jorge por ele ter gritado no pátio). Principalmente quando estamos em público!
-
Desculpe-me! Mas aquela coisa veio em minha direção! (declara em pensamento e assustado, Jorge). Ela parecia querer vingança contra mim, por eu ter eliminado a outra... sombra... na noite passada!
-
Está nos procurando também nos pensamentos das pessoas! (declara Joana em pensamento). Isso não é bom! Se nos encontrarem... não sei o que poderá acontecer! Precisamos falar com o mental-androide novamente! Temos que nos proteger disso ou acabar com estas sombras!

Paulinho, que também recebeu as mensagens de Joana, agora toma uma decisão e fala mentalmente com Joana que faz a ponte com Jorge:

-
Na saída da escola vamos falar com mental-androide! Ele disse que se precisássemos ele estaria por perto.
-
Mas estamos grampeados pela escola, se esqueceu disso? (comenta Joana mentalmente).
-
Não! Não me esqueci! Vamos entrar na mente dele e conversar lá dentro, sem sermos perturbados! (decide Paulo).

Agora a professora-computador anuncia o fim do recreio para Leandro, Paulo, Joana e Jorge. Eles têm cinco minutos a menos do que os outros alunos!

- Vamos retornar para a sala de aulas, pessoal! Seu descanso terminou!

Somente os quatro alunos se dirigem de volta e se sentam novamente em suas carteiras coloridas.

Capítulo IV
CASTELO DE SONHOS

Capítulo V
A TORRE DAS ARANHAS

Capítulo VI
REVELAÇÕES

Capítulo VII
REGRAS ALIENÍGENAS

Capítulo VIII
CONTANDO AOS PAIS

Capítulo IX
UM SONHO DE NAMORO

Capítulo X
O NOVO MEMBRO

Capítulo XI
ENCONTRO MORTAL

Capítulo XII
REUNIÃO DE GUERRA

Capítulo XIII
VIGILANTES NOTURNOS

Capítulo XIV
A SOMBRA DO MEDO

Capítulo XV
O PLANO FINAL

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