CAPÍTULO XVIII
São seis horas da manhã no Vaticano e a cientista está acordando. Ela olha para a filha que dorme como um anjinho na cama ao seu lado. A mãe abre suavemente a porta do quarto e vê o soldado João de olhos vidrados observando cada uma das câmeras do local. Ele fala com ela:
- Dormiu bem?
Ela se assusta, porque não fez barulho ao abrir a porta e o soldado encontrava-se de costas. A mulher comenta falando baixinho para não acordar a menina:
- Como você sabia que eu estava aqui?
- Eu vi o reflexo da porta abrindo aqui na xícara (João aponta para a xícara de café que estava ao lado do monitor).
- Puxa! Não sabia que você era tão detalhista e observador!
Ainda de costas e olhando fixamente para o monitor à procura de algo suspeito ele responde à cientista:
- Este é o segredo para ser um bom profissional!
- Aconteceu algo novo enquanto eu dormia?
- Não! Está tudo tranquilo. O incidente de ontem eu seu turno forçou o isolamento do corpo de Jesus. Desta forma os atentados não puderam ocorrer. Como um homem tão bom consegue criar tantos inimigos num tempo tão curto? Eles têm diversas origens: neonazistas, outras religiões, a própria igreja católica! Querem atacá-lo até mesmo quando já morreu!
- A história está cheia de mentiras religiosas, aliada a incompreensão e intolerância humanas que juntas geraram por centenas de anos um ódio desmedido contra coisas e pessoas que não se encaixavam no que nós, os homens, desejamos. Jesus veio para colocar tudo em ordem! A maioria deseja esta ordem, desde que não mexam em seus dogmas, dinheiro e status adquirido.
- É! Quando Ele retornar dos mortos, teremos muito trabalho para mantê-lo vivo!
- É o que parece!
Na sala onde o corpo de Jesus repousa tranquilo, Zangado e o policial gorducho aguardam alertas o momento do caixão deixar o local, para ser levado até o centro da praça da Basílica. Quando Mário bate à porta o policial gorducho já aciona o sistema de semidimensionalidade. Agora o negro soldado grita para os dois lá dentro:
- Tem alguém acordado aí dentro? Tá na hora das "princesinhas" abrirem a porta!
Zangado, com a arma apontada para a porta pergunta:
- Quem está ai fora?
- Para com isso, Zangado! Você me conhece, sabe que sou eu, Mário!
Zangado, ainda com a arma nas mãos comenta baixinho com seu parceiro:
- Gordinho! Acione a transparên...
Ele para porque, ao olhar para trás, o policial já havia acionado o sistema de semidimensionalidade há muito tempo! Indignado com os atos medrosos do policial ele o encara nervoso e comenta:
- Você é bem covarde, não é mesmo?
- É por isso que ainda estou vivo! (responde imediatamente o policial).
Zangado abre a porta e se posiciona atrás dela com a arma em punho.
Mário, conhecendo bem seu perigoso e transtornado parceiro, põe para dentro da sala, primeiro uma vara com uma bandeira branca, para não ser agredido. Ele agita a bandeira, enquanto requisita:
- Eu tô entrando! Olha a bandeira da paz chegando na frente! Nada de atirar nos amigos de batalhão!
Zangado sai de trás da porta e arranca violentamente a bandeira das mãos do Mário, que ri muito da cara de seu amigo nervoso.
- Qualquer dia desses eu atiro em você, só para aliviar meu stress! (comenta nervoso o Zangado).
- Calma, Zangadinho! Só vim mais cedo para buscar o corpo do Senhor Jesus! Vamos levá-lo até a outra sala e recobri-lo com uma cúpula de vidro a prova de balas, antes de posicioná-lo bem no centro da praça lá fora!
- Tá legal! Vamos logo que eu tô apertado! Este ai (apontando para o policial gorducho) é tão covarde que me deu vontade de ir ao banheiro!
Mário olha para o policial gorducho ainda com a transparência acionada. Ele dá um tchauzinho para Mário que requisita:
- Já pode desligar o sistema, policial! Está tudo seguro! Há um batalhão de seguranças inteiro entre esta sala e a praça lá fora.
CAPÍTULO XVIII
Não oferecerás sobre
o altar o salário de
uma prostituta ou
o preço de um cão.