CAPÍTULO XI
Deus reaparece na mesma festa beneficente, onde as pessoas, ainda em choque, estão se afastando do local. Ele agarra mais duas jovens pelo pescoço e refaz sua pergunta corriqueira. O soldado Mário, escondido no local, corre e salta nas costas, sobre o pescoço divino, exatamente no momento em que Ele iria desaparecer.
Assustado, com o inesperado ato do soldado, Deus desaparece junto com ele e as duas garotas em suas mãos. Na outra dimensão o Pai de Jesus reaparece e solta as duas garotas ao chão. Elas se levantam e fogem gritando do local.
Deus rotaciona um de seus braços por cima de sua cabeça, agarra o soldado pelas costas, puxa-o por cima de sua cabeça e joga-o de costas, com força, ao solo. O soldado, deitado, faz muitas caretas, geme de dor e vira-se de bruços.
Mesmo sentindo dores, devido à queda, ele rapidamente levanta-se de frente para Deus, que o agarra pelo pescoço, erguendo-o dessa vez no ar.
- O que você está fazendo? (indaga curioso o Pai de Jesus).
- Então é aqui seu esconderijo? O Senhor ainda está preso por assassinar um policial, ferir um soldado e raptar centenas de pessoas! (argumenta, meio sem ar, o impotente soldado, enquanto agarra os braços divinos na tentativa de se soltar).
- Você não deveria estar aqui! (comenta o encapuzado).
- Quando o Senhor me pegou pelo pescoço, achei que eu merecia estar aqui! (comenta ainda, ofegante, o soldado).
- Você sabe o que eu estou fazendo?
- Sim, eu sei! O Senhor está separando as pessoas boas das más. O senhor é Deus! (comenta, já meio desesperado, o soldado com a situação em que se encontra).
- Você não serve! (debocha o divino).
- Por que não? Sou um bom cristão e cumpro com honra meu trabalho (discorda o soldado).
- Muito em breve você matará alguém a sangue frio e irá gostar disso! Você não serve!
- Eu nunca matei ninguém! E jamais teria prazer em fazer isso! (discorda veementemente o jovem soldado, que joga uma de suas pernas sobre o braço divino na tentativa de soltar-se).
Deus, cansado da situação, solta-o. Ele cai de lado no chão, sentindo ainda mais dores do que antes. Agora o soldado arrasta-se lentamente para longe na tentativa de se levantar. Enquanto o Pai de Jesus argumenta com ele:
- Você continua me atrasando e mais pessoas, melhores do que você, poderão morrer por isto.
- Deixe-me ajudá-lo, Senhor! Eu posso convencer boas pessoas a virem para cá, sem violência. Elas estão ficando traumatizadas com suas ações. Como espera que rezem ao Senhor no futuro? (profetiza o soldado ainda com fortes dores pelo corpo).
Neste momento Jesus aparece por trás do soldado e discorda do comentário:
- Não perca seu tempo, meu filho, pois Meu Pai faz as coisas somente do jeito Dele!
O soldado, assustado, vira-se lentamente para trás, a fim de olhar de frente, para quem acaba de lhe falar. Sua expressão, porém, denuncia suas suspeitas.
Atônito, fica sem palavras ao reconhecer aquele homem de longa barba e roupas brancas com expressão singela e fala doce.
- Eu disse a Meu Pai (continua Jesus) que existe um caminho melhor, mas Ele não me deixa voltar e tentar esse caminho.
- Eu não preciso de ninguém para terminar o meu trabalho! (comenta Deus). E não me interesso em ser louvado!
O soldado, impressionado com este momento, comenta:
- Que dia este! Lutei contra Deus e sobrevivi. Tenho a honra de estar diante de Seu Filho em pessoa. E ainda estou aqui no paraíso!
Ele para subitamente de falar, franze a testa e fecha sua expressão. Pensa um pouco nas palavras de Deus e vira-se na direção Dele:
- Espere um pouco! O Senhor disse que não se interessa em ser louvado? Mas a Bíblia pede que oremos ao Senhor!
- Isso é invenção de pessoas ignorantes de milhares de anos atrás! Elas Me temiam e criaram diversos rituais e lendas a meu respeito. Nada disso Me interessa! (comenta Deus, que se aproxima lentamente do soldado, até agarrá-lo pelo pescoço novamente e desaparecerem do local).
Jesus percebe que um objeto caíra do bolso do soldado, antes dele desaparecer. O filho de Deus abaixa-se para pegá-lo e nota que se trata de sua carteira. Ele a abre.
Vê que tem algum dinheiro. Confere a foto do soldado na carteira de motorista. Com uma fisionomia preocupada, Jesus olha agora para o horizonte, pensando no destino do soldado que acabara de conhecer e diz:
- Que Deus o ajude!
CAPÍTULO XI
Não distrairás a
mente com outros
deuses além de mim.