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DA COLEÇÃO

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PREFÁCIO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO XXIII
CAPÍTULO II
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO III
Desde que o androide foi apresentado à humanidade a polícia retirou todas as pessoas que circulavam livremente no local e cercaram a área novamente. Uma linha de segurança foi criada afastando todos mais de cem metros da construção do comandante astronauta. Próximas dali apenas as câmeras da polícia, exército e televisão. Os homo stellaris, auxiliados pelo Soldado Jorge, encontram-se agora finalizando a parte mecânica e eletrônica do androide.

O doutor trabalha nas conexões neurais do cérebro e já consegue na bancada gerar estímulos que movimentam um microbraço com poucos centímetros de comprimento, instalados em um pequeno robô de fabricação japonesa, que encontraram jogado entre os destroços da cidade alemã. Agora o cérebro clonado está pronto para ser testado no interior do androide. Para isso, eles desenvolveram um crânio de uma liga especial, extremamente resistente para proteger o seu conteúdo contra impactos, altas e baixas temperaturas e altas e baixas pressões.

Um fluxo contínuo de oxigênio foi introduzido no interior do corpo do androide para ser injetado diretamente dentro do crânio. O sistema capta o oxigênio disponível no ambiente externo e o envia filtrado e limpo para o cérebro. Um sistema de bombeamento de alimentação envia um fluxo contínuo de um produto parecido com sangue, mas que tem todos os nutrientes necessários para garantir que o cérebro permaneça vivo, mesmo sob as mais adversas condições.

O androide é girado constantemente e para todos os lados, enquanto trabalham. Flutua durante o giro, quando os
stellaris utilizam a caneta de levitação. Os trabalhos não param e o projeto está quase completo! No dia seguinte chega o momento! O homem de metal é ligado! Ele abre seus olhos, pisca um pouco e se assusta com a presença maciça ao seu redor de seres tão estranhos. O comandante astronauta androide questiona:

-
Quem são vocês? Onde estou?

- Olá, senhor comandante! Quais são as últimas coisas de que o senhor se lembra?

- Ah! Eu fui chamado para comandar uma missão contra diversos meteoros que estão a caminho da Terra.
Mas o que eu estou fazendo aqui? E quem são vocês?

- Isto poderá ser um choque para o senhor. O verdadeiro comandante morreu há menos de um mês nesta mesma missão espacial. O senhor é uma mistura de clonagem cerebral com corpo robótico. Portanto, o senhor é um androide!

-
Não é possível! Não me sinto um androide!

- Isto é porque o nosso trabalho foi bem feito!

-
Vou perguntar novamente: quem são vocês?

- Somos o próximo nível de evolução dos seres humanos. Nos autodenominamos
homo stellaris. Deus enviou para cá, no centro da Alemanha, os meteoros que uma equipe de astronautas combateu e o seu corpo original liderou-os nesta batalha. Todos falharam e um dos meteoros caiu na Terra. Somos o resultado deste impacto: uma mutação genética acelerada, causada pelo vírus que se encontrava no interior do meteoro! Construímos você para nos auxiliar no contato direto com os humanos, que não nos aceitam vivendo aqui com eles! Você será nosso intermediador! Uma espécie de embaixador!

Na internet e em todo o mundo as pessoas acompanham o bate-papo entre o androide e um dos pequeninos.

-
Ainda não acredito em você! Não acho que sou um androide (informa o cético comandante metálico).

Ele desce do pedestal de trabalho e começa a caminhar, mas uma de suas pernas falha ao andar. O astronauta quase cai! Não sente dor, mas percebe que está com dificuldades de se equilibrar sobre aquela perna. O pequenino doutor imediatamente encosta sua mão na coxa externa do androide e abre-se uma tampa na panturrilha. Ali mesmo ele reaperta alguns componentes e fecha novamente a tampa clicando no mesmo local da coxa robótica, para espanto do próprio comandante:

-
Oh! Meu Deus! Minhas pernas são mecânicas!

Percebendo que o androide ainda não se convenceu totalmente de sua nova condição, o doutor pressiona a barriga dele e uma pequena porta abre-se, expondo diversos circuitos elétricos e eletrônicos. Conforme o androide mexe os braços, ele ouve o som de motores elétricos, pistões pneumáticos e hidráulicos em seu interior.

O comandante, boquiaberto, estranha a situação inusitada de seu corpo. Leva as mãos até a porta aberta para o interior, analisa suavemente com os dedos todo o local, e pressiona a seguir a barriga, fechando a tal porta de acesso. Todos os sons, vindos do interior dele, foram abafados! O androide levanta a cabeça e fica impressionado com os últimos acontecimentos. Nota que diversas câmeras de TV estão gravando tudo, e neste momento, ele é o foco principal de todas as atenções.

No estúdio de TV os participantes do programa "Debate Extraterrestre" estão calados, acompanhando atentamente e com muito espanto o desenrolar do bate-papo do androide com o pequeno ser, que finalizou sua construção, chamado pelos outros de Doutor.

Agora chega ao local o soldado Jorge com sua enorme cabeça e olhos e interpela o androide:

- Como está se sentindo, comandante? (pergunta Jorge).

- Neste momento estou tentando processar tudo o que está acontecendo! E você? Quem é?

- Eu sou o soldado Jorge. Participei da missão que o senhor comandou no espaço contra os meteoros!

- Não fui eu quem participou da missão! Sou apenas uma máquina! Achei que todos tinham morrido nesta missão contra os meteoros!

- A maioria sobreviveu, mas o senhor morreu no final, num ato heroico ao pilotar sozinho duas naves, chocando-se contra dois meteoros que iriam cair no planeta. Foi por isso que o fizemos! Uma homenagem póstuma a um corajoso herói humano!

- Parece que este ato heroico não foi suficiente para deter a queda de um terceiro meteoro! (o comandante olha em volta enquanto comenta o assunto, observando a ação de centenas de homo stellaris no local). É impressão minha, ou estamos vivendo numa realidade alternativa? Parece que tudo lá fora está meio transparente?

- Na realidade somos nós que estamos todos num estado diferente. Vivemos atualmente numa dimensão paralela, muito próxima da dimensão dos humanos. Assim eles ainda podem nos ver e ouvir e nós podemos vê-los e ouvi-los. Porém nem nós podemos tocá-los e nem eles podem nos tocar! Fisicamente estamos transparentes para eles e vice-versa!

- Por quê? (questiona o comandante).

- Isto foi necessário para evitar a violência, que os humanos frequentemente utilizam, ao invés das palavras. (responde Jorge). Vivendo desta forma eles poderão perceber que não temos a intenção de confrontá-los, muito pelo contrário, estamos aqui agora, somos frutos deste planeta, e queremos viver em harmonia com todos os seres vivos.

- Certo! E o que farei agora?

- Queremos que você ande pelo local onde estamos vivendo, conheça um pouco o nosso estilo de vida e quem somos (comenta o doutor). Comunique-se com todos que quiser neste ambiente. As conversações ajudarão você a entender melhor como tudo será daqui para frente! Como os humanos estão todos sempre presentes com suas câmeras, poderão entender também quem realmente somos.

- Então esperam que eu os ajude na tarefa de se comunicar com a espécie humana?
E depois? O que terei que fazer para vocês? Carregar peso? Abaná-los quando estiverem com calor? Limpar a casa?

- Comandante! Depois que as nossas espécies passarem a viver em maior harmonia, o senhor terá toda a liberdade para conviver com os humanos. Na verdade, eles é que precisarão muito de seus préstimos! (responde o Doutor).

-
Por quê? (questiona desconfiado o astronauta).

- Depois da queda do meteoro, o mesmo vírus que gerou nossa mutação, causou a esterilização total da humanidade. O processo é irreversível e dentro de no máximo cem anos toda a humanidade estará extinta.

Chocado o comandante ainda argumenta:

- Mas mesmo que isto seja verdade, os seres humanos têm vivido mais de cento e cinquenta anos atualmente.

- Sabemos disso! Mas as condições futuras serão adversas à vida humana: quando todos estiverem velhos, portanto no momento em que mais necessitarão de apoio da tecnologia e da sociedade, não haverá filhos, netos, bisnetos, medicina, hospitais, remédios, alimentos saudáveis, água potável ou pessoas para ajudar! Como o senhor poderá viver, quase tanto quanto nós, stellaris, ainda estará aqui quando o mundo acabar! Acredito que quererá apoiar as pessoas, trabalhando para manter as condições mínimas de conforto delas em seus últimos dias.

-
Acha que poderei ajudar toda a humanidade, fazendo tudo isso sozinho? Nem um batalhão de androides poderia fazê-lo!

- Nosso projeto será multiplicar o que fizemos a você com outras boas pessoas deste planeta! Serão milhares no futuro. Não queremos correr o risco de que cérebros de pessoas violentas recriem entre os androides o espírito guerreiro de competição e combate desnecessários. Queremos que vocês vivam em paz conosco, com a natureza e entre vocês mesmos no futuro.

CAPÍTULO XXVI
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO V
CAPÍTULO XXVIII
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO XXIX
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO XXX
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO XXXI
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO XXXII
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XXXIII
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XXXIV
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XXXV
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XXXVI
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XXXVII
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XXXVIII
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XXXIX
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XL
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XLI
CAPÍTULO XX
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