CAPÍTULO XV
A internet mostra sem parar as imagens da morte de Jesus e de suas últimas palavras ao Seu Pai; do tiro que o Papa sofrera; do Papa no hospital, já em cadeira de rodas, com o braço enfaixado e numa tipoia; dos três "nãos" que o Papa declarara à imprensa; imagens de um celular que mostravam o momento em que Mário era enforcado na calçada pelo agente do Vaticano e de repente os dois desaparecem.
Rapidamente o celular vira-se para a rua onde o agente acabara de cair novamente no chão e Mário desaparecia no exato instante do impacto do caminhão ao corpo do agente. O bispo principal dá declarações sobre o assassinato de Jesus, enquanto caminha nos corredores internos do Vaticano:
- Não! Não acredito que o assassino esteja ligado ao Vaticano! É mais provável que pertença a algum grupo radical infiltrado, querendo aparecer na mídia.
- Mas estão dizendo que o agente atropelado nas redondezas do Vaticano era funcionário da casa e pode ser o assassino de Jesus! O que o senhor acha disso?
- Mentiras! Fofocas! Alguém solta um boato e todos acreditam! Isto pode ter sido algum malentendido, eu não sei! Deixem a polícia tratar do caso primeiro!
- A polícia não está dando declarações sobre este assunto! O senhor acha que o Vaticano irá abafar o caso?
- Por que o Vaticano faria isto? Queremos saber a verdade tanto quanto qualquer ser humano de bom senso! Jesus é o nosso líder espiritual e agora que morreu continuará a ser! Sua curta passagem por aqui poderia ser um sinal de Deus! Um teste para saber se temos o direito de continuar vivendo neste planeta por mais dois mil anos!
- Dizem que Ele ressuscitará, como já aconteceu a dois mil anos atrás! O senhor também acredita nisso?
- Tudo é possível para seres divinos! Vamos esperar!
O bispo entra em uma sala, se despede das câmeras voadoras da imprensa que o cercavam, impedindo-as de entrarem com ele no local.
Horas depois a cientista e sua filha, o policial gorducho, Zangado, João e o ex-presidiário estão junto ao corpo de Jesus, em uma sala reservada da Basílica. Eles conversam sobre como irão proteger o corpo de seu mestre até o seu retorno:
- Precisamos nos revezar em turnos para suportarmos a espera (comenta o policial gorducho).
- É melhor nos dividirmos de dois em dois para nos protegermos também (adiciona o ex-presidiário).
- Mas eu acho melhor você não participar desta atividade (fala Zangado à cientista). Você tem que ficar com a sua filha, porque não sabemos o que poderá acontecer aqui nas próximas horas. Pode ser que tenhamos que lutar contra algum vândalo armado!
- Você tem razão! (concorda a cientista). Mas tem algo que eu posso fazer: monitorar as câmeras da Basílica para saber se algum estranho se aproxima deste local. João! Você tem experiência com estas câmeras internas?
- Sim! Já instalei e consertei diversos modelos para o exército.
- Você acha que poderíamos conectá-las remotamente a uma TV em meu quarto, aqui na Basílica, e de lá, via rádio, informarei tudo que está acontecendo a quem estiver aqui? (continua o raciocínio a cientista).
- Sim! Sem problemas! (conclui o soldado João). Mas alguém terá que substituí-la enquanto dorme. Vamos montar dois grupos de trabalho que se alternarão na vigília e no monitoramento. Eu vou para meu quarto criar um link para pegar o sinal das câmeras deste lugar. Isto dará trabalho, porque devem ser milhares!
O soldado João sai do local para resolver o assunto.
- A polícia do Vaticano estará do lado de fora desta sala e em toda a Basílica, o tempo todo! (comenta o ex-presidiário). Mas eu não confio que isto seja suficiente!
- É! Graças ao Mário, com a história de que somos todos reencarnação dos apóstolos de Jesus, temos passe livre para ficarmos aqui! (comenta o policial gorducho). Devemos essa a ele! E por falar nisso! Onde ele se meteu?
A porta do local se abre e surge o herói do dia: Mário.
- Por onde você andou? Estávamos preocupados! (comenta a cientista).
- Depois que eu peguei o Ítalo, a polícia me prendeu para interrogatório (responde o Mário, ainda incomodado pelas dores no pescoço).
- O que você tem no pescoço? (pergunta a cientista com a filha a seu lado).
- Ítalo tentou me enforcar enquanto lutávamos! (responde Mário olhando para o corpo de Jesus num caixão aberto e cheio de flores ao redor).
- O Senhor Jesus disse para você não se machucar enquanto ele estiver dormindo! (comenta a filha da cientista).
Mário sorri para ela e responde:
- Não se preocupe, pequenina! Antes do Senhor Jesus acordar eu já estarei bem!
- Que história é essa de você brigar com Ítalo? (questiona o Zangado).
- Ele assassinou Jesus! (responde Mário).
- Como você sabe disso? Ninguém encontrou o assassino ainda! (comenta o policial gorducho).
- O italiano fugiu quando eu estava ao lado dele e gritaram que eu era o assassino. Ítalo pensou que falavam dele e fugiu! Foi aí que o persegui! (comenta Mário).
- Por que disseram que você era o assassino? (questiona o ex-presidiário).
- Foi uma confusão que fizeram quando me viram na sacada, onde o policial deveria estar. Mas tudo foi esclarecido ao analisarem as gravações das câmeras internas dos corredores da Basílica. Eu estava por lá, quando o tiro foi disparado. Me liberaram logo depois disso.
- Não há como provar que Ítalo é o verdadeiro assassino de Jesus? (pergunta a cientista ao Mário).
- Não existem imagens que o incriminem! Ninguém o viu atirando! O policial, que foi alvejado por um dardo tranquilizante, declarou que virou para trás e enxergou um homem branco de terno azul, mas não se lembra do rosto, pois já estava desmaiando neste momento. Desta forma ninguém poderá dizer que Ítalo é o assassino! Ele seria apenas um suspeito, por usar uma roupa similar. A polícia está analisando todas as imagens do evento para ver se existia mais alguém de terno azul no local. Mas isto não resolverá o caso, e mesmo que seja apenas o Ítalo a usá-lo no dia, ele não será considerado o assassino, pois vestir azul não é crime!
- Então a igreja católica irá se livrar disso? (afirma a cientista).
- Com certeza arquivarão o caso por falta de provas! (decreta Mário).
- Estávamos aqui discutindo a melhor maneira de protegermos o corpo de Jesus (comenta o policial gorducho). Vamos nos dividir em grupos e turnos...
Enquanto o policial fala, Mário toca no caixão e aciona o cinto de semidimensionalidade. Ele e Jesus ficam transparentes.
- Pronto! (comenta o soldado negro). Agora ninguém poderá tocar no corpo, enquanto estiver desta forma.
A menina passa sorrindo através do corpo do Mário e do caixão como se fossem holografias. Todos se entreolham e sorriem para a solução criativa do soldado.
CAPÍTULO XV
Não tornarás uma
oferta imunda.