CAPÍTULO IX
No evento beneficente o soldado Mário continua sua busca entre os convidados que circulam no local. Entre um sorriso e outro, para as pessoas que se divertiam na festa, ele observa, vindo de frente, um sujeito enorme, todo de preto, andando calmamente em sua direção com a cabeça coberta por um capuz, destacando-se fortemente no meio da multidão, que tinha em geral estatura mediana e roupas claras. O soldado aciona imediatamente o ponto em seu ouvido direito, enquanto se dirige ao encontro do estranho sujeito:
- João? É ele! Agora eu tenho certeza disso! Venha para cá. Vamos abordá-lo agora!
Quando o soldado chega bem perto Dele, o sujeito estica o braço na direção de seu pescoço. Num movimento rápido Mário desvia a sua cabeça para não ser pego e agarra o braço do Sujeito, torcendo-o para trás das costas.
Deus imediatamente usa seu outro braço, desferindo um golpe horizontal muito forte com a mão aberta no peito do soldado, que se abaixa para não ser atingido e ao mesmo tempo aplica uma rasteira certeira nas pernas do oponente. Ele cai ao chão e rapidamente Mário pula em Seu pescoço, na tentativa de imobilizá-lo, com um golpe de enforcamento. O soldado começa ali mesmo seu interrogatório.
- Quem é você? Para onde está levando as pessoas que sequestra?
Mas Deus, confiante em seu maior poder, nada responde e vira sua cabeça para olhar de frente o soldado. Calmamente livra uma de suas mãos do clinche imposto por seu oponente. Agarra no braço do soldado que o enforcava e vai afastando-o lentamente de Seu pescoço.
O soldado faz força, mas não consegue evitar o inevitável: ele será vencido muito em breve. O Pai de Jesus livra então sua outra mão, e, ainda no chão, agarra fortemente no pescoço do soldado, que não desiste, mas não pode vencer! No momento que o poderoso ser ia fazer sua pergunta predileta, chega o outro soldado que salta sobre os dois, em meio às pessoas assustadas ao redor.
O golpe do soldado João é típico de luta livre! Àquele golpe onde o lutador que está em pé salta para cair de lado e, com seu cotovelo, desfere um golpe cruel sobre o rosto do oponente que está no solo. Mas Deus é muito forte e ainda não se entregou! Ele solta o braço do soldado Mário e dá um soco muito violento no peito do soldado João. Este é arremessado a pelo menos dois metros de altura, caindo desmaiado ao chão.
O soldado Mário, percebendo o desfecho final da situação, aproveita o braço solto e desfere um soco frontal contra o rosto do demônio, na tentativa de reverter a situação a seu favor. O Pai de Jesus sente o golpe, mas volta suavemente seu rosto na direção do soldado, olhando muito feio agora. O negro aplica mais um soco, o capuz sai finalmente da cabeça Dele, expondo seu rosto feio e cruel. Soberano agora Deus se levanta do chão, juntamente com o soldado seguro pelo pescoço. Ele então estica seu braço e pergunta:
- Diga-me, quem é você!
O soldado ainda tenta uma última saída. Aproveita que está em pé, salta para cima, gira seu corpo para frente e joga seus dois pés, diretamente no peito de Deus, que o libera e ambos caem ao chão, de costas.
Um policial local aproxima-se por trás e manda que o suspeito levante as mãos e se renda. Ainda deitado, o Pai de Jesus vira seu rosto rapidamente, abre bem sua boca e expele uma enorme labareda como se fosse um lança-chamas. O policial atira para cima e cai de costas com o susto. Ele grita desesperado enquanto seu corpo queima por completo.
Deus vira-se novamente para o soldado e dá de cara com a arma dele apontada para seu rosto.
- Você está me atrasando! (reclama o divino).
- Você está preso demônio e responderá por diversos crimes. Você tem direito a um advogado (declara o soldado).
Deus começa a olhar de lado, procurando algo e comenta:
- Não tenho mais tempo para você!
Do outro lado da festa alguém atira para o alto, anunciando um assalto. Enquanto outros três bandidos ameaçam as pessoas, arrancando-lhes jóias dos pescoços, empurrando-as para o chão e atirando novamente para o alto. Os quatro querem tudo de valor, ameaçando matar alguém que se levante ou não colabore.
Apavoradas, as pessoas se deitam ao solo. O soldado Mário aproveita a distração geral e pega um pequeno adesivo no bolso esquerdo de seu paletó, enquanto Deus ameaça se levantar. O soldado agarra-o pelo casaco e gruda o adesivo pelo lado de dentro do sobretudo. O soldado pede a Ele:
- Fique deitado, caso contrário eles atirarão em Você e poderão machucar mais alguém!
- Eu sou Deus e ninguém manda em mim! E se alguém morrer aqui hoje a culpa será toda sua! (comenta o divino de forma arrogante sem olhar diretamente para o soldado).
Um dos bandidos, armado e muito bravo, se aproxima de Deus, que acabou de se levantar e cobrir novamente sua cabeça com o capuz.
- Ei, idiota! Eu mandei você ficar deitado no chão! Não mandei? (comenta soberano o bandido).
O Pai de Jesus não responde e continua caminhando lentamente na direção do bandido. Este então aponta sua arma para ele e atira três vezes em seu peito. Deus continua andando sem ser afetado pelas balas e desfere um forte soco no rosto do delinquente, jogando-o longe, contra uma árvore próxima.
É possível ouvir o som de seus ossos se quebrando com o impacto, enquanto a árvore estremece, derrubando diversas folhas no local. Outro bandido, mais de longe, vendo a situação, também atira. Ele erra o tiro e acerta nas costas de uma moça, que estava se levantando apavorada, para se afastar do local dos primeiros tiros.
Ela cai morta com um grito de dor, surdo, curto e fatal. As pessoas ao redor gritam e choram a cada tiro desferido. Deus para de andar. Observa o corpo caído da moça. Revoltado, olha, na direção do soldado, que ainda está no chão, com ar de: não te disse?
O Pai de Jesus vira-se novamente para o bandido que atirou e corre transtornado em sua direção. Levanta sua mão direita, enrijecendo seus dedos em forma de garra de águia, salta sobre o bandido, que atira novamente, e agora consegue acertar o peito divino, que mais uma vez nada sente.
Quando o demoníaco Deus atinge o infeliz, com um forte golpe, seus dedos fatiam o corpo rígido e inseguro do bandido da cabeça até o final de seu tórax (como um Wolverine transtornado). O sangue, do agora ex-bandido, espirra para todos os lados nas pessoas. As longas fatias de carne, ossos e roupas se espalham trêmulas junto aos pés divinos.
Ele agora vira-se na direção do terceiro bandido. Atônitos todos, soldado, bandidos e as pessoas do evento, não acreditando no que estão vendo, olham para o encapuzado, que não expressa nenhuma culpa pelo que fez.
O soldado levanta-se, aponta a arma para o quarto bandido e atira certeiramente na mão do delinquente, antes dele acertar Deus. O quarto bandido cai de costas e, com a mão ensanguentada, deixa cair a sua arma. O terceiro bandido, apavorado, presenciando aquela situação sangrenta e inusitada, pensa, por menos de um segundo, e toma a decisão de correr, o mais rápido possível na direção contrária de toda àquela cena.
Ele ainda agarra rapidamente pelo casaco o seu companheiro, ferido na mão, levanta-o e ambos desaparecem, gritando por uma rua próxima. Deus olha para baixo, abaixa-se e, com suas duas mãos, ainda sujas de sangue, agarra pelo pescoço, um jovem casal, que estavam deitados, atônitos no chão. Coloca-os em pé, e de uma forma viril estica os braços, olhando-os diretamente em seus olhos, perguntando:
- Digam-me quem são vocês!
O soldado Mário aponta a arma para Deus novamente e diz:
- Espere! Não faça isso! Estas pessoas são inocentes!
O Pai de Jesus responde:
- Eu sei!
Logo depois desaparece com os dois, diante de todos. O soldado corre na direção da moça, atingida pela bala do bandido, para checar sua condição e percebe que ela está morta. Chateado corre até seu colega. Checa a condição dele também e aciona seu ponto auricular com a central:
- Central, por favor, envie urgente paramédicos para cá. Temos pessoas feridas e dezenas de outras em choque ou traumatizadas. Deixe-me falar com o Sargento.
Alguns segundos depois o sargento entra na linha e o soldado fala com ele:
- Sargento? Estão captando o sinal dele?... Os satélites não captam nada?... Sim, eu colei bem firme o adesivo no casaco dele!
Ele para um pouco pensativo e comenta ainda no rádio:
- Acho que sei outro modo de chegar até as pessoas capturadas!
CAPÍTULO IX
Não desejarás
a mulher do próximo.