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DA COLEÇÃO

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PREFÁCIO
CAPÍTULO XVII
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CAPÍTULO XXXI
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO II
Já no apartamento o soldado encontra-se deitado em sua cama e totalmente coberto pelo lençol. O quarto está escuro. Em meio ao silêncio da madrugada começa uma forte chuva lá fora e raios despencam do céu, iluminando rapidamente o pequeno ambiente no local. Num destes clarões um vulto aparece aproximando-se lentamente da cama do soldado.

Pode-se perceber que trata-se de uma pessoa enorme, usando um manto negro com capuz. Com um clarão mais forte os olhos brancos são revelados. Agora sabemos que se trata do Pai de Jesus que retornou ao passado para a sua vingança final! Apático e sem expressão, Deus aproxima-se da cama e começa a levitar, expelindo sob seus pés a névoa mortal, peculiarmente gerada pelos deuses com poderes plenos.

O quarto se afoga no gás letal! Um novo raio lá fora revela apenas a presença dos olhos brancos do cruel ser. Num segundo raio, logo depois, um novo vulto aparece por trás de Deus. A fumaça se dissipa rapidamente e a lâmpada do quarto se acende. O Pai de Jesus olha para trás e vê o
androidis Mário, também todo de preto, sério e encostado tranquilamente na parede.

Rapidamente o Pai de Jesus volta-se para a cama e num gesto rápido de sua mão, como que abanando para espantar uma mosca, o lençol é arrancado do local, revelando os travesseiros que simulavam a presença de alguém deitado ali.

- Não me lembro de ter lhe convidado para meu apartamento! (declara Mário). Principalmente de madrugada! Aliás..., quem lhe deu a minha chave?

- Onde está o humano que mora aqui? (questiona Deus).

- Para falar com ele somente com hora marcada! Mas o Senhor está com sorte: eu sou o responsável pela agenda dele. Deixe-me lembrar de todas as páginas (Mário olha para cima como se estivesse pensando no assunto). Bom! Acho que o senhor terá que esperar uma eternidade para falar com ele!

Deus se aproxima mais do soldado e o questiona:

- Como sabia que Eu estaria aqui?

-Tãããã...! Eu também sou Deus agora...., lembra-se? Além do mais, história passada não pode ser alterada! Ih...! Fiz um versinho! Acho que vou criar uma nova Bíblia toda em verso e lá eu explicarei como mandei o demônio de volta para o inferno!

- Você é muito petulante! (declara Deus). Acha que é páreo sozinho contra um Deus verdadeiro com todos os poderes?

- Talvez, sim! Mas... por via das dúvidas... eu chamei alguém para ajudar! (o soldado Mário aponta seu queixo para alguém atrás de Deus).

Você leitor deve estar imaginando o mesmo que eu! O Anjo celestial está com sua espada pronta para atacar, não é mesmo?

O poderoso ser de olhos brancos vira-se, ansioso por saber quem poderia ser. Quando completa o movimento rotacional de sua cabeça Deus vê nada menos do que Ele mesmo no local.

- O que você está fazendo aqui? (questiona o Pai de Jesus de olhos brancos ao seu similar de olhos vermelhos).

- Esta pergunta sou Eu que faço! (responde o Pai de Jesus do presente). Por que voltou ao passado? Sabe que não podemos fazer mais isso. Os Deuses nos punirão por ter quebrado esta regra!

- Eles não sabem de nada! Eu criei um espectro que voltou para junto deles em Meu lugar.

- O que espera conseguir com este ato? Por acaso a cultura humana não deu certo?

- Ela deu, sim! Certo até de mais! Os descendentes dos humanos tomaram o controle deste universo e de fora dele também. Todos os Deuses foram confinados no Firmamento.

- O que deu errado, afinal? (questiona o Pai de Jesus do presente).

- Tudo! Eles tinham razão! Eles nos avisaram para destruir a espécie humana quando começamos as experiências!

- Não! Não é possível! Os meus conceitos estavam certos! Eu sei que a espécie humana vai funcionar! Tenho uma abordagem nova para eles! Os Deuses irão aprovar a futura raça humana!

- Eu sei disso! E logo depois a criatura que criamos dominará o criador!

- Você está mentindo! Isto é um truque para eu abandonar a minha cultura! Não permitirei que altere o passado e destrua tudo o que fiz na Terra!

- Você não tem escolha! Todos os resultados levam sempre ao mesmo fracasso! A raça humana não pode mais ser detida. A não ser que você o faça, porque eu não consigo!

- Do que está falando?

- Para mim tudo o que aconteceu é passado, mas para você não! Tudo está por vir. Destrua a cultura humana, antes que ela te destrua!

Atrás dos dois Deuses Mário fica com ar de preocupação e interrompe a conversa:

- Espera um pouquinho aí! A conversa está fugindo do controle por aqui! O futuro faz parte deste passado. Eu sou a prova viva disso! Mesmo que vocês tentem mudar tudo... a minha presença aqui, no passado, impede que tudo seja alterado. Não há como a raça humana ser destruída! Eu sou um Deus com plenos poderes e jamais permitirei que a história se altere novamente.

Os dois Pais de Jesus olham um para o outro e de volta para o Mário. Um frio na espinha metálica do
androidis corre por todo o seu corpo enquanto o Pai de Jesus do presente declara:

- Quero saber todos os detalhes do futuro. Quero saber onde falhamos. Quero entender o que deu errado!

- Gente...! A coisa não funciona desse jeito, não! (declara Mário). Quando eu te chamei até aqui (olhando para o Pai de Jesus de olhos vermelhos) é para que visse os resultados de suas atitudes futuras que destruirão a sua preciosa cultura humana! Você me disse que destruiria sua versão futura se fosse preciso para que os humanos vivessem eternamente!

O Pai de Jesus do futuro, preocupado com a declaração do soldado
androidis, comenta:

- Eu não posso te destruir, mesmo tendo poderes para isso, porque senão eu mesmo estarei me destruindo!

- Eu sei disso! (declara o Pai de Jesus do presente). Mas como Você mesmo disse: para Mim..., o futuro ainda não aconteceu... e nada Me impede de reconstruir um novo futuro..., diferente..., mais controlado.... Acho que nem precisarei conseguir uma aprovação completa da raça humana, afinal! Talvez a evolução final da raça humana não tenha que existir tão cedo.

- Concordo! (declara o Pai de Jesus do futuro).

- Gente...! Vocês não estão pensando com clareza...! Talvez a presença de vocês dois tão próximos um do outro, tenha criado um eco mental e seus poderes estão atrapalhando o raciocínio correto sobre a situação que se apresenta... Eu não retornarei para o meu tempo enquanto o curso normal da história não se reestabilizar!

O Pai de Jesus do futuro pensa um pouco sobre o assunto e declara ao seu Eu do presente:

- Acha que pode lidar sozinho com este ser desprezível? (apontando com o olhar para o Mário).

- Não sei! Tenho poderes limitados! Mas nada me impede de tentar!

- A coisa está saindo fora de controle por aqui...! (observa Mário diante da possibilidade de um confronto divino em seu antigo apartamento).

- Neste caso..., naturalmente eu deixarei de existir com a Sua mudança de atitude! (decreta o Deus do futuro à sua versão do presente). A linha do tempo irá mudar e tudo acontecerá de forma diferente!

- Isso não era para acontecer deste jeito... (declara, preocupado, o soldado androidis Mário). Estou começando a achar que a culpa foi minha...! Eu não devia ter voltado no tempo um dia antes... Bem que Spok me avisou...

O Deus do futuro se despede de Seu Eu:

- Então! Boa sorte a nós dois!

A seguir Ele desaparece do lugar para desespero do Mário.

-
Volta aqui! Eu ainda não terminei com Você...! Tenho que leva-lo de volta para o futuro...!

O Pai de Jesus do presente dirige-se agora ao androidis:

- Sei que tenho poucos poderes para um confronto direto! Por outro lado você com plenos poderes poderá Me destruir se quiser! Mas se pretende manter o seu lindo futuro intacto..., precisará de um milagre para impedir que Eu o altere! Sei que tem o conhecimento de tudo o que fiz em seu futuro e de minhas experiências com os humanos e stellaris! Estou em desvantagem, mas tenho muitas cartas em minhas mangas e alguns milagres ainda para fazer! Você conseguiu o que pretendia! Conseguiu impedir o Meu Eu do futuro a mudar a história, mas poderá mudar o Meu presente agora?

- Você disse que me ajudaria a impedir o que o Seu Eu do futuro pretendia fazer! (cobra Mário angustiado).

- Mas Ele foi impedido..., não foi?

- Mas agora eu terei que impedi-lo também e isso não estava no acordo! (declara Mário, frustado).

- Parece que você esqueceu de incluir esta cláusula em nosso contrato, não é, negro?

Deus desaparece do lugar deixando Mário perdido e pensativo!

- Droga...! O que foi que eu fiz...? Estraguei tudo...! Agora não posso mais voltar ao meu presente para pedir ajuda e nem deixar Deus sozinho entre os humanos. Os stellaris também não poderão me ajudar, porque nem sequer me conhecem nesta época. Terei que proteger a raça humana das ciladas que este demônio planejará. Não posso destruí-lo e ainda terei que manter a história nos trilhos da melhor maneira possível até o ano em que todos os Deuses serão banidos para fora deste universo... para sempre. Mas como farei tal coisa sozinho...? Eu sou apenas um... Deus! Eu sou apenas um Deus!?!?! Então... tem que ser possível! Afinal eu sou um Deus! Um que terá que guiar toda a humanidade na direção certa e ainda combater um demônio poderoso. Isso está parecendo a história bíblica!

Mário começa a andar de um lado para outro no quarto para planejar o que fará daqui para frente. A voz da Anjo fala agora com ele:

- O que faremos agora, Mário?

- Muito bem! Preciso pensar... preciso pensar.... Tá...! Vamos começar comigo mesmo...!

O
androidis aponta a palma da mão direita para a cama e os travesseiros são jogados para fora dela. Agora ele trás de volta o seu eu humano que reaparece deitado exatamente na posição que estava antes de ser congelado. Mário se aproxima dele e põe a mão esquerda em sua cabeça.

- Quero que você se lembre do meu encontro com a vizinha, do que falamos e combinamos. Quero que se lembre do teste que fiz hoje com o sargento e de todos os contatos com os membros da equipe. Lembre-se do que foi falado na reunião com o comandante e tudo sobre a missão na semana que vem. Ah! Esqueça-se da camareira, não vale a pena lembrar daquela cara feia... Engraçado... será que é por isso que eu não me lembro dela? Fui eu quem apagou a minha própria memória...? Se está ficando meio confuso agora para mim..., imagine guiar toda a humanidade por cem anos!?!?!?! Nunca as linhas de Deus ficarão tão tortas como agora...!

- Mário! Precisamos agir com calma! (comenta a voz da Anjo). Vamos conversar para ver o que poderemos fazer para conseguir manter a história humana nos trilhos! Afinal eu tenho experiência em acompanhar e registrar a vida das pessoas! Já fiz isso no início da humanidade!

- Temos uma humanidade inteira para acompanhar! (comenta o androidis).

- Talvez precisemos de ajuda! (declara a voz da Anjo).

Ele lembra-se de pegar suas duas armas na mochila e as coloca uma sob o travesseiro e a outra sob a cama. O
androidis apaga a luz do quarto e desaparece dali junto com a Anjo, quando seu eu humano retorna do congelamento.

- Ai, que frio! Acho que vou tomar outro banho quente.

Ele olha de lado e vê um monte de travesseiros jogados no chão. Rapidamente pega sua arma sob o travesseiro apontando-a para todos os lados do quarto.

- Quem está aí?

Mário levanta-se da cama e começa a andar pelo quarto escuro em busca de algum suspeito. O Mário divino aparece de volta ao quarto e seu eu congela-se novamente.

- Droga! Estou me sentindo a "Jeannie é um gênio". Esquece um negócio aqui..., muda outro ali....

O
androidis faz um gesto com a mão esquerda e os travesseiros excedentes desaparecem, ficando apenas o que ainda se encontra sobre a cama. Ele novamente desaparece do local e seu eu humano retorna novamente do congelamento. Após continuar a busca no pequeno apartamento e nada encontrar o "apenas humano soldado" volta seu olhar para a cama e percebe que os travesseiros extras do chão haviam sumido, o que o deixa confuso, imaginando que fora um sonho ou um reflexo de luz na janela. Um trovão explode lá fora e o deixa ainda mais preocupado, porque ele não se lembra que estava chovendo.

CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO III
CAPÍTULO XX
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO XXI
CAPÍTULO V
CAPÍTULO XXII
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO XXIII
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO XXVI
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XXVIII
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XXIX
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XXX
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XXXI
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XXXII
CAPÍTULO XV
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