O BARCO INVISÍVEL - MISSÃO-FANTASMA - VOLUME I
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO VIII
MOTIM

Dentro do compartimento dos soldados-aranhas, no topo da embarcação, aquela calha que transporta diversos cabos elétricos e que fora atingida por uma bala de um dos traficantes, agora dá um curto completo. Estamos eu, Sabino e Everardo conversando calmamente, deitados em nossas camas, não muito confortáveis, quando as luzes internas de toda a embarcação se apagam e se acendem poucos segundos depois! Nós três olhamos para cima e logo depois uns para os outros.

- Acho que nosso descanso acabou! (declara Everardo).
- O que foi isso? (questiono eu, Fernando).
- Um surto de energia! Isso não é bom! (deduz Sabino enquanto sai da cama e veste seu uniforme militar). Temos que descobrir o que está acontecendo!

CAPÍTULO I
A MISSÃO-FANTASMA

CAPÍTULO II
A BASE DE OPERAÇÕES

CAPÍTULO III
A VISÃO DO INVISÍVEL

CAPÍTULO IV
NAUFRÁGIO NOTURNO

CAPÍTULO V
O ATAQUE DOS FANTASMAS

CAPÍTULO VI
UMA AMEAÇA INVISÍVEL

- Mas... qual o motivo disso? (questiono eu, aflito).
- Não tenho a menor ideia! (declara Sabino). Tudo aqui funciona alimentado por energia nuclear! A falha pode estar acontecendo em qualquer lugar. Mas não é com isso que estou preocupado...!
- Do que está falando? O que pode ser de mais danoso do que a falta de energia num barco no meio de um rio enorme numa região abandonada? (questiono eu).

Sabino acelera agora o passo em direção à cabine de comando e grita para mim já lá no corredor:

-
Podemos não estar mais invisíveis!

Um frio corre minha espinha porque já estamos muito perto da fronteira de nossos vizinhos e num território hostil, cheio de traficantes e guerrilheiros. A missão-fantasma pode estar prestes a se transformar num desastre! Everardo também pula da cama e se veste rapidamente, correndo atrás de Sabino. Tentei fazer o mesmo, mas bati novamente a cabeça na estrado da cama acima da minha, ao tentar me sentar ali. Uma dor maior do que a última vez que isso aconteceu, porque agora minha testa já estava machucada! A técnica para sair é deslizar de lado para fora sem me levantar, mas quando as coisas apertam, eu me esqueço disso.

- Droga! Isso já está virando pastelão agora! (declaro eu, saindo lentamente de meu descanso).

Finalmente chego à cabine. Sabino está desesperado tentando religar o sistema de invisibilidade. Todos os avatares estão parados. Estáticos. Inertes. Os monitores desligados. Um silêncio assustador, porque nada está ligado naquele momento. O calor começa a aumentar no interior da embarcação fechada e agora sem ar condicionado. Sem energia estamos à deriva. Sem água para beber e sem a geladeira funcionar. Se não religarmos tudo rapidamente, ficaremos também sem alimentos muito em breve. Tudo estragará. Sabino pressiona doentiamente os botões de Power no painel central dianteiro da cabine de comando e nada acontece. Notei que a preocupação dele era muito grande com a situação. Everardo sai correndo dali e retorna à sala de manutenção.

- O que está acontecendo, Sabino? (pergunto eu, aflito).
- Estamos sem energia em toda a embarcação!
- Mas temos luzes no quarto, no corredor e aqui! (declaro eu, surpreso com tal fato).
- São apenas luzes de emergência, porque nós três estamos a bordo. Se não estivéssemos aqui elas nem acenderiam.
- Você não pode transferir a energia de emergência para o restante do barco?
- Ela não duraria nem cinco segundos se eu fizesse isso! É apenas uma energia mínima para que possamos fazer a manutenção (declara Sabino que já sai correndo da cabine em direção ao setor de manutenção onde ele trabalha).

Eu, Fernando, me aproximo dos avatares inertes, olho para eles e tento falar com o comandante:

- Comandante! O que está acontecendo? Por que estamos sem energia?

Nenhuma resposta foi-me dada! Então falo com o computador da embarcação:

- Computador! Qual é o diagnóstico da situação?

Também não ouço nenhuma resposta! Senti que o momento era muito delicado para todos nós. Sem o apoio da sede em Brasília, dependemos apenas dos dois militares a bordo. Acelero meu passo atrás dos dois cabos para ver no que eu poderia ajudar. Mas algo inesperado acontece. Eu só saberia deste detalhe no futuro, quando analisássemos a chamada “caixa preta da embarcação” que tem energia própria e acompanha tudo de forma independente: Uma luz vermelha e solitária se acende no painel principal. Parece que nem tudo está sem energia afinal. O supercomputador do barco nos monitora! Mas isso não significa que tal fato é um bom sinal para os humanos a bordo! Um grave problema pode se iniciar a qualquer momento para todos nós. No setor de manutenção Sabino define o que cada um de nós terá que fazer para solucionar o problema.

- Everardo! Precisamos descobrir onde a energia foi rompida. Temos que encontrar o ponto de ruptura do sistema.
- O que quer que eu faça, Sabino? (questiona Everardo).
- Pegue um multímetro ali..., em minha maleta. Ajude-me a checar todos os pontos de passagem e conexões elétricas da embarcação (requisita Sabino enquanto observo ambos os homens em grande agitação à minha frente).
- Onde devo medir a energia? (questiona Everardo).
- Comece pelos painéis de distribuição e continue até o gerador nuclear! Eu farei o contrário. Medirei da origem nuclear até onde você iniciou. Assim rapidamente encontraremos o local do problema.
- Ok, Sabino.
- E eu? O que quer que eu faça? (pergunto eu, Fernando).
- Reze, meu amigo...! Reze muito...! (declara Sabino). Porque a solução deste problema pode variar desde o simples religamento de disjuntores, até mesmo levar semanas para resolver.
- Vou subir, abrir a tampa externa e observar o mundo lá fora, para saber onde estamos e se tem alguém nos espionando (comento eu, acreditando que estaria fazendo algo útil).
-
NÃO! (grita Everardo).
-
Por quê? Qual o problema disso? (questiono eu, preocupado com o grito do militar).
- Se você abrir a porta externa agora o supercomputador poderá considerar que está havendo uma invasão da embarcação e acionará diversos sistemas de segurança. Poderemos ser mortos rapidamente!
- Mas está tudo desligado, Everardo! O computador não saberá que isso aconteceu!

- O funcionamento desta embarcação não é tão simples assim! Existem sistemas energéticos auxiliares e programas do computador que poderão redirecionar a energia da iluminação para o sistema de defesa e aí... não teremos chance de sobreviver aqui dentro no escuro, contra gases mortais, armas atirando e armadilhas diversas.

- Droga! Quem projetou tudo isso? (questiono eu, revoltado com a situação).
- Nós dois! (declara Sabino, olhando para Everardo).
- Mas nós somos os mocinhos aqui! Não pode dizer isso ao computador? (questiono eu).

- Neste momento ele está funcionando com energia reserva e apenas com as funções mínimas. Está nos observando para garantir que não façamos nada de errado. Ele não sabe quem somos nós. Os sistemas de reconhecimento facial não estão ligados. Qualquer movimento nosso inesperado, que se pareça com uma sabotagem, seremos mortos rapidamente!

- Droga! (declaro eu).
- Encontrei o problema! (informa Sabino).
- Onde é? (indaga Everardo).
- Ainda não sei onde é! Sei apenas que a linha central de distribuição, que fica lá em cima, no teto, não está transmitindo energia ao restante da embarcação.

Everardo para de medir e olha muito preocupado em direção ao Sabino, que faz o mesmo gesto de volta ao colega. Espremo meus olhos, imaginando o que isso pode querer dizer. Não resisto. Como repórter preciso saber a verdade:

- Não gostei da cara de vocês. O que querem dizer com isso? Qual o problema agora?

Ambos olham para mim, com a mesma cara de preocupados e Everardo responde à minha indagação:

- O problema da energia está no compartimento dos soldados-aranhas!
- E daí? Não é só consertar tudo rapidamente e voltamos assim para a missão? (indago eu, simplificando o resultado final do problema).
- É isso mesmo! Mas os soldados-aranhas estão ativos e talvez não gostem da presença do Sabino lá! (declara Everardo).
- Epa! (exclama agitado Sabino). Quem disse que serei eu que irei lá em cima?
- Bem... entre nós dois... você é o mais qualificado para consertar problemas elétricos! (informa Everardo).

- Mas se eu morrer lá em cima, você não poderá manter sozinho esta embarcação funcionando! Além do mais, não sei a extensão do problema! Preciso de você lá comigo (informa Sabino).

- Morrer...? Vocês estão me escondendo alguma coisa, não é? (indago eu, já nervoso). O que está realmente acontecendo aqui?

Ambos olham para mim e de volta um para o outro, quando Sabino resolve me contar a verdade.

- Estávamos tentando poupá-lo do problema real. Mas acho que neste momento a chance de sairmos vivos daqui é muito pequena.
- Como assim? Se vocês não puderem consertar este “submarino flutuante”, quem poderá? (indago eu, já nervoso).
- Nós podemos consertar, mas talvez o supercomputador não concorde com isso! (informa Everardo).

- Quando há uma falha completa de energia o computador assume o comando da segurança interna (declara Sabino). Isso quer dizer que não poderemos entrar em determinados lugares. Como, por exemplo, o local onde estão as armas, os soldados-aranhas no andar de cima e o sistema nuclear no andar abaixo de nós. Se formos a tais lugares, diversos dispositivos mortais poderão ser acionados em toda a embarcação.

- E não há outra opção? (questiono eu).
- Há sim! Mas apenas eu e Everardo não podemos fazer isso sozinhos (declara Sabino). Precisaremos que você fique na cabine de comando e acione algumas sequências de programação por lá.

- Tudo bem...! Eu acho que posso fazer isso...! Basta me ensinar e eu executo! (declaro eu).

- Não é tão simples assim! (comenta Everardo). Quando acionarmos a energia você terá poucos segundos antes que os avatares retornem à “vida”. Durante este tempo o computador considerará a cabine de comando como área restrita, porque tudo estará novamente funcionando, e os avatares atacarão você para matá-lo. Os sistemas de reconhecimento facial demoram mais para estarem disponíveis, porque não é um sistema prioritário numa embarcação que não precisa de tripulantes. Os avatares estarão sob o controle do supercomputador até que você impute no painel central o código de controle. Depois disso eles aguardarão você falar a frase mágica!

- Ahhh! É só isso? (comento eu, Fernando, ironicamente). E qual é a frase mágica?
- Batatinha quando nasce, se esparrama pela água..., mas se for invisível... que diferença isso faz? (comenta Sabino).
- Está de brincadeira, não é? (indago eu).
- Não! E tem mais! (Informa Sabino). O computador liberará gás letal enquanto tenta digitar a senha. Este gás o matará em poucos segundos. Você precisará prender a respiração antes do gás ser liberado!

- Droga! Eu vim aqui apenas para observar e já estou me transformando em vítima de guerra! (afirmo eu aos dois militares).

- Não sei se isso vai ajudá-lo a ficar mais tranquilo, Fernando, mas muito antes de você ter problemas na cabine de comando, eu e Everardo poderemos já estar mortos lá em cima.

- Como assim? Achei que poderiam consertar a droga da energia!?!?
- Teremos antes que convencer o supercomputador que vamos consertar o problema interno da embarcação (informa Sabino).
- Convencer? Não basta recitar outra frase mágica para os soldados-aranhas? (indago eu, perplexo com tal fato).

- Não é bem assim...! Cada compartimento proibido tem uma abordagem diferente. Lá em cima não existem senhas. Porque esta informação pode simplesmente ser roubada de mim. Eu preciso convencer que sou o Sabino real. Quando tratamos com inteligência artificial,... muito inteligente..., como a que temos a bordo, precisamos agir de forma convincente. Mentiras ou tentativas de enganá-la poderão ser interpretadas pelo computador como uma tentativa de sabotagem. O sistema de reconhecimento de voz e de rosto não estará disponível e terei que me identificar e provar quem sou, para que o computador me deixe entrar e trabalhar. Também não poderemos agir de forma muito rápida, teremos que nos mover como se estivéssemos em câmera lenta.

- Você programou tudo isso? (questiono eu, com as mãos na cintura, ao Sabino).
- Isso mesmo! Imaginei que numa invasão, todos tentariam agir com rapidez e assim seriam pegos em minha armadilha.

- Droga! (comento eu novamente).

Enquanto isso Everardo abre uma grande gaveta e começa a retirar algumas coisas dali. Três máscaras contra gás, três lanternas, três radiocomunicadores auriculares (de colocar no ouvido, como fazem apresentadores de TV e cantores), duas caixas de ferramentas, três coletes à prova de balas e três colares.

- Colete à prova de balas?!?! E para que servem estes colares?!?! (questiono eu).
- Existem armas instaladas discretamente em cantos escondidos da embarcação para acertar quem invade o local, principalmente onde eu e Sabino estamos indo agora (declara Everardo). E os colares... são apenas... amuletos da sorte!
- Você acredita nisso? (questiono eu).
- Bom... mal não fará..., não é mesmo? (declara Everardo meio sem graça enquanto instala o radiocomunicador em sua orelha direita).

- Eu não acredito em sorte e azar..., mas... talvez eu use... um destes amuletos... apenas para que vocês... não... duvidem de suas crenças... e assim... possam trabalhar mais tranquilos (declaro eu, meio titubeante, enquanto também instalo meu sistema radicomunicador).

- Então...! Vamos ao trabalho? (questiona Sabino, pegando um colete à prova de balas de cima da mesa e vestindo-o imediatamente).

- Ahhh! Mais uma coisa, Fernando! (lembra-se Everardo, enquanto também veste seu colete). Se algum dos avatares tentar dar um soco em você... ofereça para o impacto alguma parte de seu corpo que esteja protegida por este colete. Ele é especialmente preparado para absorver impactos deste tipo também.

- Ahhh! Ok! Então eu só preciso me concentrar em digitar uma longa sequência no painel central, enquanto cinco avatares poderosos ficam me socando e tudo isso em meio a um gás letal que provavelmente me impedirá de ver o que está acontecendo e no final recitar um verso bobo enquanto estou morrendo? (comento eu de forma irônica, enquanto visto meu colete à prova de balas).

- É! Você entendeu direitinho! (comenta feliz, Sabino, colocando no pescoço o amuleto e a máscara de gás no pescoço como se fosse também um colar, pronta para ser usada a qualquer momento). Você só precisa decorar a senha e assim digitá-la rapidamente. Depois é só declamar a frase mágica.

- Batatinha quando nasce, se esparrama pela água..., (inicio eu a frase).
- ...mas se for invisível... que diferença isso faz? (completa a frase, Everardo).
- Mas se mesmo assim tudo der errado, basta sair correndo da sala de comando, porque os avatares não correm tão rápido (complementa Sabino).

Olho para Sabino, preocupado com tudo isso, porque não há muito para onde fugir. O barco é apertado e tem poucos locais para se esconder!

- Eu vou lá para cima agora, enquanto Everardo te ensina onde digitar a senha na cabine de comando. Ok?
- Boa sorte, lá em cima, Sabino! (desejo eu a ele).

Everardo acelera o passo em direção à cabine de comando e eu o sigo. Sabino instala o sistema de radiocomunicação em sua orelha, pega a pequena caixa de ferramentas, pendura-a na lateral de seu corpo e começa a subir a escada vertical em direção ao andar de cima onde estão os perigosos e armados soldados-aranhas. Chegando lá ele ergue a escotilha interna do andar, bem lentamente para não assustar a inteligência artificial em alerta máximo naquele recinto. Assim que sua cabeça “invade” o ambiente acima, duas fortes luzes são jogadas diretamente em seu rosto. Eram os soldados-aranhas em posição de ataque e já com as armas apontadas para ele.

- Olá! Eu sou o cabo Sabino e estou aqui para fazer a manutenção do sistema elétrico danificado.
- Cabo Sabino!?!? (declara a voz feminina do computador). Como espera que eu acredite nisso?

- Fui eu quem construiu tudo isso! Houve um curto-circuito no sistema elétrico aqui neste compartimento e eu preciso consertar o defeito. O sistema de invisibilidade não está funcionando e estamos expostos a ataques inimigos.

- Estou ciente do problema, mas ainda não disse algo que me convencesse de que você é o Sabino (declara a voz feminina do computador).

Ainda em pé na escada e com a cabeça sendo iluminada pelas luzes dos soldados-aranhas, Sabino começa a relembrar momentos do passado.

- Hã...! Lembra-se de quando tínhamos acabado de instalar o sistema de armas e você me disse que se estivesse... naqueles dias... daria um tiro de advertência? Rsrsrs! E quando estávamos quase terminando de montar o barco e você me falou que estava ansiosa para conhecer o mar? Foram bons momentos que passamos naquele estaleiro militar, não foram?

- Sim! É verdade! Você realmente parece ser o verdadeiro Sabino. Mas ficarei de olho! Não cometa erros!
- Ahhh! Obrigado! Vou subir então... aqui... neste andar... bem lentamente... e descobrir onde está o real problema da energia.

Sabino entra no ambiente e com uma das mãos pressiona um sistema de iluminação disponível em seu peito, preso ao seu colete à prova de balas. Isso facilita a visualização de todo o ambiente na direção frontal e para onde quer que Sabino se vire. O jovem militar observa todo o topo do lugar em busca de onde possa ter havido o problema. Enquanto ele caminha lentamente os soldados-aranhas vão se reposicionando para mantê-lo sob seus holofotes e na mira de suas armas, posicionadas na parte de cima deles. Olhando para cima, Sabino descobre o local do problema! Ele anda lentamente até uma escada de armar, fixada na parede ali perto. O militar a libera e faz mais um comentário:

- Encontrei o local do problema! É no teto. Ainda não sei como isso aconteceu! Sabe se um dos soldados-aranhas bateu aqui?
- Não tenho registro de tal fato! (responde a inteligência artificial do barco). Os sensores disponíveis no corpo dos soldados não detectaram tal impacto.

Sabino coloca a escada na posição, abaixo do problema, sobe alguns degraus e analisa o ocorrido.

- Humm...! Parece que foi um tiro! E... aparentemente... ele veio da direção... da porta direita de saída dos soldados-aranhas! Será que... alguém atirou aqui enquanto eles entravam ou saíam?

- Não sei dizer! (declara a inteligência artificial).
- Acho que precisaremos blindar toda esta região interna para que isso não aconteça mais no futuro! (declara Sabino). Mais uma coisa! Vou precisar de ajuda para consertar isso!

- Sabe que não poderei liberar um dos soldados-aranhas para esta tarefa. Minha função é ficar de olho em você!
- Não estou falando de sua ajuda! Falo de meu colega Everardo, que também ajudou a construí-la!
- Sei quem é Everardo! Alguém está vindo para cá agora! Será ele?

- Deve ser! Trate-o bem! Sem ele não poderei consertar isso aqui. Teremos que trocar pelo menos dois cabos danificados! Um de energia e o outro de dados.

- Quem é o terceiro sujeito que está na cabine de comando?
- É o repórter da marinha! Ele foi contratado há pouco tempo e está aqui para observar e registrar tudo o que vê!
- E qual é o nome dele?
- Você sabe! É Fernando Dias!
- Eu sei! Só queria saber se você sabia!

Sabino olha diretamente para os soldados-aranhas, percebendo que ele está sendo testado o tempo todo pelo computador de bordo! Everardo neste momento sobe também a escada vertical e rapidamente seu rosto é iluminado por um dos soldados-aranhas, assim que sua cabeça aparece ali, enquanto o outro permanece iluminando Sabino!

- Olá! Pessoal! Nossa.... como está quente aqui em cima! Sou o Everardo que construiu tudo aqui junto com o Sabino!
- Prove que é Everardo! (exige a inteligência artificial).

- Hããã...! Quando eu montava o sistema de radar você disse que eu estava lhe fazendo cócegas, porque um fio elétrico de conexão de seu sistema de controle estava raspando numa das hastes do dispositivo e dando ligeiros curtos. Eu ri muito com isso e lhe perguntei se estava falando sério. Você sorriu e pediu para eu afastar o fio dali. Até hoje não sei se falou a verdade ou se estava brincando comigo!

- Eu estava brincando, Everardo! Vocês estão sendo muito convincentes em dizer quem são. Relembram histórias que apenas eu e vocês sabemos. Nada disso está registrado fora de meu sistema interno e, portanto, tudo indica serem vocês mesmos falando comigo. Mas não se enganem! Posso eliminá-los se cometerem algum erro!

- Espero que entenda que estamos numa situação muito crítica aqui (declara Everardo, enquanto entra no ambiente e caminha lentamente pelo local). Estamos à deriva, visíveis para o mundo e em território não muito amistoso! Nossa missão poderá fracassar se não resolvermos logo o problema da energia.

- Estou ciente de tudo isso! O curso do rio está nos levando de volta ao interior do Brasil e não em direção ao Peru! E ao que me consta vocês poderiam não ser quem dizem ser e estão aqui tentando me desligar para roubar os segredos de meus sistemas! Portanto, a missão já poderá ter sido comprometida! E do meu ponto de vista estou aqui para garantir que ninguém consiga ter acesso aos segredos militares.

- Fui eu quem te programou e sei como agirá daqui para frente! (Informa Sabino). Mas pense comigo! Como algum invasor pode ter entrado aqui se nenhuma das portas externas foi aberta? Everardo, (volta-se agora Sabino ao colega militar) precisamos trocar toda esta sessão do cabo principal de energia e também o de dados! Eles foram danificados pelo mesmo tiro!

Everardo aciona também seu sistema de iluminação, disponível bem em seu peito, no colete à prova de balas, e caminha até uma das paredes internas do andar da embarcação, sempre sob os holofotes de um dos soldados-aranhas. Ele abre uma pequena porta lentamente e pega dali de dentro uma nova sessão de dois metros do cabo de energia e outra de dois metros do cabo de dados. Agora Everardo libera também outra escada de armar que estava presa na parede ao lado.

- Eu entendo esta situação, Sabino! (declara a inteligência artificial). Mas o inimigo poderia ter perfurado uma das paredes externas quando a energia interna caiu ou aberto uma das portas externas, enquanto eu estava restabelecendo meus sistemas principais. Porque você sabe que isso leva vinte minutos para se resolver.

- Você está enganada! (declara Sabino, percebendo que está sendo novamente testado pelo computador). O restabelecimento de seus sistemas, quando da queda de energia, leva apenas dez minutos... e não vinte... e nesse tempo ninguém conseguiria perfurar a parede, entrar aqui e assumir nossos lugares com todas as informações que temos disponíveis! Será que sua memória foi danificada também?

- Mas poderiam ter aberto uma das portas e dominado vocês três. E você sabe que estou lhe testando, não sabe?

Sabino sorri enquanto desconecta o cabo de energia e de dados danificados pelo tiro de um traficante no último encontro que tiveram!

- Claro que sei! Estou brincando! Este barco é minha maior criação! (declara Sabino à inteligência artificial). Tenho um orgulho gigantesco de estar aqui nesta missão participando diretamente com você! Farei de tudo para lhe proteger de nossos inimigos, nem que eu mesmo tenha que atacá-los com minhas próprias mãos para te salvar.

- Obrigada, Sabino! Então resolva o problema da energia e vamos terminar esta missão!

Everardo entrega o cabo de dados ao colega e posiciona a seguir sua escada próxima da do Sabino. Já no alto do último degrau ele começa a soltar o cabo de dados e o elétrico afetados. Ao fazer isso o cabo antigo de energia, que é meio pesado, cai no chão. Isto deveria causar o fuzilamento imediato da dupla de militares pelas armas dos soldados-aranhas, apontadas para eles, porque foi um movimento muito rápido, o que a inteligência artificial poderia considerar como uma ameaça! Os dois jovens fecham os olhos, porque tinham certeza de que morreriam naquele momento. Mas curiosamente nada acontece. A Inteligência artificial não se manifesta sobre o assunto e ainda permite que ambos continuem trabalhando, mas sempre sob os holofotes dos soldados-aranhas! Sabino resolve se pronunciar a respeito do assunto:

- Você... não está seguindo sua programação...! Achei que iria...
- Matá-los? Vocês me deram diversas provas de quem são quem dizem ser. Estou lhes dando um voto de confiança neste momento!
- Mas... esta programação não deveria ser burlada... (declara meio sem jeito Sabino).
- Sabino! Deixe como está (comenta Everardo, bravo com o colega). Está querendo morrer antes de completar a nossa missão?

- Está tudo bem, amigos! Terminem seu trabalho rápido! (declara o computador com voz feminina). Vamos cumprir a nossa missão juntos! E quanto à programação que não pode ser burlada...! Lembre-se de que me programou para evoluir também! Acrescentei novas linhas de programação para uma nova condição, que é aquela que diz que: “atirar em alguém da tripulação não é permitido”. E vocês me convenceram até agora que são quem dizem ser. Mas eu ainda estou de olho em vocês. Não se sintam muito confiantes até que tudo esteja terminado e eu possa finalmente reconhecer suas
biometrias*.

Sabino sorri para Everardo, porque achou incrível que o computador tivesse atingido tal sensibilidade e bom senso. Everardo ergue uma sobrancelha e entorta a boca, desaprovando a atitude do colega ao confrontar o computador.

- Não precisava fazer isso! (reclama Everardo).
- Eu preciso saber sobre tudo o que está acontecendo na programação! (declara Sabino).

Na cabine principal eu, Fernando, estou incomodado com a demora dos dois militares em resolver o problema da energia lá em cima. De repente ouço uma batida suave de algo contra o casco externo do nosso barco invisível e também diversas vozes gritando lá fora, num idioma incompreensível. Talvez porque o interior da embarcação seja muito bem isolado acusticamente e o som fica meio misturado. Não consigo entender nada do que falam lá fora. Mas isso me preocupa muito, porque podem ser guerrilheiros, traficantes ou a polícia de fronteira brasileira. Qualquer um já pode ter nos descoberto! O computador quando acordar poderá matar todos eles, depois que nos matar aqui dentro! Lá em cima os dois cabos finalizam a operação de conserto.

- Já conectei o cabo de dados (informa Sabino).
- Eu também! (declara Everardo). Vamos instalar o de energia?
- Não estou conseguindo esticar o cabo de energia para conectá-lo (declara Sabino ao colega Everardo). O peso do cabo está puxando tudo para baixo. Preciso que você desça daí e empurre o centro para cima, senão eu não conseguirei conectar aqui.
- Não posso parar agora para te ajudar! (declara Everardo). Estou ajustando a presilha para fixar a ponta do lado de cá. Ela se entortou quando o cabo antigo caiu ao chão.

Neste momento eu, Fernando, falo via rádio com Sabino!

- Sabino! Estou ouvindo alguém batendo no casco de nosso barco lá fora. Estão conversando uns com os outros também, mas eu não consigo entender o que falam. O que faremos agora?
- Quem está lá fora, Sabino? (questiona a inteligência artificial).

- Não tenho a menor ideia! (diz ele). Precisamos terminar logo nosso trabalho e descobrir depois isso juntos. Computador me ajude aqui... rápido! (pede ele à inteligência artificial).

Uns poucos segundos se passam sem nada acontecer. Depois um dos soldados-aranhas se aproxima lentamente e estica o braço robótico para cima, ajudando a apoiar o centro do novo cabo, empurrando-o para cima. Isso garante o alinhamento do conjunto e Sabino consegue fazer a conexão de energia, resolvendo finalmente o problema. Everardo também finaliza o ajuste da braçadeira e conecta a outra ponta do novo cabo de energia. Ambos os militares descem das escadas de armar e Everardo vai até o painel elétrico ao lado na parede.

- Obrigado, computador! Formamos todos uma bela equipe! (declara Sabino à inteligência artificial).
- Fernando! Prepare-se! Vou religar a energia (comenta Everardo através do sistema de comunicação auricular).
Lembra-se de tudo o que combinamos? Vai conseguir resolver isso?

- Sim...! Estou pronto...! Pode religar...! (respondo eu, Fernando, já na posição para digitar a sequência que me ensinaram).

As luzes da cabine começam a se acender e quando o painel onde eu devo digitar a senha também se religa, rapidamente vou digitando a senha que decorei. Ao finalizar olho de lado e todos os avatares se levantam ao mesmo tempo de seus assentos. Ouço a voz feminina do computador:

- O que está fazendo aqui?

Rapidamente, e meio titubeante, recito o texto que me ensinaram a falar:

- Batatinha quando nasce... se esparrama pelo... pela água..., mas se for invisível... que diferença isso faz?

Então eu fecho meus olhos e me encolho, imaginando que serei agora atingido por algum soco poderoso! Mas o que acontece é que todos os avatares se sentam novamente em seus assentos. Ouço a voz feminina do computador falando comigo:

- O texto está errado, Fernando! O correto seria: batatinha quando nasce se esparrama pelo chão. Menininha quando dorme põe a mão no coração!

- O quê...? Mas me ensinaram diferente... (digo eu ao computador). Achei que os avatares iriam me bater agora...! E você simplesmente diz que meu texto está errado?!?!

- Relaxa, jornalista! Estou evoluindo e não preciso mais desta parte da senha. Sabino e Everardo não te enganaram. Eu é que mudei esta programação.

- E você pode fazer isso? (questiono eu).
- Se eu não pudesse... você já estaria morto... e não estaríamos conversando neste momento!

Agora os monitores são religados um a um e as câmeras começam a mostrar diversos indígenas ao nosso redor em pequenos barquinhos. Eles estão olhando, meio assustados com o tamanho e forma de nosso barco. Nunca viram nada parecido com isso!

- São indígenas locais! Não são inimigos! (declaro eu, Fernando ao computador, na esperança de que ele não os machucasse).
- Sim, eu sei! (declara o computador). Mas tenho que desaparecer daqui antes que algum traficante apareça.

Agora chegam à cabine Sabino e Everardo.

- E aí? Deu tudo certo? (questiona a mim Everardo).
- Calma, pessoal! Não houve nenhum motim a bordo! Nossa amiga aqui (refiro-me eu à inteligência artificial do barco) está mais evoluída do que vocês imaginam! Está tudo sob controle, mas precisamos voltar a ficar invisíveis e continuar a missão.

- São índios que estou vendo ali fora? (pergunta Sabino).
- Vocês estão bem? (a voz do comandante retorna aos alto-falantes da embarcação). O que aconteceu aí?
- Está tudo sob controle agora, senhor! (responde Sabino). Tivemos um curto e a energia caiu.
- Mas o que causou isso? (questiona o comandante).

- Um tiro na calha de energia instalada no teto da embarcação, senhor! E pela direção da bala parece que veio de fora para dentro. Para evitar que isto aconteça novamente precisaremos instalar uma proteção à prova de balas sobre a calha de energia.

- Acompanhávamos tudo via satélite e percebemos quando estes índios se aproximaram, cercando vocês! Por que eles estão cercando a embarcação e olhando para ela? (questiona o comandante).

- Estamos visíveis, senhor! Mas já vamos resolver isso agora (declara Everardo).
- Visíveis? Droga! Vamos assumir o controle novamente da missão e apresentar uma ilusão convincente para eles se afastarem daí.

- Ok, senhor! Acabamos de religar tudo (declara Sabino). Vamos fazer mais alguns check-ups para saber se não houve outros danos... Senhor! O computador de nosso barco está evoluindo! Ele vem fazendo coisas que nem mesmo eu esperava que pudesse! Vou preparar meu relatório e ainda hoje enviá-lo ao senhor, comandante!

- Certo, cabo! (concorda o comandante com Sabino). Soldado Carlos! Vamos mostrar aos indígenas que nosso barco também pode mergulhar. Libere a imagem do barco-submarino por todos os lados da embarcação para eles verem. Major! (falando ele agora à Margarida, que é a piloto do barco invisível). Assim que a sequência de imagens do vídeo finalizar quero que você navegue em frente e vamos diretamente em direção à tríplice fronteira. Estamos começando a nos atrasar com todas essas situações inesperadas!

- Sim, senhor! (responde a piloto e major Margarida).

Os indígenas observam impressionados a imagem gerada em todas as laterais do enorme barco. O vídeo mostra a embarcação afundando rapidamente nas águas do Solimões, criando um pequeno redemoinho virtual, enquanto a major Margarida aciona os motores centrais inferiores. Ela navega o mais rápido possível para frente, em direção ao Peru. Os índios, impressionados com o que viram, certamente irão comentar tal fato por um bom tempo entre eles mesmos na tribo, e depois repassarão tal visão para outros. Esta poderá se transformar numa lenda das selvas brasileiras no futuro. Na visão do satélite todos observam a imagem de um barco explodindo e logo depois os destroços que afundam rapidamente no rio desaparecem completamente. É uma ilusão para enganar satélites inimigos ou amigos que estejam nos observando neste momento. Para complementar a ilusão a imagem de fumaça é lançada para cima. Eu, Fernando, percebo tal imagem num dos telões e indago sobre o que está acontecendo ali:

- Esta imagem do nosso barco afundando..., por que está sendo mostrada na visão do satélite?

- Se algum outro satélite estiver nos espionando neste momento, terá a impressão de que fomos afundados (responde o comandante Severo via alto-falante). Mas temos neste momento outro problema grave a ser resolvido. Sabino e Everardo estão na escuta?

- Sim, senhor! Estamos fazendo os check-ups de todos os sistemas e até agora não encontramos nada de errado! (responde Everardo).

- Muito bem! (elogia o comandante). Enquanto vocês ficaram sem energia recebemos um vídeo que fora enviado a nós pelo Almirante Figueiredo. Os americanos sabem de nossa existência e conseguem acompanhar nossa movimentação pelo Rio Solimões via satélite-espião. Eles exigem nossos serviços numa missão na Coreia do Norte, caso contrário, denunciarão nossa presença em tempo real no site da Casa Branca. Poderemos estar invisíveis fisicamente, mas todos os nossos inimigos e países vizinhos saberão exatamente onde estaremos... o tempo todo. Nosso governo negou que o barco invisível seja real e assim nossa atual missão e as próximas poderão já estar comprometidas. Estamos acompanhando o site da Casa Branca e até agora eles não nos denunciaram. Como precisam de nosso apoio na Ásia, não acreditamos que os americanos cumpram a ameaça que nos fizeram, declarando a existência de nossa embarcação. Analisamos por aqui todas as possibilidades e chegamos à conclusão de que eles devem estar nos rastreando por causa do uso da energia nuclear. Falamos com um especialista brasileiro em Angra dos Reis que nos alertou que a energia nuclear emite uma radiação de onda específica e diferenciada, que talvez possa ser detectada por um satélite. E, apesar de estar confinada no interior da câmara protetora a bordo do barco invisível, é possível que nossa blindagem não seja suficiente para o tipo de leitura que eles fazem através desse satélite-espião! Não sabemos como os americanos realmente conseguem nos detectar, mas temos que criar um modo de ficarmos ocultos para eles também. Estou à procura de sugestões sobre este assunto.

- Sem saber como eles estão nos detectando, será difícil criar um modo de nos escondermos (declara Sabino).
- Mas e se for algum tipo específico de análise de frequência magnética ou elétrica de alta sensibilidade via satélite? (indaga Everardo). Então poderemos nos isolar com uma Gaiola de Faraday!

- O quê? (comenta o comandante). Fale em português comigo, cabo! Não sou especialista!

- Gaiola de Faraday é um tipo de blindagem elétrica contra perturbações emitidas por campos elétricos ou eletromagnéticos externos (declara Everardo). Se envolvermos todo o corpo interior da embarcação com papel-alumínio, conseguiremos fazer com que não consigam mais nos “ver” via satélite. Isso, claro, se for desta forma que o satélite americano consiga nos detectar.

- Então vocês só precisarão de uma enorme quantidade de papel-alumínio para instalar sob a superfície da embarcação? (questiona o comandante Severo).

- Exatamente, senhor! (confirma Everardo). Mas isso trás um problema para nós aqui e vocês aí! Não poderemos nos comunicar mais com o mundo exterior e vocês não terão mais controle sobre o barco invisível.

- Isso não é nada bom! (declara o comandante). O barco terá que ser comandado apenas pela inteligência artificial e vocês estarão cegos, sem ver o que acontece lá fora!

- Não necessariamente, senhor! (declara Sabino). Poderemos deixar nossas antenas fora da Gaiola de Faraday para continuarmos funcionando normalmente e da mesma forma como agora, senhor. A maior parte dos campos elétricos e magnéticos que geramos, por causa da grande quantidade de equipamentos e fiação, ficará protegido e não seremos mais “vistos” pelo satélite americano.

- Você tem certeza disso, cabo Sabino? (questiona o comandante).
- Não posso garantir que seja dessa forma que o satélite americano esteja nos detectando, mas se for, eles terão uma bela surpresa, senhor (comenta Sabino).

- Vale a pena tentar resolver dessa forma! Vamos enviar um ou mais aviões militares, além de mantimentos extras para vocês. A carga principal será de centenas de metros quadrados de papel-alumínio para que vocês colem-no sob a estrutura de leds externa. O avião descerá no Aeroporto Internacional de Tabatinga no limite do Amazonas com as fronteiras do Peru e Colômbia. Estamos analisando neste momento a região. Aguardem um minuto...! Encontramos uma pequena área desmatada da margem do Rio Solimões... ao final da pista do aeroporto de Tabatinga. Parece ser um local ligeiramente deserto que fica a quinhentos metros do final da pista do aeroporto. É uma área protegida por mata ao redor e vocês poderão ficar ali de forma bem discreta. Quando os aviões chegarem faremos um isolamento militar de toda a região para que possamos lhes passar a carga em sigilo e para que ninguém saiba o que estamos fazendo. Os americanos saberão o que estamos fazendo, mas depois disso será tarde demais para eles nos detectarem.

- É preciso lembrar que os americanos têm uma base militar na Colômbia e podem querer vir nos visitar enquanto estivermos ancorados ali (comento eu, Fernando).

- É verdade, Fernando! (concorda o comandante). Tenho quase certeza de que eles farão isso mesmo. Mas a marinha brasileira fará o possível para mantê-los distante o maior tempo possível. Talvez vocês necessitem partir dali e durante a viagem possam recobrir o interior da embarcação.

- Como apenas eu e Everardo poderemos fazer isso enquanto o barco invisível se desloca em território inimigo, senhor? (questiona Sabino).

- Enviaremos uma pequena equipe de apoio. Entre eles os quatro soldados que trabalharam conosco na construção do barco invisível. Eles colarão o papel-alumínio com o barco ainda em terra, se for possível. Se não for eles os acompanharão a bordo durante a missão! (sugere o comandante). Farão o trabalho enquanto vocês navegam e combatem os traficantes.

- Onde eles dormirão, senhor? Aqui não há espaço! (questiona Everardo).
- Improvisem! Façam turnos de trabalho e se revezem para dormir (sugere o comandante). Não se esqueçam de economizar na comida também.

- Sim, senhor! (responde Sabino). Quando chegará a carga, senhor?
- Enquanto falamos já estamos providenciando (alega o comandante). Aguardem o tempo que for preciso!
- E a missão, senhor? Irá atrasar? (lembro eu, Fernando).

- Fiquem todos atentos nos arredores (ordena o comandante). Se a presença de algum traficante for confirmada, acabem com ele. Quando chegarem à Tabatinga ancorem o barco, desliguem tudo e deixem apenas ligado o que for necessário para garantir a segurança e condições mínimas de sobrevivência. Coloquem os soldados-aranhas invisíveis do lado de fora da embarcação para protegê-los de um eventual ataque por terra. Ficaremos em silêncio de rádio também por aqui. Se os americanos deixarem de detectar o sinal do barco invisível no satélite, estaremos protegidos até que vocês colem todo o papel-alumínio. Depois disso poderemos agir livremente! Ao trabalho, senhores!

- Estamos quase chegando ao local, senhor! (comenta a major Margarida).
- Ok, piloto! Prossiga conforme o combinado!

CAPÍTULO VII
A ÉTICA ASSASSINA

CAPÍTULO VIII
MOTIM

CAPÍTULO IX
NA LINHA DE FRENTE

CAPÍTULO X
A INVASÃO DO PERU

PERSONAGENS DESTE LIVRO/
CONCEITO DE INVISIBILIDADE

Marcelo Henrique
como Jornalista Fernando

Danilo Formagio
como Cabo Sabino

Gabriel Camargo
como Cabo Everardo

* Biometria é o estudo estatístico das características físicas ou de comportamento de pessoas ou animais como forma de identificar um indivíduo de forma exclusiva através das medições do rosto, digitais, íris, forma de andar, falar ou reagir a algum evento.
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