O BARCO INVISÍVEL MISSÃO NUCLEAR Vol. II
Cine-Book é um projeto cultural que reúne a dramaturgia, a criação de trilhas e canções e que agrega ao livro um trailler, pequenos vídeos distribuídos pelos capítulos e um vídeo-clip da trilha sonora exclusiva. Este material transforma parte do livro em audiovisual, assemelhando-o a um filme e ainda ajuda a divulgar novos atores e cantores.
Este livro foi registrado na Biblioteca Nacional em nome do autor e está disponível gratuitamente para leitura apenas aqui neste site
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
VIVENDO NA CADEIA

CAPÍTULO XXIII
EM TERRITÓRIO INIMIGO

CAPÍTULO II
O CONCEITO DA GUERRA

CAPÍTULO XXIV
EU, ROBÔ

CAPÍTULO III
A INVASÃO DA BASE SECRETA

CAPÍTULO XXV
ARMADILHAS NO TAEDONG

CAPÍTULO IV
REUNIÃO PARA A GUERRA

CAPÍTULO XXVI
CAÇA E CAÇADOR

CAPÍTULO V
INFILTRANDO-SE NAS FARC

CAPÍTULO XXVII
O RETORNO DO FANTASMA

CAPÍTULO VI
VIAJANDO DE AVIÃO

CAPÍTULO XXVIII
NA TEIA DO INIMIGO

CAPÍTULO VII
A CAMINHO DO INFERNO

CAPÍTULO XXIX
CADEIA NACIONAL

CAPÍTULO VIII
DE VOLTA AO LAR NAVAL

CAPÍTULO XXX
CONSPIRAÇÃO

CAPÍTULO IX
LEMBRANÇAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXI
PASSEANDO NO INFERNO

CAPÍTULO X
CONFRATERNIZANDO

CAPÍTULO XXXII
A INTELIGÊNCIA É ARTIFICIAL

CAPÍTULO XIV
SOBREVOANDO O PANAMÁ

CAPÍTULO XI
SEGREDOS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIII
O ATAQUE FANTASMA

CAPÍTULO XII
MANUTENÇÃO EM ALTO-MAR

CAPÍTULO XXXIV
INVASÃO E EVASÃO

Dezesseis horas depois que o barco invisível saiu de Val-de-Cães, o território do Panamá se aproxima! Agora o momento mais complicado e perigoso antes do final da missão! Transpor muitos quilômetros de terras estrangeiras voando com um sistema que nunca fora antes testado por tanto tempo seguido.

-
Senhora Embaixadora, Fernando, Sabino e Everardo preparem-se, porque faremos em breve a transposição aérea do Panamá! (informa o comandante Severo). Não vou mentir para vocês! Esta será uma operação difícil e que não poderemos abortar no meio do caminho. Temos que nos manter voando por ao menos setenta quilômetros. Em velocidade máxima, de seiscentos quilômetros por hora, precisaremos de oito minutos para completar tal percurso. No monitor frontal disponibilizaremos um relógio digital para monitorarmos a viagem. Isso tudo parecerá uma eternidade para cada um de vocês aí e também para nós aqui. Aparentemente conseguimos resolver os potenciais problemas no teste anterior que fizemos. Esperamos que nenhum outro aconteça. Faremos o possível para manter alguma zona aquática sob nós o que poderá nos salvar, no caso de acontecer alguma pane ou problema. Apertem bem seus cintos... e que Deus nos proteja!

Eu, Fernando, e Chin-Mae nos dirigimos rapidamente à cabine de comando para nos sentarmos em dois dos assentos disponíveis que ficam atrás dos cinco avatares. Colocamos nossos cintos de segurança enquanto ela, maravilhada, observa a presença dos avatares comandando a embarcação.

- Esta é a tripulação deste barco? (indaga ela, preocupada).
- É! São eles mesmos! São controlados por pessoas reais que estão numa base secreta! (digo eu).
- Mas...! E se durante o voo acontecer algum problema e estes robôs pararem de funcionar? Estaremos mortos!
- Não Chin-Mae! Está tudo sob controle! Este sistema é bem confiável... eu espero!

CAPÍTULO XIII
VOLTANDO AO INFERNO

CAPÍTULO XXXV
FOGO AMIGO

CAPÍTULO XIV
SOBREVOANDO O PANAMÁ

CAPÍTULO XXXVI
ASSUMINDO A ASSESSORIA

CAPÍTULO XV
AS FARC NO BRASIL

CAPÍTULO XXXVII
HOLOCAUSTO DIVINO

CAPÍTULO XVI
VIAGEM PELO PACÍFICO

CAPÍTULO XXXVIII
PULVERIZAÇÃO

CAPÍTULO XVII
O MENSAGEIRO DA MORTE

CAPÍTULO XXXIX
A ORDEM ESTABELECIDA

CAPÍTULO XVIII
O PACÍFICO VIOLENTO

CAPÍTULO XL
O RETORNO DO SOLDADO

CAPÍTULO XIX
O ATAQUE DO EXÉRCITO

CAPÍTULO XLI
NOTÍCIAS DO FRONT

CAPÍTULO XX
A INVASÃO DA COREIA

CAPÍTULO XLII
O ÚLTIMO CAMPO

CAPÍTULO XXI
BASE AMERICANA NO BRASIL

CAPÍTULO XLIII
FUNCIONÁRIO-FANTASMA

CAPÍTULO XXII
PERDIDOS NA FLORESTA

PERSONAGENS
DESTE LIVRO

Eu e ela, agora já bem fixados às nossas cadeiras, nos preparamos para os próximos minutos que serão bem críticos. A embaixadora estica lateralmente sua mão direita em minha direção. Eu olho para ela! Parece assustada! Preocupada com o que irá acontecer. Estico minha mão esquerda na direção dela e seguro sua mão. Olhamos ambos para frente e vemos o enorme mar aberto, no grande monitor central. As águas são engolidas à grande velocidade sob a embarcação! Os avatares começam os procedimentos para iniciarmos o voo histórico e altamente perigoso. Chin-Mae respira de forma ofegante! Seus olhos puxados agora estão ligeiramente arregalados. Aperto-lhe a mão para tentar confortála, mas na realidade eu também não me sinto seguro neste momento! Nossas vidas estão em jogo o tempo todo. Nada é fácil! Mas estamos agora envolvidos nisso e temos que enfrentar o que quer que aconteça daqui para frente. Agora a embarcação abre as asas e começa a se erguer lentamente aos céus! Os dois foguetes são ligados e sentimos novamente toda aquela aceleração brutal, que nos pressiona fortemente contra o assento. Nossos braços são jogados para trás. Meus pés também sofrem enorme pressão. Eu os forço contra o piso para que eu não perca o controle sobre eles. Meu pescoço não consegue mais segurar a cabeça! Tive que encostá-la na parede que está atrás de mim. Meu rosto está se deformando devido à enorme pressão exercida contra meu corpo! Mal posso manter a língua na posição normal. Sinto por alguns segundos que vou desmaiar. Rapidamente tudo escurece em minha mente e volta ao normal novamente. Começamos a subir rápido à frente quando vejo diante de nós o famoso Panamá aonde uma grande quantidade de cargueiros vão e vêm diariamente do Atlântico para o Pacífico. Alguns navios estão neste momento navegando lentamente em direção ao porto de entrada do Panamá mais à frente para entrar na primeira eclusa*.

Estamos “furando” a fila naval, programada com muita antecedência por todos que ali aguardam. Passamos por cima deles em altíssima velocidade. O digital do tempo está rodando e, para mim, parece que já estamos a quinze minutos naquela situação, mas só se passaram quinze segundos. O sistema de compensação de imagem, que nos mantém invisíveis, está tentando garantir o funcionamento correto, mas a embarcação não fica totalmente invisível aos olhos de todos que olham para cima por onde passamos! As câmeras externas transmitem a imagem ao redor, mas até que a projeção seja efetivada, ou apresentada nos painéis externos da embarcação, existe uma pequena demora de centésimos de segundos, chamada nos meios profissionais de delay ou gap. E, por causa da grande velocidade, as imagens projetadas ficam ligeiramente distorcidas ou fora da posição correta, tornando nossa silhueta ligeiramente visível, parecendo que somos um veículo aéreo de vidro que pode ser visto cruzando os céus! De dentro dos navios os marinheiros lá embaixo nos observam passando por cima deles. Nossa imagem e forte ruído no céu chamam a atenção de todos. Mas ninguém sabe o que realmente está vendo! Alguns devem acreditar que somos um avião voando bem baixo. Talvez pareçamos com um OVNI (Objeto Voador Não Identificado) semi-invisível! Para os militares talvez sejamos um novo projeto de aeronave americana. De qualquer modo estamos voando a muitos metros de altura do solo agora! Estamos a seiscentos quilômetros por hora, o que quer dizer que é a metade da velocidade do som. Considerando que entre a subida e a descida serão oitenta quilômetros de voo, então faremos dez quilômetros por minuto o que equivale a oito minutos de viagem. Isto realmente será uma eternidade para todos nós. A embarcação está sendo exigida ao limite e fisicamente nós também! O voo não é nada agradável! Tudo aqui vibra muito, além do barulho de coisas batendo por todos os lados! Chin-Mae aperta forte a minha mão. Sua expressão de pavor e impotência me passa a impressão de que ela está pronta para chorar. Não gostaria de falar muito sobre o que estou sentindo também nesta hora! Mas confesso que me sinto também com vontade de chorar. Estamos indo para o centro de batalha de uma guerra que se deflagrará ao nosso redor, mas parece que seremos testados ao limite, sob todos os aspectos, antes mesmo de corrermos o perigo ao qual nos disponibilizamos desde o início no interior de uma embarcação invisível! A tecnologia possibilita coisas impressionantes, mas também nos coloca em risco constante, diante dos excessos de todos os tipos. Não sei se você, leitor, percebeu, mas estou tentando ocupar minha mente com diversas coisas ao mesmo tempo, na esperança de o tempo passar rapidamente, e com isso eu faço o possível para me acalmar. Parece que está funcionando parcialmente! Olho na direção do relógio digital, que se encontra à nossa frente no monitor principal! Percebo que já se passaram quatro minutos. Estamos exatamente no meio do caminho. O tempo continua passando, mas isso não está me deixando mais tranquilo. Não sei se a vibração se reduziu ou se eu estou me acostumando com tudo isso. Eu olho para Chin-Mae e ela encontra-se paralisada de medo, com olhar fixo à frente. Sua mão aperta a minha com muita força e não parece que isso irá se alterar nos próximos minutos! O fim de tudo isso ainda parece distante, quando recebemos uma mensagem do comando central. Imagine, leitor, uma informação sendo passada em meio a uma forte turbulência, enquanto chacoalhamos tremendamente em pleno ar, navegando no céu num barco movido a foguete, sem pista de pouso ou zonas aquáticas retas o suficiente para pousarmos! A qualquer momento nossas vidas podem acabar sem que ao menos saibamos o que acontecer. Todos os meus sentidos estavam em alerta máximo. Minha adrenalina estava em overdose! E em meio a tudo isso... dois líderes conversam calmamente sobre outro assunto! Somente duas pessoas que não estão vivendo fisicamente o que estamos passando, é que poderiam tranquilamente conversar sobre outro assunto que não a nossa sobrevivência! Eu mal podia me mexer, falar ou pensar sobre outra coisa que não o crítico momento pelo qual estávamos passando. De qualquer modo pudemos ouvir o general Figueiredo transmitindo a informação ao comandante Severo através do sistema de alto-falantes da embarcação:

-
Senhores! Recebemos um comunicado da zona de conflito que os navios de guerra da Coreia do Norte estão se deslocando e se reagrupando ao longo da costa (declara o almirante). Eles estão construindo uma fileira de combate! Uma zona de segurança ao redor do país! As embarcações aliadas mais próximas da costa não estão recuando. Um conflito em mar aberto pode se iniciar a qualquer momento. Vocês precisam acelerar para chegar mais rápido até lá, antes que a guerra comece, caso contrário será perigoso demais atravessarem por ali. As fronteiras norte-coreanas estão lotadas de militares e tanques de guerra.

-
Estamos neste momento voando sobre o Panamá a mais de seiscentos quilômetros por hora, senhor (declara o comandante Severo). Mas nossa velocidade se reduzirá muito em breve para uns trezentos quilômetros por hora quando voltarmos a navegar. Não poderemos ir mais rapidamente do que isso, senhor. O mar estava um pouco agitado no Oceano Atlântico. Se estiver mais tranquilo no Oceano Pacífico, talvez possamos navegar a uns quatrocentos quilômetros por hora ou um pouco mais. Descobriremos em breve, almirante.

-
Apresse-se, comandante! A diplomacia não está funcionando na região. A ONU está tentando evitar a guerra, mas parece que não será possível por muito tempo. Os americanos estão tentando de tudo para atrasar o início da guerra. Eles esperam que cheguemos lá e resolvamos a situação para que Kim Jong-un não use suas armas nucleares.

- Faremos o possível, senhor!
- Boa sorte, pessoal!


Enquanto isso eu olho para o digital e estamos agora a dois minutos do fim desta viagem aérea infernal. Já posso ver um rio que se dirige para o mar. Isso é um alívio porque se algo der errado poderemos descer por ali! Mas... Opa...! Tem um aeroporto logo à frente...! Um avião está levantando voo...! Droga...! Acho que vamos bater nele...! A piloto, major Margarida, força o barco invisível a reduzir a altura de nosso voo para escapar de um impacto.

- Senhor! Reduzi um pouco a nossa velocidade e baixei a altitude para não nos chocarmos com aquele avião!
- Muito bem, major! Já estamos quase chegando ao Oceano Pacífico! Em breve a turbulência se reduzirá. Peço um pouco mais de paciência aos que estão a bordo fisicamente!


Putz...! Foi por pouco! Nosso barco chacoalha mais do que o normal ao passar abaixo daquele avião que está decolando. Estamos agora voando perigosamente a baixa altitude. Ventos fortes no local nos empurram para lá e para cá, quando ouço a major falar novamente sobre este problema.

-
Estou com dificuldades de manter a embarcação voando, senhor. Está ventando muito nesta região! Estou acelerando mais para nos manter estáveis, mas isso consumirá rapidamente o pouco combustível que nos resta!
- Preparar para pousar no rio, major! Não podemos nos arriscar a cair!

Mas logo à frente uma enorme ponte cruzando o rio é uma ameaça frontal. A embarcação invisível rapidamente reduz a velocidade e tudo indica que iremos bater na lateral de concreto daquele viaduto enorme. Eu fecho os olhos. Chin-Mae dá um grito de pavor. Ambos temos certeza de que iremos colidir e morrer neste evento. O barco invisível força uma descida mais rápida contra as águas do rio. Mas antes mesmo de descermos, o forte deslocamento de ar gerado pela passagem de nossa embarcação por ali ergue uma grande quantidade de pequenas gotas de água, criando uma nuvem branca de spray que molha todo o nosso veículo. As câmeras de vídeo externas por alguns segundos não nos deixa ver nada à frente! É desesperador! Quando o vento finalmente limpa a lente podemos ver um enorme transatlântico navegando calmamente por ali. Nosso barco está novamente em rota de colisão, agora contra aquele casco gigantesco! Sem tempo a perder a major força o impacto da proa e do fundo de nossa embarcação nas águas do rio panamenho para assim reduzir a velocidade imediatamente. No primeiro toque na superfície, minha cabeça foi jogada para frente com muita força. O cinto de segurança me impediu de respirar por diversos segundos. Meu peito pressionado impede que eu inspire ar. Chin-Mae parou imediatamente de gritar e desmaiou neste momento. Uma cascata invertida de água doce do rio erguese com força em direção ao céu e para frente, enchendo de líquido a parte de trás do convés do transatlântico que está a nossa frente. Rapidamente reduzimos de quinhentos quilômetros por hora para menos de duzentos quilômetros por hora, sobre a superfície do rio! Agora chacoalhamos três vezes mais do que quando voávamos! Nosso barco salta e cai de volta sobre as águas como uma pedra achatada atirada a grande velocidade por alguém, brincando na margem de um lago! A esta velocidade o meio aquático parece concreto! A cada impacto reduzimos mais e mais a velocidade. Já chegamos a cem quilômetros por hora! A major conseguiu mudar ligeiramente nossa direção o que evitou o impacto direto contra a traseira do navio. Agora estamos passando pela lateral dele e espalhando água para todos os lados. A força com que batemos na superfície é tão grande que o deslocamento das ondas fluviais balança o enorme navio de carga. Os marinheiros de lá também estão atônitos com o que estão vendo... ou pensam o que estão vendo! Para os marinheiros daquele navio parece que um avião está caindo ao lado deles devido a tanta água jogada para cima, mas o engraçado é que nada aparece visualmente, porque estamos invisíveis. Nossa velocidade está em cinquenta quilômetros por hora e flutuamos suavemente neste momento a poucos centímetros de altura da superfície do rio. Meus olhos, arregalados até aqui, agora piscam sem parar! Estou tentando me refazer de tantos sustos e temores contínuos pelo que todos passamos nos últimos segundos. Eu quase vomitei! Meu estômago pulava mais do que um cavalo selvagem sendo montado pela primeira vez. Olho para a embaixadora! Ela ainda está desmaiada, presa à sua cadeira. Solto rapidamente meu cinto de segurança e levanto-me dali. Minhas pernas ainda tremem sem parar! Mal consigo ficar de pé!

-
A embaixadora desmaiou! Preciso de ajuda aqui! (grito eu para quem quer que possa me ajudar naquele momento). Embaixadora? Chin-Mae? Acorde, por favor! (digo eu a ela, batendo levemente em seu rosto).

Finalmente ela mexe a cabeça, da esquerda para direita e de baixo para cima até encostá-la na parede atrás do assento! Seus olhos orientais se abrem lentamente! Sua língua esfrega-se nos lábios carnudos, ressecados pelo enorme stress que passamos por ali. Ela tosse rapidamente por uma..., duas..., não... três vezes! Seu olhar varre todo o ambiente junto com o movimento de cabeça. Ela parece buscar um sentido de localização para saber onde está. Finalmente fixa a sua atenção a mim, que estou neste momento agachado junto dela, para confortá-la!

- Eu morri? Você é um anjo? (indaga ela a mim, para minha surpresa).

Não esperava ser chamado de anjo naquele momento!

- Não! Não morreu e eu não sou um anjo! Estamos no barco invis... Quer dizer...! Estamos no barco brasileiro..., em vez de mortos!
- Tem certeza? Tive a nítida impressão de ter morrido! (declara ela colocando a mão direita na cabeça, enquanto fecha os lindos olhos castanhos claros).
- Você está bem, embaixadora? (indaga o comandante via sistema de alto-falantes de nossa embarcação).
- Sim! Acho que sim! Meu corpo dói inteiro e estou meio tonta!
- A senhora ficou muito tensa durante os oito minutos de nossa viagem! Está tonta porque ficou sem ar quando descemos nas águas do rio! Ficará bem, em breve!
- Tem certeza de que estamos vivos? (indaga ela mais uma vez a mim).

Eu sorrio para ela! Solto-lhe o cinto de segurança! Ajudo-a a se levantar dali!

- Sim! Estamos bem vivos e acredito que alguns quilos mais magros neste momento!
- Que bom! Eu precisava mesmo de um regime, mas não sabia que seria tão difícil perder peso! (comenta ela sorrindo levemente para mim).

Eu agora a acompanho até a parte traseira da embarcação (a popa do barco), e ajudo-a a deitar-se em sua cama. Agacho-me novamente ao seu lado. Ela olha para mim e com a mão direita faz um carinho em meu rosto!

- Obrigada, Fernando!
- Pelo quê? Não fiz nada! Tive tanto medo quanto você nestes últimos minutos! (digo eu).
- Obrigada por segurar a minha mão quando precisei! Obrigada por estar ao meu lado quando desmaiei! E obrigada por ser meu cicerone nesta louca viagem! Não desejaria estar com mais ninguém em minha vida... se este fosse nosso último dia de vida!

Eu olho para ela e entendo, então, que o amor que venho sentindo por aquela mulher, desde a primeira vez que a vi, também a estava consumindo! Num impulso inesperado eu vou me aproximando daquela boca tão linda e carnuda enquanto balbucio uma resposta:

- Espero que esta viagem louca termine bem, porque não quero que a primeira seja a nossa última viagem juntos!

Ela sorri para mim! Escorre sua mão suavemente de meu rosto em direção à minha nuca. Um arrepio correu minha espinha! Agora, sem conseguir resistir, um beijo longo e ardente acontece entre nós. Seus braços macios me envolvem num quente e gostoso abraço. Os dedos de minha mão penetram nos cabelos sedosos, viçosos e ondulados daquela linda mulher! Estamos unidos um ao outro desde o dia em que nos vimos. Todo meu corpo treme! Não sei mais se é de amor ou resquícios do medo que passamos há pouco! Parece que esta viagem será mais inesperada do que eu poderia imaginar para minha vida. O computador, e sua doce voz feminina, nos alerta de algo que eu havia me esquecido:

-
Quero lembrar aos dois que tudo nesta embarcação é gravado e será mostrado ao público no futuro.

Nós paramos de nos beijar e eu indago o supercomputador:

- Está dizendo que estas imagens serão mostradas ao público dentro de quinze anos?
-
Sim! Mas também àqueles que estão diretamente envolvidos neste projeto! Aliás... todos estão vendo este momento de vocês dois!

Eu olho para cima, em direção à câmera de vídeo posicionada junto ao teto do quarto. Ergo minhas sobrancelhas e declaro:

- Bom...! Agora já era...! (digo eu voltando a beijar Chin-Mae, que sorri docemente para a minha atitude, enquanto novamente me abraça e me envolve em mais um longo beijo).

Na base secreta naval brasileira em Brasília o comandante Severo e a equipe de cinco militares estão nos observando atentamente. O comandante aproxima-se do painel da embarcação e faz um gesto para a major Margarida para cortar o áudio ambiente da embarcação. Ela sorri para ele e pressiona um botão. Agora todos podem conversar em Brasília sem que qualquer membro a bordo do barco invisível possa ouvi-los.

- Espero que isso não atrapalhe a parte final de nosso plano de desembarque dentro do país inimigo! (declara o comandante Severo). A atração entre estes dois poderá prejudicar nossa “missão nuclear”!

* Eclusa ou comporta é uma instalação hidráulica produzida junta a um rio de tal forma que barcos sejam elevados ou abaixados para um ponto mais alto ou mais baixo da região, podendo assim vencer grandes desníveis de uma região com variações de relevo e tornando possível que grandes barcos continuem a viagem que de outra forma só seria poss ível por avião. Este é o caso do Panamá que conecta o Oceano Pacífico ao Atlântico.
Marcelo Henrique
como jornalista Fernando Dias

Andréia Mayumi
como Embaixadora Chin-Mae

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