CAPÍTULO XVI
Terra. Ano de 2065. No Egito um dos androides começa os procedimentos para instalar no interior do museu do Cairo um dispositivo de semidimensionalidade, para evitar o acesso dos humanos. O diretor do museu protesta contra o ato:
- Isto é um absurdo! Você não pode fazer isto!
- Sinto muito, senhor! (declara o androide ex-prisioneiro). Precisamos proteger todos os museus do mundo contra os vândalos que se alastram por todas as cidades do planeta.
- Você viu algum vândalo em nossa cidade?
- Não! Mas não podemos aguardar uma atitude selvagem para depois resolver o problema! Vamos agir agora! É apenas para a preservação das relíquias da humanidade!
- Nosso povo não é igual ao povo ocidental! Somos menos agressivos e mais responsáveis do que eles! E depois como as pessoas poderão visitar o museu?
- Não se preocupe com isso. Tudo ficará exatamente onde está! A semidimensionalidade torna tudo ligeiramente transparente e, portanto as pessoas continuarão a visitar normalmente o local.
- Não permitiremos que isto aconteça! O exército egípcio em alguns instantes estará aqui e o porá para fora! Isso se não resolverem matá-lo antes!
- Achei que vocês fossem menos agressivos do que os ocidentais! (declara ironicamente o androide, enquanto continua instalando o equipamento).
As portas do museu se abrem bruscamente e dois soldados entram armados no ambiente exigindo que o androide saia dali. O ex-presidiário nem liga para os soldados e continua posicionando e testando o módulo da altura de uma mesa de computador. Os soldados ameaçam atirar nele, mas são contidos pelo diretor do museu.
- Não! Não! Não! Dentro do museu não pode atirar!
Os soldados decidem então usar a força contra o androide invasor. Eles avançam e agarram pelos braços o enorme ex-presidiário, que para o que está fazendo e olha para os dois com ar de: "chamam isso de usar a força?". Eles usam todos os seus músculos e não conseguem nem sequer levantar os braços do androide, que faz uma careta de desaprovação e decide desaparecer dali junto com os dois que o agarram.
Os três reaparecem a cinquenta quilômetros de distância do museu, para espanto dos soldados que largam o androide, quando percebem a situação inusitada! Os dois olham ao redor para tentar entender onde estão neste momento e o que foi que aconteceu. O ex-presidiário desaparece e retorna ao trabalho anterior.
O androide termina seu trabalho, desaparece do interior do saguão e observa de fora o museu do Cairo, que acaba de ficar ligeiramente transparente, é possível ver através das paredes todo o interior do lugar, onde algumas pessoas circulam. O androide olha para o diretor do museu e dá dois tapinhas nas costas dele:
- Pode dispensar seus seguranças! Ninguém mais roubará nada daqui agora!
A seguir desaparece para ir ao encontro de outro museu.
Nos Estados Unidos o policial androide ex-gorducho dirige-se invisível e semidimensional para o interior de um prédio, na tentativa de localizar mais uma caveira de cristal. Ele percorre todos os cômodos até que, usando a visão de raio-X, encontra dentro de um compartimento de vidro o objeto escondido. O androide observa a câmera de vídeo apontada na direção de onde o objeto se encontra.
Antes de reaparecer fisicamente o ex-gorducho abre a palma de sua mão direita e a aponta para a câmera. Usando o poder de levitação a câmera é forçada a se erguer para cima, entortando o suporte de apoio dela e impedindo assim que ele seja visto. Ele olha ao redor e não vê ninguém na sala então desliga a invisibilidade e a semidimensionalidade e surge fisicamente no local.
Os guardas percebem que a câmera foi entortada para cima e correm para lá para pegar o culpado. O ex-gorducho utiliza sua força robótica e quebra a tampa grossa de vidro. Ele agarra a caveira de cristal em seu interior e desaparece imediatamente dali, exatamente poucos segundos antes dos dois guardas chegarem ao local. Impressionados observam a cúpula de vidro à prova de balas destruída:
- Veja isto! Como conseguiram destruir tão rapidamente este vidro inquebrável? (questiona o segurança 1).
- E como entraram aqui nesta sala fechada? (questiona o segurança 2).
Os dois se entreolham preocupados com a facilidade do roubo.
CAPÍTULO XVI
Não levarás
falsas testemunhas.