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Introdução
Capítulo I
Pecado Espiritual

Este livro foi registrado
na Biblioteca Nacional

Capítulo II
Paraíso dos Espíritos

CAPÍTULO XX - INVEJA
Capítulo III
Floresta Espiritual

8:00 da manhã! Na ONG Paraíso Carlos e Quinha estão juntos conversando e andando até a mesa de treinamento de plantio de sementes em pequenos saquinhos pretos. Carlos a elogia.

- Parabéns, Quinha! Que bom que vem conseguindo impedir que as cordas vocais de seu corpo emitam sons, enquanto fala comigo mentalmente. Confesso que às vezes eu ficava meio confuso quando você pensava uma coisa e sua boca falava outra!

-
Sim, Carlos! (declara ela mentalmente). Também foi uma surpresa para mim! Não esperava conseguir me controlar tão facilmente! Graças a você e sua dedicação a mim está ficando cada vez mais fácil me concentrar nas coisas. Obrigada, meu amigo!

- Não me agradeça, Quinha! É um enorme prazer poder compartilhar momentos com um espírito evoluído como o seu!
-
Carlos! Eu já sei que posso confiar em você e em suas intenções para comigo!
- Sim! Pode mesmo! Tem sido uma experiência fascinante conviver tão de perto com todos vocês aqui! Estou muito feliz!
-
Eu sei!
- Sabe?
-
Sim! E acho que chegou a hora de você saber mais sobre mim!
- É mesmo? E o que mais ainda não sei sobre você?
-
Como acha que sobrevivi no Inferno antes do pessoal desta ONG me encontrar?
- Não faço a menor ideia!

Por ali passa agora o enfermeiro Andrade e cumprimenta os dois!

- Olá, Carlos! Oi Quinha! Como estão hoje?

Ela não responde nada vocalmente, mas Carlos ouve sua mente:

-
Ele é um bom rapaz, mas está com um grande problema pessoal em sua vida! Ele precisa de cinquenta reais por mês a mais para comprar remédio para seu filho que está com a saúde abalada!
- Andrade! Eu acabo de ouvir algo que Quinha disse que me deixou curioso!
- O que foi, Carlos?
- Ela parece poder ler seus pensamentos!
- Achei que fosse o senhor que lia os dela!
- Sim! Eu consigo! Mas ela leu os seus!
- É mesmo? E o que ela disse sobre mim? (comenta Andrade, o enfermeiro, sorrindo ligeiramente e não acreditando muito nessa história).
- Ela disse que você precisa de cinquenta reais adicionais por mês para comprar um remédio que ajudará seu filho que tem problemas de saúde!

O enfermeiro para agora de sorrir! Fecha a expressão! E questiona de volta:

- Ninguém sabe nada sobre isso...! Eu nunca deixei escapar tal coisa aqui no trabalho...!
- Então..., é verdade...? (comenta assustado Carlos).
- Sim! Mas como ela pode saber disso? (questiona Andrade).
- Já lhe disse! Ela consegue ler a sua mente! (Carlos volta-se agora para Quinha e lhe faz uma pergunta). Você nunca me disse que podia ler a mente das pessoas, Quinha! Consegue saber o que eu penso também?
-
Sim, Carlos! E é por isso que preciso de você ao meu lado! Sei que tem bom coração e irá me ajudar a superar este meu problema!
- Sim! É verdade! Farei tudo o que puder para conseguir te ajudar!
- Obrigada, Carlos!
- Como é possível ela poder saber tudo o que pensamos? (questiona Andrade).
- Bom! Se eu, um espírito inferior, consigo... por que não ela? (declara Carlos ao enfermeiro).
-
Não se menospreze, Carlos! Você é uma pessoa especial! (comenta Quinha).

- Carlos! Por favor! Não conte nada sobre isso para Rafael! Não quero que ele pense que quero ganhar mais para ficar aqui. Eu começo na semana que vem um bico que farei aos finais de semana. Com isso conseguirei resolver este meu problema financeiro!

- Tudo bem, Andrade! Mas se precisar de alguma coisa! Eu e Quinha estamos aqui para lhe ajudar!
- Achei que era eu quem ajudava ela! (comenta Andrade).
- Estamos todos juntos nessa, meu amigo! (declara o médium).

O enfermeiro vai embora dali e Carlos e Quinha continuam conversando sobre esta capacidade da louca mulher! Às nove horas da manhã chega à ONG Paraíso o senhor Bruce Lan! Ele está em seu veículo, dirigido pelo motorista particular de sua empresa! Trata-se de um Lincoln Continental último tipo na época! Com vidros escuros e à prova de balas! Ao chegarem à portaria o portão se abre imediatamente para ele. Tudo fora combinado por telefone com o pessoal da ONG que já esperava exatamente aquele carro chegar ao local. Um segundo veículo o seguia com seus guarda-costas. Os dois carros estacionam dentro da propriedade, na parte de trás da sede, ficando assim escondidos da visão dos que passam na rua em frente. O motorista do Lincoln desliga o veículo e desce para abrir a porta lateral traseira onde o senhor Bruce Lan se encontra, aguardando por este momento. Os seis seguranças já desceram dos dois carros e cercam agora o veículo do milionário. Todos estão de óculos escuros e com armas na cintura. Eles olham para os lados em busca de algo que possa ser perigoso ao seu patrão! Rafael já está no local e cumprimenta o colega milionário que acaba de sair do interior do luxuoso veículo.

- Olá, Bruce! Como está?
- Ótimo, Rafael! Obrigado por nos deixar entrar rapidamente. Meu pessoal de segurança está sempre preocupado!
- Entendo! Já me sugeriram também ter seguranças, mas não acredito que para mim seja necessário. Eu praticamente não saio daqui da ONG. Só em raras vezes.
- Então esta é a sede da ONG? (questiona Bruce). É bem grande o local, não?

- Sim! Nós o construímos para atender às necessidades das pessoas as quais ajudamos! Temos de tudo aqui! Tudo que possa ser importante para os desabrigados. Vamos entrar! Assim poderá conhecer nosso espaço! Depois eu o levarei até minha casa aqui mesmo na propriedade.

- Certo! Vamos lá!

Os dois caminham para o interior da ONG, enquanto dois seguranças se adiantam e entram primeiro! Outros dois vão atrás e outros dois ficam do lado de fora. Rafael começa a apresentar o local e numa das salas eles encontram Quinha e Carlos conversando sobre sua nova descoberta.

- Aqui temos nosso novo membro, o senhor Carlos, que tem o poder de ler a mente de espíritos evoluídos! (comenta Rafael).
- Como é? (questiona Bruce, sem entender o que isso significa).
- Olá, senhor Bruce! (cumprimenta Carlos). Eu sou médium por vocação! E tenho um dom incrivelmente interessante! Consigo ler a mente de espíritos evoluídos que vêm até mim!
- É mesmo? (questiona Bruce). Eu sou espírita e nunca ouvi falar de um médium que pudesse ler a mente de um espírito!?!? Como isso é possível?

- Os espíritos evoluídos não são o que as pessoas pensam conhecer. Esta, por exemplo, é Quinha! Ela tem uma deficiência mental e não consegue fazer todas as coisas como cada um de nós! Mas seu espírito está intacto! Posso ouvir seus pensamentos e me comunicar com ela! Nós a estamos treinando para que possa evoluir e retornar para casa um dia!

- Voltar para casa?
- Sim! Os espíritos evoluídos não vivem aqui na Terra conosco! Eles evoluem para outro patamar.
- Suas informações sobre os espíritos evoluídos não são condizentes com o espiritismo como é conhecido e aceito em todo o mundo! (comenta Bruce). Como posso acreditar que o que está fazendo é real?
-
Não diga a ele que eu posso ler a mente das pessoas! Diga que você pode! (requisita mentalmente Quinha ao Carlos).

- Eu posso... ler... parcialmente a mente de outras pessoas...! (declara Carlos meio constrangido em ter que mentir sobre isso). Mas preciso que o senhor se concentre bastante no que quer me transmitir (informa Carlos).

- Você nunca me disse isso, Carlos! (comenta Rafael).
- É...! Pois é...! É que nem sempre isso funciona muito bem...! (informa Carlos todo envergonhado).
- Tá! O que quer que eu faça? (questiona Bruce). Penso numa palavra, frase ou texto?
- Pense em uma palavra, para começarmos! Se concentre muito nisto! Imagine que eu consiga ouvir mentalmente o que pensou! (declara Carlos).
- Tá! Vou começar! (informa Bruce, fechando os olhos).

Os quatro seguranças estão ali com eles e muito próximos, vigiando as saídas do ambiente! Quinha diz ao Carlos o que leu da mente de Bruce!

-
Carlos! Ele está pensando na palavra "verdade"!
- Bem! Não tenho certeza absoluta, mas o senhor pensou na palavra "verdade"! (declara Carlos).

Bruce, que estava de olhos fechados, se concentrando na palavra que escolhera, agora abre os olhos e os arregala, impressionado com o resultado.

- Muito bem, meu rapaz! Você acertou mesmo! Por essa eu não esperava.

Agora os seguranças olham um para o outro, preocupados com alguma coisa!

-
Carlos! Os quatro seguranças estão com medo de serem descobertos! Eles escondem alguma coisa! (comenta Quinha preocupada).
- Gostei! Veja se consegue ouvir o que Jeferson, o chefe de meus seguranças, está pensando! (declara Bruce).
- Eu, senhor...? Não...! Não quero participar disso, não...! (declara o tal Jeferson, todo preocupado e usando óculos escuros).
- Vamos lá, Jeferson! Você nunca fala nada! (informa sorridente Bruce). Quero pelo menos saber em que está pensando! Vamos lá, Carlos! Diga-me em que ele está pensando!
- Carlos! Ele está pensando que se você descobrir o que ele sabe terá que te matar! (declara Quinha muito preocupada com a situação).
- Ahhh...! Bem...! Eu acho que...! Não...! Não estou conseguindo nada com ele...! (informa Carlos, suando frio).

O segurança olha sério para o Carlos, espremendo ligeiramente os olhos, sob os óculos pretos, desconfiado que talvez o tal médium estivesse mentindo!

- Ahh! Então você nem sempre consegue ler os pensamentos das pessoas? (declara Bruce sorridente).
- É o que parece, senhor! (informa Carlos, ainda suando frio).
- Tá! Vamos continuar nosso passeio aqui na ONG! (informa Rafael, convidando Bruce em direção ao ambulatório local).

Jefferson aproxima-se de Carlos, o encara e lhe faz uma pergunta:

- Tem certeza de que não consegue ler minha mente? Tive a impressão de que poderia!
- Eu? Não! De forma alguma! Essa minha capacidade é limitada! Não é todo mundo que eu consigo "ouvir" os pensamentos!
- Que pena! (declara Jeferson).
- Que pena?!?! (indaga desconfiado Carlos).
- Sim! Seria muito bom ter uma pessoa em minha equipe que pudesse ler mentes. Saberíamos em quem atirar antes de tal pessoa nos atacar. Seríamos uma equipe de proteção infalível!
- Sim...! Seriam mesmo, não é...? Pois é...! Que pena, então...! Né...?

Jeferson continua olhando desconfiado para ele e faz outro comentário:

- Sabe..., Carlos! Em nossa profissão nós não lemos mentes, mas sabemos sempre reconhecer quando alguém diz ser o que não é...! Traduzindo...! Sabemos sempre quando alguém está mentindo para nós!
-
Fique tranquilo, Carlos! (comenta Quinha mentalmente para ele). Jeferson não sabe a verdade sobre você! Está esperando para ver se você irá se denunciar!

Tomado pela segurança, oferecida pelas palavras de alento de Quinha, Carlos responde à tentativa infrutífera do segurança:

- É melhor se apressar! Seu cliente deve estar se sentindo meio inseguro neste momento, já que você está aqui comigo!

Jeferson olha para ele, medindo-o dos pés a cabeça, numa tentativa de intimidá-lo! A seguir continua sua caminhada na proteção de seu cliente. Mais à frente Bruce e Rafael estão conversando sobre os detalhes da sede da ONG. E Lan faz uma pergunta ao colega de polpuda conta bancária!

- O que faz da vida Rafael?
- Eu? Acompanho a ONG e auxilio as pessoas a retornarem de volta à sociedade ou para suas casas, esperando que a vida que viveram aqui possa no final servir de importante lição!
- Mas com que ganha dinheiro?
- Ganhar dinheiro? Só ganhei uma vez dinheiro em minha vida! Estou investindo tudo aqui!
- Não entendi! Não ganhava dinheiro antes de montar a ONG?
- Não! Eu viva nas ruas, nos semáforos, recebendo um pouco aqui, um pouco ali. Um dia ganhei uma fortuna na loteria! Comprei este lugar e preparei tudo para ajudar aos outros.
- Mas seu dinheiro irá acabar um dia!
- Eu sei! Dentro de dois anos, não restará mais nada e voltaremos todos para a rua novamente.
- Meu amigo! Você está muito mal assessorado! Investindo seu dinheiro você pode multiplicá-lo e com isso esticar por anos e anos a fio a vida útil de sua ONG. Quem o está ajudando com as finanças?
- Meus amigos e minha mulher me ajudam!
- Já pensou em investir na bolsa de valores?

- Já ouvi falar disso! Mas percebi que existe uma chance de perder muito dinheiro lá! Não posso arriscar perder o que já ganhei. Todas estas pessoas precisam agora de meu apoio. Se eu errar no investimento eles é que pagarão por isso!

- Sabe! Você está totalmente errado sobre isso. Mas devo admitir que tenho certa inveja de você!
- Inveja?
- Sim! Você é totalmente devotado à causa da ONG que criou! Sua obstinação por isso o impede de se perder no mundo econômico-financeiro! Você terminará na miséria da forma como está fazendo!
- Eu sei! Mas iremos todos juntos para as ruas, com os conhecimentos que já temos e novos que adquiriremos poderemos sobreviver até que todos tenham conseguido retornar para casa!
- Rafael! Você é muito louco! Eu gosto disso! Sua devoção o torna uma das melhores pessoas para se fazer investimento!
- Obrigado...! Isso foi um elogio..., não foi?
- Rsrsrs! Sim! Foi, sim! Vamos até a sua mansão? Quero ver como vivem as pessoas lá com você! (comenta Bruce).
- Sim, Bruce! Venha comigo! Mas antes deixe-me lhe mostrar os quartos onde dormem nossos amigos aqui na ONG!
- Amigos, hein? Você é muito inesperado, Rafael!
- Já me acusaram de muitas coisas, mas de inesperado é a primeira vez! Rsrsrs!
- Rsrsrs! Tem sempre uma primeira vez para tudo na vida!

Quinha agora ouve algo da mente de Jeferson e, preocupada, aciona Carlos, que está ao seu lado, para informá-lo:

-
Carlos! Ligue para a mansão! Preciso que os informe do perigo que estão correndo.
- Conte-me esta história, Quinha! O que está acontecendo? (requisita Carlos à mulher).
-
Sente-se! Vou te contar o que ouvi da mente do tal Jeferson! Mas não temos muito tempo!

Quinha informa mentalmente o que descobriu ao Carlos, enquanto Bruce, Rafael e os quatro seguranças estão se deslocando em direção aos aposentos dos indigentes! Quinha acaba de comentar o que descobriu e Carlos pega seu celular e liga discretamente para Rafela, que está na mansão. Bem na hora porque todos já estão entrando em seus carros lá fora!

- Tá, Carlos...! Já entendi...! (responde Rafaela, olhando preocupada para Gabriel). Daremos um jeito aqui...! Fique tranquilo...! Ahhh! Agradeça a Quinha também...! Tá...! Pode deixar...! Obrigada...!

Gabriel a olha e percebe que algo está errado.

- Precisamos conversar agora! Vamos até os outros! (comenta Rafaela).
- Tá! Mas o que aconteceu? Algum problema?
- Sim! Estamos todos correndo um risco muito grande aqui! Vamos nos preparar para o pior!
- Está me deixando preocupado, Rafaela! O que está havendo? (declara Gabriel).
- Corra! Vamos falar com Miguel e os outros, agora!

Os dois aceleram o passo e se deslocam em direção à outra sala onde Miguel e outros trinta e poucos espíritos evoluídos estão fazendo exercícios musculares. Rafaela invade a sala de musculação e chama a atenção de todos ali.

-
Amigos! Vamos para a sala de tiro ao alvo! Urgente! No caminho eu explico! Miguel! Acho que chegou o dia que você tanto temia!
- É mesmo? (indaga Miguel preocupado).
- Sim! Vamos acelerado para lá! Agora!

Todos se entreolham e correm para a sala de tiro ao alvo. Em poucos minutos chegam à mansão os três veículos: a limusine de Rafael, o Lincoln de Bruce e o veículo dos seguranças. Todos descem dali e caminham em direção à enorme residência!

- Puxa, Rafael! Estou impressionado com o tamanho desta casa! (declara Bruce).
- Sim! Ela teve que ser maior do que o normal para poder acomodar a todos e aos diversos ambientes de trabalhos.

Bruce espreme os lábios e concorda com a cabeça. Todos se encaminham para a porta principal. Eles adentram ao local, enquanto os seguranças, preocupados, observam tudo ao redor! Rafael percebe o alto grau de ansiedade dos homens de Bruce que comenta com eles:

- Fiquem calmos, senhores! Aqui não há perigo! Estamos todos seguros!
- Sinto muito, senhor Rafael! (declara Jeferson, o chefe da segurança de Bruce). A segurança nunca pode relaxar! No dia em que isso acontecer será o dia em que poderemos perder nosso cliente!
- Esta floresta é bem cercada! Ninguém consegue entrar aqui! (informa Rafael a Jeferson).
- Isso não existe, senhor! Nada é impenetrável (declara um dos seguranças).
- Ninguém sabe que esta mansão existe e, portanto, nunca seremos um alvo de alguém! (declara Rafael).

Jeferson e outro segurança se entreolham, diante da informação de Rafael! Um para diante do outro, sem nenhuma expressão, mas isso é um sinal bem claro de que um está querendo dizer algo importante ao outro, mesmo sem declarar nada.

- Mesmo assim! Não relaxaremos neste momento, senhor. Um dos seguranças coloca as mãos na cintura e o paletó escuro se abre um pouco. Rafael percebe uma arma na cintura do segurança!
- Quantas pessoas moram aqui? (questiona Jeferson a Rafael).
- Muitas, por quê? (responde Rafael).
- Preciso do número exato, senhor! Faremos uma contagem para confirmar que não há estranhos escondidos na mansão!
- Calma, Jeferson! (declara Bruce). Faça seu trabalho da melhor maneira possível! Não vamos alterar a rotina do local e nem levar a este grupo de pessoas de bem nossa neurose diária, está bem?
- Tudo bem, senhor! Mas deixe-nos entrar primeiro nos ambientes! (fala o chefe da segurança).
- Tá, Jeferson! Tudo bem! (concorda Bruce).

Todos se encaminham ao refeitório e somente alguns poucos empregados estão ali, preparando o almoço que acontecerá em breve!

- Estamos preparados para alimentar até cinquenta pessoas por dia! (declara Rafael). Temos todo tipo de alimentos aqui!
- Muito bem! Isso é importante para manter a saúde de todos! (declara Bruce).
- Vamos agora até a sala ao lado! (sugere Rafael).
- O que tem lá? (questiona Jeferson, da segurança de Bruce).
- Musculação e exercícios físicos! (responde Rafael).

No corredor externo o grupo se encontra com Rafaela, que aparece sorrindo para todos.

- Olá, meu amor! (declara feliz Rafael).
- Oi...! (eles se beijam e Rafaela volta-se para o milionário). Então esse é o senhor Bruce?
- Sim, senhora! Sou eu mesmo! É um prazer encontrar vocês! Tudo o que fazem aqui para as pessoas é muito inesperado para mim! Adorei sua ONG e sua casa!
- Quem bom! Obrigada pelos elogios!

Agora todos entram na sala de musculação e não tem ninguém ali!

- Onde estão todos? (questiona Rafael). Neste horário eles deveriam estar aqui!!!!
- Miguel os chamou para uma rodada de avaliação de tiro ao alvo!
- Mesmo? Que estranho! (declara Rafael). Vamos até lá, Bruce. Vai gostar do potencial do nosso pessoal!
- Claro, claro! (declara Bruce todo animado com tudo o que está vendo).

Todos se encaminham para a sala de tiro ao alvo, o que deixa a equipe de segurança meio preocupada!

- Que tipo de armas vocês utilizam neste local?
- Usamos arcos e flechas! (comenta Rafael).
- Ahhh! Tudo bem, então! (declara mais tranquilo o segurança).

Os seguranças entram primeiro no local e encontram quase trinta homens atirando contra diversos alvos. Mas o que veem os deixam impressionados! Todas as flechas estão cravadas exatamente no centro dos alvos. Nenhum deles errou o tiro!

- Todos eles têm uma pontaria tão boa assim? (questiona Bruce espantado com isso).
- Sim! Todos aqui são pessoas especiais!
- E são musculosos também! Tem certeza que vieram todos das ruas? (questiona Jeferson preocupado).
- Sim! Todos eles!
- Muito estranho!
- Miguel! (requisita Rafael). Mostre sua habilidade a Bruce com duas flechas simultâneas!
- Sim, Rafael!

Ele pega mais um flecha e a posiciona junto com a outra que ele já fazia mira no alvo! Alguns poucos segundos se passam e ambas são enviadas, acertando com precisão bem no centro de um dos alvos ao fundo da sala.

- Estou impressionado, Miguel! (declara Bruce). Como os treinou tão bem?
- Eles não precisaram de muito treino na verdade! São todos espíritos superiores e têm certas habilidades naturais!

Agora entra na sala Gabriel com uma informação inesperada para todos!

- Acabo de receber uma ligação de um tal de Lopez que disse para transmitir a um tal de Jeferson para acabar com tudo agora! O que isso quer dizer, afinal? (comenta Gabriel ao lado do líder dos seguranças).

Jeferson olha para os outros seguranças e volta-se ao Gabriel:

- Foi isso mesmo que ouviu? Tem certeza?
- Sim! Ele foi bem claro! Você conhece esse Lopez?

Bruce olha preocupado para os dois e declara:

- É meu sócio...! Não é mesmo, Jeferson...? Ele quer que você me mate..., para ficar sozinho mandando na empresa?

Ficou no ar uma estranha sensação de perigo e insegurança. Todos os arqueiros da ONG, já com uma flecha preparada, continuam fazendo mira para acertarem seus alvos no fundo da sala! Parecem estar todos de forma apática ao que está acontecendo ao lado, que está prestes a um final dramático e mortal! De repente dois seguranças ameaçam sacar suas armas e ao mesmo tempo todos se mobilizam na sala: Gabriel, com sua força superior, agarra a mão de Jeferson que já segurava a arma na cintura. Do outro lado os arqueiros giram seus corpos rapidamente e miram em pequenos grupos na direção de cada um dos quatro seguranças no local, que já estão no meio do caminho para sacarem suas armas!

Jeferson desfere um golpe com a outra mão no rosto de Gabriel, que despreparado para o acontecimento, cai no chão, liberando a mão do segurança que segura a arma! Do outro lado da sala quatro arqueiros lançam suas flechas e arrancam as armas das mãos ou do coldre de todos os seguranças! Outras oito flechas atingem as laterais da cintura dos seguranças, cortando-lhe os cintos! Agora as calças de todos eles começam a cair e novas flechas atingem agora a lateral dos óculos escuros dos quatro homens ex-armados, arrancando-os do rosto, para espanto dos seguranças! Miguel, com duas flechas ao mesmo tempo em seu arco grita para eles:

-
Mãos para cima! Agora! Ou eu matarei dois de vocês num único golpe! Estou torcendo que não as levantem!

Sem opções todos os quatro seguranças erguem suas mãos para cima e se rendem! Mas neste momento as calças deles caem ao chão! Gabriel se levanta com o nariz vermelho e sangrando um pouco!

- O que é isso? (questiona Gabriel preocupado com o sangue que escorre de seu nariz neste momento).

-
Você está sangrando, Gabriel! (declara Miguel). É isso o que acontece quando se encontra bandidos e assassinos que se chamam de raça humana! Eles pensam que podem fazer qualquer coisa e normalmente acabam mortos! Vá à enfermaria, Gabriel! O doutor resolverá seu problema!

O jovem Gabriel passa suavemente a mão em seu nariz machucado e percebe a grande quantidade de sangue que sai dali. Ele olha ao redor, procurando algum lugar para limpar sua mão! Não encontra! Então observa o paletó escuro de Jeferson e resolve limpar sua mão ali mesmo e logo depois passá-lo em seu rosto, para o total ódio do segurança rendido!

- Vocês todos irão pagar caro por isso! (declara Jeferson, enquanto Gabriel sai da sala em direção à enfermaria).

- Então, meu sócio queria me matar...? (indaga Bruce a Jeferson). E vocês se oferecem para me proteger...? Vocês nem sabem o que significa proteção...! São ridículos...! Agora terão que aprender a se defenderem na cadeia...! Quem sabe lá aprendam o ofício...! Mas é claro que ninguém os contratará novamente para isso...! Suas fotos farão parte agora de um cadastro diferente...!

- Eu ainda estou com muita vontade de acertar no alvo! (declara Miguel com as duas flechas apontadas para os seguranças).
Virem-se todos de frente para a parede e com as mãos levantadas! Se alguém mexer um músculo sequer será flechado!

Os espíritos superiores se aproximam mais agora e se posicionam todos para o ataque, caso seja necessário. Um dos seguranças mexe ligeiramente um dos dedos da mão direita e um dos arqueiros envia com muita força uma flecha, prendendo a manga do paletó dele na parede. Miguel olha sério para o arqueiro que atirou e este declara, como se desculpasse:

- Ele se mexeu, Miguel! Desculpe-me!
-
Tive uma ideia, amigos! (declara Miguel aos outros arqueiros). Que tal fazermos tiro ao alvo? Quem acertar ganha uma refeição extra!
-
Podemos fazer um novo acordo! (grita Jeferson para Bruce). Nós podemos matar Lopez, seu sócio, e assim todo o problema para o senhor acaba!

- Acordo???? E você entende alguma coisa de acordo???? Não consegue nem cumprir os últimos dois a que se propôs! Um era me proteger e o outro era me matar! Conseguiu falhar nos dois!?!? (comenta Bruce com o celular na mão). Alô...! É da polícia...? Posso falar com o delegado Celso...? É Bruce Lan...! Ele me conhece...! Sim...! Eu espero...!

-
Vamos fazer uma coisa diferente hoje, meus amigos! (declara Miguel aos arqueiros). Quem acertar o alvo terá uma punição! Ficará sem a sobremesa do almoço de hoje!

Os arqueiros começam a rir com a proposta!

-
Lembram-se do documentário sobre os circos que vimos ontem? Ao invés de facas vamos atirar flechas, mas quero que elas fiquem bem perto do corpo deles! Tão perto que ficarão presos na parede pelas próprias roupas! (declara Miguel).

Os seguranças olham uns para os outros, preocupados com isso! As flechas então são lançadas uma a uma contra os quatro seguranças. Rapidamente seus paletós e calças são fixados contra a parede, prendendo-os ali. Os braços também são presos através das mangas largas! Mas uma das flechas de Miguel passa raspando na mão de Jefferson e um risco de sangue escorre dali!

-
Miguel! Perdeu sua sobremesa! Você o acertou! (declara sorridente um dos arqueiros).

- Eu sei! Fiz de propósito! (declara Miguel). Hoje tem chocolate..., que é uma delícia..., mas descobri que engorda e quero me manter esbelto...! Ficarei sem comer a sobremesa com prazer! (informa Miguel aproximando-se de Jefferson e olhando feio para ele).

-
Arqueiros! Vamos pegar agora os outros dois, lá na entrada da mansão! (informa Miguel).

Um dos arqueiros olha pela janela e vê Gabriel lá fora com os dois seguranças caídos no chão ao seu lado! O tal arqueiro grita para ele:

- O que aconteceu aí?

Gabriel grita de volta ao amigo:

-
Fiquei com raiva pelo soco em meu nariz e descontei nestes dois aqui! Agora eles também estão sangrando!

Os outros arqueiros aproximam-se da janela e riem da atitude vingativa de Gabriel, que ainda tem o nariz escorrendo sangue, mas agora está todo feliz! Poucos minutos depois a polícia chega à mansão. O delegado Celso conversa com Rafael e Bruce!

- Senhor Bruce, deve ter mais cuidado com quem contrata para lhe proteger! Em nossa primeira verificação, três destes seus seguranças são fichados na polícia!
- É! Tem razão! Da próxima vez vou consultar ao senhor primeiro!
- Faça isso, senhor Bruce! Será um prazer poder ajudá-lo! (comenta o delegado). E o senhor, senhor Rafael? Sempre acontece alguma coisa estranha por aqui neste lugar, não é?
- O que quer dizer com isso? (questiona Bruce a Rafael).
- É que no ano passado um de nossos amigos conseguiu retornar ao Paraíso, mas seu corpo ficou aqui conosco e o delegado não gostou!
- O senhor fala da morte de uma forma corriqueira e natural! (comenta o delegado). É um fato trágico e requer investigação dos motivos disso ter acontecido!
- Não sei por que perdem tanto tempo com isso!?!? Todos irão morrer mesmo em algum dia!!!! (declara Rafael).
- E é por causa desta sua observação que ainda o estamos investigando! (afirma o delegado).
- O que já descobriram sobre este caso, delegado? (questiona Bruce).
- Nada! Tudo indica que foi morte natural! Mas estou de olho nesta mansão! Existem diversos produtos químicos que não deixam resíduos no organismo depois da morte!
- Entendo! (comenta Bruce). O que acontecerá com estes caras agora que fingiam serem seguranças?
- Ficarão presos! Por causa de tentativa de assassinato ao senhor, o juiz concederá a prisão preventiva sem direito à fiança e nem a habeas corpus!
- Muito bem, obrigado meu amigo! (agradece Bruce). Espero que prendem meu sócio como mandante deste crime!
- Sim, senhor! (confirma o delegado). Já enviei uma equipe minha para prendê-lo. Fique tranquilo, senhor!

O grupo policial se despede enquanto Gabriel está tratando de seu nariz machucado na enfermaria.

- Muito bem, Rafael! Obrigado por me salvar deste pessoal, que eu achava que me protegia! Tenho uma dívida com você e seu pessoal. Eu gostaria de conversar novamente com aquele rapaz que disse ler a mente das pessoas. A Rafaela comentou que foi ele quem a avisou sobre o perigo que corríamos?

- É verdade, Bruce! Estou surpreso também com esta história de leitura de mentes! Ele nunca tinha dito nada a respeito sobre isso!!!! Vamos retornar para a sede da ONG para falarmos com o Carlos. Aqui ele não pode vir porque as inúmeras mentes dos espíritos superiores que moram nesta casa dão-lhe uma enorme dor de cabeça!

- É mesmo? Ele nunca vem até aqui?
- Não! Já tentamos, mas ele sofre muito com isso! Não pode nem sequer chegar perto desta casa!

Bruce e Rafael vão na limusine até a sede na entrada da ONG e lá encontram Carlos e Quinha conversando mentalmente.

- Olá! Viemos conversar com você, Carlos! (declara Rafael). Estou curioso para saber mais sobre esta história de você conseguir ler a mente dos espíritos inferiores também!
- Não sou eu quem faz isso, senhor! É a Quinha! Ela me disse isso hoje!
- Quinha?!?! É mesmo? (indaga curioso Rafael).
- Sim! Ela me alertou sobre os perigos que estávamos todos correndo com a sua equipe neste lugar! Eu liguei para Rafaela para avisá-la e ela foi muito rápida em bolar uma forma de conter todos na mansão!
- Sim, Carlos! (informa Bruce). Vocês todos aqui são muito especiais...! Eu gostaria de saber se ela pode ler a minha mente! (requisita Bruce ao Carlos).

Carlos olha para Quinha e logo depois ele sorri para ela, porque acaba de receber de volta a informação mentalmente!

- Ela disse que o senhor trará um buquê de flores, em agradecimento ao dom que ela tem!

- Sim...! Exatamente isso...! Ela tem um dom impressionante...! Rafael...! Vou ajudar a sua ONG Paraíso...! (declara Bruce). Sinto que há boa fé em todos vocês neste empreendimento! Além do mais, estou lhe devendo a minha vida!

- Ahhh! Obrigado Bruce! (declara feliz Rafael). Que bom que poderemos contar com sua ajuda! Isso adiará o fim da ONG e assim ajudaremos as pessoas por mais tempo! Quanto a sua vida... não está nos devendo nada! Foi uma coincidência estar aqui e descobrirmos hoje que Quinha pode ler as mentes das outras pessoas.

- Você acredita em destino? (questiona Bruce).
- É uma boa pergunta... de resposta muito difícil! (declara Rafael). Não sei em que acreditar sobre isso! Só sei que o dever da humanidade é retornar ao Paraíso, mas infelizmente poucos conseguem isso!
- Precisamos conversar mais sobre isso! (declara Bruce). Quero que me explique mais detalhes sobre este assunto!
- É uma longa história! Espero que tenha tempo para conversarmos!
- Claro! Vamos nos sentar e falar sobre isto!
- Está bem! Vamos nos sentar ali! (convida Rafael e ambos se sentam no sofá da ONG para a longa conversa).

Mais tarde Carlos e Quinha estão numa estufa, disponível em meio à floresta no terreno da ONG! Ali a mulher está regando as mudas que vinha plantando, como faz todos os dias.

- Eu estava pensando...! Sabe alguma coisa sobre Jesus? (questiona Carlos).
-
Jesus? (indaga Quinha mentalmente).
- Sim!

-
O Guardião me contou a história dele aqui no Inferno! Jesus era um espírito muito inteligente, mas cometeu um pecado no Paraíso. O Guardião não me disse qual foi! Logo depois que Ele encarnou aqui, percebeu que precisava alertar às outras pessoas sobre as atitudes delas e a necessidade de retornar ao Paraíso! Então começou a pregar em nome de um ser que ele chamou de Deus, porque só assim seria possível que todos aceitassem as suas palavras. Ele prometeu o reino dos céus a todos que seguissem os seus conselhos. E de fato alguns de seus discípulos conseguiram retornar! Jesus até morreu na cruz para mostrar a todos como deveriam agir! E morrer desta forma foi o que lhe garantiu o retorno ao Paraíso!

- A Bíblia conta a história do filho de Deus e que quando jovem ninguém soube dele por muitos anos.

-
Jesus, logo depois que encarnou aqui, assumiu o papel daquele que todos acreditavam ser o filho de Deus. Esperto, Ele encontrou uma forma de todos o olharem com respeito e atenção! Foi quando começou a pregar aos outros!

- Entendo! E Deus? Sabe algo sobre Ele?
-
Não sei nada sobre Deus! Nunca me falaram nada sobre Ele no Paraíso! Mas isso não quer dizer que tal entidade não exista!
-
A impressão que tive é que o Guardião é Deus! (declara Carlos). Eu o vi rapidamente uma vez, enquanto um espírito evoluído subia de volta ao Paraíso.
-
O Guardião tem um grande segredo! Ninguém sabe qual é! Talvez ele saiba mais sobre Deus! Se um de nós retornar um dia ao Paraíso... perguntaremos a ele. E depois um conta para o outro!
- Rsrsrsrs! Eu não sei se retornarei um dia ao Paraíso! Mas estou fazendo de tudo para que você consiga!
-
Eu sei, Carlos! Te agradeço muito por isso, meu amigo!
Capítulo IV
Encarnado no Inferno

VOLUME
1

Capítulo V
Gula

Capítulo VI
Inocência

Capítulo VII
A Bebida

Capítulo VIII
Amnésia

Capítulo XII
Mentira

Capítulo IX
A Missão

Capítulo XIII
Nova Casa

Capítulo X
Loucura

Capítulo XIV
O Dono do Inferno

Capítulo XI
Luxúria

Capítulo XV
Ira

Capítulo XVI
Egoísmo

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SOBRE ESTE LIVRO

Capítulo XVII
Arrogância

Capítulo XVIII
Preguiça

Capítulo XIX
Avareza

Capítulo XX
Inveja

Capítulo XXI
Ascensão

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