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DA COLEÇÃO

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PREFÁCIO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO XXXVII
CAPÍTULO II
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO III
CAPÍTULO XXVI
Dentro da sala do telescópio o grupo surpreende as pessoas que lá estavam. Cada um deles se espalha pelo ambiente, dominando os funcionários. Estão todos armados e com cara de mau. O soldado Mário entra na sala, falando com a prepotência e a arrogância típica militar:

- Muito bem, senhores! Quero que todos fiquem em seus lugares e nada de alarde!

- Mas o que é isto? (questiona nervoso o chefe do local, levantando rapidamente de sua cadeira).

- Quem é o responsável aqui? (pergunta Mário, olhando para todos os lados).

- Sou eu mesmo! (responde o líder, que havia se levantado e andava determinado na direção do soldado). Quem autorizou vocês a entrarem neste local? Com ordem de quem?

- A minha apresentação já foi feita na portaria! (responde o soldado Mário, falando alto). Estou aqui por causa de uma denúncia, onde o senhor (apontando para o líder do local) tem vigiado áreas militares de nosso país sem o nosso conhecimento ou autorização!

- Você ficou maluco? (responde o líder ao soldado). Este é um local onde o exército brasileiro não pode invadir! Funcionamos como uma embaixada! Isto é uma declaração de guerra contra o governo dos Estados Unidos da América!

- Acho melhor o senhor ficar quietinho aí! (fala o Zangado apontando sua arma na direção do líder). Tudo que disser poderá ser usado contra você em um tribunal!

- Tudo bem! (responde nervoso o líder, enquanto volta para sua mesa e pega o telefone). Vou ligar para o presidente de seu país que esclarecerá toda esta situação e aí então veremos o que... (ele é interrompido por um tiro que o Zangado dispara, diretamente sobre o telefone da mesa dele, destruindo o aparelho e assustando a todos).

A situação fica tensa e por um pequeno instante o silêncio se instala no local. O soldado Mário olha bravo ao Zangado, que continua apontando sua arma, agora na direção da cabeça do líder.

- Zangado! Abaixe esta arma. Ninguém aqui está armado, apenas nós! (afirma o soldado Mário).

- Eu não quero saber se vocês são os sete anões ou se representam o exército brasileiro! (comenta ironicamente o líder do local). Esta situação é inaceitável!

- Colabore conosco e liberaremos o local rapidamente (comenta o calmo soldado João, também especialista em computação).

Lá fora, aparece Gauss no meio de uma avenida, com suas vestes antigas de 1700. Ele começa a observar espantado todo o local, com seus prédios, luminosos e centenas e centenas de pessoas. Ele vira-se para o lado, quando percebe um carro vindo em sua direção em alta velocidade. O carro começa a brecar fortemente com seus freios ABS. Gauss fecha os olhos e põe as mãos na frente do rosto, acreditando que morreria novamente naquele momento. Do céu uma forte luz o ilumina e ele desaparece do meio da avenida.

O carro continua brecando, passando por cima do local onde Gauss estava há poucos momentos. Jesus percebe, pelo vídeo retrovisor do painel do veículo, uma forte luz sendo projetada no estacionamento. Ele pede para que a garota permaneça no veículo e sai para averiguar. Gauss surge no local sob a tal luz. Jesus dirige-se na direção do irmão, que ainda se encontra encolhido, de olhos fechados, e protegendo o rosto com as mãos. Ele percebe então, que nada aconteceu e se recompõe, quando vê Jesus de frente.

- Eu não sabia que você tinha o poder de transportar pessoas que estão correndo perigo no século XXI! (comenta Gauss, espantado, enquanto olha para seu próprio corpo, para ter certeza de que está bem e inteiro).

- Eu não tenho este poder, meu irmão! (comenta sorrindo levemente Jesus com a observação do irmão). Mas ele tem! (apontando para um novo facho de luz que aparece logo atrás de Gauss. O pequenino Spok surge ali, com uma informação importante).

- Eu não tenho muito tempo! (afirma o estranho pequenino). Preciso ajudar a desviar a rota de alguns meteoros, que irão colidir com este planeta. Sugiro que vocês mudem a rota dos que se aproximam a leste. Eu ajudarei a desviar aqueles que vêm do oeste. Andem rápido! Não sei se será possível acabar com todos eles antes do impacto!

Logo a seguir ele desaparece sob a luz, que continuava sobre ele, em stand by. Spok volta à sua nave. Jesus e Gauss aceleram o passo e entram no prédio do telescópio espacial Rubble 3, sob o olhar da garotinha que brinca com sua boneca holográfica no interior do carro. Lá dentro a cientista, vestida de roupa militar e com uma arma nas mãos, recebe uma ligação em seu celular, enquanto o soldado João controla o telescópio espacial na direção de um dos meteoros. Ela atende o celular, falando bem baixinho e meio sem jeito:

- Alô!

- Olá, doutora! Sou o comandante da missão espacial contra os meteoros!

- Eu não posso falar agora! Estamos todos na sala de controle do telescópio, aguardando a presença de Gauss para desviar alguns meteoros.

- Entendo, doutora! Mas precisamos coordenar as nossas atividades para podermos eliminar esta ameaça, caso contrário não será possível, pois a situação se complicou!

- Eu entendo! Mas como faremos isto?

- Avise ao soldado Mário para colocar seus óculos escuros. Eu enviarei nossa tática diretamente para ele.

- Não se preocupe, ele não tira estes óculos de forma alguma! (comenta sorrindo levemente a cientista com o comandante astronauta).

Agora entram rapidamente na sala do telescópio Jesus e Gauss. Para espanto de todos!

- Mas o que é isto agora? (pergunta indignado o líder, apontando para os dois que entraram no local, um com roupas brancas e outro com roupas do século XVII).

- Mário! (exclama Jesus).

Os dois Mários do local respondem juntos:

- Sim, Senhor!

O Mário vigilante olha meio sem jeito para o soldado Mário, que devolve um olhar intimidador a ele. O soldado João sorri e comenta bem baixinho e sorrindo:

- Eu sabia que isto iria dar rolo!

- Posicione o telescópio na direção leste do planeta! (afirma Jesus, olhando para o soldado Mário). Spok, em sua nave, irá desviar meteoros que se aproximam do outro lado.

- Spok? Vocês fugiram todos de um manicômio, não foi? (afirma o líder, se levantando indignado de sua cadeira. Ao mesmo tempo, Zangado se aproxima dele e aponta a arma na direção da cabeça, bem entre seus olhos).

- E eu saí da ala dos psicopatas assassinos! (afirma Zangado, olhando feio e intimidador para ele). Senta ai! (apontando com seu queixo para a cadeira, de onde o líder se levantou).

- Espere, Senhor! (fala o soldado Mário a Jesus). Estou recebendo informações do comandante da missão espacial! Precisamos interligar estas informações com o computador do telescópio para poder coordenar todo o trabalho (apontando para o soldado João). Caso contrário não teremos sucesso!

O soldado Mário aciona a função link, pressionando a lateral esquerda de seus óculos escuros e o soldado João recebe as mesmas informações no terminal de computador da sala do telescópio.

- Muito bem! (comenta João). Vou rotacionar o telescópio em direção os meteoros que não serão atacados pela missão espacial... (depois de alguns segundos). Pronto! Na tela o seu alvo, senhor Gauss!

Jesus olha para Gauss e requisita:

- Agora é sua vez, irmão. Você consegue!

- Há muito tempo não faço isto! Deixe-me ver! (ele respira fundo, olha para cima, fecha seus olhos; a seguir volta novamente seu olhar para o telão com a nítida imagem de um meteoro médio em movimento frontal à tela).

Ao fundo observamos a pequena nave 3 da NASA e outros meteoros mais distantes na mesma rota de colisão. A cientista, via celular, confirma as informações com o comandante da missão espacial:

- Sim, senhor! Ele está agora em ação!

- Certo, doutora! Mantenha seu celular disponível. Se precisarmos nos contataremos novamente (responde o comandante da missão, desligando seu telefone espacial. Ele levanta-se para sair de sua sala reservada, quando recebe outra ligação).

- Comandante! Aqui é Jorge falando!

- Sim, soldado! O que houve?

- Tenho-lhe uma boa notícia, comandante! Acabo de entrar em contato telepático com um alguém que o senhor conhece! Ele irá falar-lhe agora!

- Comandante! Aqui é Spok falando!

- Sim, Spok! Estamos um pouco ocupados por aqui! O que você deseja?

- Tive a liberdade de requisitar a tática de sua missão, ao soldado Jorge! Estou agora no espaço, próximo à Terra, e acabo de identificar todos os meteoros que vocês não terão tempo de atacar! Tentarei uma ação ousada, para evitar que dois deles caiam no Planeta.

- Obrigado pela ajuda, Spok! (agradece o comandante). O que você pretende fazer?

- Pretendo usar um dispositivo que desenvolvemos para nos deixar transparente, como um fantasma (explica Spok, via vídeo conferência). Espero que eu consiga envolver ambos os meteoros num campo semidimensional, onde eles não terão mais um corpo físico que possa ser tocado! Isto quer dizer que estas enormes pedras atravessarão o planeta de um lado a outro, sem colidir com ele e se perderão posteriormente no espaço!

- Incrível! (comenta impressionado o comandante). Mas, isso funcionará corretamente?

- Não sei dizer ao certo, comandante! (explica Spok). Isso nunca foi testado com objetos tão grandes! A chance de dar certo varia em torno de 85%. E eu também não poderei fazer isto com mais de dois meteoros. Não haverá energia suficiente, pois terei que transferi-la diretamente de minha nave para que os dois dispositivos funcionem em capacidade máxima. Além disso, tenho que permanecer entre os dois meteoros durante a travessia através do planeta.

- Você atravessará o planeta junto com os dois meteoros?

- Sim, comandante! Não há outra forma de fazê-lo!

- Mas esta poderá ser uma missão suicida! (afirma o comandante). Você faria isto pelos humanos?

- Comandante! Somos de espécies diferentes, mas temos a mesma origem! Os
homo stellaris são defensores incondicionais da vida! Custe o que custar! (discursa Spok).

- Obrigado, Spok! Boa sorte!

- A todos nós! (completa o pequenino).

O comandante sai de sua sala reservada e informa toda a tripulação:

- Muito bem, senhores! Vocês queriam um milagre? Eu consegui dois para vocês!

Em Terra, Gauss está se esforçando, olhando fixamente para o meteoro no telão da sala de controle do Rubble 3 e nada está acontecendo!

- Vamos lá, irmão! Eu sei que você é capaz! (apoia Jesus a ação de Gauss).

Todos começam a perceber que o meteoro desvia-se lentamente de sua trajetória deslocando-se ligeiramente para a esquerda no telão.

- Ele está se deslocando? Ou é apenas um erro de paralaxe? (pergunta a cientista a qualquer um que possa responder).

O soldado João, no controle do telescópio, informa:

- O telescópio não mudou de posição! Esta variação está ocorrendo na trajetória do meteoro! Logo depois, ele percebe no programa tático, que a nova direção do meteoro passará raspando pela Terra, mas ainda cairá pela ação da gravidade e informa:

- Senhor Gauss! Será preciso deslocá-lo mais um pouco! Ainda não foi suficiente para evitar o impacto.

Gauss respira mais fundo e olha feio para a imagem do meteoro. Alguns segundos preocupantes se passam, com todos na sala prendendo a respiração. O meteoro se desloca mais um pouco de sua trajetória atual e o programa tático informa que sua nova rota não atingirá mais o planeta. João informa a todos:

- Muito bem, senhor! O meteoro não mais atingirá o planeta, parabéns!

Todos vibram muito, enquanto o líder, ainda com o Zangado muito próximo a ele, pergunta:

- Mas como isto é possível? Quem são vocês afinal?

O soldado Mário olha para ele e responde:

- Esta informação é sigilosa! Mas eu peço que tenha fé!

Jesus olha para o Mário e sorri para ele. O soldado retorna o sorriso, enquanto João aponta o telescópio para um novo meteoro. A cientista aproveita que a situação está sob controle e sai discretamente do local para ver se sua filha está bem. Chegando lá, percebe que a porta do veículo está aberta e a garota não se encontra mais em seu interior. Ela, com o olhar desesperado procura, por todos os lados, sinais da garota.

Começa a correr em direção ao portão principal e vê a filha junto a ele, com o pai dela, pelo lado de fora deste mesmo portão, segurando-a carinhosamente. Nota também que diversos carros de polícia aguardam o retorno do vigilante na entrada. A mãe grita desesperada para a filha se afastar dali. Quando os policiais percebem a presença da cientista, vestida como militar, com uma arma nas mãos e correndo em direção ao portão, eles apontam a arma para ela, gritando para que largue a arma. Ela continua correndo em direção a sua filha sem se importar com o pedido dos policiais.

O que ela deseja é afastar a filha do pai, para protegê-la. Os policiais pedem novamente que ela largue a arma! O que não acontece! Sem opção, eles atiram! Dois tiros certeiros! Um no coração e outro na perna a derrubam ao solo. A arma cai finalmente de suas mãos. A cientista também cai! A garota presencia toda a cena e vê sua mãe, gemendo de dor no chão e ainda chamando por ela. A menina grita e força as mãos de seu pai para que ele a solte. Ele não quer soltá-la, mas a garota se debate muito e consegue se livrar.

Ele ainda tenta agarrá-la novamente, esticando seus braços através das barras do portão, mas não consegue! A criança corre para a mãe, que mesmo no chão, e sentindo muitas dores, levanta seus braços para acolher a filha. A criança a abraça, chorando muito. A mãe também começa a chorar, enquanto o pai e os policiais olham comovidos para aquela cena. Lá dentro, com a audição muito mais apurada do que a dos humanos, Jesus ouve os tiros ao longe. Ninguém percebe o que está acontecendo, já que a sala é isolada acusticamente. Jesus fica sério e fala com seu irmão Gauss:

- Continue firme, irmão! Eu sei que conseguirá! Tenha fé! Eu já volto.

Gauss olha para Ele e concorda em continuar tentando. Jesus vai em direção à saída da sala, olha para o soldado Mário e diz a ele:

- Eu já volto!

- O Soldado Mário acompanha preocupado a saída de Jesus, mas permanece no local.

Lá fora Jesus encontra a cena triste. O marido força o portão para entrar, enquanto os policiais o impede, conversando com ele. O Senhor caminha em direção suave para o corpo da cientista, agora morta ao chão. A garotinha, inconsolável, chora sobre ela. O pai da garota pede para que Jesus abra o portão para entrar. Ele ignora o pedido, enquanto a garota pergunta:

- Ela não morreu! Ela ficará bem, não é? Precisamos levá-la para um hospital! O senhor sabe dirigir?

Jesus olha para ela, sorri docemente e responde à criança:

- Eu não sei dirigir! Mas eu sei de muitas outras coisas!

Ele põe as mãos sobre o ferimento de bala no coração da mãe. Como num verdadeiro milagre a ferida em seu peito cicatriza. Jesus afasta suas mãos da ferida e mostra para a criança, numa das palmas, a bala que atingira sua mãe. Jesus sorri para a menina. A cientista retorna da morte, reclamando das dores causadas pela bala em sua perna. Jesus sorri para ela e põe sua mão sobre a perna ferida. Esta também se cicatriza e mais uma bala é retirada. A mulher então se senta no chão! Para espanto dos policiais e do marido. A garota agarra a mãe, feliz com seu retorno à vida. Ela pergunta à filha:

- Eu falei para você não sair do carro!

- Mas eu ouvi o papai lá fora, me chamando! Então fui até ele!

- Ele deve ter nos localizado pelo GPS do veículo (comenta a mãe com Jesus).

Jesus olha para ela sem entender o que significa GPS. O marido grita do outro lado do portão:

- Devolva a minha filha. A polícia está aqui para levá-la!

- Desista! (responde a cientista, gritando alto para ele, enquanto se levanta do chão, amparada por Jesus). Não importa o que você faça! Ela nunca mais voltará para você!

- Eu estou com um mandado judicial aqui! Você terá que devolvê-la para mim!

Ela olha para trás e vê o logotipo e o nome Rubble 3 na fachada do prédio onde se encontra, retorna o olhar para o marido e responde para ele e para a polícia lá fora:

- Este local funciona como uma embaixada, neste país! Ninguém pode entrar aqui sem permissão do governo dos Estados Unidos.

O marido olha para os policiais, que confirmam a informação.

- Se você tentar entrar, criará um problema judicial internacional! Será preso por um bom tempo e eu continuarei com ela.

- Você não poderá ficar aí para sempre, e, quando sair, eu estarei aqui para pegar minha filha de volta.

O marido olha desolado para ela, sem saber o que mais poderá fazer. Mãe, filha e Jesus entram novamente no prédio.

No espaço, mais um meteoro se desloca de sua trajetória original! Este começa a invadir a estratosfera, riscando o céu de metade do planeta, como um magnífico evento brilhante. Ele termina sua trajetória, indo de encontro a outro, que vem em direção contrária. Parte das pessoas do planeta percebe no céu a explosão azulada, gerada pelo impacto frontal de dois meteoros recheados de vírus.

Spok, sozinho em sua nave, acaba de transferir mais um dispositivo de semidimensionalidade, agora para o segundo meteoro. Bem a tempo, pois os dois meteoros, muito próximos um do outro, começam a riscar juntos os céus da estratosfera terrestre. Agora ele aciona o sistema e sua nave e as duas enormes pedras ficam ligeiramente transparentes. Os três começam a sua descida em direção ao planeta. Nenhum sinal é percebido nos céus! Não há fogo! Não há vestígios de cauda de meteoro!

Nada! Os três caminham silenciosos. Pelo menos do ponto de vista de quem olha para cima, aqui da Terra! Dentro da nave, Spok sofre as consequências de seu audacioso plano! A nave vibra muito, as luzes internas variam entre acesas e apagadas, ininterruptamente. Alguma fumaça é percebida nos painéis localizados atrás da cadeira dele, alguns estalidos também. Ele aciona uns botões em seu painel dianteiro, desligando diversos sistemas auxiliares, para compensar o excesso de energia consumido pela operação principal.

Em terra um bêbado olha para cima e vê os dois enormes meteoros, caindo dos céus com uma pequena nave entre eles. O tamanho dos objetos é gigantesco, comparativamente ao do bêbado. Ele pisca bastante seus olhos, numa tentativa de limpá-los. Afinal, aquilo que vê, não pode ser verdade! Agora os objetos estão a dois segundos da penetração no solo e o bêbado, apavorado, grita, cobre a cabeça com seus braços, fecha os olhos, cai de costas, mas sem derrubar a garrafa de pinga, que carregava. Aquilo tudo passa através dele desaparecendo no chão! O bêbado, percebendo que nada aconteceu, olha ao redor, ainda deitado, verifica a sua garrafa, que continua intacta em suas mãos! Fica feliz e comenta bravo a seguir:

-
Malditas holografias!

No interior da Terra os problemas de Spok aumentaram! A nave não está conseguindo manter o fluxo correto de energia. Ela falha por alguns microssegundos e os meteoros começam a arrancar pedaços do interior do planeta, enquanto se deslocam em alta velocidade em meio ao solo profundo! Eles agora encontram o centro do planeta, e o calor fantástico do local complica mais um pouco a situação, já crítica para a pequena nave. Spok está no escuro, o nível de oxigênio baixa rapidamente.

Ele põe seu capacete e olha para o painel, à procura de uma solução salvadora! Vê o botão de transporte no painel e começa a pensar em como escapar dali, usando o sistema de transporte, que ainda não fora desligado. A nave atravessa o centro do planeta e os meteoros continuam arrancando pedaços do interior do solo, durante as falhas de energia, enquanto partes deles também são quebradas. Massas gelatinosas de vírus ficam depositadas no interior do planeta. Rochas e rochas são arrancadas do lugar, enquanto o trio avança em alta-velocidade. Isto tudo começa a causar alguns pequenos tremores em diversos locais do planeta.

Do outro lado do mundo, no meio do mar, um enorme iate, com um milionário a bordo, pesca tranquilamente! Ele está acomodado na cadeira de pesca esportiva, na proa de seu iate, quando comenta com o mordomo ao lado:

- Só sairemos daqui hoje quando eu pegar um peixão, e sinto que poderá ser a qualquer momento.

O mordomo, não compartilhando do mesmo otimismo de seu patrão, encontra-se indiferente, todo de preto, com uma bandeja de prata nas mãos, onde uma taça de vinho aguarda tranquilamente a vontade de seu patrão. Quando o pescador milionário resolve pegar a taça sente uma enorme fisgada em sua vara de pescar! Ele aborta o saborear do vinho e concentra-se na pescaria:

- Eu sabia! Este é dos grandes, Alfred! Agora podemos levar horas para trazê-lo ao barco!

Ele continua forçando a vara de pesca para trazer o peixão, recolhendo a linha no molinete, e percebe algo diferente:

- Estranho! Este peixe parece estar fugindo de alguma coisa! Ele está vindo diretamente na direção do barco! A linha está sempre frouxa!

Um enorme deslocamento de água levanta-se logo à frente do iate. A onda gigantesca tem no mínimo 30 vezes o tamanho da embarcação. O mar começa a se levantar à sua frente, erguendo o barco mais de 10 metros acima do nível do mar! O pescador, confiante agora, enrola mais rapidamente a sua linha de pesca, enquanto comenta:

-
Alfred! Acho que é uma enorme baleia! Ainda bem que você está aqui, pois ninguém iria acreditar nisso se eu contasse.

Um peixe marlim de 4 metros dá um salto enorme para fora d'água, desesperado com o que vem debaixo para cima. Numa enorme explosão de água salgada e azulada a nave do Spok e os dois meteoros saem de dentro do mar diretamente para o céu! A água levantada é jogada com força contra a embarcação, que agora não parece tão grande assim! Pode-se notar uma mistura de água do mar com um líquido azul, que escapou do interior dos meteoros. Mordomo e milionário estão totalmente molhados.

O grande marlim cai na parte de cima do barco, ficando preso no andar superior do iate, enquanto se debate muito, balançando a embarcação. O mordomo equilibra-se para não cair e não derrubar a bandeja com a taça de vinho, que só tem água marinha agora em seu interior misturada com uma gosma azul. Ele olha para o peixe no alto da embarcação, olha novamente para o seu pálido patrão, que está com os óculos escuros tortos no rosto, o cabelo todo escorrido, as roupas encharcadas pelo excesso de água e comenta:

- Podemos ir embora agora, senhor?

O patrão continua estático, pálido e chocado com o ocorrido, quando então pega a taça e bebe. Ele a cospe logo a seguir, porque odiou o gosto. Pergunta então ao mordomo:

-
Que droga azul é esta que você está me servindo?

O mordomo olha para o restante da gosma que está em sua bandeja, cheira-a e pega com uma das mãos para avaliar a textura. Ele faz careta e responde:

- Não faço a menor ideia, senhor!

Neste momento um tsunami, caminha em alta velocidade pelo mar em direção a todos os continentes próximos, espalhando parte da gosma azulada para todos os lugares. Indo em direção ao céu, os dois meteoros perderam velocidade, juntamente com a nave, pois eles ficaram visíveis antes do tempo. O excesso de atrito com o interior do planeta e com a água do mar impediram que os três objetos escapassem da gravidade da Terra. Sem opções e sem potência adicional os três atingem os limites internos da estratosfera!

Quando começam a cair novamente, de volta ao mar, Spok olha para o botão de auto-destruição, ao lado do botão de transporte. Ele bate com força a sua mão e aciona ambos os botões ao mesmo tempo. Da Terra e do espaço todos percebem a grande explosão no céu, que destrói a pequena nave e junto os dois enormes meteoros. Pedaços do meteoro com parte de sua carga viral, voltam ao planeta, se espalhando por centenas de quilômetros no mar e em terra também. O comandante da missão nota que a operação Spok fracassou e acredita que seu amigo morrera em ação.

Gauss continua se esforçando muito e mais um meteoro se desloca de sua trajetória de impacto. Novamente todos vibram muito na sala de controle do Rubble 3. Agora Jesus, a cientista e sua filha entram no local e notam a alegria de todos. João reposiciona o telescópio e Gauss se concentra mais uma vez, para deslocar mais um meteoro, mas agora ele fraqueja, pisca mais demoradamente. O esforço está se tornando por demais penoso para o homem idoso de mais de trezentos anos de idade! No espaço um micro-meteoro atinge em cheio o telescópio Rubble 3, que balança e começa a sair de órbita.

Em terra a imagem do meteoro desaparece da tela. Apenas chiado e estática são visíveis. Gauss põe a mão direita na testa e senta-se numa cadeira logo ao seu lado, exausto. Jesus aproxima-se dele para auxiliá-lo. O soldado João comenta com o soldado Mário:

- Perdemos o sinal do telescópio! Não poderemos mais continuar com a operação!

- Tem certeza disto? Não há como recuperar o sinal? (questiona Mário).

Já mais tranquilo e agora apoiando as ações do grupo para salvar o planeta, comenta o líder do projeto Rubble no Brasil:

- O Rubble 3 foi atingido por algum objeto no céu! Mas existe outra maneira de continuarmos com esta operação, se o seu irmão puder prosseguir! (olhando para Jesus, que olha para Gauss, que concorda em continuar tentando). Dá pra você relaxar um pouco Zangado? (requisita o líder do projeto Rubble ao Zangado, que ainda apontava a arma para o rosto dele).

O líder empurra a arma dele para o lado e se dirige rapidamente para a mesa de controle, onde o soldado João está trabalhando. Zangado ameaça atirar no líder pelas costas, mas o soldado Mário requisita a ele, com uma das mãos, para se acalmar e abaixar a arma. Zangado atende ao seu colega. O líder puxa uma cadeira e senta-se ao lado do soldado João. Ele começa a digitar no teclado do computador principal, enquanto João o observa e comenta:

- Você está inserindo os códigos de comando do Rubble 2 que está sobre o continente africano! (João olhando para a tela do computador). O telescópio 2 está se reposicionando!

Ambos olham para o telão e percebem que existe imagem novamente. João bate palmas fortemente, comemorando a ação do líder, que também fica animado com tudo o que está acontecendo. Gauss se levanta, olha novamente para cima, respira fundo com os olhos fechados e depois encara friamente a imagem do meteoro se aproximando da Terra.

No espaço os militares da equipe 1, já sem tempo hábil para uma ação mais elaborada, estão todos juntos, usando os propulsores de seus trajes para deslocar a rota de mais um meteoro. Da nave 3 o soldado Jorge informa-os:

- OK pessoal! Podem deixar que este não cairá mais sobre o planeta, a rota foi desviada com sucesso.

Os militares dão socos contínuos de alegria no próprio meteoro, comemorando mais uma vitória! Agora ainda restam três meteoros médios que ainda não foram combatidos. Na nave 1 o comandante, já com pouco combustível disponível e sem o enorme arsenal de armas que levavam no início da missão, fala em canal aberto com o cientista Ed:

- Ed! O que aconteceria se uma de nossas naves se chocasse contra um destes meteoros?

Já não tão tímido e preocupado com a pergunta do comandante, ele especula:

- Bem, senhor! Se o impacto fosse grande o suficiente a rota do meteoro atingido seria deslocada!

- Qual velocidade seria necessária para isto dar certo? (questiona o comandante).

Ed comprime os lábios, levanta seus óculos novamente para uma posição mais junto ao rosto, ergue suas sobrancelhas e especula novamente:

- Pela proximidade atual do meteoro, teríamos que estar em velocidade máxima!

O comandante balança a cabeça afirmativamente e questiona ao Smith:

- Smith! Onde os três meteoros restantes irão cair?

- Bem, senhor! Com toda esta confusão, explosões e impactos, as órbitas de todos eles mudaram um pouco. Agora os três rumam respectivamente para América do Norte, Austrália e Europa.

- Parece que não temos muitas opções de escolha afinal! Algum deles cairá no mar?

- Existe uma grande chance de o meteoro, que o senhor Gauss está tentando desviar, aquele que atingir a Europa, cair no Mar Mediterrâneo.

- Quais são as naves mais próximas dos outros dois meteoros? (requisita o comandante ao Smith).

- Naves 1 e 2, senhor!

- Soldado Jorge! Temos como enviar as duas naves, de forma não tripulada, para o impacto contra os dois meteoros? (questiona o comandante).

- Não, senhor! Há a necessidade de se tomar uma grande distância e comandar ambas ao mesmo tempo. A correção da rota tem de ser feita continuamente. Eu posso criar um programa de controle em menos de uma hora, mas não daria tempo!

O comandante então toma a sua decisão final e requisita a todos:

- Muito bem, senhores! Foi um prazer trabalhar com uma equipe tão corajosa, inteligente e criativa! Quero deixar claro para todos que fizemos o nosso melhor por aqui! Custe o que custar, salvaremos o que pudermos de nosso planeta. O único que temos! O nosso lar! Spok deu a sua vida para nos ajudar! Agora é a nossa vez de contribuir! Requisito a todos que estão a bordo das naves 1 e 2, que as abandonem imediatamente! Vão para as cápsulas de sobrevivência e as programem para pousarem no hangar da nave 3. Eu pilotarei as naves 1 e 2 ao mesmo tempo, para destruir os dois planetas!

- Senhor! (interrompe Smith). Não podemos voltar ao planeta! Nós contaminaremos uma grande quantidade de pessoas lá embaixo!

- Senhor Smith! Com a queda do meteoro, milhares de pessoas serão contaminadas. Spok esteve caminhando entre nós na Terra. Milhares de pessoas abduzidas já retornaram ao planeta e com certeza espalharam a doença para outras pessoas. A explosão na atmosfera dos dois meteoros da missão do Spok, resultarão na contaminação de diversos continentes. Cada nova pessoa contaminada disseminará o problema rapidamente para o restante do planeta! A humanidade já está com os dias contatos, a partir de hoje! Não existem mais motivos para nos isolarmos de nossas famílias lá em baixo!

- Então, senhor! Por que se sacrificar, destruindo apenas dois meteoros? (questiona Smith).

- Quantas pessoas morrerão, se estes dois meteoros caírem? (indaga o comandante, que já girou seu assento de costas para todos na cabine, para iniciar o procedimento de impacto).

- Os prognósticos são de 1 milhão de mortos e milhares de infectados com o vírus nos três primeiros dias! (informa Smith).

- A humanidade merece mais um tempo para sobreviver! Já que toda ela deixará de existir, em menos de 100 anos, quando os últimos humanos restarem.

Smith não discute mais nada, depois desta observação e fica imóvel e triste com a decisão final de seu comandante. Enquanto isto todos os outros cientistas já deixaram o local para entrarem em suas cápsulas de sobrevivência. Smith observa seu comandante por mais alguns segundos e se despede:

- Senhor!

- Sim, Smith! (responde indiferente o comandante, de costas para ele).

- O senhor será lembrado como um herói da humanidade! Provavelmente o último herói! (comenta Smith, quase chorando).

- Smith? (chama o comandante).

- Ainda estou aqui, senhor! (responde o cientista).

- Você tem filhos? Esposa? Pai e mãe?

- Sim, senhor! (responde Smith, ainda se segurando para não chorar).

- Ame-os mais do que tudo, Smith! Apenas o amor importa agora! As desavenças, as maldades, o egoísmo, o dinheiro, não significam mais nada! Seja feliz, meu amigo!

As lágrimas correm pelo rosto do cientista, agora muito emocionado com o final trágico da missão. Ele se afasta, sem dizer mais nada e corre para sua cápsula de sobrevivência. O soldado Jorge interrompe o silêncio no rádio e faz seu último comunicado ao comandante:

- Senhor! Detectei o senhor Spok, em órbita baixa no planeta. Se eu não o ajudar, ele fritará na reentrada.

- Jorge! Se tentar ajudá-lo, ambos morrerão na reentrada e as outras pessoas desta missão precisam de sua nave agora! (informa o comandante).

- Sim, eu sei disso, senhor! Por isso enviei um dos trajes para ajudá-lo. Eu já estou me deslocando para auxiliar os outros membros da missão! (responde o soldado Jorge).

- Muito bem, Jorge! Boa sorte por ai! Salve a todos, por favor! Comandante desligando!

Ele finaliza a programação da nave 2 diretamente de seu painel de controle. Agora a nave 2 aciona os motores em alta velocidade em rota de colisão com um dos meteoros que se aproxima perigosamente do planeta. Tudo controlado pelo comandante. Enquanto isso, ele aciona os motores de sua nave 1 em direção ao segundo meteoro.

O grande astronauta, mesmo concentrado em sua última missão, ainda guarda uns poucos segundos para observar a situação do terceiro meteoro, que começa a mudar a sua rota, graças a ação de Gauss em terra. Ele percebe que este terceiro meteoro muda de rota bem lentamente e a previsão do computador é que ele cairá diretamente no centro da Europa, e não mais no Mediterrâneo. A nave 2 destrói um dos meteoros, e pouco antes da nave 1 atingir o outro, o comandante pede:

- Que Deus nos ajude!

A seguir o enorme impacto de sua nave destrói o segundo meteoro. Em terra todos perceberam o que estava acontecendo, mas Gauss fraqueja e não consegue continuar com o deslocamento da rota do meteoro. Ele cai ao chão, amparado por seu irmão, Jesus. Gauss pede perdão, meio tonto e transtornado:

- Desculpe-me, JC! Não tenho mais forças para continuar! Eu falhei! Eu falhei!

Jesus o consola e comenta:

- Tudo bem, meu irmão! Talvez este destino não pudesse ser alterado afinal! Ninguém pode lutar contra Deus, e achar que vencerá a guerra!

Jesus olha para o telão, impotente com a situação.

- Onde este meteoro irá cair, afinal? (pergunta o soldado Mário).

- O líder do projeto Rubble observa o monitor do computador central e informa desolado:

- Bem no meio da Europa! Sobre a Alemanha! Não há mais tempo para evacuação! Milhares morrerão com este impacto. E não podemos fazer nada!

Jesus pergunta a eles:

- Quanto tempo temos antes do impacto?

- Quinze minutos! No máximo! (responde o soldado João).

- Preciso ir até lá, agora! (comenta Jesus com o Mário).

Mário, ainda de óculos escuros, olha para Ele, fazendo careta, sem saber como isto poderia ajudar na situação! Jesus responde às dúvidas do soldado:

- Eu posso curar os feridos, rapidamente!

- Que serão milhares, talvez milhões, senhor! (responde Mário desolado).

Todos olham desamparados para o telão.

No espaço o traje robótico chega até Spok. Ele ainda está bem! Mas ambos iniciam sua descida até o solo. O traje rapidamente abre seu peito e coloca o pequenino em seu interior. O peito novamente se fecha e o traje utiliza todos os seus propulsores para voltar ao espaço. O esforço é enorme e o combustível está próximo do fim. De repente tudo para! O traje não conseguiu escapar da gravidade.

O stellar olha através do peito translúcido do traje e vê o planeta se aproximando cada vez mais rápido. Dois novos trajes surgem em alta velocidade e agarram o traje do Spok para levá-lo de volta ao espaço. Agora, com muito esforço, eles conseguem escapar da força da gravidade, mas o combustível acaba novamente e um quarto traje aparece para puxar os outros três em direção à nave 3, a única que restara intacta da missão fracassada.

O pequenino ainda observa a queda do último meteoro, que não fora abatido. Uma grande explosão ocorre bem no centro da Europa. O planeta continua girando, enquanto uma enorme nuvem de poeira azulada se ergue no horizonte terrestre, cobrindo o restante do continente europeu. Spok se entristece, ao ver que os humanos também falharam. Tudo daqui para frente mudará! Ele olha para o outro lado e vê a nave 3, parada, enquanto diversos módulos de sobrevivência se encaminham em direção a ela.

CAPÍTULO IV
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO V
CAPÍTULO XXVIII
CAPÍTULO XXIX
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO XXX
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO XXXI
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO XXXII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO XXXIII
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XXXIV
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XXXV
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XXXVI
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XXXVII
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XXXVIII
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XXXIX
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XL
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CAPÍTULO XLI
CAPÍTULO XVIII
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CAPÍTULO XLIV
CAPÍTULO XX
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