O BARCO INVISÍVEL MISSÃO NUCLEAR Vol. II
Cine-Book é um projeto cultural que reúne a dramaturgia, a criação de trilhas e canções e que agrega ao livro um trailler, pequenos vídeos distribuídos pelos capítulos e um vídeo-clip da trilha sonora exclusiva. Este material transforma parte do livro em audiovisual, assemelhando-o a um filme e ainda ajuda a divulgar novos atores e cantores.
Este livro foi registrado na Biblioteca Nacional em nome do autor e está disponível gratuitamente para leitura apenas aqui neste site
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO XXXVII
HOLOCAUSTO DIVINO

CAPÍTULO I
VIVENDO NA CADEIA

CAPÍTULO XXIII
EM TERRITÓRIO INIMIGO

CAPÍTULO II
O CONCEITO DA GUERRA

Ainda é noite na Coreia do Norte e o soldado-aranha, que ficou sozinho no território inimigo, detecta agora um novo comboio de veículos norte-coreanos que se aproxima. Ele utiliza sua câmera zoom e percebe que são militares inimigos. Os veículos desviam das motos e carros destruídos que comboiavam o ditador norte-coreano. Eles tentam utilizar seus rádios para informar o fato, mas toda a comunicação do país fora destruída pelos norte-americanos. Os militares armados estão à procura de informações sobre quem poderia ser o atirador que matou os diversos oficiais do líder supremo. Nada veem! Nada descobrem! Imaginam que está tudo tranquilo e um deles acena para outros que estão no interior de um dos veículos que acabaram de chegar ali. Dois homens com uniformes diferentes descem dali! Cada um deles carrega uma maleta. A inteligência artificial brasileira, observando toda a ação através das câmeras do soldado-aranha, imagina que estes sejam os profissionais que irão religar e detonar a bomba nuclear inimiga contra os aliados.

- Derrubaram a torre de transmissão! (comenta um deles).
- Vamos religar isso para que o nosso líder supremo possa detoná-la imediatamente (responde o outro técnico).

A inteligência artificial se prepara para atirar neles, quando via satélite o supercomputador brasileiro detecta um helicóptero que se aproxima rapidamente dali. Não dá para saber se é amigo ou inimigo neste momento! O soldado-aranha não pode mais esperar. Ele faz sua pontaria e atira, matando os dois técnicos norte-coreanos ali presentes. Os militares asiáticos revidam, mas não sabem de onde vêm os tiros. Eles atiram a esmo e se escondem atrás de seus veículos para se protegerem. O helicóptero aproxima-se e agora é possível ver a bandeira norte-americana estampada na lateral da aeronave. O soldado-aranha decide não atirar mais nos norte-coreanos para não denunciar a sua posição, nem a eles e nem aos americanos. Os soldados atiram agora contra o helicóptero do Tio Sam, que percebe a presença dos inimigos escondidos atrás dos carros e lança seus mísseis contra eles. Duas enormes explosões destroem os dois carros norte-coreanos, matando os militares que atiravam. Os americanos desembarcam rapidamente da aeronave de última geração, descendo por cordas. Começam a cercar todo o local para proteger a bomba nuclear contra novas tentativas de acioná-la. O helicóptero afasta-se dali e visualiza do alto a operação dos soldados de língua inglesa. Estão todos prontos para combater a aproximação de novos inimigos.

-
Vamos garantir esta posição, pessoal! (grita o líder norte-americano aos outros militares de seu grupo com todos já em terra e fortemente armados). Não podemos permitir que nenhum inimigo chegue próximo daqui. Ninguém irá lançar esta bomba nuclear norte-coreana. Vamos encontrá-la no subsolo e cercar a região até que nossos técnicos possam desmontá-la de vez.

A inteligência artificial percebeu agora que no escuro horizonte noturno mais uma pequena frota de helicópteros norte-americanos se aproximam rapidamente dali. Não há mais motivos para que o soldado-aranha permaneça no local, protegendo o artefato nuclear. Mas e agora? Como ir embora? Como retornar para casa. As câmeras do enorme robô invisível olham ao redor e encontram a moto brasileira escondida ali perto. A inteligência artificial do barco invisível, estacionado muito longe dali, conversa com a tripulação:

- Comandante! A missão do soldado-aranha, que ficou para proteger o local da torre de transmissão, está encerrada! Os americanos chegaram até a região e se posicionaram para proteger toda a área. Eles irão desativar a bomba.
- E agora? Como faremos para trazer nosso robô de volta para casa? (indaga o comandante).

Da sala de manutenção, Everardo sugere algo:

CAPÍTULO XXIV
EU, ROBÔ

CAPÍTULO III
A INVASÃO DA BASE SECRETA

CAPÍTULO XXV
ARMADILHAS NO TAEDONG

CAPÍTULO IV
REUNIÃO PARA A GUERRA

CAPÍTULO XXVI
CAÇA E CAÇADOR

CAPÍTULO V
INFILTRANDO-SE NAS FARC

CAPÍTULO XXVII
O RETORNO DO FANTASMA

CAPÍTULO VI
VIAJANDO DE AVIÃO

CAPÍTULO XXVIII
NA TEIA DO INIMIGO

CAPÍTULO VII
A CAMINHO DO INFERNO

CAPÍTULO XXIX
CADEIA NACIONAL

CAPÍTULO VIII
DE VOLTA AO LAR NAVAL

CAPÍTULO XXX
CONSPIRAÇÃO

CAPÍTULO IX
LEMBRANÇAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXI
PASSEANDO NO INFERNO

CAPÍTULO X
CONFRATERNIZANDO

CAPÍTULO XXXII
A INTELIGÊNCIA É ARTIFICIAL

CAPÍTULO XI
SEGREDOS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIII
O ATAQUE FANTASMA

CAPÍTULO XII
MANUTENÇÃO EM ALTO-MAR

CAPÍTULO XXXIV
INVASÃO E EVASÃO

CAPÍTULO XIII
VOLTANDO AO INFERNO

CAPÍTULO XXXV
FOGO AMIGO

CAPÍTULO XIV
SOBREVOANDO O PANAMÁ

CAPÍTULO XXXVI
ASSUMINDO A ASSESSORIA

CAPÍTULO XV
AS FARC NO BRASIL

CAPÍTULO XXXVII
HOLOCAUSTO DIVINO

CAPÍTULO XVI
VIAGEM PELO PACÍFICO

CAPÍTULO XXXVIII
PULVERIZAÇÃO

CAPÍTULO XVII
O MENSAGEIRO DA MORTE

CAPÍTULO XXXIX
A ORDEM ESTABELECIDA

CAPÍTULO XVIII
O PACÍFICO VIOLENTO

CAPÍTULO XL
O RETORNO DO SOLDADO

CAPÍTULO XIX
O ATAQUE DO EXÉRCITO

CAPÍTULO XLI
NOTÍCIAS DO FRONT

CAPÍTULO XX
A INVASÃO DA COREIA

CAPÍTULO XLII
O ÚLTIMO CAMPO

CAPÍTULO XXI
BASE AMERICANA NO BRASIL

CAPÍTULO XLIII
FUNCIONÁRIO-FANTASMA

CAPÍTULO XXII
PERDIDOS NA FLORESTA

PERSONAGENS
DESTE LIVRO

- Senhor! Tive uma ideia! Mas não sei se irá funcionar!
- O que é, cabo? (indaga o comandante).
- Computador! Acho que o soldado-aranha poderia pilotar a nossa moto! (indaga Everardo).
-
Pilotar? Não vejo como, Everardo! Ele é muito maior do que o veículo e não poderia subir nela!?!?
- Acho que as garras frontais podem manejar o acelerador e o guidão com precisão suficiente e mais ou menos similar a um humano! (questiona o cabo).
-
Talvez sim! Com um pouco de dificuldade, mas acho que seria possível! Mas... qual a utilidade disso?
- Você verá! Comandante! Já sei como trazer de volta para cá a nossa moto e também o soldado-aranha! (declara Everardo todo sorridente para a ideia que teve). Vou guiá-lo até aqui! Mas preciso que o senhor me libere de minhas funções atuais para me concentrar nesta operação complicada!
-
Se acha que consegue fazer isso, eu o líbero das funções atuais de check-up de manutenção. Mas eu não irei esperar você trazer tudo até aqui! Temos que correr para a ilha com o campo de concentração norte-coreano.
- Pode confiar, senhor! Vou estudar um local onde marcaremos um encontro para trazermos de volta o nosso soldado-aranha! Computador! Continue comandando o robô e tire-o silenciosamente de perto dos norte-americanos. Aproveite a escuridão da noite e venha a pé pela estrada pela qual nosso pessoal já está vindo. Assim que eu descobrir como nos encontrar aqui no barco invisível, assumirei o comando em seu lugar!
-
Está bem, Everardo! (responde a voz feminina do supercomputador).

Ainda invisível e na calada da noite, o soldado-aranha ergue a moto do chão, com as poderosas garras, inclina-a levemente e a esconde sob seu corpo, tornando-a invisível aos olhos dos marines que já estão subindo rapidamente a pé o morro da torre de transmissão derrubada. Lentamente, para não ser detectado, o soldado-aranha caminha pela estrada na mesma direção em que eu e Chin-Mae retornamos ao barco invisível. Finalmente eu, de moto, e a embaixadora, dirigindo o carro oficial de Kim Jong-un, conseguimos atravessar as estradas norte-coreanos sem problemas. Com a limusine do ditador, ninguém mais se atreveu a nos parar no caminho, mesmo estando ela com os para-brisas dianteiro e traseiro quebrados. O batedor norte-coreano continua nos seguindo. Estamos muito perto do local onde o nosso barco invisível está parado.

-
Embaixadora! Prepare-se para dar uma forte brecada ao meu sinal! (informa a inteligência artificial do barco invisível).
- Ok! (responde Chin-Mae).

De repente, de frente para o batedor norte-coreano, que vinha atrás de nós em sua moto, aparece do nada um inseto artificial totalmente visível. Ele fora enviado pelo nosso barco. O militar balança a moto para se desviar do estranho ser que tenta atingi-lo. Chin-Mae olha pelo retrovisor e percebe a intenção da inteligência artificial de desviar a atenção do motoqueiro. O piloto oriental desvia para um lado, desvia para o outro, ziguezagueando na estrada até que o pequeno robô alado consegue pousar em seu capacete exatamente sobre o visor dele. O militar libera uma das mãos do guidão, para espantar o inseto artificial, que voa rápido dali para não ser atingido!

-
Pise forte no freio agora, embaixadora! (ordena a voz feminina da inteligência artificial de nosso barco).

Chin-Mae obedece e a limusine derrapa seus pneus, levantando fumaça do chão. Seu pai, preso no porta-malas, é arremessado com força contra o banco traseiro, enquanto o piloto da moto não consegue parar a tempo e bate violentamente na traseira do veículo. Seu corpo é arremessado sobre o capô, que rola sobre ele, bate contra o já quebrado vidro traseiro e cai estatelado no asfalto rústico da pista. A moto dele está destruída e o norte-coreano desmaiado. O capacete o protegeu de um acidente mais grave. Chin-Mae acelera novamente e eu e ela corremos para encontrar logo o barco invisível brasileiro. Em poucos minutos chegamos ao local do encontro. Escondidos ali perto estão Sabino, armado com uma pistola e o outro soldado-aranha invisível! Abrimos o porta-malas e encontramos o obeso e velho Kim Jong-un meio machucado com a forte freada. Ele reclama de sua condição falando em português conosco.

- Vocês pagarão muito caro por esta atitude contra mim! (brada o ditador).
- Cale a boca! (declara Sabino apontando a arma para ele). Você não manda mais nada agora! Seu reinado de crueldades acabou! Sai já deste porta-malas ou vou pedir para nosso soldado-aranha arrancá-lo daí de dentro.
- Ele fala português? (indago eu a Chin-Mae que ainda está usando o quepe e as roupas do motorista oficial da presidência norte-coreana).
-
Ele estudou na Suíça e sabe falar diversas línguas! (informa a voz feminina do supercomputador brasileiro).

Através do sistema auricular de comunicação o comandante do barco invisível informa Chin-Mae, Fernando e Sabino:

-
Saiam já daí! Estou detectando a vinda para cá de um comboio militar norte-coreano.

Com dificuldade o ditador sai do buraco automotivo onde fora colocado. Sabino dá a ele um par de algemas. Kim Jong-un olha para o objeto e de volta para Sabino com ar irônico.

- Espera que eu mesmo me algeme? (indaga o ditador).
- Se desejar podemos lhe arrastar pelo chão até o nosso transporte!!!! (sugere Sabino). Prefere?

Neste momento o soldado-aranha deixa de ficar invisível e aproxima-se lentamente e de forma intimidadora do velho ditador, que resolve ele mesmo colocar as algemas! A seguir todo o grupo caminha junto em direção à parte baixa do rio onde o barco brasileiro totalmente invisível os aguarda.

- Onde está o transporte? (indaga o ditador olhando para todos os lados).
- Cale-se! (ordena Sabino com a arma apontada para ele).

De repente a porta da embarcação se abre! Os degraus se articulam para fora se posicionando para que todos possam entrar na embarcação. A portinhola de acesso do soldado-aranha também se abre no terceiro andar. Uma corda é lançada automaticamente para fora até o chão. Kim Jong-un se impressiona como tudo isso! Neste momento o soldado-aranha, invisível, começa a escalar a lateral do barco invisível até o segundo andar, sob os olhares atentos do ditador que parou de andar. Lá no topo da embarcação uma pequena porta também se abre e os dois insetos artificiais que acompanhavam a missão, voam até lá e penetram em seu esconderijo. Chin-Mae e Fernando se adiantam ao ditador e sobem os degraus. Sabino empurra o prisioneiro e lhe ordena:

- Vamos embora! Suba as escadas!
- Então é este o barco invisível brasileiro...? (espanta-se o ditador). Foram vocês que desativaram a torre de transmissão!
- Suba logo estas escadas, gordinho! (ordena Sabino).

O líder norte-coreano olha para trás e quase fulmina o cabo brasileiro com o olhar. Ele resolve subir as escadas sob a mira de uma pistola. Agora estão todos lá dentro e a porta externa novamente se fecha enquanto os degraus se articulam para tornar toda a embarcação novamente invisível. Bem a tempo porque o comboio inimigo está quase chegando.

-
Acionar o sistema hovercraft! (ordena o comandante da noite ao piloto do barco invisível). Retornar em direção à foz do rio. Quando chegarmos à bifurcação, viraremos à esquerda. Vamos retirar as pessoas do campo de concentração norte-coreano.

No final da noite e já início da manhã, partimos agora para o encontro com aquele que deve ser o último campo de concentração da humanidade. No interior do barco Sabino leva o ditador até a sala de manutenção. Os dois se dirigem até a escada de alumínio. Com a arma o cabo ordena que Kim Jong-un suba até o andar superior. O ditador olha para cima e vê o cabo Everardo, já lá em cima, apontando-lhe uma arma. Ele já subira, aguardando o "ilustre convidado". Sem opções o idoso e obeso homem sobe os degraus. Ao chegar ao terceiro andar vê lá em cima o local de sua prisão. Os dois militares caminham com o prisioneiro até que ele é agarrado pelas algemas e seus braços são erguidos contra a vontade, deixando-o imóvel naquele lugar.

- O que é isso? (grita o velho ditador). É assim que me deixarão preso? Tenho meus direitos humanos! Sou prisioneiro de guerra! Exijo uma cela e o mínimo de conforto neste lugar!
- Dê-se por satisfeito..., líder supremo! Estas serão as suas regalias aqui..., que é mais do que deu ao seu povo, que morre de fome até hoje!
- Chama aquilo de povo? Eles não são ninguém! Não valem nada! Eu sim! Sou filho e neto de pessoas iluminadas! Quando meu pai nasceu surgiram dois arco-íris no céu e uma nova estrela nasceu no universo!

Sabino olha para Everardo, enquanto a inteligência artificial comenta o fato:

-
É pouco provável que tal coisa tenha acontecido!
- Você não acredita nesta baboseira, não é? (indaga indignado, Everardo, falando ao ditador). Acho que passou muito tempo lendo livros de ficção! Isso não fez bem à sua saúde mental!
- Deus irá punir vocês por tal blasfêmia contra alguém como eu! Seu país será destruído e desaparecerá da face da Terra como Atlântida também o foi!
- Blá! Blá! Blá! (desdenha Sabino). Fique à vontade em seus novos aposentos "divinos", "realeza"! Se não gostar das acomodações reclame para aquele que o está segurando neste momento!

Ao dizer isso o ditador percebe que uma imagem de um fantasma terrível com dentes agulhados e cara de mau está aparecendo suavemente em sua frente. O ditador olha sério para aquela imagem e, sem medo, declara:

- Eu sabia! Vocês vieram diretamente do inferno, das profundezas da Terra para me pegar! Agora eu tenho certeza de que Deus os irá punir severamente! Eu não sou uma pessoa comum! Tenho ligações com seres divinos! Eu os acionarei para cortar seus corpos em pedacinhos. Vão ver!
- Parece que viemos libertar um país das mãos de um maluco! (comenta Everardo falando com Sabino). Como é que as pessoas deixam um "cara pinel" igual a este subir ao poder?
-
A história humana mostra que pessoas assim são na verdade joguetes nas mãos daqueles que realmente governam um país como este (declara a voz feminina do supercomputador).

Sabino e Everardo se entreolham preocupados com a observação da inteligência artificial!

- Se o que diz for verdade... então podemos ter pego o ditador errado...! (comenta, preocupado, Sabino).
- Então... ele talvez não seja quem deveríamos ter procurado...! (avalia Everardo). Mas se é assim... então... quem manda neste país?
-
Desde que ele assumiu o poder, há muitos anos atrás, no final de 2011, o exército local e seus generais governaram junto com ele! (deduz a inteligência artificial). Mas tudo indicava que Kim Jong-un não tinha competência e nem saúde mental para ser um ditador legítimo. Provavelmente eles o aturaram apenas para manter as aparências.
- Então... será que ele tinha mesmo o controle remoto que acionava as verdadeiras bombas atômicas norte-coreanas? Ou será que fomos todos enganados e caímos numa armadilha nuclear? (indaga preocupado Sabino).
- Deus se vingará de todos vocês! (declara o ditador preso). Arderão no fogo infernal! Todo o mundo queimará e somente a Coreia do Norte sobreviverá ao holocausto divino! Depois eu me sentarei ao lado de Deus para finalmente governar todo o mundo!

Sabino e Everardo se entreolham novamente e descem correndo a escada de alumínio para uma reunião de emergência.

- Isso...! Corram seus covardes...! Podem fugir, mas não conseguirão se esconder da ira de Deus, por terem prendido seu filho mais ilustre: eu!

No andar debaixo Sabino, Everardo, eu, Fernando e Chin-Mae nos juntamos para conversar com o comandante e o restante da tripulação sobre as nossas desconfianças.

-
Não temos como saber se o que vocês estão dizendo seja a verdade! (declara o comandante).
- Mas, senhor! O prisioneiro lá em cima não diz coisa com coisa! (informa Everardo). Ele se acha filho de Deus e nos ameaçou de modo a acreditarmos que o perigo nuclear ainda não fora resolvido. Talvez, senhor, nossa missão não tenha sido cumprida! E, neste caso, ao avisar os aliados que pudessem atacar, poderemos ter decretado o início do que viemos aqui evitar!
-
Entendo a preocupação, cabo! (solidariza-se o comandante). Mas sem mais informações nada mais podemos fazer! Se existe outra forma das armas nucleares norte-coreanas serem ativadas..., não temos a menor ideia onde possam elas estar disponíveis neste momento!
- Podemos ordenar a retirada de todas as tropas aliadas desta região. Talvez assim os generais norte-coreanos não disparem seus mísseis! (sugere Sabino).
-
Cabo Sabino! Cabo Everardo! Compartilho da preocupação de vocês, mas simplesmente não posso pedir o fim dos ataques, baseado numa mera preocupação! Não seremos ouvidos por nenhum dos países invasores com esta argumentação!
- Senhor! Podemos apertar o coreano lá em cima! (declara Fernando). Se o assustarmos bastante talvez ele nos conte algo que interesse.
-
Não somos torturadores, Fernando! Somos militares e temos regras que devemos cumprir! (informa o comandante).
- Mesmo que estas regras nos levem a uma explosão nuclear matando milhões de pessoas? (indaga Chin-Mae).
-
Embaixadora! Tudo o que fazemos aqui está sendo gravado para registro e arquivo. Qualquer decisão minha nesta embarcação terá sempre que contar como o meu bom senso e com as regras internacionais estabelecidas sobre os direitos dos prisioneiros de guerra (declara o comandante).
- Então o senhor está preparado para ser acusado no futuro de crimes contra a humanidade por causa da burocracia? (indaga a embaixadora).

O comandante não comenta nada a respeito deste assunto. Chin-Mae olha para mim e para os cabos e resolve ela mesma tomar uma atitude.

- Onde pensa que vai, madame? (indaga o comandante).

Chin-Mae, com o passo acelerado, sai da cabine de comando e vai em direção à sala de manutenção. Ela começa a subir a escada de alumínio para o segundo andar, enquanto responde à questão do comandante:

- Não vou deixar meu povo ser dizimado por causa de ética... ou... sei lá o que vocês possam alegar neste caso...! Vou eu mesma resolver isso tudo... E agora.
- Embaixadora! A senhora é apenas observadora e intérprete nesta embarcação. Não pode torturar ninguém em meu barco!
- Não se metam neste assunto! É uma briga em família! Além do mais, o senhor não está aqui fisicamente para morrer junto com todos nós e os outros milhões que vivem nesta região. O senhor está sentado confortavelmente em sua cadeira de comando em Brasília. Se o mundo desabar só sentirá remorso, no máximo! (grita Chin-Mae já chegando ao local de prisão de seu pai).

-
Comandante! O segundo soldado-aranha, que ficou junto à torre de transmissão, está andando em alta velocidade por uma estrada que cortará caminho em relação ao nosso percurso lento aqui no Rio Taedong (informa a voz feminina da inteligência artificial).
-
Mas como é que ele está fazendo isso? (indaga o comandante).
- Não é ele, senhor! (responde Everardo). Enquanto nossa equipe trazia o prisioneiro para cá, eu fiz alguns testes no simulador virtual e descobri um modo de nosso robô andar de motocicleta. Passei a animação ao computador que transformou tudo em informações, o que tornou possível que a inteligência artificial pudesse enfim controlar nosso soldado-aranha em campo e trazê-lo de volta para nós!

Num dos monitores da embarcação podemos observar a câmera frontal do soldado-aranha andando em alta velocidade pela longa estrada reta e meio mal conservada da região. Não há uma câmera externa que possa nos mostrar como é que o nosso robô está pilotando uma moto e assim só podemos ver a estrada à frente dele. No segundo andar Chin-Mae aproxima-se de seu pai. De costas para a escada e preso pelos dois braços do soldado-aranha, o ditador não sabe quem retornou ali para visitá-lo.

- Quem está aí? Fale, covarde! (brada o ditador).
- Se existe algum covarde aqui... este alguém é você..., que se escondeu por detrás do poder para condenar milhares de pessoas a morrerem de fome, sem auxílio hospitalar, sem empregos! (declara Chin-Mae).
- Ahhh! Então é você que veio me visitar?
- Nunca teve a capacidade de visitar seu povo nas ruas! Só ofereceu o medo e a dor para todos aqueles que o cercaram até hoje. Você não vale nada!
- Minha filha...! Entenda... Eu tenho um caminho a seguir...
- Chega...! Não estou interessada em suas tentativas de se explicar...! Você terá esta oportunidade quando for julgado pelos crimes contra a humanidade em Haia, na Holanda!
- Não tenha tanta certeza disso! Não ficarei aqui por muito tempo!
- Pare com esta baboseira! Você não é ninguém! O povo ora por você apenas porque é obrigado! Mas você não sabe para quem eles realmente oram! Os generais norte-coreanos dominam o seu país e você nem tem consciência disso!
- Rsrsrs! Acredita mesmo que vai me chatear com esta informação mentirosa?
- Não estou interessada em que você acredita! Só estou lhe comunicando que estamos em contato com o verdadeiro líder norte-coreano. Um almirante que estava ao seu lado o tempo todo e desfazia as suas ordens para fazer o que ele bem entendesse!
-
Isso é impossível! Ninguém ousaria me desafiar desta forma. É tudo mentira o que está dizendo! Eu não acredito nisso!
- Sinto muito para você! Descobrimos que nem mesmo o verdadeiro controle remoto de acionamento dos artefatos nucleares de seu país estavam disponíveis para você! Era uma farsa aquele brinquedinho que você guardava com tanto cuidado!

O ditador, agora de frente para a filha, porque ela o circulou lentamente para parar nesta posição, a observa com cuidado, em busca da verdade no olhar de desdém, daquela mulher revoltada.

- Você é tão desprezível e inútil... que levaremos você para um manicômio na Coreia do Sul, quando estivermos indo embora daqui. Os americanos nem o querem mais!
-
Isso não é verdade! Eu sou o grande Kim Jong-un! Terceira geração de homens especiais que nasceram para comandar esta nação! Meus generais tinham medo de mim! Meus súditos me amavam! Eu controlava tudo! Com mão-de-ferro!
- Então porque um almirante está conversando agora conosco, dizendo ser ele o verdadeiro líder deste país? (indaga ela).
- Ninguém se atreveria a fazer isso! Matei pessoalmente todos os generais que me desafiaram de alguma forma ao longo dos anos. Eu sorria enquanto os esfaqueava até a morte, apenas porque não se curvavam o suficiente diante de minha presença! Sei que meu controle remoto era o verdadeiro. Eu o usei diversas vezes, em ocasiões especiais, para disparar mísseis de testes. Ninguém teria coragem de ousar me enganar em meu próprio governo. Sempre fui... e sempre serei...
o maior líder supremo que este país já teve! Fui... e sempre serei endeusado pelas massas! Sou temido, mesmo aqui preso, por todos os meus inimigos!
- Então...! Quer dizer... que você era o único que poderia disparar os mísseis nucleares... e não conseguiu fazê-lo?

O ditador para de falar empolgadamente e lentamente vai ficando sério, tentando entender o que é que a sua filha está querendo dizer com esta observação?

- Onde está querendo chegar com tudo isso? (indaga o ditador).
- Você não é louco, não é mesmo...? Só estava tentando nos enganar e nos confundir... para que recuássemos na intenção de dominar seu pais...? Queria que ficássemos com medo de termos sido enganados?

O ditador nada mais fala agora... e percebe que seu "Plano B" fora por água abaixo.

- É... papai...! É mais fácil ofender o ego de um ditador cruel e prepotente, dizendo ser ele alguém muito pequeno e insignificante..., do que tentar torturá-lo para obter informações falsas ao final..., não é mesmo?
- Você seria uma boa sucessora minha no futuro..., minha filha! Já sabe como dominar as pessoas e torturá-las mentalmente...! Só falta agora aprender a usar uma faca e cortar com prazer a carne de seus inimigos!

Chin-Mae olha friamente para o pai e finaliza:

- Existe uma grande diferença entre extrair informações de alguém de forma inteligente... e ser um hipócrita, arrogante e covarde como você!

Ao dizer isso, ela se afasta dali para retornar ao primeiro andar, dando as costas ao pai.

- Não desista ainda Chin-Mae! Você pode controlar este barco e juntos, eu e você, dominaremos o mundo! Mataremos todos os inimigos com bombas nucleares e seremos endeusados pela eternidade pela humanidade que restar! (grita o ditador em vão).

Eu, Fernando, a aguardava lá embaixo para recebê-la.

- Pode dizer ao seu comandante... que meu pai é realmente o verdadeiro ditador... e que o risco nuclear está decididamente afastado...! Nós cumprimos a nossa missão...! (declara Chin-Mae a mim).
- Estávamos todos na cabine acompanhando as imagens...! Vimos, ouvimos e gravamos toda a conversa de vocês dois (declaro eu).
- Estou com vergonha disso tudo, Fernando!
- Vergonha? Por quê? (indago eu, segurando solidariamente nos braços dela).
- Quando Sabino e Everardo disseram que ele estava louco... e que não seria o verdadeiro ditador da Coreia do Norte... eu... tive esperanças de que ele não fosse tão mau, afinal...! Então eu poderia cuidar da loucura dele... até o fim de seus dias..., com carinho..., devoção... e algo... que ele nunca me deu e nem a ninguém...: amor...! Mas quando vi... no fundo daqueles olhos cruéis... que meu pai estava sendo sincero... que realmente matava e sentia prazer em fazê-lo pessoalmente..., por pura maldade... e completo desamor pelas pessoas..., fiquei muito envergonhada por ser filha dele!

Chin-Mae abaixa os olhos e começa a chorar! Ela leva as mãos ao rosto para encobrir a enorme vergonha que sente neste momento.

- Não fique assim, Chin-Mae! O mundo não irá lhe criticar por ser a filha daquele monstro! (comento eu). Toda a Coreia reunida irá te agradecer por ter conseguido capturá-lo... e trazê-lo ao banco dos réus onde, eu tenho certeza, será condenado e pagará devidamente por todos os seus crimes junto à justiça! Você é uma heroína..., meu amor! Mas, infelizmente..., não poderá salvar a única pessoa que mais desejava que fosse salva...: seu próprio pai...! Ele será condenado por tudo o que fez de errado na vida...! Mas... juntos... eu, você e a equipe deste barco brasileiro... poderemos salvar aqueles que realmente precisam e desejam ser salvos: a sua verdadeira família... e ainda centenas de outras pessoas do seu povo...! Vamos lá...! Levante esta cabeça...! Sorria para mim...! Vamos salvar quem merece ser salvo...! Vamos...?

Chin-Mae ergue ligeiramente a cabeça! Dá um leve e rápido sorriso entre as lágrimas que escorrem em abundância pelo seu rosto! Balança a cabeça diversas vezes, concordando comigo em continuar com a nossa missão!

- Então você não tem vergonha de mim? (indaga ela ainda muito tímida).
- Vergonha...?!?! Tenho o maior orgulho de você...! E..., sabe do que mais...? Quer se casar comigo...?

Ela ergue de vez a cabeça e arregala os olhos de espanto com a minha proposta!

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- Está falando sério, Fernando...? Você mal me conhece...! Sou dez anos mais velha que você e...

- Eu não preciso saber mais do que já sei sobre você...! (declaro eu, interrompendo-a). Guerreira..., honesta..., inteligente..., perspicaz..., altruísta e heroína...! Quem não amaria uma mulher assim...?

Ela sorri para mim, me beija forte na boca e me abraça apertado por um longo tempo! Neste momento as minhas lágrimas também começam a descer pelo rosto, porque também fiquei emocionado em pedir alguém em casamento dentro de um barco de guerra invisível..., em meio a uma crise nuclear... com um ditador cruel preso no andar de cima... e que por acaso é pai de minha futura esposa...!

E tudo isso em meio a bombas que caem o tempo todo em toda a região ao nosso redor...! Como posso estar me sentindo tão feliz vivendo este momento...? Talvez seja um egoísmo muito grande de minha parte..., mas... estou feliz! Mesmo que milhares de pessoas estejam morrendo lá fora!!!! Desculpem-me!!! Eu estou feliz...! E é o dia mais feliz de minha vida!!!

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