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Terra. Ano de 2055. Brasil. São Paulo. Um pelotão militar está reunido no alto de um prédio do Bairro Século XXI. O negro soldado Mário entra pela porta e bate continência ao sargento que o recepciona:

- Bom dia, Sargento! Soldado Mário se apresentando, Senhor!

O sargento devolve a continência e comenta:

- Chegou cedo, soldado! Parece que as suas referências estavam certas quanto à sua pontualidade!

- Sim, Senhor! Eu nunca cheguei atrasado em minha vida, Senhor!

- Muito bem, então!

- Estamos preparando um teste para amanhã, soldado! Queremos saber se você conseguirá suportar toda a pressão a que será submetido, neste teste.

- Sim, Senhor! Suportar é o meu nome do meio, Senhor!

- É? Suas referências informam que também é metido a engraçadinho! Só para constar, soldado: No meu pelotão não entram engraçadinhos! Todos aqui são muito sérios, e quem sai da linha... paga muito caro por isso! Fui claro, soldado?

- Sim, Senhor!

- Não ouvi o que disse!!!

-
Sim, senhor!

- Muito bem, então! Por favor, entre e me acompanhe!

Mário entra na sala e a porta atrás dele fecha-se sozinha. O sargento vira-se de costas para ele e começa a andar pelo corredor central do enorme escritório na cobertura do prédio. O sargento apresenta os diversos setores do local, apontando rapidamente para cada um deles:

- Aqui ao lado temos o setor de inteligência militar, onde organizamos todas as nossas operações, do outro lado o setor de soldados de elite especializados em ações de espionagem e controle da situação, a função deles é determinar o perigo, neutralizá-lo e acionar este departamento aqui que é onde você trabalhará. Mais à frente temos...

Enquanto o sargento caminha e apresenta os diversos setores, Mário reconhece o soldado João, exatamente no setor para onde o negro gozador foi indicado para trabalhar. Enquanto caminham pelo corredor, João o cumprimenta a distância e faz um gesto com as duas mãos, insinuando que o sargento é um chato. Mário sorri para o amigo e torce as orelhas, colocando a língua de fora, sugerindo que o sargento é um idiota, quando vira-se para frente o sargento para de andar e olha de volta para ele:

- E este aqui é o setor onde você se reportará a mim...

Ele percebe o final do gesto do Mário, torcendo as duas orelhas e colocando a língua agora de volta para dentro da boca. O sargento faz uma careta, sem entender o que está acontecendo e questiona:

- Algum problema, soldado?

- Ah...! Não...! É que eu sou um pouco alérgico a ar condicionado...

- Esta doença já tem cura há muitos anos, soldado! Procure nosso médico de campo ali à frente e ele lhe dará um comprimido que acabará de vez com este seu problema. Não quero mais vê-lo com a língua para fora e torcendo as orelhas, soldado!

- Sim, Senhor!

O sargento afasta-se e Mário olha de volta para o amigo João, que torce a boca e levanta as sobrancelhas numa clara alusão de que seu amigo quase foi pego debochando do sargento no primeiro dia de trabalho. Mário concorda com ele, reproduzindo o mesmo gesto facial. Mário faz um sinal de mão, dizendo que depois irá até ele. Agora se desloca até o setor do médico:

- Olá, doutor! Eu sou o novo membro da equipe! Soldado Mário!

- Olá, Mário! (o médico vira-se para seu computador procurando a ficha dele). Como tem passado?

- Eu? Estou ótimo, senhor! Passei aqui apenas para conhecê-lo e me apresentar oficialmente.

- Tive a impressão de ter ouvido o sargento pedir para me visitar por algum problema seu de saúde! Talvez uma alergia incurável que o força a torcer as orelhas e mostrar a língua para seus superiores...!

- Não...! Não...! Realmente estou bem...! Não tenho nenhum problema de saúde...! Aquilo... foi só... uma lembrança ruim... que tive no passado... mas já passou! Estou me sentido bem, agora!

O médico sorri para ele e comenta:

- Cuidado com lembranças ruins, Mário! Já vi o sargento atirar na perna de um subordinado por causa de uma gracinha.

-
Como é que é, doutor? Ele fez isso mesmo?

- Sim! E disse que não iria parar de atirar nas pernas dele enquanto o soldado fizesse careta de dor. Depois do segundo tiro o soldado resolveu suportar os tiros e eu lhe tratei posteriormente dos dois ferimentos à bala!

Mário faz uma careta, demonstrando preocupação com o evento descrito e o doutor complementa a informação:

-Vejo em sua ficha, soldado, que tem uma saúde perfeita! Não há nenhum problema aparente com você!

- Foi o que eu disse, senhor! Estou ótimo, obrigado... bem...! Vou até meu setor para reconhecer o local... Com licença, senhor!

- Soldado! Caso tenha algum problema com balas nas pernas, basta vir até mim,... rastejando se for preciso!

- Sim..., senhor! Me lembrarei muito bem disso...! Pode apostar...!

Mário vai em direção ao setor do colega João. Enquanto caminha faz sinais de positivo para as outras pessoas do local. A maioria retorna o cumprimento ou apenas balançam a cabeça positivamente.

- Beleza aí...? (Mário vira-se para o outro lado e cumprimenta mais um colega). Tudo bem com você...?

Ao chegar ao setor desejado é recebido pelo colega João, que o abraça.

- Olá, Mário! Faz tempo que a gente não se vê!

- É verdade! Quando foi transferido, foi para cá que você veio?

- Isso mesmo! Já participei de diversas missões em campo e... cara...! Temos viajado pelo mundo! Já fizemos de tudo. Aquele cara bravo ali já pegou um urso substituto com as próprias mãos.

O sujeito ao qual o soldado João se referia, estava de costas e continuou de costas, sem dar atenção aos comentários ao seu lado.

- Aposto que o bicho estava desligado! Fala aí..., não é verdade? (debocha Mário para ver se o cara reagia mais alegremente).

O homem que estava de costas agora levanta-se da cadeira, vira-se de frente para João e Mário e leva a mão até a arma, ameaçando sacá-la. João entra na frente e fala rápido com o zangado soldado (isso mesmo, este é o Zangado que já conhecemos!).

- Calma aí, soldado! É apenas brincadeirinha do Mário! Ele é meu amigo! Só está fazendo isso para deixar o ambiente mais alegre!

- Se eu quiser ver graça vou a um circo! (declara Zangado).

- Acho que com este seu humor, deve ter matado o último palhaço que viu num circo, não foi mesmo? (declara Mário, protegido atrás de seu colega João).

- Não custaria nada matar mais um! (declara Zangado, olhando feio para Mário, enquanto inicia o movimento para sentar-se novamente em sua cadeira).

- Bom! Acho que vou te chamar de Zangado! Assim não esquecerei de você! (declara Mário ainda sorridente).

Zangado desiste de sentar-se e saca sua arma, quando o comandante chega até o setor e questiona:

- Algum problema por aqui?

Todos batem continência, inclusive Zangado com a arma na mão. Mário, percebendo que todos ficaram sem jeito, interrompe o silêncio e fala ao comandante:

- Não, senhor! Está tudo bem! É que o Zangado queria me mostrar a arma dele e já ia me contar quantas pessoas matou em sua última missão!

Zangado olha feio para o Mário, porque não gostou de ser chamado por este apelido mais uma vez. O comandante sorri levemente e olha para seu soldado violento, quando comenta:

- Zangado? É, soldado, parece que este apelido lhe cai muito bem para a próxima missão de vocês daqui a uma semana: apelidamos a operação de "sete anões".

Zangado se morde por dentro querendo matar todos na sala, mas com muito custo se contém e guarda lentamente a arma no coldre. O comandante olha para o Mário e fala agora com ele:

- Você é o novo soldado de nossa equipe, não é?

- Sim, senhor!

- Você foi muito bem recomendado! Assim como todos aqui!

- Obrigado, senhor!

- Amanhã você será submetido a um teste muito duro com o sargento! Se for aprovado participará da missão dos sete anões na semana que vem!

- Sim, senhor! Estou sempre pronto para qualquer coisa!

- Muito bem, soldado! Se passar no teste talvez eu lhe apelide de "Feliz".

Todos sorriem contidamente, menos Zangado que ainda está vermelho de raiva com esta brincadeira de sete anões. Mário responde ao comandante:

- Felicidade é meu nome do meio, senhor!

O comandante franze a testa e discorda:

- Achei que seu nome do meio fosse "Suportar"!

- Suportar a dor e ser feliz é meu lema, senhor! (completa Mário).

- Tá legal, soldado! Hoje é o único dia em que brincará dentro desta corporação! A partir de amanhã você se transformará em um homem... vivo ou morto!

O negro soldado faz uma careta, preocupado com o que acontecerá amanhã em seu teste. O comandante se afasta e Mário questiona João:

- Que história é essa? O doutor falou que o sargento atirou duas vezes na perna de um soldado que brincou com ele e o comandante vem com este papo de homem vivo ou morto!

- É, Mário! O teste é uma dureza! O teste muda para cada novo soldado e será apenas entre você e o sargento. Alguns contam coisas escabrosas por aqui. Mas eu desconfio que seja brincadeira deles.

Mário olha preocupado para seu amigo e pergunta baixinho:

- O sargento não é gay não, é?

João sorri e levanta as sobrancelhas, quando responde:

- Se é, ninguém que ficou sozinho com ele quis declarar o fato!

Mário faz uma careta e fica preocupado com o que poderá acontecer amanhã! O dia termina com Mário sendo apresentado a cada um do grupo. Depois volta ao hotel onde se encontra morando temporariamente, já que fora transferido de Brasília recentemente. A porta do elevador abre-se no sétimo andar e ele percebe uma negra e bela mulher andando pelo mesmo corredor.

Mário sai do elevador e olha-a por trás, enquanto faz um "bico" e espreme os olhos, demonstrando que adorou o corpo da vizinha. A moça chega até a porta do quarto que escaneia as íris dos seus olhos. Acontece o mesmo com Mário, enquanto as portas de ambos os quartos se abrem para dentro das paredes. A vizinha olha com o canto de olho para o negro, que sorri levemente de volta.

Ambos entram e as portas se fecham rapidamente. O soldado toma um banho e resolve ir dormir mais cedo para encarar o grande teste de amanhã. O negro Mário sai sem camisa do banheiro, pega a arma que estava na pia, deita-se na cama de solteiro e a coloca sob o travesseiro. Ele estica seu braço esquerdo sob a cama e percebe que uma segunda arma repousa devidamente carregada por ali.

O soldado sorri para a confirmação do evento e deita-se confortavelmente de barriga para cima. Respira fundo e relaxa para conseguir dormir rapidamente. Poucos segundos depois, um farol de carro, que passa pela rua próxima, bate diretamente na janela e a luz reflete em seu rosto.

Mário faz careta e põe a mão no rosto, reclamando da forte luz. Ele fica totalmente paralisado nesse momento. O tempo parou no local! Ao lado, duas pernas, vestindo um uniforme negro, andam lentamente em sua direção. É o
androidis Mário do futuro. Ele observa a si mesmo congelado no tempo.

- Espero que este poder funcione corretamente. Eu nunca o usei antes! Bom! Se não der certo... eu serei o primeiro a desaparecer da face da Terra. Agora... meu amigo bonitão! Preciso deixar você invisível e em outra dimensão até que possa ser novamente liberado. Fique tranquilo quanto ao teste amanhã! Não lhe restará nenhum trauma e nem lembrança ruim daquele safado do sargento. Ele tomará um susto com o novo Mário!

Agora o soldado humano, que está deitado e congelado no tempo, desaparece do lugar. O androidis futurista encontra-se então sozinho no local e recorda os momentos agradáveis que teve no prédio. O
androidis retira a parte de cima de seu uniforme negro e fica sem camisa, enquanto aperta um botão perto da cama e fala com a recepção:

- Vocês poderiam me enviar mais alguns travesseiros...? Pelo menos 5...! Está bem...! 10 minutos...? Eu aguardo...!

-
Mário! (uma voz angelical fala com ele).

O soldado vai até o armário da cozinha, pega um saco de açúcar e responde à voz:

- Pois não, meu Anjo!

A voz continua falando, já que o corpo dela não está presente.

-
Não deveríamos vir até aqui somente no momento em que Deus tentasse te matar?

- Calma, anjinho! Está tudo sob controle! Eu só quero dar uma lição no sargento que me deixou todo machucado durante o teste!

- Mas isso poderá afetar o futuro! E com ele a destruição de todos os Mários
androidis.

- Não se preocupe! Eu sou um Deus agora e nada poderá dar errado!

-
Mas não é por causa de Deus, que tentou alterar o passado, que estamos aqui agora para detê-lo?

- Sim! Mas é disso que estou falando... Nem mesmo Deus pode alterar o futuro mexendo no passado. Portanto, estou livre para dar uma pequena lição no sargento!

-
Não sei, não! Acho que deveríamos manter o combinado, para garantir!

- Fique tranquila, meu anjo!

Mário dirige-se calmamente até a porta de entrada do quarto. Ele esconde o saco de açúcar nas costas, conta até três e aperta um botão na parede. A porta abre-se rapidamente. A negra e bela vizinha, usando um roupão, estava prestes a bater, quando foi surpreendida com a antecipação do soldado.

- Oh! Que susto! Que coincidência você abrir a porta antes de eu batê-la.

- É... isso acontece o tempo todo comigo! (comenta Mário). Posso ajudá-la em alguma coisa, senhorita?

- É...! Desculpe-me incomodá-lo...!

- Nem pense nisso! Os soldados existem para ajudar as pessoas nos momentos difíceis!

- Você é soldado?

- Sim!

- Do exército?

- Sim!

- Que legal! Eu já tive um namorado do exército e ele vivia cheio de cicatrizes...

- Ele não era do batalhão do sargento Pedro, era?

- Não...! Não me lembro do nome do superior dele..., mas acho que não era Pedro, não!

- Olha! Eu sou bom de adivinhação e desconfio que você está precisando adoçar a sua vida...

A moça olha ligeiramente assustada para ele, imaginando que o soldado estivesse se oferecendo para namorá-la. A Anjo, invisível dentro do quarto, cutuca o negro Mário, incomodada com a atitude inconveniente dele diante da humana. Mas Mário, com seu peculiar sorriso meio sacana, mostra a mão que escondia atrás de suas costas para a negra vizinha e o pacote de açúcar é apresentado à moça de roupão. Ela abre a boca e arregala os olhos, impressionada com a nova adivinhação do negro e simpático soldado.

- Nossa! Como você sabia que eu estava precisando de açúcar?

- Eu não sabia! Mas desconfiei!

- Puxa! Você é muito bom em adivinhação, não é mesmo?

- Pois é! Vou fazer a minha última adivinhação do dia: que tal, depois de amanhã à noite, tomarmos um café na padaria que fica no térreo deste hotel?

A Anjo dá um fraco soco nas costas do soldado divino que tenta disfarçar o que está acontecendo.

- Café...? Pode ser...! Mas por que não amanhã? (questiona a moça).

- É que amanhã à noite eu terei um compromisso de arrebentar! Um antigo amigo meu vem me visitar e temos muitas coisas para colocar em dia. Então, se você puder..., terá que ser depois de amanhã!

- Está bem, então! Mas se por acaso ele não vier... eu moro ali... no número 73! Obrigada pelo açúcar. Depois eu te devolvo.

- Basta tomar o café comigo e estará pago!

- Você acaba de tornar a minha vida mais doce, hoje...!

Mário olha espantado, achando que recebera uma cantada da bela moça, mas ela aponta para o saco de açúcar e sorri, enquanto vai embora para seu quarto.

Ele acompanha o rebolado da moça até a entrada do quarto. Ambos sorriem um para o outro. Mário olha para o outro lado e vê uma funcionária muito feia do hotel, bem próxima a ele e com diversos travesseiros nas mãos, olhando, sorrindo. Mário toma um susto com a visão de uma mulher tão sem atributos de beleza:

- Ai! Meu Deus!

- Trouxe seus travesseiros! Se precisar de mais alguma coisa estou à disposição... à noite toda!

O
androidis pega-os das carinhosas mãos da camareira, que ainda suspira diante dele.

- Obrigado! Tenho certeza de que não precisarei de mais nada hoje! (comenta o soldado, assustado com a possibilidade dos desdobramentos que poderiam ocorrer depois da declaração da estranha mulher).

A porta se fecha e Mário está com as sobrancelhas levantadas, em repúdio à visão que acabara de ter. Para um pouco para pensar e volta seu olhar para o interior do quarto, quando vê a espada cintilante flutuando no ar!

- O que é isso?

A voz da Anjo responde:

-
Eu estava pensando se mataria você, a humana, ou os dois!

- Tá de brincadeira!?!?! Só me faltava essa... uma anjo ciumenta! (neste momento Mário estala os dedos e a Anjo aparece dentro do quarto com a espada nas mãos).

- Por que se insinuou para aquela mulher? (pergunta ela).

- Eu não me insinuei... Quer dizer... Eu me insinuei porque agora estou representando o humano Mário! Foi ele que deveria ter se insinuado para ela! Você não sabe, mas aquela mulher será minha esposa no futuro! E nós nos separaremos depois de um ano! Não dará certo...

A Anjo guarda a espada, enquanto o soldado continua falando.

- Temos que manter as coisas como acontecerão... lembra-se? Engraçado...! Não me lembro dessa camareira que me entregou os travesseiros, quando eu era apenas humano...!

- Bom está na hora de dormir, mas como nenhum de nós precisa disso... Vamos ter que fazer alguma outra coisa para passar a noite.

Ainda meio chateada a Anjo comenta com ele:

- Aquela mulher está doidinha por você! Ela quer muito copular!

- Eu sei! Me lembro direitinho como ela gostou de nossa primeira noite.

A anjo olha feio para ele que se retrata:

- Não se preocupe, meu anjo! Meu olhar divino só enxerga você no universo!

O ser celestial sorri levemente e Mário a convida para sair.

- Eu gostaria de te apresentar a cidade em que nasci?

- Não podemos, Mário! Se eu for vista por aí mudaremos a história humana.

- Não falo em andarmos pelas ruas, ou irmos jantar em algum restaurante. Tenho uma ideia melhor.

Os dois aparecem sentados em uma pedra numa paisagem totalmente desértica e noturna. Os dois estão olhando na mesma direção, enquanto Mário aponta para alguns locais que ele conheceu no passado. Ele envia mensagens em forma de sinais de rádio para conversar com a Anjo, porque no vácuo do espaço não é possível conversar. O
androidis não pode enviar um messenger mental para ela, porque não há compatibilidade entre as interfaces mentais deles! Porém ela reconhece e envia sinais de rádio também.

-
Tá vendo aquele local brilhante ali?

-
Sim! (responde a Anjo).

-
Aquela é a cidade onde nasci: Brasília. Um lugar cheio de políticos muito inteligentes.

-
É mesmo? E o que eles faziam para aproveitar seus talentos?

- Roubavam e enganavam as pessoas que votavam neles...
(responde o gozador soldado).

A Anjo olha preocupada para ele, estranhando a informação...

-
E ninguém fazia nada contra isso?

-
Não! Na verdade votavam neles novamente na eleição seguinte!

- Como isso pode ser possível? Eles não sabiam que eram roubados e enganados?


-
Muitos sabiam... outros desconfiavam... os repórteres denunciavam... mas o poder judiciário os absolvia.

- E o imperador de seu país não mandava matá-los?

-
Na época em que os anjos acompanhavam a humanidade poderia até ser assim. Mas nós humanos do século XXI somos mais evoluídos... não agíamos com tal brutalidade...

- Então... qual é a pena que o seu imperador decretava a eles?


-
Nosso imperador era chamado de presidente que se alternava a cada quatro anos. Cada um agia de um jeito diferente! Uns diziam que não sabiam de nada... Outros negavam a existência de tais práticas... No final ficava tudo como estava...

- Ninguém era punido?

- Não... Somos muito evoluídos para punir corruptos...


A anjo olha para o soldado divino e começa a rir, porque está achando que tudo se tratava de uma grande brincadeira. Ambos começam a rir enquanto a imagem se afasta e podemos agora observar que eles estão sentados na Lua, observando de longe o planeta Terra. Mário ainda comenta com ela:

-
É verdade o que estou lhe contando...

- Ah! Para de gracinha, Mário...

- É verdade sim...


-
Não tente me enganar... Eu já estou começando a perceber quando você está fazendo graça...

- Estou fazendo graça..., mas não estou mentindo...!

- Para com isso...

Mário começa a dar uns beijos no pescoço dela, que gosta do resultado. Na Terra um garoto de sete anos está olhando um telescópio caseiro que acabara de montar. Seu pai chega na sala com dois copos de suco de laranja e conversa com o filho:

- E aí, filhão...! Conseguiu montar o telescópio, hein! Encontrou São Jorge na lua?

- Encontrei... mas a história que você me contou está toda errada...

O pai sorri para seu filho que não desgruda o olho do telescópio

- Onde foi que errei na história?

- Bom... primeiro São Jorge é negro e não branco... Ele tem uma espada brilhante numa das mãos e não uma lança... Ele usa um uniforme negro e não um metálico... Ele está montado em um cavalo azul e não branco... O cavalo é meio transparente, tem asas e cabeça de mulher... E eu não vi nenhuma serpente no local...

O pai dá uma gostosa gargalhada para a imaginação fértil de seu filho e pede para ver também:

- É mesmo, filhão...! Deixe-me dar uma olhada neste São Jorge moderninho...

O pai sorridente troca de lugar com seu filho e o sorriso é rapidamente trocado por um ar de espanto!

-
Oh! Meu Deus!

- Que foi pai? Não é São Jorge no cavalo azul?

- Oh! Meu Deus...! Isso não é possível...


O pai tira os olhos do telescópio, olha novamente para o céu para ter certeza que o equipamento apontava para a Lua e volta a olhar para o telescópio:

-
Oh! Meu Deus...

- Tem alguma coisa errada, pai?

- Tem, meu filho!

- O que foi, pai?


O pai tira os olhos do equipamento e retorna para seu filho. Com os olhos arregalados e de boca aberta por alguns segundos ele responde às indagações infantis:

-
Vamos ter que arrumar outro hobby para você... O universo acaba de ser proibido para menores de 18 anos...

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