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DA COLEÇÃO

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PREFÁCIO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO II
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO III
De volta à Terra. Jesus vem se reunindo com os líderes mundiais de diversos países por todo o dia. Ele aproveita que do outro lado do mundo ainda é dia, quando deste lado é noite! E assim conversa sem parar com o máximo possível de homens poderosos deste planeta. Na França recebe um apoio discreto. Na Rússia um sonoro não! Eles não acreditam em Jesus e não acham que precisam ajudar pessoas pobres.

Na Itália o primeiro-ministro dá apoio total, já que o Vaticano reconheceu em público tratar-se Ele realmente de ser o Filho de Deus. O chefe italiano abraça o Senhor, pede a bênção, sorri para as câmeras da imprensa; gestos típicos, espalhafatosos e entusiasmados dos italianos! A internet acompanha ao vivo com as câmeras próximas a todas as residências oficiais do planeta, onde se encontram os presidentes dos países.

A imprensa quer saber antecipadamente quais são os países que ajudarão Jesus na cruzada de salvação da humanidade. A todo instante um mapa é mostrado na NET, atualizado com as entrevistas realizadas, simulando projeções financeiras e estimando as possíveis dificuldades de aplicação do dinheiro junto aos pobres. Governos se colocam à disposição para receber as doações e se comprometem em distribuir os valores para os necessitados.

A cruz vermelha também está à disposição para colaborar. Jesus virou ponto de referência para tudo na humanidade! Não há um político sequer que não fale Dele! Bem ou mal, mas falam do Senhor. O Irã, por exemplo, declara que Jesus é jogada de marketing da CIA para desestabilizar o sistema político deles na região árabe. Alegam que o fim do mundo não acontecerá, que as mulheres em seu país estão tendo filhos normalmente, algo que seus cidadãos não confirmam.

Jesus é o representante internacional mais difícil de ser protegido e também de ser detido, já que ele não pede licença para entrar nas residências oficiais e tampouco marca hora! Usando seu sistema de semidimensionalidade Ele atravessa as paredes e portas até chegar à pessoa que deseja. Para o Senhor, o momento é urgente e o fim do mundo é patente. Os monges tibetanos afirmam que Jesus é a reencarnação de Deus.

Ele voltou para acompanhar pessoalmente como será o fim da humanidade. Diante de tão diversas opiniões a respeito de um só homem: "Jesus" e de um único fato: "o fim dos tempos", fica difícil acreditar que Cristo, mesmo sendo divino, poderoso e empático, possa unir a todos em torno da fraternidade e unidade da espécie! Parece claro que o final será trágico para os que sobreviverem!

No dia seguinte, às seis horas da manhã no Vaticano, o Senhor reaparece, agora dentro da Basílica, evitando assim a multidão lá fora, que o aguarda ansiosamente na praça, para ouvir as palavras oficiais, daquele que toda a humanidade sempre acreditou que um dia voltaria!

Lá fora as pessoas começam a chegar, procurando ficar nos melhores locais, pois o momento é histórico e inesquecível. Todos aguardam ansiosos por palavras de esperança, e fé em que Ele os ajudará, um a um em suas últimas caminhadas. Uma tarefa um tanto difícil para o único mestiço de plantão. No hospital público divino a fila será grande à espera por atendimento personalizado! Todos aguardarão mais por um milagre de Deus, do que pela real ajuda de Jesus!

Cristo procura por seu fiel grupo e enquanto caminha pelos corredores vaticanos é ovacionado pelos funcionários da limpeza que estão varrendo o chão, limpando as esculturas, mesas e cadeiras do local. Uma das faxineiras de aproximadamente 45 anos de idade, meio gordinha, sul-americana, e portanto de pele mais morena do que os italianos do Vaticano, aborda o Senhor para beijar-lhe as mãos e a seguir ajoelha-se a seus pés na típica posição muçulmana de reza.

- Não há necessidade disso, minha filha! (declara o Jesus).

Ainda no chão ela levanta a cabeça para Cristo e comenta:

- Mas o Senhor é Jesus! Se não for pelo Senhor, não poderá ser por mais ninguém!

Ele segura em suas mãos e a ajuda a se levantar, enquanto ela continua falando sem parar, como é típico de pessoas muito humildes, principalmente quando encontram outras muito estimadas e queridas:

- Passei toda a minha vida orando ao Senhor em minhas preces! O Senhor me ouviu quando pedi que salvasse meu filho de uma doença incurável! Ele estava desenganado pelos médicos quando eu ainda morava na Colômbia. Prometi ao Senhor que se o curasse eu seria uma serva de Deus e de Jesus! Resolvi vir ao Vaticano e trabalhar diretamente para a igreja em retribuição à sua salvação! Assim eu poderia estar mais perto do céu e do Senhor. Agora estou aqui, diante de Cristo reencarnado, segurando as suas mãos e com as pernas "bambas" (ela põe as mãos trêmulas e geladas no próprio rosto, enquanto fala).

Jesus percebendo que ela não mais parará de falar a interrompe com um pedido:

- Minha filha, eu preciso de sua ajuda!

- Oh, Meu Deus! O próprio Jesus me pedindo ajuda! Como posso eu, um dos mais simples seres humanos deste planeta, poder fazer algo pelo Senhor? Não estou à altura de fazer algo tão grandioso, Senhor! Mas pode pedir o que quiser que eu darei um jeito de encontrar alguém que possa ajudá-lo! Não tenha dúvidas de que o que quer que o Senhor necessite alguém há de resolver. Mas o que poderia ser, Meu Deus? Existe algo que algum ser humano possa fazer pelo Senhor? O Senhor tem tudo! É perfeito! É divino...

- Minha filha! Eu preciso encontrar o grupo que me acompanhou quando chequei ao Vaticano. Você sabe onde eles estão?

- Ah Meu Deus! É só isso? Então é muito fácil! Os reencarnados devem estar tomando café da manhã agora no refeitório papal!

- Reencarnados? E você sabe onde fica este refeitório?

- Claro! Eu levo o Senhor até lá. É muito fácil!

Mais funcionários do local cumprimentam o homem do momento, enquanto caminham pelo corredor. A faxineira agarra em seu braço e continua falando de sua vida. Juntos se dirigem ao refeitório.

- Meu pai sempre dizia quando eu era pequena: "Minha filha! Seja boa com as pessoas e um dia Jesus será bom com você!". Eu fiquei muitos anos com isso em minha cabeça e pratico sempre o bem, até mesmo com as pessoas que me tratam mal, porque eu acho que dar a outra face é importante para mostrar para os outros que não é assim a vida! Ah! Tem também a minha irmã! Ela caiu na rua e quebrou a perna! Isso aconteceu há muitos anos, sabe? Ela fez uma promessa que, se não perdesse o emprego, por conta da perna quebrada, seria uma serva de Deus pelo resto da vida dela. Como não perdeu o emprego ela pediu as contas e viajou comigo para cá. Trabalhamos as duas aqui no Vaticano! O Senhor quer conhecê-la?

- Depois, minha filha! Agora preciso encontrar meu grupo "reencarnado" no refeitório e daqui há pouco eu falarei ao público que me aguarda lá fora!

- Ah! Mais ela vai gostar muito de conhecê-lo! Eu vou falar pra minha irmã que o Senhor estará no refeitório e ela irá até lá para pedir a sua bênção...

Eles continuam caminhando, enquanto a mulher fala sem parar. Se Jesus tiver que atender a cada um dos bilhões de humanos do mundo da mesma forma, os últimos a serem atendidos terão morrido de velhos! A não ser que Papai Noel e o coelhinho da Páscoa possam ajudar, já que eles têm muita experiência em atender a toda a humanidade no mesmo dia.

Mário, a cientista e sua filha, o policial gorducho, os soldados Zangado e João e o ex-presidiário estão no centro do refeitório papal, dividindo a mesma mesa. Eles conversam sobre tudo o que vem acontecendo recentemente no Vaticano. Ao redor, nas outras mesas, estão padres, coroinhas, assessores e convidados especiais para o evento de daqui há pouco. A língua local que reina é o italiano, mas os padres, principalmente aqui no Vaticano, costumam falar diversas outras línguas. O recinto está lotado e todos aguardam pelo convidado especial para o café da manhã, que ainda não chegou! Mário comenta com a cientista:

- Você foi muito corajosa em falar o que disse ao Papa!

- Eu fiquei revoltada com a situação! As pessoas não entendem o momento histórico! Jesus voltou! É o que todos desejavam! No momento em que Ele pede o que sempre pregou; a ajuda ao próximo, a compaixão, o respeito, o amor; os líderes negam! Se não for agora, não será nunca mais! A humanidade está terminando! E ninguém entende isso! Continuam mesquinhos, arrogantes, prepotentes e avarentos!

- O que é avarento, mamãe? (pergunta a menina).

- Avarento é quanto alguém tem muito e não quer dividir nada com ninguém! Geralmente nem gasta consigo mesmo (responde a mãe).

- O Papa é avarento, mamãe?

Mário olha para ela, pedindo que fale mais baixo sobre isto. A mãe, ligeiramente constrangida, responde baixinho à menina:

- Sim, minha filha! Mas não conte isso pra ninguém, está bem?

- Sim, mamãe!

Zangado pergunta ao João:

- Porque afinal o Papa não quis me dar à bênção? Será que ele sabe o que eu fiz no passado?

- Não, Zangado! Você não prestou a atenção na conversa dele com Jesus?

- Claro que não! Eu estava concentrado em receber a bênção do Papa! Cara! Quantas pessoas podem no mundo receber a bênção diretamente do Papa?

- Quantas eu não sei! Mas se você tivesse ouvido a conversa deles teria percebido que a sua bênção é o menor dos problemas mundiais neste momento!

O ex-presidiário demonstra a sua preocupação externando-a ao policial:

- Precisamos proteger melhor Jesus! Você viu o que quase aconteceu ontem! Não posso acreditar que existam pessoas que queiram matar o Senhor! Todos oram e pedem ajuda a Ele em suas preces, quando Jesus reaparece para a humanidade em corpo e alma, salvando milhares da morte, pregando pessoalmente suas palavras a quem quiser ouvi-las, aparece um doido que quer matá-lo.

- Não sei como podemos protegê-lo! Ele desaparece a todo o momento, reaparece em diversos locais do planeta, entra aonde quer, sem ser convidado! Estou com um mau pressentimento, meu amigo! Hoje, milhares de pessoas estarão muito próximas Dele! O que impede de outro maluco tentar assassiná-lo novamente?

- Temos que fazer alguma coisa! Não sei o quê! Mas temos que protegê-lo melhor! O Senhor disse que seríamos muito úteis no futuro! Acho que o futuro chegou e se precisar eu darei a minha vida para salvá-lo.

- Qualquer um de nós aqui faria o mesmo! Principalmente porque Ele poderá nos ressuscitar, depois!

O ex-presidiário levanta as sobrancelhas e retruca:

- Não farei isso porque poderei ser salvo! Farei por devoção! Mais do que ninguém, Cristo tem a minha vida em suas mãos! Poderá fazer com ela o que quiser!

Jesus entra no refeitório e todos no local batem palmas em sua homenagem! O Filho de Deus agradece sorrindo, ainda acompanhado da faxineira de um lado e agora da irmã dela do outro lado. Os três estão de braços dados. Mário levanta-se e lá do fundo acena ao Senhor, para que os acompanhe no café da manhã. Jesus pede licença às duas "matracas", para poder conversar com seu grupo. Caminha entre as mesas, enquanto as pessoas tocam nele, beijam suas mãos e agradecem a Deus por estarem presentes neste momento único: comer ao lado de Cristo!

- Puxa, Senhor! Onde andava? Sua missa será daqui há pouco! (comenta Mário enquanto olha em seu relógio).

- Não darei uma missa, meu filho! E também não tenho tempo para comer agora! Temos que conversar em particular, eu e você! (Jesus falando ao Mário).

- O Senhor precisa comer alguma coisa, já está ficando magrinho! (comenta a cientista, enquanto pega na mão direita do Filho de Deus).

- Entendo a sua preocupação, minha filha! Mas o tempo não permite que eu faça tudo o que precisa ser feito! Devo definir o que é mais importante a cada segundo e executar cada ato meu com precisão, porque não terei uma segunda chance!

- Oh! Meu Deus! (comenta a cientista ao Senhor com pena Dele).

- Todos esperam que o Senhor se alimente com eles. Estão aqui por isso! (comenta o Mário apontando com o queixo para a plateia ao redor).

Jesus olha ao redor e as pessoas do local pararam de comer e de falar! Um enorme silêncio tomou conta do ambiente antes muito barulhento. Todos olham sorrindo em sua direção, aguardando que Ele se sente e comece a comer. Sem opções o Senhor decide sentar-se. Mário puxa uma cadeira da mesa ao lado e a posiciona junto a si à esquerda. Jesus senta-se e todos no recinto batem palmas novamente. O Senhor agradece mais uma vez, enquanto as pessoas voltam-se para as suas refeições, mais felizes e conversando alto novamente. As faxineiras lá da porta acenam felizes para Ele, que sorri mais uma vez e devolve o aceno. O Filho de Deus requisita:

- Tenho que lhe passar o anel de Gauss e o cinto que o Spok me deu, mas não posso fazer isso em público. Não quero que ninguém veja isso!

- Por que quer me entregar estas coisas? (comenta Mário com Jesus). O Senhor precisará delas para se proteger lá fora, daqui há pouco! E se alguém tentar matá-lo?

- O que vou dizer a vocês é segredo, ainda! Não demonstrem surpresa e nem façam um escândalo com esta informação! (requisita falando baixinho, o Senhor). Preciso que alguém crie uma distração no ambiente para que todos olhem para o outro lado. Mas não pode ser você, Mário! Preciso que esteja ao meu lado agora!

O pessoal do grupo se entreolha. Um diz que é tímido, outro que não tem jeito para falar em público. Um terceiro comenta que detesta chamar a atenção. A cientista tem uma ideia e fala ao pé do ouvido de sua filha. A pequena sorri feliz e desce saltitante de sua cadeira. A mãe aponta para o outro lado do refeitório e a menina dirige-se correndo sozinha para lá. No local a pequena arrasta uma cadeira, sobe com certa dificuldade sobre ela e fala alto para todos:

- Agora eu quero falar algumas palavras ao Senhor Jesus!

Todos passam a olhar para pequena esperta, sorrindo, deixando Cristo e seu grupo liberado dos olhares momentaneamente. A menina começa a falar alto para todos ouvirem. Enquanto isto Jesus retira seu anel e entrega ao Mário. Ele o posiciona em sua mão direita no dedo anelar. O Senhor retira discretamente seu cinturão, que fica sempre escondido sob seu manto e o entrega ao Mário, por debaixo da mesa. O soldado discretamente retira o seu e coloca o de Jesus no lugar. Mário entrega o cinto que retirara para a cientista que o coloca discretamente dentro de sua bolsa.

- Quando Jesus foi lá em casa, ele nunca tinha ouvido falar de internet! (a menina arregala seus olhos e demonstra com as mãos o que sente, externando um fato que para ela era um absurdo! A platéia sorri). Eu que ensinei para Ele como entrar lá! Então, hoje... Ele sabe mais do que eu. Ele entra em sites que nem crianças podem entrar!

A platéia dá gargalhadas, enquanto a cientista, Mário e os outros olham assustados para Jesus, que comenta:

- O que foi? Estou estudando a humanidade! Preciso saber tudo o que vocês andam fazendo por aí!

- Então, né! O Senhor Jesus é muito inteligente, ele fala coisas muito bonitas! Quando eu crescer quero ser igual a Ele! É só isso que eu queria falar! (complementa a bela menina, que se apressa em descer da cadeira e corre para sua mãe sob as palmas, sorrisos e gargalhadas dos presentes).

- Parabéns, minha filha! Você falou direitinho! (comenta a mãe).

- Obrigado pelas palavras, minha filha! (agradece Jesus à criança). Daqui há pouco, Eu estarei lá fora, para falar a todos. Porém alguém irá atirar em mim e eu morrerei!

- Oh! Meu Deus! (exclama a cientista).

- Não se preocupem! Eu ressuscitarei em dois dias. Isto será necessário e importante que aconteça, para que Eu possa descobrir o que irá acontecer num futuro próximo. Algo de muito terrível assolará a humanidade muito em breve e somente com a minha morte conseguirei descobrir o futuro. Preciso impedir que muitas pessoas morram! Mário use o anel para se transportar de um lugar para outro. Como você é humano não poderá ir para muito longe, apenas conseguirá se deslocar dez ou vinte metros à frente. Visualize bem o local onde deseja aparecer e tenha fé que você conseguirá aparecer ali! Não há necessidade de tocar no anel. Para isso, basta pensar firmemente no que deseja fazer!

- Entendi! (responde Mário).

- O cinturão precisa ser tocado bem no centro da fivela. Aperte suavemente e segure. Depois disso você será semidimensionado e ficará ligeiramente transparente. Isto será importante quando atirarem contra você!

- Por que está me dizendo tudo isso, Senhor? Como sabe que precisarei destes recursos?

- Você capturará Meu assassino, que estará aqui na Basílica! Use estes recursos com inteligência e esperteza para não ser ferido ou morto, pois pelos próximos dois dias eu não estarei aqui para ajudá-lo.

- Se o Senhor sabe quem será o assassino, vamos pegá-lo antes de atirar! (comenta o ex-presidiário).

- Não! Eu preciso ser morto para ver o futuro! Impedir meu assassinato destruirá a informação de que necessito. Além do mais, depois de minha morte alguém poderá roubar estes equipamentos de meu corpo. Desconfio que muitos quererão suvenires de lembrança de minha segunda passagem na Terra. De vocês (olhando para os outros componentes do grupo) eu preciso que protejam meu corpo de vândalos. Revezem-se na vigília. Isto será muito difícil! Não se deixem pegar desprevenidos. Utilizem seus conhecimentos e recursos para sobreviverem e me proteger. Morto não poderei reagir contra estes ataques. Se meu corpo for destruído, não retornarei jamais à vida! E a humanidade ficará sozinha novamente. Mário, daqui a dois dias Eu retornarei! Você tem que estar lá para me devolver estes equipamentos (apontando para o anel e o cinto). Precisarei deles para buscar a ajuda do Spok e também dos poderes de meus irmãos. Receio que nem todos juntos poderemos deter a ameaça que se aproxima. Precisaremos de um milagre!

- O que Senhor sabe sobre este futuro? (pergunta o policial).

- As imagens são muito confusas, mas vejo um poderoso Deus de branco na Terra. Vejo morte, homens muito fortes lutando contra Ele, mas nada o deterá. No final, pressinto que terei que Eu mesmo encará-lo, mas desconfio de que não suportarei o confronto final!

O Papa e seu bispo principal entram no refeitório para acompanhar Jesus até a sacada papal. Os presentes batem palmas para a entrada de Sua Santidade, que agradece.

- Agora não posso falar mais, estou atrasado (comenta Jesus enquanto olha para a dupla religiosa que entrara no salão).

Jesus se levanta e o Papa e seu bispo cumprimentam o mestiço mais popular do mundo na atualidade e o conduzem para fora do refeitório sob o aplauso de todos que se apressam em finalizar suas refeições para se dirigirem aos camarotes oficiais. No corredor o Papa apresenta um discurso pré-escrito ao Senhor.

- Meu Senhor! (comenta humildemente o Papa). Escrevi algumas palavras importantes para serem lidas ao público. São palavras de fé, esperança no futuro e apoio da igreja católica a diversas ações sociais em todo o mundo.

Jesus lê rapidamente com os olhos o curto texto de apenas uma página e questiona:

- Onde está o texto que destina a fortuna católica aos pobres?

- Infelizmente, meu Senhor, esta possibilidade não poderá acontecer! (argumenta o bispo). Seria muito ruim para a manutenção da fé de nossos súditos! Eles não teriam mais a igreja para orarem!

- Mas Eu estarei presente e isto aqui é muito pouco para ser dito! (reclama o Senhor). A humanidade espera algo maior do que apoio e fé. Disso todos já compartilham há mais de dois mil anos!

- Acho que devemos então adiar a sua aparição! (requisita o Papa). O momento não é oportuno! Precisamos redigir a melhor maneira de proferir seu discurso ao mundo! Devemos evitar que palavras impensadas criem tumultos desnecessários! Isto poderia gerar violência e morte pelos quatro cantos do mundo.

- Eu poderia ressuscitar os mortos e esclarecer melhor suas dúvidas, apaziguar seus corações e almas! Além do mais, meus discursos nunca foram redigidos antes de serem pronunciados! Não se preocupe com este hoje, meu filho! Ele não será ouvido por ninguém! Morrerei pouco antes de proferi-lo!

O Papa, perplexo com a declaração do Senhor, olha rapidamente para o bispo, e questiona Jesus, angustiado:

- Mas como? O Senhor tem certeza disto?

- Sim! E sei também quem é o assassino! (Jesus olha para o bispo, que permanece sem nenhuma emoção aparente diante de informação tão preocupante).

O Papa olha assustado novamente para o bispo, desconfiando que ele tramara a morte do Senhor.

- Mas não se preocupem, o assassino será desmascarado ainda hoje, e desta vez, não serei Eu o crucificado! (ameaça Jesus).

- Então vamos adiar o seu discurso, Senhor! (declara o bispo solidário a Ele). Não seria bom para a história humana uma segunda mancha de sangue contra o seu salvador, e justo aqui: na casa de Deus!

- Infelizmente, meu filho! Esta mancha terá que acontecer! (declara Cristo). Só com a minha morte é que descobrirei o que acontecerá com a humanidade nos próximos dias! Minha morte tem que ocorrer hoje!

Perturbado e contrariado o Papa encaminha o Senhor para a santíssima sacada da Basílica. O bispo ampara seu chefe religioso, que ameaça abrir a cortina de sua sacada habitual, para se apresentar ao público, quando Jesus ainda diz ao velhinho:

- O senhor negará o assassino três vezes, quando for perguntado sobre ele! (falando ao Papa). E você me trairá! (falando ao bispo, que fica totalmente paralisado, ante afirmativa tão contundente do próprio Cristo. O Papa olha chocado pela terceira vez para o bispo). É incrível como a história se repete! Preciso escrever sobre isto em meu blog, quando retornar da morte! (comenta Jesus, para desespero total da dupla clerical).

O velhinho, agora pálido com a afirmativa do Senhor, aparece na primeira sacada. Por trás das cortinas, o bispo faz sinal para dois assessores se aproximarem e apoiarem o Papa durante seu discurso. Transtornado o sucessor de Sua Santidade se afasta rapidamente do local, caminhando acelerado pelos corredores da Basílica. Ele força a passagem entre os diversos padres e assessores, que se acumulam para acompanhar as palavras do Senhor.

Todos estão muito sorridentes e felizes com o momento histórico, alienados aos fatos reais e terrivelmente perigosos para a humanidade e para a sobrevivência da própria igreja. O público ovaciona a aparição do Papa. Acenam todos felizes com as mãos! Sem opções, o representante maior da igreja acena de volta, tentando um sorriso, que não consegue expressar! Uma repórter da internet comenta a estranha atitude do clérigo que aparece em close, oferecido pela câmera aérea:

- A previsão do tempo informa que uma forte chuva poderá cair daqui há pouco aqui no Vaticano. O céu está escuro! Parece que Deus não deseja que Seu Filho seja ouvido hoje! O Papa apareceu na sacada, mas nem mesmo Sua Santidade consegue esconder a enorme emoção do momento! Ele parece visivelmente abatido com a presença de Jesus no Vaticano. O que teriam eles conversado nos bastidores? Que segredos poderia haver entre o líder da igreja e o Senhor de Nazaré? Esta será mais uma das muitas informações, que nem mesmo nossas câmeras mais indiscretas conseguirão descobrir. Vamos continuar tentando, fiquem conosco! Nossas câmeras ocultas poderão apresentar informações bombásticas a qualquer momento!

Jesus se encaminha para a segunda sacada, ao lado da do Papa e o público delira! Gritos de "Senhor", "Cristo", "Jesus", são ouvidos a todo instante da plateia extasiada. Jesus acena calmamente com discreto sorriso para todos. Mário e todo grupo estão nas sacadas frontais, assistindo de camarote a apresentação do Senhor à humanidade. Na praça abaixo, algumas pessoas desmaiam ante a presença mais importante do dia!

Controlados por cabos de aço, recipientes em forma de casulos descem do céu a todo o momento, em meio à multidão, para recolher rapidamente as pessoas que passaram mal. Em seu interior está uma maca e dois paramédicos, que prestam os primeiros socorros enquanto o casulo é novamente içado. Jesus olha para cima para ver de onde vêm os estranhos objetos de fibra-de-vidro todos brancos e com uma cruz vermelha nas laterais. O Senhor percebe a presença de enormes guindastes que se movimentam como num balé de gigantes, carregando sem parar as pessoas para fora da praça.

Ao chegar perto do solo os casulos acendem luzes sob eles e também emitem um som característico para baixo, alertando as pessoas para se afastarem, evitando assim novos incidentes. É quando dois médicos descem e colocam o desfalecido sobre uma maca no interior do invólucro. Do lado de fora da Basílica os desmaiados são atendidos por ambulâncias de plantão. No caldeirão humano em que se tornou a praça estão as câmeras voadoras de TV, da polícia e também as câmeras médicas que procuram por problemas de saúde no local.

Estas acionam os guindastes, quando necessário! As reportagens se multiplicam na internet. Entrevistas com personalidades, com médicos de plantão, com as pessoas que desmaiaram, com religiosos em todo o mundo, com teólogos, enfim, todo tipo de matéria está sendo realizada e disponibilizada em real time na rede, antes das palavras de Jesus. Não há uma pessoa no mundo sequer, que não deseje ouvir o Senhor, concordando ou não com Ele! Acreditando ou não em sua existência!

Tendo ou não religião! O momento é único e derradeiro! Nada parecido na história se assemelhou em vulto e mobilização humana! John Lenon disse no passado que os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo! Agora, o Senhor poderia facilmente dar-lhes o troco! Este evento é tão importante que a internet continua acompanhando o que os homo stellaris estão fazendo, mas a audiência em torno deles di-minuiu vertiginosamente, apesar de terem agora um mini-hospital totalmente equipado e personalizado para atender seus irmãos.

O Papa continua pedindo silêncio para poder anunciar o maior acontecimento de todos os tempos! Um policial que acompanha o movimento na praça está posicionado numa das sacadas próximas. Observa tudo mais de perto através de sua câmera aérea cinquenta e oito. O Papa insiste em pedir silêncio, mas a plateia continua delirando com a presença do Senhor na sacada ao lado. Um forte estrondo chama a atenção de todos para um dos cantos da praça.

O som parece ser de uma salva de tiros! A maioria das pessoas, policiais, para-médicos, câmeras de TV e clérigos, olham preocupados para o local de onde viera o som. O Papa olha para o Senhor, acreditando que já teria sido ele alvejado. Mas não! A seguir, fogos de artifício explodem nos céus, em comemoração ao evento. A maioria suspira aliviada e começam novamente uma enorme gritaria homenageando ao Senhor. Um dos policiais comenta via rádio com a central:

- Não fomos informados que haveria fogos hoje aqui! Vocês estão sabendo de alguma coisa?

- Não! Checaremos com o Vaticano para descobrir, aguarde!

O policial cinquenta e oito é alvejado pelas costas com um dardo tranquilizante, diretamente em seu pescoço, enquanto os fogos são lançados ao céu. Aparentemente a intenção dos fogos era desviar a atenção do que acontece neste momento ao policial! O tiro foi certeiro, porque o uniforme é todo protegido contra as "máquinas de matar" (como diria provavelmente o Senhor!).

O dardo penetrou entre seu capacete e a gola do colete à prova de balas, um espaço minúsculo que somente um exímio atirador conseguiria. O militar arranca rapidamente o dardo, olha para o objeto, estranhando o acontecido e amolece, virando os olhos para cima enquanto derruba o dardo no chão. O dardo cai num canto interno da sacada e fica discretamente escondido entre o piso e a mureta. Antes do policial cair, um forte homem de terno azul, vindo por trás e devidamente ocultado pela cortina no local, o ampara.

Se o militar caísse é provável que alguém percebesse o estranho fato, mas um homem percebeu algo estranho com o policial: Mário, que olhava para ele quando foi alvejado. O soldado franze a testa, notando a movimentação alterada do militar no local, que estava numa sacada ao lado e um andar acima. O sinistro homem de azul, cujo rosto não podemos ver, mantém a cabeça do desfalecido profissional em pé, como se ele ainda observasse a praça.

O corpo permanece amparado, mas agora o policial parece andar de costas, bem lentamente, sumindo da visão de câmeras e público. Mário notou que o militar se afastou, mas também percebeu que o fez de forma estranha. O soldado decide investigar o fato, resolvendo percorrer a longa distância de onde se encontra até onde o policial estava. A plateia ainda grita e delira com a festa única.

Jesus agora começa a sentir algo! Mais imagens vêm à sua cabeça! Imagens de um Deus enorme que vem à Terra e anda em direção ao local onde os
homo stellaris trabalham incessantemente. Cristo vê muitas mortes de humanos em seu caminho. As imagens parecem um pouco confusas. Flashes de homens poderosos combatem o Deus assassino! Ele se vê diante de tal Deus e pressente sua morte final, nas mãos do destino. Neste momento o Papa consegue o silêncio necessário para começar seu discurso:

- Meus filhos! (ele olha calmo para a multidão). Hoje é um dia para não ser esquecido e por isso ficarei junto ao Senhor, para poder sair também nas fotos!

A plateia dá gargalhadas, pois o Papa percebeu que as fotos são todas hoje para o Filho de Deus. Sua Santidade aparece junto a Jesus, no estreito espaço da sacada, destinado a apenas um. O Senhor lhe pergunta, voltando agora de seu transe celestial:

- O que está fazendo, meu filho!

- Evitando que seja morto, Senhor! (fala baixinho o Papa ao pé do ouvido divino).

- Aqui é muito perigoso, retorne ao seu lugar! (requisita Jesus ao clérigo maior).

- Sorria! É o que esperam do Senhor, neste momento! (pede o Papa ao Cristo).

Ambos sorriem e acenam ao público que grita ainda mais alto. Mário chega até o local onde o policial estava, aparece na sacada e procura por vestígios de algo que o ajude a elucidar o problema. Olha para o piso do local, abaixa-se e encontra o pequeno dardo tranquilizante que o policial derrubara ao chão ao desmaiar. Ele levanta-se com o objeto na mão e olha ao redor.

A esperta filha da cientista percebe a presença do soldado ligeiramente escondido na sacada e acena para ele. Mário retorna o aceno discretamente e sai rapidamente do local. Um segurança lá de baixo percebe o negro soldado, que acenava para alguém na praça. Ele vê o homem se afastando de lá da sacada e aciona a Central:

- Atenção! Há um suspeito no lugar onde um de nossos policiais deveria estar. Envie seguranças até o segundo andar imediatamente!

Escondido ali perto, em algum cômodo da gigantesca Basílica Vaticana, o homem de azul está agora usando o capacete do policial, que permanece desmaiado ao seu lado! Do visor ele focaliza a sacada onde se encontram o Papa e Jesus, apertados no local. O sinistro homem reclama da situação desfavorável:

- Catso!

Como ele usa o capacete ainda não podemos saber quem é este homem de terno azul. Clicando no visor o suspeito requisita que a câmera policial dê um zoom na cabeça de Jesus, que entra novamente em um transe de imagens do futuro. O Papa empurra ligeiramente Jesus para trás, atrapalhando a mira da câmera. Pelo visor o usuário requisita agora que a câmera voadora da polícia se desloque suavemente para a direita, melhorando a visualização do Senhor.

Mário percorre os corredores da Basílica e testa todas as portas do local para saber se existe alguém escondido lá dentro. Todas elas estão fechadas, menos uma que se abriu. O soldado entra com cuidado no local e vê um enorme salão sem ninguém lá dentro. Fecha silenciosamente a porta e adentra o enorme local sem fazer barulho. Do lado de fora seguranças passam em ritmo acelerado, à frente da mesma porta por onde Mário entrou. Eles estão à procura do suspeito da sacada.

O homem de terno azul seleciona agora no menu de seu visor a opção matar, clicando com o indicador da mão direita. Imediatamente o visor fica vermelho. Lá fora a câmera policial cinquenta e oito acende uma luz vermelha, indicando que está pronta para matar alguém. A central de segurança do Vaticano percebe a alteração na câmera e requisita que o policial cinquenta e oito desligue o sistema, para não ferir ninguém na praça. Mário investiga todo o salão e não encontra nada.

Lá fora os seguranças chegaram até a sacada e também não encontraram o suspeito. Eles informam à central que o policial não se encontra lá. A central então tenta desabilitar a câmera cinquenta e oito, porque não sabe quem a está controlando. Mário sai do salão onde entrou e continua percorrendo o corredor em busca do policial desaparecido. A câmera cinquenta e oito aciona seu laser e todos na praça percebem que o ponto vermelho aponta para o coração do Senhor.

A plateia grita para ele se abaixar, mas o Senhor, em transe, nada ouve. O Papa percebe que o tiro virá e procura se posicionar a frente do Senhor para salvá-lo da morte. O homem de azul clica em atirar e uma bala calibre doze viaja em direção certeira, diretamente da câmera cinquenta e oito, acima da cabeça da multidão, na direção daquele que apenas deseja o bem da humanidade! O Papa consegue entrar um pouco na frente do Senhor e a bala atravessa seu ombro esquerdo, atingindo logo a seguir o coração de Cristo, que comenta neste momento:

- Oh! Meu Deus! Eu já sei o que acontecerá!

A bala o derruba de costas para o interior da Basílica. O Papa cai sobre Ele. A plateia grita apavorada. Muitos estão com as mãos na cabeça desesperados, outros de olhos arregalados com as mãos que cobrem as bocas abertas. Todos estão chocados com a cena, repetida dois mil anos depois. As câmeras policiais voam na direção do tiro.

As câmeras de TV se espalham para mostrar as reações dos católicos, autoridades, e a dos "reencarnados". Uma delas entra pela sacada onde o Papa e Jesus foram alvejados pelo tiro. A câmera focaliza a cena histórica e as imagens são mostradas diretamente nos telões da praça, para que todo o público pudesse acompanhar o desfecho final desta história. A imagem ainda mostra as últimas palavras do Senhor:

- Meu Pai! Perdoe-os! Eles não sabem o que estão fazendo!

Mais duas câmeras de TV entram pela sacada e a pergunta de cada uma delas é clara, diante da nítida intenção do Papa em proteger o Senhor, segundos antes do tiro. Vocês se lembram que as perguntas são feitas pelos assinantes da internet que vivem questionando diversas coisas para cada entrevistado? Quando muitas questões são similares, a câmera as reproduz aos entrevistados. A primeira câmera pergunta ao Papa:

- O Senhor sabia que Jesus seria alvejado? Conhece o assassino?

- Não! (responde categórico o Papa, enquanto olha para Jesus, que vai fechando lentamente seus olhos).

A segunda câmera questiona o Papa:

- Quem assassinou Cristo? O Senhor conhece o assassino de Jesus?

-
NÃO! (grita alto o Papa, já com lágrimas nos olhos e ainda olhando para o Senhor que não mais respira).

A terceira câmera pergunta:

- O assassino pode ser alguém do Vaticano?

O Papa para de olhar para o Senhor morto, encara a terceira câmera e lembra do que Ele, Jesus, lhe dissera, minutos antes, sobre as três negativas que declararia. Sem opções, a única resposta possível é um lamentável e sussurrante:

- Não!

Na outra dimensão, o Pai de Jesus, sentado sob outra árvore frutífera e de cabeça baixa, a levanta agora, pressentindo a morte do Filho. Ergue-se rapidamente do chão com os punhos cerrados para baixo, e uma aparência de poucos amigos, enquanto no céu da Basílica um trovão invade o local, silenciando a plateia presente, diante da remota possibilidade de Deus fulminar a todos com seus raios.

O homem de terno azul agora retira seu capacete e o recoloca no policial que está deitado no chão. Ele dá dois leves tapinhas no rosto do militar e comenta:

- Bona sorte!

Mário ouviu o tiro e pergunta o que está acontecendo a um dos padres no local, que aparenta certo pânico com o acontecimento:

-
Mataram Jesus! Mataram o nosso Jesus! Acertaram o Papa também!

O homem de azul abre a porta e olha para os dois lados do corredor. Podemos agora reconhecê-lo: é Ítalo, o agente do Vaticano! Neste mesmo momento Mário correndo pelo corredor percebe Ítalo saindo da sala e desconfia que ele está por trás de algo. O italiano também vê o soldado se aproximando determinado. Calmamente acompanha a aproximação de Mário que o indaga ainda à distância:

- Atiraram em Jesus! Mas o tiro não o acertou!

Ítalo estranha a informação e pergunta:

- Ele está bien?

Mário chega finalmente perto dele e o encara. Olha para a porta fechada e pergunta:

- O que tem aqui dentro?

Ítalo olha para a porta, de onde saíra, faz um gesto de ombros como se fosse algo normal e diz:

- És apenas uno banheiro privativo!

- Então você não vai se incomodar se eu usá-lo. É que estou multo apertado! Capiche?

- Este banheiro és apenas para los funcionários da Basílica!

Mário faz um ultimato psicológico, para testar o agente:

- Ouvi dizer que ele serve também aos assassinos de pessoas divinas!

Ambos se entreolham por alguns segundos e atrás do Mário os seguranças vêm correndo e gritam um para o outro:

-
Olha lá! É o assassino de Jesus! Vamos pegá-lo!

Mário olha para trás para ver o que está acontecendo. Ítalo, acreditando que fora descoberto, corre rápido pelo corredor para fugir da situação. O soldado retorna o olhar para o agente do Vaticano e comenta:

- Eu sabia que tinha sido você!

A porta de onde Ítalo saíra se abre devagar e Mário também corre atrás do italiano assassino, gritando para os seguranças:

-
Pode deixar! Ele não irá escapar!

Os agentes gritam de volta para o negro soldado, sem entender o que ele quis dizer com isso:

-
Volta aqui, seu assassino! Vamos pegar você!

-
Calma! Ele não escapará! (retorna gritando o Mário aos seguranças, enquanto todos correm rápido atrás de Ítalo).

Um dos seguranças para a corrida porque vê o policial caído no chão desacordado dentro da sala de onde Ítalo saíra. Ele aciona os médicos para o local, enquanto seu parceiro continua correndo atrás do Mário. Em meio ao alvoroço que se tornou o assassinato de Jesus e o ferimento do Papa, há muita agitação nos corredores da Basílica, todos correm para lá e para cá e ninguém estranha a ação do verdadeiro fugitivo e seus caçadores. Ítalo desliza pelo corrimão de uma enorme escada caracol chegando ao andar do meio da Basílica.

Mário desce as escadas correndo, mas percebe que perderá muito tempo com isso. Enquanto desce concentra-se na parte debaixo da escada, onde ele surge repentinamente já correndo atrás do outro. O poder do anel funcionou para ele! O soldado continua sua maratona atrás de seu perseguidor. O segurança desce as escadas correndo e avisa via rádio a outros colegas para subirem para o primeiro andar onde se encontra o Mário.

Ítalo, conhecido da casa, encontra os dois seguranças e pede para prenderem o negro que o persegue. Mário chega até os dois, que já de longe apontam suas armas para ele. O soldado aciona seu cinto e fica semitransparente. Os dois atiram e as balas passam através de seu corpo, atingindo as paredes ao fundo e impedindo assim que o outro segurança, que vem logo atrás, continue a perseguição, caso contrário, poderia ser atingido pelos disparos.

Mário, ainda correndo, chega bem perto dos dois, fecha ligeiramente os olhos, faz careta e passa através deles, que ainda tentam agarrá-lo, sem sucesso. A transparência evitou o contato físico! Ítalo entra em uma porta e a tranca por dentro. Mário, ainda em transparência, pois os seguranças atiram contra ele enquanto corre, está cada vez mais próximo do agente do Vaticano.

Ele abaixa a cabeça, acelera o passo e atravessa a porta em alta velocidade como um touro faria contra um toureiro! Vê o assassino saltando pela janela! O soldado desliga a transparência e quase agarra o terno azul de Ítalo, trombando com a mureta da janela. A parte de cima de seu corpo sai metade para fora do prédio quando tenta agarrá-lo, mas é tarde! O agente do Vaticano já caíra sobre um telhado próximo e escorrega sentado por ele, pulando a seguir ao chão da rua lá debaixo, já do lado de fora da Basílica.

O agente levanta-se, olha para cima e sorri para o soldado, acreditando que conseguira uma vantagem na fuga. Ele continua correndo. Mário visualiza o chão e aparece ali há poucos metros de agarrar o assassino. O soldado aciona novamente a transparência, porque percebe Ítalo sacando a arma da cintura. Enquanto corre o agente atira para trás contra a cabeça do soldado! A bala passa certeira pela testa de Mário, que grita para Ítalo:

-
Errou mais uma vez, assassino!

O agente do Vaticano agarra um bombeiro que passava correndo pela rua com seu traje individual que contém quatro rodas e anda pelas ruas como se fosse um veículo. Ítalo aponta a arma para a cabeça do profissional e exige que acelere mais rápido para sumirem de perto da Basílica. Ambos estão agora em alta velocidade, passando entre os carros da rua, como fazem os motoqueiros.

Mário não desiste e continua correndo a pé atrás deles ainda em transparência. Os carros buzinam e passam através de seu corpo sem bater nele. O soldado visualiza a rua mais a frente e reaparece mais próximo do bombeiro que continua dando a carona forçada ao agente. Mais uma vez Mário visualiza a rua mais à frente, e agora, aparece diante de Ítalo, que atira à queima roupa! A bala atravessa o corpo transparente do soldado.

O bombeiro, para não bater, tenta desviar de Mário, Ítalo se desequilibra e perde sua arma no meio da rua, enquanto se agarra com as duas mãos mais fortemente ao bombeiro. Mário aproveita a oportunidade desliga a semidimensionalidade e pula contra o bombeiro que passa ao seu lado. O negro segura no paletó do italiano e os três caem agarrados no meio da rua, escorregando pelo chão na contramão.

Um carro breca forte para não atropelá-los. Mário instintivamente solta Ítalo e aciona o cinturão, enquanto segura o bombeiro com a outra mão. Ele e o bombeiro ficam semidimensionalizados. Ítalo gira seu corpo no chão e desvia-se para não ser atropelado. O veículo para exatamente em cima de Mário e do bombeiro, ambos transparentes.

O soldado se levanta, ainda segurando o profissional do fogo! A negra cabeça aparece acima do teto do veículo. Todo seu corpo ficou escondido bem no meio do carro, agora parado, para espanto do Ítalo, que percebe que ele não morrera no acidente. O bombeiro está desacordado com a queda e continua deitado, imóvel no chão!

Mário visualiza a calçada próxima e os dois aparecem no local. Ítalo aproveita o momento para fugir, agora desarmado. Ele se esconde atrás de uma grande árvore próxima e saca uma faca de seu paletó. Mário olha ao redor, procurando o assassino de Jesus. Desliga a transparência e começa uma corrida, que se assemelha a um trote, olhando para todos os lados, tentando localizar o homem de azul.

Algumas pessoas que passavam por ali se assustam com o italiano empunhando uma faca ladinamente escondido atrás de uma árvore. Elas dão um grito e correm apavoradas para longe do homem. O agente faz careta, por perceber que sua tentativa de se esconder fora revelada a todos. Ítalo ainda torce para que Mário não tenha visto a cena, mas o esperto e fiel súdito de Jesus estava atento! Ele percebera o incidente e visualiza com firmeza agora o local do outro lado da árvore suspeita. Mário aparece ali e vê Ítalo de frente, olhando meio de lado, esperando que o soldado passasse por perto. O soldado dá um susto nele:

-
Buuu!

Ítalo dá um leve pulo, com o ocorrido, e desfere instintivamente um giro com a faca na altura do pescoço do soldado. Este afasta seu tronco para trás e evita a lâmina afiada. Ambos se preparam para lutar. Mário empunha seus fortes braços à frente, como faria um lutador de boxe para evitar a aproximação do perigoso agente, e comenta ofegante:

-
Você não escapará de mim! Jesus disse que eu o pegaria hoje!

-
Entón vamos ver se uste consegue, negrinho!

Ambos se encaram, o agente desfere alguns golpes rápidos de faca e Mário se esquiva de todos eles. Num golpe mais avançado o agente ataca mais fortemente o corpo do soldado. Mário desvia da faca e agarra o braço do agente, girando o corpo dele no ar, jogando-o ao chão, mas sem soltar de seu braço. O agente deixa a faca cair, agarra o pescoço do soldado, que já estava sobre ele, e com os pés derruba Mário no chão. Agora o homem do Vaticano pula sobre o soldado e o enforca com as duas mãos. Mário não consegue se desvencilhar do perigoso homem, que sorri dizendo:

- Em poucos segundos uste verá seu falso Jesus no paraíso. Mande lembranças, por mim!

Mário, percebendo que não está conseguindo se safar, já começa a ficar sem ar. Observa a vinda de um enorme caminhão na rua ao lado deles. Olha com decisão para a rua, à frente do caminhão, que se aproxima em velocidade e, de repente, ambos estão ali, há poucos segundos de serem atropelados. Ítalo pressente o perigo, olha para trás e vê que ambos serão mortos.

Libera o pescoço do soldado e tenta levantar para correr. Mário chuta as pernas dele, derrubando-o ao seu lado, enquanto visualiza a calçada e novamente aparece deitado ali, afastando-se do atropelamento. Ítalo é pego em cheio, nas costas pelo enorme caminhão, que brecava muito! O agente morre no local, para alívio do soldado, que agora relaxa, ainda deitado na calçada, sentindo muitas dores no pescoço e tossindo um pouco, devido ao enforcamento imposto pelo homem do Vaticano.

CAPÍTULO XXVI
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO V
CAPÍTULO XXVIII
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO XXIX
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO XXX
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO XXXI
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO XXXII
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XXXIII
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XXXIV
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XXXV
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XXXVI
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XXXVII
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XXXVIII
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XXXIX
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XL
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XLI
CAPÍTULO XX
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CAPÍTULO XXII
CAPÍTULO XXIII
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