O BARCO INVISÍVEL MISSÃO NUCLEAR Vol. II
Cine-Book é um projeto cultural que reúne a dramaturgia, a criação de trilhas e canções e que agrega ao livro um trailler, pequenos vídeos distribuídos pelos capítulos e um vídeo-clip da trilha sonora exclusiva. Este material transforma parte do livro em audiovisual, assemelhando-o a um filme e ainda ajuda a divulgar novos atores e cantores.
Este livro foi registrado na Biblioteca Nacional em nome do autor e está disponível gratuitamente para leitura apenas aqui neste site
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
VIVENDO NA CADEIA

CAPÍTULO XXIII
EM TERRITÓRIO INIMIGO

CAPÍTULO II
O CONCEITO DA GUERRA

CAPÍTULO XXIV
EU, ROBÔ

CAPÍTULO III
A INVASÃO DA BASE SECRETA

CAPÍTULO XXV
ARMADILHAS NO TAEDONG

CAPÍTULO IV
REUNIÃO PARA A GUERRA

CAPÍTULO XXVI
CAÇA E CAÇADOR

CAPÍTULO V
INFILTRANDO-SE NAS FARC

CAPÍTULO XXVII
O RETORNO DO FANTASMA

CAPÍTULO VI
VIAJANDO DE AVIÃO

CAPÍTULO XXVIII
NA TEIA DO INIMIGO

CAPÍTULO VII
A CAMINHO DO INFERNO

CAPÍTULO XXIX
CADEIA NACIONAL

CAPÍTULO VIII
DE VOLTA AO LAR NAVAL

CAPÍTULO XXX
CONSPIRAÇÃO

CAPÍTULO IX
LEMBRANÇAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXI
PASSEANDO NO INFERNO

CAPÍTULO X
CONFRATERNIZANDO

CAPÍTULO XXXII
A INTELIGÊNCIA É ARTIFICIAL

CAPÍTULO XVI
VIAGEM PELO PACÍFICO

CAPÍTULO XI
SEGREDOS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIII
O ATAQUE FANTASMA

CAPÍTULO XII
MANUTENÇÃO EM ALTO-MAR

CAPÍTULO XXXIV
INVASÃO E EVASÃO

Depois de nossa dificuldade em atravessar o Panamá com um barco invisível voador, a viagem ficou mais tranquila. Seguimos em alta velocidade deixando atrás de nós um grande rastro branco de água. Do lado de fora a imagem de uma lancha com duas mulheres vestidas de biquíni. Mas estas águas internacionais são monitoradas pela quarta frota naval americana. É por aqui que o tráfico de drogas carrega seu material em direção aos Estados Unidos. Para evitar isso eles continuamente fotografam e gravam imagens de cada barco que cruza estes mares, para uma checagem posterior quando estes barcos chegam ao seu destino nos portos americanos. Mas a imagem projetada da lancha está nos dando credibilidade. Então... até agora ninguém nos importunou! E com isso tudo estamos nos adiantando em nosso cronograma de viagem. Eu e Chin-Mae ficamos muito íntimos depois de nosso beijo ardente lá no quarto. Mas eu preciso me concentrar no trabalho também, o que não está sendo nada fácil. Estou agora na cabine de comando editando as imagens de nossa última missão. O soldado Carlos, o cineasta, especialista na produção de vídeos, está montando cada uma das sequências que eu escolhi da missão-fantasma. O vídeo está ficando muito bom e acho que será bem representativo de tudo o que vivemos naqueles momentos! Estou há horas trabalhando neste material e eu nem percebi que o tempo passou tão rápido. Chin-Mae ficou fazendo meditação, sentada no piso do barco entre as quatro camas disponíveis. Sabino e Everardo estão sempre checando cada parte do barco invisível para determinar se algum problema está acontecendo. Com isso eles descobrem um problema antes mesmo que aconteça. Lá fora, nas paredes externas do barco invisível, alguns leds se estragaram, devido às fortes vibrações do voo com foguetes e também por causa de nosso impacto forçado nas águas do rio do Panamá. Isso deixou alguns pontos escuros sobre a imagem projetada lá fora. São leds queimados. Mas, para nós, este problema em alto-mar não é importante! Estamos sempre passando muito longe de barcos e pessoas. Ninguém nos verá aqui. Mas em algum momento será necessário trocar tais placas antes de chegarmos mais perto do Japão e das Coreias. Não sei como Sabino e Everardo farão para trocarem os painéis com defeito. É preciso ir lá fora para fazer isso. O que quer dizer que desta vez não poderemos fazer tal manutenção em alto-mar! Teremos que parar em alguma praia deserta!
CAPÍTULO XIII
VOLTANDO AO INFERNO

CAPÍTULO XXXV
FOGO AMIGO

CAPÍTULO XIV
SOBREVOANDO O PANAMÁ

CAPÍTULO XXXVI
ASSUMINDO A ASSESSORIA

CAPÍTULO XV
AS FARC NO BRASIL

CAPÍTULO XXXVII
HOLOCAUSTO DIVINO

CAPÍTULO XVI
VIAGEM PELO PACÍFICO

CAPÍTULO XXXVIII
PULVERIZAÇÃO

CAPÍTULO XVII
O MENSAGEIRO DA MORTE

CAPÍTULO XXXIX
A ORDEM ESTABELECIDA

CAPÍTULO XVIII
O PACÍFICO VIOLENTO

CAPÍTULO XL
O RETORNO DO SOLDADO

CAPÍTULO XIX
O ATAQUE DO EXÉRCITO

CAPÍTULO XLI
NOTÍCIAS DO FRONT

CAPÍTULO XX
A INVASÃO DA COREIA

CAPÍTULO XLII
O ÚLTIMO CAMPO

CAPÍTULO XXI
BASE AMERICANA NO BRASIL

CAPÍTULO XLIII
FUNCIONÁRIO-FANTASMA

CAPÍTULO XXII
PERDIDOS NA FLORESTA

PERSONAGENS
DESTE LIVRO

Isso não será nada fácil, porque as ilhas do Pacífico, que estão em nosso caminho, ou já são habitadas ou são muito escarpadas e não servirão para nós. Tem também os atóis que são bem rasos. Mas estes são infestados de corais* muito duros e que podem danificar o casco de nossa embarcação ou cortar a pele dos pés de Sabino e Everardo durante a manutenção. Este é um “pepino” que a equipe militar terá que descascar sozinha, porque eu estou muito ocupado para fazer esta pesquisa agora. De qualquer modo, os dois cabos brasileiros já sabem exatamente quais são as placas de leds que devem ser trocadas. Eles separaram as novas que estão prontas e já foram testadas novamente. Assim que pararmos, os cabos brasileiros estarão prontos para rapidamente trocá-las. Passamos aquela noite navegando em alta velocidade no alto-mar. A noite estava tranquila e a embarcação não estava chacoalhando tanto. Trabalhei até tarde na edição das imagens da missão anterior. O cineasta, assim apelidado pelos colegas, o soldado Carlos, ficou comigo até o final de seu turno, às oito da noite. Seu sucessor ficou comigo até quando eu não aguentei mais. Depois disso fui dormir. Mas dormir com um barco balançando tanto não é nada fácil! Chin-Mae dormia tranquila em sua cama quando cheguei. Everardo e Sabino também dormiam profundamente. Eles tinham que manter o número correto de horas de sono, porque seus dias são muito trabalhosos. Eu mal tive tempo de conversar com eles desde Val-de-Cães no Pará, quando iniciamos esta missão! Fiz o possível para não fazer barulho dentro do quarto comunitário e deitei-me ali. Dormi quase que imediatamente. Todos nós estamos ficando muito cansados. O balanço contínuo da embarcação, o barulho e o stress infindável, têm nos castigado fortemente. O dia seguinte iniciou rapidamente. Pelo menos eu achei que dormira pouco naquela noite. Assim que chegou na base secreta em Brasília, o comandante Severo trouxe de casa uma pesquisa de satélite e localizou uma pequena ilhota na Polinésia Francesa. Ele achou que o lugar seria perfeito! É um local isolado, plano, muito longe de tudo e de todos! Ali Sabino e Everardo farão a manutenção e os testes finais da embarcação. Quinze horas depois de sobrevoarmos o Panamá, Severo informa a equipe sobre os novos planos:

-
Atenção, pessoal! Estamos chegando ao Atol Tatakoto na Polinésia Francesa (declara o comandante Severo à equipe). Major! Antes de entrarmos no interior da ilha escolhida, vamos primeiro identificar melhor o local e a direção correta que deveremos seguir para planarmos até lá. Soldado João! Assim que pararmos próximos ao Atol, quero que envie um inseto artificial. Quero saber a altura dos corais ao redor da ilhota, o espaço disponível para pousarmos e para depois levantarmos voo. Vamos fazer isso tudo muito rapidamente. Não quero perder mais tempo com a manutenção do que o necessário.

-
Sim, senhor! (respondem a major e o soldado).

A voz alta do comandante saindo pelos alto-falantes da embarcação me acordou. Tomei um susto e tentei levantar a cabeça para sair da cama. Bati minha testa com tudo na espuma que eu colara sob o estrado da cama acima da minha. Afinal estou num beliche. Mas desta vez aquele material macio evitou um novo “galo” em minha já dolorida fronte. Eu caí de volta sobre meu travesseiro. Fiz uma careta e olhei de lado, quando vi Chin-Mae, também deitada olhando para mim e sorrindo:

- Ahhh! Então é por causa disso que você colou esta espuma aí?
- Ohhh...! Bom dia, Chin-Mae...! É...! Não posso ser acordado com um susto...! Eu costumo me levantar rapidamente neste momento...! E você...? Dormiu bem...?
- Apesar de seus roncos...! Sim! Dormi! (declara ela sorrindo lindamente para mim).
- Eu ronco?!?! Não sabia disso!!!! Desculpe-me! (digo eu).
- Tudo bem...! Estamos todos ficando muito cansados por aqui! Eu acho que também devo ter roncado nesta noite! E seu trabalho jornalístico? Está terminando?
- Sim...! Estou bem perto do final...! Preciso terminar logo com isso, porque tenho que começar a escrever sobre nós dois... quero dizer...! Sobre a missão nuclear!
- Rsrsrs! Cuidado, jornalista! Não vá escrever um romance e se esquecer de seu trabalho aqui! (disse ela sorrindo novamente para mim).

Eu sorrio de volta! Saio da cama e me agacho ao lado da dela!

- Farei um capítulo especial sobre nós dois dentro da missão nuclear! Contarei tudo o que eu senti desde o momento em que te vi na sala do general Figueiredo.
- Hummm! Então foi desde lá que estava de olho em mim?
- É...! Devo confessar que a sua beleza me cativou imediatamente...! Até o general percebeu que eu não estava agindo normalmente...!
- Rsrsrs! Espero que a minha presença aqui não atrapalhe a sua atividade jornalística!
- Não atrapalhará...! Ao contrário...! Acho que você poderá me ajudar a entender melhor como seu mundo chegou à condição onde se encontra agora! Me ajude a entender um pouco mais da história coreana.
- Ahhh! Então esta manhã seu trabalho será conversar comigo?
- Exatamente! Quero que me ajude a determinar como toda a história milenar coreana culminou em meu encontro com você nesta embarcação! E... entre uma informação... e outra... podemos trocar... alguns beijos... ardentes! Que tal?
- Acho que você irá adorar a história milenar coreana... e também meus beijos ardentes...! Rsrsrs!

Neste momento nos beijamos novamente, com Chin-Mae ainda deitada em sua cama e eu agachado ao lado dela. Na cabine de comando, a major Margarida já está reduzindo a velocidade da embarcação porque estamos muito próximos do Atol Tatakoto.

-
Comandante! Chegamos à ilha polinésia! Estou desligando os motores (declara a major).
-
Lançando um pequeno grupo de insetos artificiais em direção à ilhota onde iremos aportar (declara o soldado João). Farei uma varredura a laser por toda a superfície marinha daqui até o ponto escolhido para estacionarmos o barco.

Esta operação, programada desde ontem, será feita automaticamente, senhor!

-
Muito bem, pessoal! Vamos rápido com isso! Temos que evitar uma guerra nuclear do outro lado do planeta (declara o comandante Severo).

Uma tampa no topo da embarcação se abre e sete insetos artificiais levantam voo, deixando a embarcação e se posicionando lado a lado à nossa frente. Logo depois eles emitem o sinal laser e voam rapidamente em direção à pequena ilhota isolada de Tatakoto! A medição de varredura dos robôs voadores é transmitida diretamente para o supercomputador a bordo que monta um gráfico em tempo real na grande tela frontal de cristal líquido à frente do avatar do soldado João e, portanto, na extrema direita do painel central de controle. Na base de controle do barco invisível em Brasília todos os cinco membros da equipe, e mais o comandante Severo, podem observar o gráfico de
curvas de nível* que mostram que a altitude máxima da região medida é de apenas um metro. Graças ao sistema hovercraft de nosso barco invisível, poderemos flutuar facilmente sobre as superfícies planas, sejam elas feitas de água, terra ou de corais. O maior perigo é abalroar uma árvore quando chegarmos à ilha, durante esta operação. Mas existe uma clareira bem ampla no local, o que evitará que tal coisa aconteça.

-
Muito bem, senhores! O computador já traçou a nossa rota de acesso ao local. Vamos flutuar até lá imediatamente (informa o soldado João).

Enquanto o barco aciona o sistema hovercraft e abre as asas para voar a dois metros de altura e a oitenta quilômetros por hora, o soldado Ricardo, responsável pelos sinais de radar e câmeras térmicas e normais de satélite, percebe alguns problemas:

-
Senhor! Detectei uma forte tempestade à frente. Ela vem em nossa direção. Acredito que teremos..., mais ou menos..., umas duas horas ainda de tempo seco. Mais uma coisa, comandante! A câmera térmica de nosso satélite brasileiro militar mostra que um pequeno grupo de pessoas está contornando a ilha e vindo em nossa direção num pequeno barco a motor.

-
Droga! (declara o comandante). Vamos prosseguir com o nosso plano inicial e continuar invisíveis no interior da ilha. Vamos torcer para que eles apenas passem por esta região e não nos incomodem na ilha.

Agora flutuamos lentamente! Invisíveis! Atravessamos sem problemas os corais do entorno da ilha. Estamos em terra firme! A major reduz nossa velocidade até pousarmos entre os muitos coqueiros daqui. Lentamente nosso barco para de lado, paralelamente ao mar de onde viemos! Os motores são desligados! As asas são recolhidas! Os insetos artificiais retornam um a um ao topo da embarcação! Estamos totalmente em silêncio e invisíveis! O pequeno barquinho a motor passa direto ali por perto. Provavelmente são turistas! Esta ilha recebe alguns turistas de vez em quando, que querem conhecer toda a ilha e ficam contornando este belo paraíso. O comandante não quer perder tempo e mesmo enquanto os turistas navegavam ali por perto, Sabino e Everardo já tinham descido da embarcação, pelo lado contrário, para que ninguém os visse ali. A porta e as escadas articuladas externas são fechadas e o barco permanece totalmente invisível. Os dois soldados-aranhas também saem do interior da embarcação, arrastando cada um dois pequenos carrinhos presos, lado a lado, à parte traseira de seu corpo robótico. Dentro de cada um deles está um carregamento completo com novas placas quadradas de leds para que os militares as utilize durante a manutenção. O outro carrinho está vazio para que as placas defeituosas sejam depositadas. Sabino e Everardo estão usando fones de ouvido para se comunicar com a inteligência artificial ou com o comandante da missão. Cada um deles avaliará visualmente todas as placas com problemas de leds queimados. Os aranhas retiram sua carga de placas novas do interior do carrinho.

- Estamos parados? (indaga Chin-Mae a mim).
- É! Parece que sim! (concordo eu, Fernando, com ela). Computador! Por que paramos? Aconteceu alguma coisa?
-
Paramos para fazer uma manutenção na estrutura externa da embarcação. Assim que for possível continuaremos a viagem (declara a inteligência artificial do barco invisível).
- Mas não estamos balançando!!!! Estamos em terra firme? (indaga Chin-Mae ao computador).
-
Sim! Numa ilha tropical da Polinésia Francesa! (informa o barco a ela).
- Que maravilha!!!! Vamos sair um pouco do barco para conhecê-la!!!! (sugere, feliz, a embaixadora sul-coreana).
-
Infelizmente isso não será possível! (declara a inteligência artificial de voz feminina). A manutenção que estamos executando é de um setor secreto desta embarcação. A senhora não poderá presenciar tal coisa!
- Puxa! Que pena! Eu sempre quis conhecer a Polinésia Francesa! Acho que não será desta vez! (declara, triste, Chin-Mae).
- Não se preocupe! Quando esta missão terminar eu e você viajaremos para cá para conhecer algumas ilhas paradisíacas!
- Quando esta missão terminar, Fernando, o mundo estará tão diferente, que não poderemos viajar por alguns anos! (declara a embaixadora, com aparência de preocupada).
- Acha que não conseguiremos atingir nosso objetivo? (indago eu).
- Mesmo que seja possível destruirmos a torre de transmissão, antes que as bombas nucleares sejam detonadas, muita gente irá morrer! A guerra pode se prolongar por alguns meses ou até anos! A península coreana pagará um preço alto, qualquer que seja o resultado. A não ser que...!
- A não ser que...? (indago eu, curioso para que Chin-Mae complete a frase que começara).
- A não ser que um milagre aconteça e consigamos rapidamente a rendição completa e irrestrita de Kim Jong-un.
- Acha isso possível? (indago eu).
- Pelo que sabemos... seria mais fácil ele detonar uma bomba nuclear contra seu próprio povo, do que se render!

Eu olho para ela, preocupado com tal afirmativa suicida sobre o líder norte-coreano. Lá fora, Sabino conversa com a inteligência artificial:

- Computador! Quero que coloque um padrão de cor clara, única e vibrante em toda esta lateral do barco (requisita Sabino, olhando para a enorme parede inclinada do barco invisível).

O computador reage deixando a parede externa inteira numa cor clara em tom alaranjado. Imediatamente os dois militares percebem onde estão os diversos pontos escuros - os leds queimados. Os defeitos estão principalmente na parte baixa da embarcação, junto ao solo, onde sofreram o forte impacto nas águas do rio panamenho.

- Computador! Coloque digitalmente o nome codificado de cada placa disponível nesta parede onde estamos fazendo a manutenção! Quero também que cada placa tenha uma cor clara diferente para eu identificar qual é qual (ordena Sabino).

A inteligência artificial obedece e insere digitalmente a codificação das placas de leds a serem trocadas e como num tabuleiro de dama colorido insere uma placa alaranjada e outra amarelada, intercalando estas mesmas cores linha sim, linha não. Sabino e Everardo vão dizendo ao computador, lendo em voz alta e ambos, praticamente ao mesmo tempo, a codificação das placas a serem trocadas. A codificação é similar a uma planilha Excell do pacote do Microsoft Office, acrescentando ao final as letras E (lado esquerdo da embarcação), D (lado direito da embarcação), F (a parte da frente ou proa da embarcação) e T (a parte de trás ou popa da embarcação). A inteligência artificial inicia o procedimento de liberação automática de cada uma das que estão sendo citadas por ambos os militares. Todas são fixadas pelo lado interno da parede externa da embarcação. Garras automáticas seguram-nas à forte estrutura. Ao fazer isso a placa inteira é desligada e fica ali um quadrado todo escuro. Sabino se agacha e retira placa por placa da superfície inclinada do barco. Os soldados-aranhas, junto a cada um dos militares, recebem cada uma das placas danificadas retiradas, pegando-a com uma das garras e dando outra placa nova aos cabos. Com a outra garra pegam e guardam as defeituosas no carrinho vazio, atrás de si. Sabino pega um delas! Agacha-se! Posiciona-a perfeitamente no lugar da antiga que já fora retirada! E ela volta a acender com a cor padrão ali disponível. Everardo está fazendo o mesmo.

- Computador! Pode fixar a placa... KX129E que estou segurando agora, por favor! (requisita Sabino).
- Computador! Fixar a placa... BX129E, que estou segurando agora, por favor! (requisita Everardo).

A inteligência artificial reaperta a pequena garra atrás da placa, mantendo-a novamente fixada ao local. Rapidamente os dois soldados reinstalam placa por placa nos espaços negros vazios. Os soldados-aranhas, totalmente visíveis na praia, retornam novamente ao interior da embarcação. Lá em cima, no terceiro andar, outro robô de manutenção, que fica sempre guardado dentro de um dos armários enquanto não é utilizado, agora está trabalhando sem parar! Ele abre o lacre de cada placa danificada! Aciona o funcionamento da mesma. Detecta os leds com problemas e os troca por novos, refazendo as soldas a seguir. Testa a placa! Confirma o bom funcionamento! Lacra tudo novamente! Agora consertada, a libera de volta ao estoque.

- Temos mais placas com leds queimados do que estimávamos inicialmente! (informa Sabino à inteligência artificial, enquanto repõe outra das danificadas). Não temos reservas suficientes para trocar todas. O robô de manutenção terá que trabalhar rapidamente senão ficaremos parados aqui esperando!
-
Não posso acelerar o processo de manutenção (informa o supercomputador com sua voz suave feminina). Os leds são minúsculos e o trabalho é extremamente delicado. Teremos que aguardar o término da manutenção ou prosseguir viagem em baixa velocidade até que as placas tenham sido todas recuperadas.
- É uma boa ideia prosseguirmos viagem até que tenhamos um estoque suficiente para continuarmos trocando as placas danificadas restantes em outra parada! (declara Everardo).
-
Senhores! Uma tempestade está se aproximando de nós. Não devemos prosseguir viagem se as ondas estiverem muito altas (informa o comandante Severo). Temos que terminar a manutenção aqui e agora!

Sabino olha de lado e vê a enorme quantidade de coqueiros disponíveis ao redor. Ele sorri para Everardo e comenta:

- Bom! Poderemos tomar muita água de coco nesta ilha paradisíaca enquanto aguardamos a tempestade passar e as placas de leds serem recuperadas!
- Rsrsrs! Boa ideia, Sabino! (concorda Everardo).
- Computador! Arranque uns cocos maduros daqueles pés para viagem, por favor! (requisita Sabino a um dos soldados-aranhas).
-
Não podemos gastar equipamento militar para estas coisas! (comenta o comandante Severo via rádio aos dois cabos).
- Mas, senhor! Com apenas um tiro o soldado-aranha pode derrubar um cacho inteiro de cocos! (informa Sabino). Ou talvez até derrubar um coqueiro inteiro! Assim não precisaremos parar o trabalho para pegar este mantimento. Além do mais, nós merecemos!

Depois de alguns segundos o comandante concorda com o cabo e autoriza o auxílio do robô militar. Então o soldado-aranha se posiciona adequadamente fazendo mira. A tampa superior de seu corpo se abre e o conjunto de armas se ergue. A inteligência artificial escolhe o lançador de micro-projéteis e dá um único e silencioso tiro contra um dos coqueiros do local. Nada acontece. Sabino olha para o enorme robô e indaga-lhe:

- Você errou? Como isto é possível?

O soldado-aranha caminha em direção à árvore até bem perto dela. Ele para e usa uma de suas garras mecânicas para pegar no tronco. Ele a chacoalha e todos os cocos de um cacho caem dali de cima na terra. Sabino sorri e se volta para o trabalho. Ele instala mais uma placa nova na parede externa da embarcação.

- Computador! Pode fixar a placa... DH85E que estou segurando agora, por favor!
-
Senhor! Não há mais tempo a esperar! (informa o soldado Ricardo, responsável pelas câmeras do satélite brasileiro e também pelos sinais de radar). A tempestade acelerou seu movimento em nossa direção. Teremos chuvas, raios, trovões e ventos muito fortes.

Lá fora os dois militares também ouviram a informação. Sabino está finalizando a troca das placas na lateral esquerda da embarcação e Everardo também está finalizando a parte da frente. Sabino corre para a parte traseira e conta quantas placas de leds ainda serão necessárias e faz o mesmo para a lateral direita do barco invisível. Um forte vento começa a dobrar as árvores do local. Um pó fino se ergue no ar e Everardo corre em direção à entrada do barco enquanto grita para o supercomputador:

- Computador! Vamos recolher tudo aqui! Não podemos arriscar que este pó fino estrague os contatos elétricos das placas de leds novas! Isso destruiria nossa camuflagem quando em breve invadirmos o território inimigo.

Rapidamente um dos soldados-aranhas recolhe seus carrinhos e se dirige para a lateral do barco invisível onde duas cordas esticadas estão ali disponíveis. Ele agarra a tal corda e um motor elétrico começa a recolhê-la. O outro robô pega do chão o cacho de cocos e o coloca sobre seu corpo. Este se dirige em direção ao seu carrinho de placas de leds, fixa-o à parte de trás de seu corpo mecânico e dirige-se para a segunda corda disponível na lateral do barco. As escadas laterais são articuladas posicionando os degraus para que os cabos possam retornar para a segurança do interior. Everardo pega o cacho de cocos do soldado-aranha e sobe os degraus até entrar na embarcação. Sabino vem logo atrás e também sobe rapidamente. O último soldado-aranha escala a lateral da embarcação e penetra no terceiro andar. Em poucos segundos todos entram e cordas, portas e degraus retornam à posição normal, mantendo o barco totalmente invisível novamente. Apenas alguns poucos pontos negros são visíveis ali fora. A chuva começa forte e os ventos balançam a casa náutica brasileira ancorada em terra. Sabino e Everardo se preparam para um banho quente e rápido.

* Corais ou recife de corais são animais que vivem em colônias coloridas que vão se acumulando camada após camadas.
Cada vez que morrem se transformam em materiais muito duros que podem cortar o casco de uma embarcação.

Gabriel Camargo
como Cabo Everardo

* Curvas de nível são linhas imaginárias que unem todos os pontos de uma região geográfica com igual altitude.
São assim chamadas porque são linhas curvas que formam círculos disformes.

Danilo Formagio
como Cabo Sabino

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